Discurso durante a 167ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do ex-Prefeito de Recife, Sr. Pelópidas Silveira. Comemoração do cinqüentenário do Hospital Barão de Lucena, em Recife.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do ex-Prefeito de Recife, Sr. Pelópidas Silveira. Comemoração do cinqüentenário do Hospital Barão de Lucena, em Recife.
Publicação
Publicação no DSF de 09/09/2008 - Página 37146
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX GOVERNADOR, EX PREFEITO, MUNICIPIO, RECIFE (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), COMENTARIO, HISTORIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, MANIFESTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, HOSPITAL, MUNICIPIO, RECIFE (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, EMPRESARIO, RESPONSAVEL, CONSTRUÇÃO, INAUGURAÇÃO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPORTANCIA, TRATAMENTO, DOENÇA GRAVE, CRIANÇA, VITIMA, CANCER, RECEBIMENTO, CERTIFICADO, FUNDO INTERNACIONAL DE EMERGENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFANCIA (UNICEF), OPORTUNIDADE, SENADO, CONGRATULAÇÕES, TRABALHO, EXPECTATIVA, INCENTIVO, DEFESA, SAUDE PUBLICA.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Alvaro Dias, Srªs e Srs. Senadores, na tarde de hoje, venho fazer duas comunicações: a primeira diz respeito ao falecimento do ex-Prefeito da cidade do Recife e ex-Vice-Governador de Pernambuco, Pelópidas Silveira, ocorrido no último dia 6 de setembro.

Estou requerendo inserção em Ata de voto de profundo pesar e apresentação de condolências aos seus familiares, à Prefeitura de Recife, ao Governo do Estado de Pernambuco e à Universidade Federal de Pernambuco, posto que Pelópidas Silveira fora também professor do curso de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco e Secretário de Estado.

Pelópidas Silveira faleceu aos 93 anos e teve vida pública exemplar. Além de competente administrador, ele conhecia os problemas do País. Era um político na plena acepção do termo, cônscio de suas responsabilidades, com postura ética que todos admiravam e convicções ideológicas muito firmes. Nem por isso era pessoa intransitiva, que se negava ao diálogo - conseqüentemente quando isso se impunha ao entendimento.

Ele era casado com a Drª Marilu Silveira, formada em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco e tinha três filhos, sendo de destacar Hebe e Thales, cujo depoimento a respeito do pai é extremamente significativo.

Pelópidas Silveira assumiu a Prefeitura da cidade do Recife, pela primeira vez, de fevereiro a agosto de 1946, nomeado por José Domingues da Silva, então Interventor do Governo estadual, indicado pelo Presidente Getúlio Vargas. Com o fim do período Vargas, em 1945, Pelópidas ajudou a criar a Frente do Recife, integrada pelo PSB, PCB, PTB e pequenos partidos, coligação que lhe garantiria, em 1955, conforme disse o Jornal do Commercio, o título de o primeiro Prefeito eleito do Recife pelo voto direto.

Pelópidas Silveira era considerado, por aliados e adversários, uma unanimidade no campo da ética, e isso se manifestou de forma muito expressiva por ocasião do seu sepultamento, com manifestações do Governador de Pernambuco, do Prefeito da capital e de muitos outros políticos.

Eu gostaria de fazer referência a alguns desses depoimentos, a começar pelo do Senador Jarbas Vasconcelos, que disse:

“A morte de Pelópidas deixa uma lacuna na política, não apenas de Pernambuco, mas de todo o País. Ele influenciou gerações de políticos e de gestores públicos por sua ética, competência administrativa e coerência. Por isso, conquistou o respeito e a admiração até dos adversários”.

O Vereador Liberato Costa Júnior, do PMDB, lembrou que ele “exercitou todas as suas atividades - vice-govenador, prefeito e secretário de Viação - com muita seriedade e talento.”. E concluiu dizendo: “É uma grande vacâcia nos quadros políticos”.

O ex-Deputado Federal e ex-Ministro da Justiça Fernando Lyra também se manifestou, dizendo que ele “era uma das figuras mais representativas da esquerda brasileira. Político sério, de caráter extraordinário”.

Pelópidas Silveira foi, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um grande administrador e um político competente de reconhecido discernimento sobre os problemas do Estado e do País. Defendia suas convicções com serenidade e, graças ao seu espírito democrático, convivia com todas as tendências políticas de Pernambuco. Deixa, com a sua morte, igualmente um testemunho de descortino e probidade.

