Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de viagem empreendida por membros da Comissão de Relações Exteriores a países do Caribe. Manifestação de solidariedade aos habitantes dos Municípios de Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul/AC.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ELEIÇÕES.:
  • Registro de viagem empreendida por membros da Comissão de Relações Exteriores a países do Caribe. Manifestação de solidariedade aos habitantes dos Municípios de Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul/AC.
Publicação
Publicação no DSF de 11/09/2008 - Página 37573
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ELEIÇÕES.
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, VIAGEM, MEMBROS, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, PAIS, AMERICA CENTRAL, OBSERVAÇÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, HAITI, MISERIA, CALAMIDADE PUBLICA, DEFESA, INTEGRAÇÃO, PARCERIA, BRASIL, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, MUNICIPIO, RODRIGUES ALVES (AC), ESTADO DO ACRE (AC), VITIMA, OFENSA, DECLARAÇÃO, LIDER, PARTIDO POLITICO, CAMPANHA ELEITORAL, REPUDIO, DESRESPEITO.
  • COMENTARIO, CAMPANHA ELEITORAL, CRITICA, COLIGAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ANTERIORIDADE, EXCLUSÃO, MUNICIPIO, CRUZEIRO DO SUL (AC), ESTADO DO ACRE (AC), TENTATIVA, ALICIAMENTO, ELEIÇÃO MUNICIPAL.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de entrar no assunto que me traz hoje à tribuna, farei o breve registro de uma viagem coroada de êxito que fiz na companhia dos Senadores Arthur Virgílio, Marco Antônio Costa, Heráclito Fortes e Eduardo Azeredo, que cumpriu parte da agenda, além de membros do Itamaraty, da jornalista Silvia, da Agência Senado, e da assessora de imprensa do Senador Heráclito Fortes. Visitamos cinco países do Caribe: Guiana, Panamá, Jamaica, República Dominicana e Haiti, e uma rápida passagem também por Barbados.

Essa é a terceira viagem que membros da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional empreendem a países de outros continentes, no que o Senador Heráclito Fortes, e sob a liderança dele, definiu como diplomacia parlamentar levada a efeito por membros desta Casa em outros países.

Assim como o Senador Heráclito Fortes e os Senadores que participaram dessa viagem, voltarei várias vezes aqui para falar do assunto, que tem que ter desdobramento, Senador Garibaldi, tendo em vista os fatos que observamos, as situações que colhemos, notadamente em países como o Haiti, completamente atordoado por questões estruturais, e agora, como se não bastasse, pela passagem de simplesmente quatro furacões, o que tem deixado a população daquele país em situação de penúria, de caos, de fome e de miséria, já existente no país, porém acentuada por esses fenômenos naturais.

Como eu disse, voltarei a este assunto em várias oportunidades porque reputo como de fundamental importância essa tarefa que se impôs o Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, Senador Heráclito Fortes. Essa é, como disse, a terceira viagem empreendida por membros da Comissão de Relações Exteriores. No primeiro semestre, parlamentares desta Comissão estiveram em 5 ou 6 países da Ásia, em seguida países da África foram visitados, agora países do Caribe. E algo me chamou atenção.

O Senador Heráclito Fortes, na viagem, nas suas falas, nas nossas conversas, costuma repisar o fato de que o País terá se livrado, nos últimos anos, daquilo que ele chama de três monstros: a ditadura, a inflação e parte da dívida externa. Considera ele - e aqui nos somamos à sua reflexão, ao seu raciocínio - que, liberado e libertado dessas amarras, o País precisa se voltar para um contato mais estreito, para um contato permanente com países que estão por aí espalhados nesse grande mundo e com expectativa muito grande, muito forte, em relação a uma parceria estreita com o Brasil. Pudemos sentir isso com muita intensidade, agora, nesse périplo que fizemos a países do Caribe. Sentimos, de parte de parlamentares, de parte de mandatários, de parte da própria sociedade, sentimos e observamos a expectativa forte e crescente desses países acerca da possibilidade de uma interação maior com o nosso País, de uma parceria mais acentuada no que diz respeito a uma participação mais efetiva do Brasil junto a esses países, promovendo e contribuindo, decisivamente, para o seu desenvolvimento.

Voltarei, como eu disse, a tratar desse assunto, até porque eu acho que esse assunto precisa ser replicado para que esta Casa atente para a importância do que colhemos, do que observamos e do que estamos trazendo como bagagem de informação cultural, política e social, resultante dessa importante visita que fizemos a esses países.

