A SRª ADA MELLO (PTB - AL. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,

Se me fosse pedido que escrevesse um livro para ser investido da mais alta autoridade, eu preferiria escrevê-lo de modo a que um leitor pudesse encontrar, ressoando em minhas palavras, quaisquer verdades que ele fosse capaz de aprender. Preferiria escrever dessa maneira a impor um único significado verdadeiro tão explicitamente que excluísse todos os demais, ainda que eles não contivessem falsidade alguma que me pudesse desagradar.

         À luz das palavras e dos ensinamentos de Santo Agostinho, a quem devoto irrestrita admiração, venho a esta tribuna, pela primeira vez, não para ressoar verdades absolutas, mas tâo-somente para tentar aquilatar a relevância deste momento em minha vida pública e pessoal, assim como para permear passagens de um perfil que revelem o meio em que vivo e a fé que professo.

Sou oriunda de uma terra e de um povo que, através dos séculos, travam uma histórica e tenaz luta pela sobrevivência. Uma gente que não se abate pelos percalços e circunstâncias adversas que insistem em perdurar em nosso meio e que nos obrigam a viver momentos paradoxais alternados entre o desânimo e a efervescência, a incerteza e a esperança.

Daí advém, Sr. Presidente, minha origem de militância de toda uma vida dedicada, nos três níveis de governo, à caridade, à assistência social e, principalmente, ao trabalho voltado às obras da Igreja Católica Apostólica Romana. Um foco, portanto, direcionado para a defesa e o apoio aos menos favorecidos.

Na política sou uma estreante, sem qualquer outra experiência de tribuna ou de prática legislativa. Contudo, declaro-me orgulhosa e incentivada com esta oportunidade ímpar de poder contribuir, ainda que na breve interinidade deste mandato, com o País e com meu Estado de Alagoas.

Mediante um trabalho ordenado e devidamente refletido, pretendo pautar, neste Senado Federal, uma atuação em prol das políticas de assistência social e de preservação ambiental, mas sempre enxergadas pela ótica dos ideais maiores da humanidade: a consolidação da prática democrática; a ação social como instrumento de reparação das injustiças humanas; e a doutrina católica como referência ética e espiritual.

Para tanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pretendo valer-me dos valores cristãos e de uma permanente conduta pelo verdadeiro, pois, como já assinalaram, “a simplicidade é o selo da verdade”.

Por outro lado, tenho plena consciência de que nada disso é suficientemente eficaz diante do recrudescimento da violência e da escalada do crime organizado País afora. Mais do que intenções, precisamos de práticas eficientes para enfrentar até mesmo as sombras do chamado “estado policial” que, ultimamente, tenta sobrepor-se ao Estado democrático de direito.

Estou convicta de que alguma contribuição será dada nesta Casa. Com minha dedicação e o apoio que, tenho certeza, posso rogar aos nobres pares e ao meu Partido, o PTB, estarei pronta para mais uma caminhada, seja na apreciação da matéria legislativa e na iniciativa de proposições, seja em manifestações acerca dos temas que considero relevantes ao trabalho parlamentar.

Em memória de meu pai, Manoel, e em homenagem à minha mãe, Helena, aos quais devo o legado moral que carrego, agradeço à minha família, a base de sustentação de toda uma existência de luta social.

Registro, ainda, especial agradecimento pela oportunidade deste mandato ao Presidente Fernando Collor e ao estimado Senador Euclydes Mello, aos quais tenho a honra, o orgulho e a responsabilidade de substituir nesta Câmara Alta.

Devo, também, exprimir meu reconhecimento de apoio e amizade aos companheiros da Bancada de Alagoas nesta Casa, Senadores Renan Calheiros e João Tenório, e ao Líder de meu Partido, Senador Epitácio Cafeteira.

Por fim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, permitam-me, novamente, citar Santo Agostinho para extrair dois de seus adágios que tão bem se aplicam à atuação pública e à atividade colegiada como é a do Parlamento. No primeiro, ele nos ensina: “Nas coisas necessárias, a unidade; nas duvidosas, a liberdade; e em todas, a caridade”. E, finalmente, em outra apropriada reflexão, ele lembra que: “Na essência, somos iguais; nas diferenças, nos respeitamos.”

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigada. (Palmas.)

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Permita-me, Srª Senadora?

A SRª ADA MELLO (PTB - AL) - Pois não, Senador Papaléo.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Aguardei V. Exª encerrar seu pronunciamento. Quero, mais uma vez, agora com a possibilidade de fazer um aparte, desejar a V. Exª as boas-vindas à Casa e dizer que, ainda há pouco, V. Exª dizia que a sua convivência na vida política com mandato é a convivência de uma iniciante. Pode ser de iniciante detentora de mandato, mas V. Exª tem a experiência, principalmente na convivência religiosa, por conhecer os principais problemas deste País, que são os mais graves. Por isso, tem também a grande responsabilidade de estar aqui substituindo o nobre Senador e ex-Presidente da República Fernando Collor de Mello e o Senador Euclydes, que por aqui já passou. Então, o que nós desejamos é realmente que pessoas como V. Exª tragam para esta Casa os bons exemplos como os que V. Exª tem. Significa muito a presença dos seus amigos, admiradores e pessoas que confiam em V. Exª, porque nós precisamos, nesta Casa, de políticos, de pessoas, enfim, de parlamentares que realmente venham honrar o nome do povo, a vontade do povo e, no caso de V. Exª, o Estado de Alagoas. Desejo, mais uma vez, que V. Exª seja muito bem-vinda a esta Casa, que é uma Casa que nos ensina muito, uma Casa que nos dá uma grande responsabilidade e uma Casa que precisa ser honrada pela instituição que representa. Então, V. Exª se une a todos nós que queremos o bem do Brasil para honrar esta Casa e levar este ingrediente da democracia para a compreensão do povo. Muito obrigado. 

A SRª ADA MELLO (PTB - AL) - Obrigada, Senador Papaléo. (Palmas.)