Discurso durante a 173ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Saudação pelos cento e noventa e um anos de emancipação política de Alagoas, completados nesta data. Destaque para a inauguração do Complexo Hospitalar Professor Osvaldo Brandão Vilela, maior e mais moderno hospital público de Alagoas.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Saudação pelos cento e noventa e um anos de emancipação política de Alagoas, completados nesta data. Destaque para a inauguração do Complexo Hospitalar Professor Osvaldo Brandão Vilela, maior e mais moderno hospital público de Alagoas.
Publicação
Publicação no DSF de 17/09/2008 - Página 37832
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • DETALHAMENTO, VULTO HISTORICO, PERSONAGEM ILUSTRE, ORIGEM, ESTADO DE ALAGOAS (AL), CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, PAIS.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO, POLITICA, ESTADO DE ALAGOAS (AL), REGISTRO, HISTORIA, PERIODO, COLONIA, IMPERIO, REPUBLICA, EVOLUÇÃO, ECONOMIA, ESPECIFICAÇÃO, AREA, TURISMO, PARCERIA, SETOR PUBLICO, SETOR PRIVADO.
  • REGISTRO, INAUGURAÇÃO, HOSPITAL, MUNICIPIO, MACEIO (AL), ESTADO DE ALAGOAS (AL), PREVISÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.
  • COMENTARIO, GESTÃO, ORADOR, REPRESENTANTE, PRODUTOR, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), MINISTERIO, PEDIDO, INCLUSÃO, CANA DE AÇUCAR, POLITICA, PREÇO MINIMO, ANUNCIO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), PRAZO, SOLUÇÃO, PROBLEMA.

O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª, Senador Papaléo.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, Alagoas, diminuta no tamanho geográfico, é gigante pela força e pelo trabalho de seu povo, de sua gente.

São essas pessoas que a edificaram ao longo dos anos e construíram uma trajetória de lutas e conquistas que merecem ser resgatadas.

Basta lembrar, Sr. Presidente, figuras da expressão de Aurélio Buarque de Holanda, Pontes de Miranda, Costa Rêgo, Otávio Brandão, Jorge de Lima, Graciliano Ramos, Ledo Ivo e muitos outros.

E o que explica a participação constante de alagoanos na arena de decisões do País é o quadro econômico e sócio-cultural do Estado.

Assim, Sr. Presidente, é que de Alagoas surgiram três Presidentes da República: um deles, o seu proclamador, Marechal Deodoro da Fonseca, e, outro, Floriano Peixoto, seu consolidador, além do Presidente Fernando Collor de Melo, que hoje integra o Senado Federal.

Muitos estiveram presentes, quase sempre, nos grandes momentos da política nacional: Visconde do Sinimbu, Tavares Bastos, o menestrel Teotônio Vilela, Rui Palmeira, General Góis Monteiro, Aurélio Viana e tantos outros.

Os ideais republicanos, abolicionistas e libertários marcaram profundamente os movimentos sociais e as lutas no Estado. A força das idéias vanguardistas sempre foi marcante, Sr. Presidente.

O combate ao regime militar fortaleceu o movimento progressista, marcando o início da emergência de amplos setores sociais.

Hoje, 16 de setembro, nosso Estado completa 191 anos de emancipação política, mas a história de Alagoas, Sr. Presidente, começa muito antes.

Em Santana do Ipanema, foram encontrados esqueletos de animais pré-históricos. Também surgiram vestígios desses animais em Viçosa e em São Miguel dos Campos.

A evolução, Sr. Presidente, político-administrativa começa com as invasões francesa, no séc. XVI, e holandesa, no séc. XVII.

Retomada pelos portugueses nas duas ocasiões, Alagoas já foi Comarca, em 1711; Capitania, em 1817; Província, em 1822; e é Estado Federativo desde 1899.

A partir do séc. XVI, Alagoas sedia o mais importante centro de resistência dos negros, o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, no Município de União dos Palmares, terra de Zumbi.

Os negros, Sr. Presidente, construíram uma verdadeira civilização, assim como era na África. Ganga Zumba se constituía no Chefe de Governo e tinha seus Ministros.

Formou-se uma verdadeira República Parlamentarista, que chegou a reunir quase trinta mil almas.

Do tamanho da Bélgica, com mais de 27 mil quilômetros quadrados, Alagoas, ao longo da história brasileira, obteve um destaque político sem rivais para um estado modesto.

No período imperial, em que a região Nordeste conseguiu mais espaço junto à Coroa que os fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais, ficou atrás apenas da Bahia e de Pernambuco.

No nascimento da República, somente foi superada pelos estados do Sul.

Recorro, Sr. Presidente, aos ensinamentos do Professor de História da Universidade Federal de Alagoas Douglas Apratto para explicar essa trajetória.

Durante o ciclo da cana-de-açúcar, Alagoas se povoou de engenhos e viveu uma escassa urbanização.

Fronteira entre Pernambuco e Bahia, estas circunstâncias levaram o Estado a ser descentralizado politicamente, sem que uma oligarquia se impusesse sobre as demais.

Os primeiros engenhos, Sr. Presidente, foram construídos por Cristóvão Lins, o alemão, que foi o verdadeiro colonizador de Alagoas.

