Pronunciamento de Romeu Tuma em 04/09/2008
Fala da Presidência durante a 164ª Sessão Especial, no Senado Federal
Comemoração aos 200 anos de criação da instituição Policial Civil brasileira.
- Autor
- Romeu Tuma (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/SP)
- Nome completo: Romeu Tuma
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.
SEGURANÇA PUBLICA.:
- Comemoração aos 200 anos de criação da instituição Policial Civil brasileira.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/09/2008 - Página 36895
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
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- ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, POLICIA CIVIL, BRASIL, AGRADECIMENTO, RECEBIMENTO, ELOGIO, ORADOR, FILHO, CARREIRA, DELEGADO, IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, TRABALHO, SEGURANÇA PUBLICA, PARCERIA, POLICIA MILITAR, MINISTERIO PUBLICO, REITERAÇÃO, DEFESA, ISONOMIA SALARIAL.
O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Sinto uma alegria imensa pela oportunidade que tive de colocar na tribuna dois grandes delegados e o coronel. Não é norma da Casa que pessoas que não sejam do corpo de Senadores usem da palavra, mas a sensibilidade daqueles que dirigem a Mesa do Senado fez com que concordassem comigo que fazia parte de uma homenagem desta dimensão - a comemoração de 200 anos da criação da Polícia Civil, depois desmembrada para a área de Polícia Militar - uma palavra daqueles que, profissionalmente, se entregam a essa nobre missão.
De forma que a alegria e a emoção tomam conta do meu ser. Agradeço ao Maurício por ter citado o meu filho, que é um apaixonado pela polícia também. Lembro-me de que, com 12 anos, ele não me largava na delegacia - tinha um amor profundo. Os delegados, os colegas investigadores, gostavam de levá-lo para passear. Em diligência, não admitia, mas, se deixasse, ele queria ir também. Então, hoje, já com o cargo de classe especial, foi Deputado Estadual, reconhecidamente pelo trabalho que desenvolveu à frente de algumas unidades policiais, e, convidado pelo Presidente Lula, hoje é o Secretário Nacional de Justiça. Não está presente porque, infelizmente, teve um problema de saúde e está hospitalizado, mas já ligou, chorando, para agradecer a todos, ao Maurício, ao Eduardo, pela amizade e pelo carinho com que é tratado. Ainda que afastado da Polícia Civil de São Paulo, exerce a atividade como delegado de polícia, uma missão nobre numa Secretaria que tem praticamente toda a atividade voltada para a Polícia Judiciária - claro que na atividade fim, mas o seu valor é imenso.
Quero agradecer ao Maurício Lemos Freire - que é meu Delegado Geral - e ao Carlos Eduardo Benito Jorge, que é meu Presidente na instituição nacional de delegados de polícia, e ainda ao Delegado da Polícia Federal, Dr. Caio Christovam Ribeiro, que hoje está trabalhando comigo e que tão bem representa essa Polícia, que tem se atualizado e evoluído na sua missão. Hoje, passa por algumas amarguras em razão de trabalhos sérios que vem desenvolvendo; o poder econômico faz uma pressão muito grande sobre a autoridade policial, infelizmente, mas nós temos que estar permanentemente vigilantes, e a solidariedade dos delegados e dos policiais tem um valor imenso numa hora de agonia e de sofrimento daqueles que nos representam em atividade de chefia.
Quero homenageá-los a todos e continuarei, enquanto Deus me der vida, a ter no sangue as células de policial para poder continuar lutando por aquilo que, objetivamente, as senhoras e os senhores achem importante para o desenvolvimento dessa nobre missão. Eu diria, Coronel - V. Sª disse: “Deus abençoe...” -, que é o exemplo de Deus, que deu para o médico a possibilidade de curar e deu para o policial a de cuidar, eu diria, sem muita ofensa, do “esgoto da sociedade”, do sofrimento do cidadão que, por não ter melhores condições de vida, às vezes, ingressa no crime, no tráfico de drogas. E o delegado tem a obrigação de cuidar para que isso não aconteça.
Certo dia, eu conversava com um cidadão desesperado, que levou à delegacia um filho viciado em drogas. Fui professor na Academia, graças a Deus, e numa aula eu dizia que, quando o delegado de polícia recebe um cidadão em desespero, com filho ou familiar usuário de drogas, qual o pensamento do policial? Descobrir quem é o traficante. Mas temos alguma coisa fora disso, que está no nosso coração, na nossa alma, que é tentar salvar a família daquele pai sofrido. Deixamos os traficantes, para depois irmos atrás deles, e buscamos encontrar um caminho para que esse jovem, esse garoto consiga sair e se desgarrar do vício de ser usuário, porque senão amanhã, sem dúvida, será mais um traficante.
O delegado tem missões importantes de sacerdócio, ele é um sacerdote da sociedade, ele tem a missão, eu diria, cristã de produzir meios para que o cidadão se sinta seguro e com confiabilidade de procurá-lo quando necessário.
Hoje, as igrejas são fechadas à noite pelo medo dos ladrões, mas as delegacias de polícia, os quartéis ficam abertos 24 horas, e os delegados têm a obrigação, institucionalizada dentro da sua alma, de receber qualquer cidadão em aflição durante o dia, durante a madrugada.
Quantas vezes, como chefe de polícia em São Paulo, de madrugava, ligava alguém que tinha tido o carro furtado. Falavam: “O senhor vai atender, às 3h da manhã, a alguém que teve o carro roubado?”. Eu falava: “Qual é a coisa principal desse cidadão? É o carro, seu patrimônio, e ele não tem dinheiro para comprar outro. Então, sou uma pessoa que tem de atendê-lo, de buscar alguém para resolver, para tentar dar uma confiabilidade de que alguém está prestando atenção na agonia, na busca dele de recuperar o bem que ele perdeu”. Acho que é isso.
A missão sacerdotal do delegado de polícia é importantíssima para darmos continuidade a esse trabalho de bem servir à sociedade. A PM tem alguns militares que hoje trabalham eficientemente contra o uso de drogas. Lá em São Paulo, nós temos o Coronel Ferrarini, que é Deputado e vem há alguns anos trabalhando nessa missão de combater o tráfico de drogas. Essa união é importantíssima.
Temos três setores que têm de se unir na busca de diminuir a criminalidade e buscar os criminosos para que não continuem a praticar o delito: a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Ministério Público. Não temos de ter nenhuma dicotomia entre nós; temos de somar, somar, somar. Agora, também é importante que os salários não sejam diferenciados, porque fica aquela dificuldade: “Por que tenho de fazer o trabalho mais grave e estou sujeito a morrer e ganho metade de quem tem outra missão importante, mas não corre os riscos que a polícia corre?”.
Peço desculpas pelo desabafo, mas agradeço aos senhores. Enviarei aos dois presidentes a fita desta cerimônia, para que fique nos arquivos da Polícia.
Muito obrigado.