Discurso durante a 167ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Relato da visita empreendida por S.Exa. a diversos municípios do Estado da Amazônia. Defesa da melhoria na qualidade de vida do povo amazonense.

Autor
Jefferson Praia (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: Jefferson Praia Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Relato da visita empreendida por S.Exa. a diversos municípios do Estado da Amazônia. Defesa da melhoria na qualidade de vida do povo amazonense.
Publicação
Publicação no DSF de 09/09/2008 - Página 37148
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, VISITA, ORADOR, MUNICIPIOS, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ENCONTRO, PRODUTOR, DETALHAMENTO, ATIVIDADE ECONOMICA, AGROPECUARIA, PESCA, REGISTRO, FALTA, INFRAESTRUTURA, REGIÃO, ESPECIFICAÇÃO, PRECARIEDADE, COMUNICAÇÕES, ISOLAMENTO, POPULAÇÃO, EXPECTATIVA, GESTÃO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), NECESSIDADE, ATENÇÃO, QUALIDADE DE VIDA, COMUNIDADE.
  • REGISTRO, OCORRENCIA, PROBLEMA, DROGA, PROSTITUIÇÃO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, RESULTADO, FALTA, EMPREGO, REGIÃO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, SENADO, ATENÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, REGISTRO, CRIAÇÃO, ENDEREÇO, INTERNET, ACOMPANHAMENTO, SITUAÇÃO, REGIÃO, CONGRATULAÇÕES, INICIATIVA, EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES, REITERAÇÃO, IMPORTANCIA, ASSISTENCIA, POPULAÇÃO.
  • DEFESA, AMPLIAÇÃO, EMPENHO, CONGRESSO NACIONAL, BUSCA, SOLUÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, CONTRIBUIÇÃO, TRABALHO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), SECRETARIA ESPECIAL, PLANEJAMENTO, LONGO PRAZO.

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estive, de quinta-feira passada até ontem, visitando diversos Municípios do Estado do Amazonas. E, por mais que eu tenha estudado aquela região - e a venho estudando de forma intensa para buscarmos as soluções para os problemas da Amazônia -, somente quando nos deslocamos para esses Municípios percebemos in loco como a situação se encontra do ponto de vista geográfico, do ponto de vista da condição social e econômica..

Um dos primeiros que visitei, Sr. Presidente, foi um Município muito bonito chamado Novo Aripuanã. Aproveito as informações do site oficial do Governo do Estado: está localizado, Sr. Presidente, na mesorregião do Madeira, a 228 km da capital do Estado em linha reta. Dentre os aspectos econômicos de Novo Aripuanã, podemos destacar a produção agropecuária, que é muito diversificada: mandioca, melancia, arroz, feijão, cana-de-açúcar e banana.

Temos, lá em Novo Aripuanã, Sr. Presidente, a extração de borracha e castanha. A pecuária é pequena, mas, paulatinamente, vem apresentando resultados que, de certo modo, estão ajudando aquelas pessoas de Novo Aripuanã. Percebi também, Sr. Presidente, que Novo Aripuanã tem um potencial muito bom para o turismo não só pela beleza do Município, mas também pelo encontro de dois rios maravilhosos.

Outro Município que visitei em seguida foi Lábrea, também muito distante da capital, situado na mesorregião do Purus. Quanto aos aspectos econômicos, Sr. Presidente, temos lá produção agropecuária em que predominam as culturas da mandioca, batata-doce, cana-de-açúcar, feijão, fumo e hortaliças. Destaca-se também pela extração de madeira. A pecuária é representada principalmente por bovinos, com produção de carne e leite destinados ao consumo local.

Em todos os Municípios que visitei, confesso a V. Exª que fui muito bem recebido. As pessoas estão acompanhando o Senado pela TV Senado.

Aqui, aproveito a oportunidade para parabenizar todos aqueles que fazem este brilhante trabalho na TV Senado por onde eles acompanham tudo o que estamos fazendo aqui.

Outro Município foi Canutama, situado também na mesorregião do rio Purus. Canutama tem uma produção agropecuária que se baseia no cultivo da castanha, na extração de borracha, madeira e goma não-elástica. São as suas principais atividades.

Fui também a Tapauá, onde fui muito bem recebido. Tapauá situa-se também na mesorregião do rio Purus; tem produção agropecuária, com cultivo da juta, farinha, banana, laranja, feijão, milho, acabace, guaraná, abóbora. Sua pecuária é representada principalmente por bovinos.

Acure, outro Município muito bonito, está situado na Mesorregião nº 3 e Microrregião nº 6. As atividades agrícolas são usadas como opção de ocupação de mão-de-obra. Os principais produtos são a malva, abacaxi, feijão, arroz, laranja, repolho, mandioca, juta, entre outros.

Fui também, muito rapidamente, a Codajás, situado na Mesorregião nº 3 e Microrregião nº 6, onde também predomina a agropecuária, com exploração de diversos produtos.

Sr. Presidente, o que eu gostaria de destacar com relação a essa viagem, é a percepção que tivemos durante os encontros com produtores, com agricultores, com a sociedade de modo geral. Uma das grandes questões da Amazônia, Sr. Presidente, que destaco, é o setor de comunicações. Percebi isso visitando esses Municípios. Eu já tinha conhecimento, é claro, mas percebi porque fui afetado de certo modo e senti o que o povo da Amazônia sente: a falta de infra-estrutura básica.