Sr. Presidente, feito esse registro, que expressa o sentimento de pesar do povo pernambucano, desejo-me referir ao fato de que estamos comemorando os 50 anos do Hospital Barão de Lucena.

Falar do Hospital Barão de Lucena é lembrar a figura de José Pessoa de Queiroz.

Os irmãos Pessoa de Queiroz, em Pernambuco, estão entre as personalidades que mais marcaram o Século XX do meu Estado.

Na sua atividade empresarial, José Pessoa de Queiroz - refiro-me a um deles, que foi responsável pela construção do Hospital Barão de Lucena -, vocacionou-se à produção do açúcar, que vinha sendo, há séculos, a base da economia de Pernambuco, já em fase industrial na época em que ele exercia suas atividades produtivas no setor sucroalcooleiro. Ele logo se tornou um dos seus expoentes e, durante longo período, foi presidente da Cooperativa dos Usineiros de Pernambuco, onde tanto se destacou na sua liderança.

José Pessoa de Queiroz era empresário com muita sensibilidade social. Sóbrio, discreto, dedicou dez anos de sua vida, de 1948 a 1958, ao silencioso trabalho de construção do Hospital Barão de Lucena, localizado no Recife, capital do Estado, com esse nome em homenagem ao Governador de Pernambuco, um grande estimulador da primeira usina açucareira pernambucana, então começando a superar o longo período de produção só pelos engenhos.

O Presidente Juscelino Kubitschek foi inaugurar, pessoalmente, o Hospital Barão de Lucena.

Havia motivos para isso. José Pessoa de Queiroz tinha doado nada menos de 100 mil metros quadrados de sua propriedade para aquele hospital. Durante uma década, ele se dedicou intensamente a captar recursos públicos e privados para a construção e instalação do Hospital Barão de Lucena, destinado, inicialmente, ao atendimento dos trabalhadores rurais

O resultado é uma obra portentosa, digna do orgulho de Pernambuco e do Nordeste: um hospital, e do melhores em todo o Brasil, inaugurado com 450 leitos, 196 ramais telefônicos, tubulações de oxigênio nos quartos, laboratório, salas de cirurgia geral, de oftalmologia e otorrino, cozinha e lavanderia, tudo com o melhor em tecnologia. Passou o hospital, a partir de 1973, às mãos do Inamps e, em 1990, ao SUS.

É bom lembrar que um hospital com tal significação, nos idos de 1958, era extremamente raro em Pernambuco e talvez em nosso País. Hoje, o Hospital Barão de Lucena é uma referência no tratamento humanizado e atua nas áreas de síndrome metabólica, obesidade, cirurgia anti-refluxo, hipertensão arterial, residência médica e no controle das infecções hospitalares. Atua com excelentes resultados no atendimento às gestantes de alto risco e na terapia renal substitutiva.

Detém, ainda, o referido nosocômio o certificado de “Amigo da Criança”, emitido pela Unicef, em referência aos trabalhos feitos no tratamento oncológico, especificamente no tratamento do câncer infantil, atendendo pessoas que desenvolveram câncer ainda crianças.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mais importante no legado histórico do Hospital Barão de Lucena, em seu cinqüentenário, é o valor do exemplo de antevisão e dedicação por parte de um empresário social, José Pessoa de Queiroz, demonstrando, já no seu tempo, a possibilidade de a iniciativa privada contribuir para o desenvolvimento humano e não só para o crescimento econômico. Ele tinha uma visão mais dilatada do processo de desenvolvimento, vendo não apenas a questão econômica, mas contemplando igualmente, em suas preocupações, a questão social.

Com isso, criou condições para que possamos ter um projeto de desenvolvimento atento aos diferentes setores da atividade do nosso Estado.

José Pessoa de Queiroz nisto se alçou à altura dos melhores e maiores empreendedores do Brasil. As suas lições de vida inspiram os médicos, enfermeiros, funcionários e as religiosas Filhas de Santana, continuadores da obra. Eles prosseguem intensamente dedicados ao Hospital Barão de Lucena, que passou a atender o público carente em geral e não só os trabalhadores rurais.

O cinqüentenário do Hospital Barão de Lucena é a oportunidade de o Poder Legislativo, nomeadamente o Senado, congratular-se com toda aquela comunidade de serviços tão socialmente úteis e manifestar-lhe a ativa esperança de que todo aquele legado de exemplos permanece vivo, a todos nós incentivando, portanto, na defesa da saúde pública do nosso País.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/09/2008 - Página 37146