Mas, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o que me traz de fato, como tema de fundo, nesta tarde, a este plenário é a necessidade de, aqui, prestar solidariedade aos habitantes de um pequeno município da minha terra, Rodrigues Alves, lá no belo Juruá, uma belíssima região do meu Estado. A população daquele grande município foi alvo, no mínimo, de uma grosseria proferida por um dirigente partidário que, a rigor, até pela importância do cargo que exerce, teria o dever de, no mínimo, se dirigir à população de municípios, não importa qual município, de forma respeitosa.

Mas, Senador Garibaldi, eu fiquei pasmo quando vi, ouvi e li declarações de que esse dirigente partidário - e aqui não vou particularizar porque a população lá sabe do que estou falando - disse, simplesmente, jactando-se pela possibilidade de um resultado favorável eleitoralmente, que a população de Rodrigues Alves é como se fossem galinhas e que bastaria jogar milho para que todo mundo corresse e viesse ao encontro de quem estaria fazendo o chamamento.

É algo lamentável, Senador Garibaldi, que um presidente de um partido político se dirija a um conjunto de uma população - população trabalhadora, população compenetrada, envolvida na tarefa de fazer com que as coisas aconteçam naquele município, envolvida agora no processos eleitoral - dessa forma desrespeitosa, deselegante, grosseira.

Vou repetir para que aqueles que talvez não tenham ouvido com atenção possam prestar atenção. Ele disse, simplesmente, que a população de Rodrigues Alves é como se fosse um bando de galinhas, que bastaria jogar milho que correria todo mundo atrás de quem estivesse lhe convocando ou lhe chamando para um resultado eleitoral. Aliás, a população do Juruá, Senador Garibaldi, vira-e-mexe é alvo de manifestações desse jaez, manifestações discriminatórias, manifestações preconceituosas.

Recentemente, estando lá em Cruzeiro do Sul, participando da campanha do meu querido amigo Vagner Sales, que, tudo leva a crer, será o futuro prefeito de Cruzeiro do Sul, o ex-Deputado Vagner Sales, Deputado Estadual de quatro mandatos, muito querido pela população de Cruzeiro do Sul, vi na televisão - ninguém me disse, eu vi - um membro, um candidato de uma chapa, apoiada lá em Cruzeiro do Sul pelo PT, dizer simplesmente que agora, com a sua sonhada eleição, todos juntos, governos municipal, estadual e federal, iriam unir Cruzeiro do Sul ao Acre. Imagine, Senador Garibaldi! São pessoas que sempre voltaram as costas para o Município de Cruzeiro do Sul, são pessoas que conseguem expressar uma barbaridade dessas.

Cruzeiro do Sul é o segundo município do Estado do Acre, um município de fundamental importância, que vive, ainda, isolado, vive, ainda, passando por agruras que municípios assim, distantes do nosso Estado, ainda passam, Senador Virgínio de Carvalho. Mas, com a fala desse candidato, ficou claro que não é de hoje que, quando ele diz que vai unir Cruzeiro do Sul ao Acre, ele deixa claramente a entender que jamais considerou Cruzeiro do Sul como um município importante do Acre, como um município que merece toda a atenção de governos municipais, estadual e federal, numa demonstração clara ao povo do Juruá, principalmente ao povo de Cruzeiro do Sul e, agora, ao povo de Rodrigues Alves, de que a população daquela grande região é alvo, vira-e-mexe, de manifestações grosseiras como essa, manifestações preconceituosas, manifestações discriminatórias, e que não merecem isso, Senador Virgínio.

Se V. Exª, um dia, tiver a oportunidade de ir ao Juruá, na minha terra, V. Exª, primeiro, vai se encantar com a fisionomia física daquela região, linda, vai se emocionar com a bravura daquele povo, vai se encantar com a bondade do povo do Juruá, que não merece esse tipo de tratamento. Tenho certeza absoluta de que vai reagir à altura, dando o recado claro nas urnas, afastando peremptoriamente, da possibilidade de assunção de cargos, aqueles que têm pela população do Juruá, e aqui em particular pela população de Rodrigues Alves e de Cruzeiro do Sul, um sentimento tão ruim como esse, um sentimento pesado, um sentimento de apartheid como esse.

Então, eu não poderia me furtar, Senador Garibaldi, de vir aqui, à tribuna, prestar a minha solidariedade ao povo de Cruzeiro do Sul, ao povo de Rodrigues Alves, ao povo, enfim, do Juruá inteiro, que, vira-e-mexe no meu Estado é alvo, como eu disse, de manifestações desse jaez, manifestações preconceituosas e que, asseguro aqui a V. Exªs, não merece esse tipo de tratamento e esse tipo de desconsideração.

Senador Garibaldi, era o que eu tinha a dizer nesta tarde.

Muito agradeço a V. Exª a possibilidade de aqui usar da tribuna.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/09/2008 - Página 37573