V. Exªs talvez não tenham a percepção do que é estar na Amazônia, nos Municípios da Amazônia praticamente isolado, sem se comunicar com parentes ou conhecidos em Manaus. Há muita dificuldade de comunicação, cujo trabalho é feito pela Telemar. Sr. Presidente, veja bem, os habitantes desses Municípios não têm a oportunidade que hoje temos nas diversas cidades do nosso País e capitais de usarem um aparelho telefônico. O celular, nem se fala!

Todavia, Sr. Presidente, quando, hoje, o mundo inteiro está de olho na Amazônia, quando percebo as cobranças com relação à Amazônia, fico muito feliz com esse clima todo e com essa vontade do Brasil, e de alguns países até, de fazer com que a Amazônia tenha uma boa condição de desenvolvimento. Essa chamada de atenção deve também ser levada para a qualidade de vida das pessoas.

Imaginem, quando alguém, num desses Municípios, sofre um acidente, a dificuldade de fazer com que essa pessoa seja transportada do Município para a Capital. Não é fácil. É muito difícil a realidade que verificamos na Amazônia.

Eu vou, Sr. Presidente, conversar com o nosso companheiro Senador Hélio Costa, que está à frente do Ministério das Comunicações, para buscarmos caminhos e soluções para que possamos melhorar a comunicação nos nossos Municípios.

Como fazer para que as pessoas possam também ter condições de ter o seu aparelho celular e se comunicarem dentro do Município, com outro Município, com a capital e com o Brasil inteiro? Esse é um desafio enorme.

Sr. Presidente, além do desafio de estarmos sempre vigilantes com relação ao desmatamento na Amazônia, temos um desafio tão importante quanto a preservação e conservação da floresta, qual seja, a qualidade de vida da nossa gente. São 25 milhões de seres humanos lá. Ao percebermos essa atenção para a Amazônia, pelo menos temos esta certeza hoje: a diminuição do desmatamento já começa, e nós temos nos posicionado muito em relação a essa questão. Não quero que uma árvore seja derrubada naquela floresta sem que tenha uma boa utilização e sem que possamos ter outra árvore substituindo aquela que retiramos para que possamos ter melhor qualidade com relação ao meio ambiente na Amazônia. Ao mesmo tempo, temos os seres humanos! Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a eles, temos que voltar uma atenção toda especial. Essa atenção deve se dar na saúde, na educação, no trabalho.

Para V. Exª ter uma idéia, Sr. Presidente, hoje, infelizmente, na Amazônia, já começa a haver uma preocupação muito grande com relação a drogas e prostituição infantil. As adolescentes, os adolescentes, os jovens, por não terem a atenção que deveriam ter, por não terem opções de trabalho ou de emprego, ficam, de repente, dentro de um contexto muito complicado, que é esse da existência de caminhos que muitos dos nossos jovens infelizmente estão tomando, que é o caminho em direção das drogas e da prostituição infantil, Senador Marco Maciel.

Isso me deixa muito entristecido. O que faz com que a minha esperança aumente - e vamos mudar essa realidade ali na Amazônia - é a grande atenção que estamos tendo. Aqui mesmo nessa Casa, todos os dias praticamente falamos sobre a Amazônia. Percebo isso nos meios de comunicação. A globo.com inaugurou agora - salvo engano foi ontem - um site mediante o qual vamos poder acompanhar o desmatamento na Amazônia. E quero aqui parabenizar essa iniciativa grandiosa. Mas temos que perceber que o nosso grande alvo são os seres humanos, as pessoas que estão lá. Temos que estar com os olhos, com a nossa mente e com o coração voltados para que tenham uma melhor qualidade de vida.

Este é o grande desafio da Amazônia: termos um meio ambiente sem causarmos danos ambientais, sendo bem aproveitado e, ao mesmo tempo, termos uma boa qualidade de vida na Amazônia.

A nossa sorte é que em alguns rios temos uma grande quantidade de peixes. O peixe é um alimento adequado; a farinha, um alimento importante para a nossa região. Mas precisaríamos que as crianças e os adultos tivessem melhor alimentação.

Em um dos pronunciamentos que fiz aqui me reportei a São Gabriel da Cachoeira, onde boa parte da população tem 1,5m de altura, inclusive os soldados têm essa mesma altura, Senador Marco Maciel. Eu tenho 1,63, muito embora tenha tido boa alimentação na infância, porque meus pais fizeram de tudo para me dar o melhor. A minha questão é genética, mas muitos irmãos da Amazônia não conseguem ter, do ponto de vista fisiológico, um melhor desenvolvimento pela alimentação não adequada.

Portanto, quero aqui, na sessão de hoje, destacar a nossa preocupação e enfatizar que os desafios ali são muito grandes. O Brasil inteiro precisa estar com os olhos voltados para a Amazônia. Precisamos nos envolver mais, o próprio Congresso, buscando soluções, acompanhando todas as questões que estão sendo discutidas e decisões que estão sendo tomadas com relação à Amazônia, procurando ver como podemos contribuir com o Ministro Carlos Minc, com o Ministro Mangabeira e com todos que estão com o objetivo e com a missão de fazer com que o desenvolvimento na Amazônia possa ser cada vez maior, já que a palavra desenvolvimento significa qualidade de vida.

Hoje o que temos é simplesmente um crescimento econômico, em que se retira e se usa de todos os bens que temos da natureza, todo aquele patrimônio que temos na natureza, mas o resultado final, que é melhor qualidade de vida, isso ainda deixamos a desejar naquela região.

Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade de ter, nesta tarde, falado um pouco mais sobre a nossa querida Amazônia. Estarmos com a nossa mente e o nosso coração voltados para resolvermos os problemas daquela região. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/09/2008 - Página 37148