Até hoje a cana-de-açúcar é a marca do nosso Estado: 57 dos 102 municípios, inclusive a capital, a cultivam. E somos, Srs. Senadores, o primeiro produtor do Nordeste e o quarto do Brasil.

O nome Alagoas é derivado dos numerosos lagos que se comunicam uns com os outros e também com os diversos rios que banham a região. Já Maceió, Sr. Presidente e Srs. Senadores, vem da denominação tupi Maçayó, que significa “o que tapa o alagadiço”.

A herança indígena, aliás, é presente até hoje em nossa cultura e em nosso artesanato, que encanta a todos por sua criatividade, por sua originalidade.

As belezas naturais do Estado são abençoadas. Quem já não ouviu falar das praias do Francês, do Gunga, da Barra de São Miguel, de Paripueira e Maragogi?

Nossas praias são de areia branca e mar turquesa. Temos um povo hospitaleiro e uma rica gastronomia.

Maceió, Sr. Presidente Papaléo, possui uma cultura marcante, representada principalmente pelo rico folclore. Dentre as manifestações, há diversos folguedos, como Caboclinho, Cavalhada, Chegança, Coco Alagoano, Festa de Reis, Guerreiro, Pastoril, Reisado, Quilombo e Zabumba.

Hoje, Srs. Senadores, Alagoas se prepara para entrar em uma nova era. Ainda precisamos melhorar vários indicadores sociais e econômicos, mas, sem dúvida, estamos avançando, avançando muito.

Nosso Estado atrai investimentos estrangeiros, terá a rede hoteleira mais moderna do Nordeste nos próximos anos, retoma suas ferrovias, restaura suas estradas e recebe recursos em infra-estrutura do Governo Federal.

São mais de R$ 3 bilhões de investimentos do setor público e mais de R$ 6 bilhões do setor privado!

Claro, Sr. Presidente, que muito disso se deve ao trabalho da bancada federal, a qual tenho muito orgulho de integrar.

Vamos continuar mantendo os entendimentos com o Governo Federal, com o Presidente Lula, e com a iniciativa privada, para levar desenvolvimento, emprego e renda a Alagoas.

Hoje, aliás, Sr. Presidente, foi inaugurado em Maceió o maior e mais moderno hospital público de Alagoas. É o Complexo Hospitalar Professor Osvaldo Brandão Vilela, que incorpora o Hospital José Carneiro e a Unidade de Emergência Dr. Armando Lajes.

A nova unidade conta com 410 leitos, dos quais 50 são de Unidade de Terapia Intensiva. Com arquitetura arrojada, totalmente climatizado e com uma concepção de atendimento nova, mais humanizada, o hospital geral é o melhor presente que o povo de Alagoas poderia receber nesta data, data de sua emancipação política.

Foram investidos, ao todo, R$ 20 milhões. Destes, o Governo do Estado participou com quase R$ 7 milhões e o restante foi repassado pelo Ministério da Saúde, por meio do programa Qualisus.

Tive, Sr. Presidente, a oportunidade de solicitar ao então Ministro da Saúde Saraiva Felipe os recursos necessários para essa obra.

Agradeço também, é importante ressaltar, ao Ministro José Gomes Temporão, que, aliás, esteve hoje em Maceió, Alagoas, inaugurando o complexo ao lado do Governador Teotônio Vilela Filho e do vice-Governador, o renomado cardiologista Dr. José Wanderley.

Não pude comparecer à inauguração por causa de compromissos assumidos em Brasília em prol do Estado, que me prenderão aqui até provavelmente na quinta-feira.

Estive, agora há pouco, com os Ministros da Fazenda, Guido Mantega, das Relações Institucionais, José Múcio, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, além de representantes dos plantadores de cana de Alagoas e Pernambuco.

Fomos pedir, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a inclusão da cana-de-açúcar na Política de Garantia de Preços Mínimos do Governo Federal, de modo a reduzir as sucessivas perdas dos menores fornecedores.

Levantamento do próprio Governo Federal mostrou que existe uma diferença entre o preço de mercado e o custo de produção, obrigando o produtor a “tirar” do próprio bolso para permanecer na atividade canavieira.

O Ministro Mantega, Presidente Papaléo Paes, garantiu-nos que nos próximos 15 dias o Governo decidirá a forma de resolver o problema, o que amenizará a situação de seis mil pequenos e médios plantadores de cana de Alagoas, de Pernambuco e do Nordeste brasileiro. Somente em Alagoas, Sr. Presidente, esse setor emprega 240 mil trabalhadores.

 Comuniquei a audiência ao Presidente Lula, ao Presidente da República, logo em seguida, por telefone, que mais uma vez se mostrou solidário com a situação dos pequenos fornecedores de Alagoas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao longo de quase cinco séculos, demonstramos ao País que temos um povo trabalhador, honesto e esperançoso.

Uma de suas qualidades é a criatividade. E é com um trecho da letra de Djavan, da música “Alagoas”, que encerro este pronunciamento:

“...Você me deu liberdade

Pra meu destino escolher

E quando sentir saudades

Poder chorar por você...”

Ou, Sr. Presidente, parodiando nosso grande compositor, “poder trabalhar por você...”

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/09/2008 - Página 37832