O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar a ida, mais uma vez, ao Estado do Amazonas do nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

            O nosso Presidente fará uma agenda que considero muito importante para o Estado do Amazonas. Primeiro, ele vai fazer a abertura, no dia de amanhã, da Feira Internacional da Amazônia, Senador Marconi Perillo. Esta é a quarta feira organizada pela Suframa e mostra os avanços tecnológicos, os produtos do parque industrial da Zona Franca de Manaus.

            Esse Parque, a cada ano, vem se consolidando como um projeto importante para a Amazônia, para o Amazonas, um projeto que emprega mais de cem mil trabalhadores e trabalhadoras no seu distrito (em torno de 104 mil a 105 mil), empregados nas cerca de quinhentas fábricas que produzem na Zona Franca de Manaus. Então, a feira é muito importante porque é uma feira internacional, porque mostra avanços tecnológicos, porque mostra produtos da Zona Franca, importantes não só para o Brasil, mas em nível internacional. É uma experiência de um projeto econômico que deu certo e que deve ser tratado e olhado com muito carinho, não só pelos governos, mas por todo o território nacional.

            A Zona Franca é de Manaus, mas ela tem uma relação importante do ponto de vista social, econômico, ambiental, não só com o Estado do Amazonas, mas com os Estados de Roraima, Amapá, Rondônia, Acre. Enfim, é uma experiência estratégica para a Amazônia, para o norte de nosso País. E nosso Presidente Lula, então, no dia de amanhã, vai abrir a IV Feira Internacional da Amazônia.

            E mais, Sr. Presidente, Srs. Senadores, o Presidente vai ao interior do Estado do Amazonas. Visita a cidade de Coari. O Presidente visitará as obras do gasoduto, onde verá a presença da Petrobras na região, com a produção do petróleo e do gás. Essa obra é importante para Manaus, como centro urbano que tem dois milhões de habitantes, projeto que vem rompendo as distâncias na Amazônia. Nós vamos ter o gás em Manaus lá pelo final de 2009, início de 2010.

            É uma conquista do povo brasileiro e uma obra audaciosa da engenharia da Petrobras fazer o gasoduto pela região amazônica, passando por florestas, por áreas de várzeas, atravessando lagos e rios da nossa região. É um obra ousada da Petrobras.

            O Presidente entregará um colégio, um Cefet, uma escola técnica lá em Coari. Isso é muito importante para a juventude do Município de Coari, lá no Estado do Amazonas, Sr. Presidente. Também irá inaugurar o campus da universidade federal. Então, temos concretamente um agenda importante do Presidente da República no nosso Estado e, fundamentalmente, em Coari, Município importante e estratégico por conta da presença da Petrobras, da presença de técnicos, de engenheiros e da relação da empresa com os munícipes.

            Quero então dizer da minha alegria como amazonense, como Senador da República, como Senador do Partido dos Trabalhadores, por receber mais uma vez o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em nosso Estado.

            Mas, Sr. Presidente, eu quero registrar aqui da Tribuna um requerimento a que já dei entrada, pedindo que esta Casa aprove, Presidente Mão Santa, um voto de aplauso e felicitações ao poeta amazonense Luiz Bacellar, membro da Academia Amazonense de Letras, que completou 80 anos de idade no dia 4 deste mês.

            A data foi celebrada em Manaus, com eventos que ressaltaram a importância da obra de Bacellar para a cultura do Amazonas e do Brasil. É justo, a meu ver, que o Senado lhe atribua essa deferência em reconhecimento da relevância da poesia no desenvolvimento da cultura brasileira.

            Requeiro, também, que a concessão dessa outorga seja comunicada ao homenageado, Sr. Presidente.

            Luiz Bacellar, nosso poeta, um dos poetas mais expressivos da literatura amazonense, nasceu em Manaus no dia 4 de setembro de 1928. Passou parte da sua infância no antigo bairro dos Tocos, hoje Aparecida, no centro antigo da cidade. Completou seus estudos em São Paulo, no tradicional Colégio São Bento. Realizou, no Rio de Janeiro, estudos de aperfeiçoamento em pesquisa social, antropologia e museologia. Foi orientando do Professor e Senador Darcy Ribeiro, esse grande brasileiro. Bacellar lecionou Literatura e Língua Portuguesa no Colégio Estadual Dom Pedro II, em Manaus.

            Foi um dos fundadores do Clube da Madrugada. Pelo seu pioneirismo, é um dos renovadores da moderna literatura amazonense. Exerceu o jornalismo e atuou como Conselheiro de Cultura do Estado do Amazonas. Em 1959, ganhou o prêmio Olavo Bilac da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, com o livro Frauta de Barro, obra que marcou a sua estréia literária, publicado em 1963.

            As obras publicadas de Bacellar são: Frauta de Barro, 1963; Sol de Feira, 1973; Quatro Movimentos, 1975; Crisântemo de Cem Pétalas, em parceria com Roberto Evangelista, 1985.

            Os poemas de Bacellar emprestam vida e ação às coisas mais insignificantes e ordinárias do cotidiano, tornando-as peças indispensáveis às reflexões do leitor. Bacellar lapida as palavras com humor e sensualidade, características que o distinguem nessa tão delicada arte de deleite intelectual.

            Diante de dados e fatos expostos, espero que os Srs. Senadores e as Srªs Senadoras, também cientes da importância dos brasileiros e brasileiras que se dedicam à produção e divulgação da cultura em nosso País, aprovem este requerimento.

            Sr. Presidente Mão Santa, Srs. Senadores, prometo trazer um poema do nosso grande poeta Luiz Bacellar na próxima viagem a Manaus para V. Exª, amante da literatura e da poesia.

            Gostaria de, nesse restante de tempo, registrar aqui um poema de Luiz Bacellar que considero importante:

“O Poeta Veste-se”

Com seu paletó de brumas

e suas calças de pedra,

vai o poeta.

E sobre a cambraia fina

da camisa de neblina,

o arco-íris em gravata

vai atado em nó singelo.

(Um plátano, sobre a prata

da água tranqüila do lago,

se debruça só por vê-lo)

Ele leva sobre os ombros

a cachoeira do lago

(cachecol à moda russa)

levemente debruada

de um fino raio de sol.

Vai o poeta

a caminhar pelas serras

(pelos montes friorentos

mal se espreguiça a manhã)

com seu pull over cinzento

(feito com lã das colinas)

com seus sapatos de musgo

(camurça verde dos muros)

com seu chapéu de abas largas

(grande cumulus escuros).

Mas algo ainda lhe falta

Para a elegância completa:

Súbito pára, se curva,

num gesto sóbrio e perfeito,

um breve floco de nuvens

colhe e prende na lapela.

            É um poema que eu fiz questão de registrar nesta tarde por conta da passagem do aniversário, no dia 4 de setembro, de Luiz Bacellar, este grande amazonense, este grande poeta, este grande ser humano.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.