O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Adelmir Santana, Srªs e Srs. Senadores, cumprimento os queridos representantes da Delegação Paraolímpica que representou o Brasil nos Jogos Paraolímpicos de Pequim recentemente; o Sr. Marcos Vinícius Freire, chefe da missão olímpica, que, em 1984, em Los Angeles, foi vice-campeão olímpico, que nos trouxe uma brilhante medalha de prata com o time de voleibol e que, desde então, vem se dedicando ao preparo de atletas e à organização dos Jogos Olímpicos, em especial a essa missão extraordinária de enorme relevância, conforme hoje o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva observou quando recepcionava os atletas campeões olímpicos e os atletas campeões paraolímpicos em bonita cerimônia no Palácio do Planalto; o prezado Alberto Martins da Costa, chefe da missão paraolímpica; o Sr. Renausto Amanajá, subchefe da missão paraolímpica; o Sr. Rivaldo Araújo, subchefe da missão paraolímpica; o Sr. Gustavo Abrantes, coordenador da equipe de natação; o caro atleta Claudemir Santos, que, juntamente com Alan Fontelis, ganhou a medalha de prata na modalidade de revezamento de 400 metros; caro Adriano Lima, que ganhou duas medalhas, uma de prata e outra de bronze, nas modalidades de revezamento de 4 x 50 livres e de 4 x 50 metros em natação; o meu caro Daniel Dias, que trouxe para o Brasil nada menos que nove medalhas, sendo quatro medalhas de ouro, quatro de prata e uma de bronze; o André Brasil, que trouxe cinco medalhas, sendo quatro de ouro e uma de prata, também na modalidade da natação.

Quero agradecer muito a toda a equipe. Vocês vieram representar os demais atletas. Ali houve a bonita homenagem que o Presidente Lula prestou a vocês. Quero mostrar esta bonita medalha de ouro que o André Brasil me emprestou. É claro que vou devolvê-la, mas eu a mostro para que todos possam apreciá-la. Esta medalha, além de ser muito bonita, tem extraordinário significado.

Sr. Presidente, eu já havia apresentado, em 4 de agosto de 2008, um requerimento para inserir em ata voto de congratulações e de pleno êxito aos 277 atletas da equipe técnica da Seleção Brasileira que nos representaram em Pequim. Então, quero aproveitar a oportunidade para reiterar, inclusive pelo resultado alcançado, aos 277 atletas nosso cumprimento.

Também cumprimento o Ministro do Esporte, Orlando Silva; o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman; Marcus Vinícius Freire, que aqui se encontra; o membro honorário do COB e ex-Presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), João Havelange. Todos ali nos representaram muito bem.

Hoje, quero apresentar um requerimento, nos termos do art. 222 do Regimento Interno do Senado, em que peço a inserção em Ata de voto de congratulações e de aplauso aos atletas paraolímpicos e à equipe técnica da Delegação Brasileira que representaram o Brasil nos Jogos Paraolímpicos de 2008, realizados na República Popular da China.

É com muita satisfação que apresento este requerimento de congratulações e de aplausos para nossos atletas paraolímpicos, pois tenho a certeza de traduzir a vontade de milhões de brasileiros que, como eu, muito se orgulham desses nossos atletas paraolímpicos, bem como dos atletas olímpicos.

Quero prestar homenagem a esses brasileiros que, superando os mais diversos obstáculos, passando pelo desgaste de horas, de dias, de meses e de anos de treinamentos constantes, superando as mais diversas dificuldades, como lesões e dores muitas vezes quase insuportáveis, não desistem e perseguem tenazmente o ideal de melhorar cada vez mais seu desempenho.

É um esforço gigantesco para uma competição de apenas poucos instantes. No alto do pódio, cabem apenas três desses dedicados atletas. Apenas três são consagrados, mas, todos os outros merecem nosso reconhecimento por sua dedicação, por sua persistência e pelo exemplo de vida que prestam àqueles que têm o privilégio de desfrutar de seu convívio.

Chegar a uma Olimpíada é, sem dúvida, um sonho e uma glória.

Quero homenagear esses homens e mulheres vitoriosos na vida por todos os seus feitos: pelos recordes que superaram; pelas medalhas que conquistaram; pelos esforços que empreenderam; pela alegria e orgulho com que defenderam o Brasil, incluindo aqueles que não conseguiram medalhas; por terem levado o Brasil a alcançar sua melhor colocação em Jogos Olímpicos em todos os tempos.

Acima de tudo, não é apenas o desempenho atlético que é merecedor de nossas maiores homenagens. Também devemos parabenizá-los por serem capazes de superar todas as limitações para alcançar seus objetivos e para demonstrar que são filhos preciosos deste grande Brasil.

Agradeço ao Senador Gim Argello sua presença nesta homenagem aos atletas olímpicos e paraolímpicos.

Mesmo que ainda estejamos distantes de alcançar uma sociedade na qual predomine o respeito à dignidade humana, devemos comemorar cada vez que uma pessoa portadora de necessidades especiais consegue demonstrar sua integral capacidade de contribuir para a elevação de nossa sociedade e para destacar o Brasil perante o mundo.

Quero ressaltar que, no Senado, nosso Senador Flávio Arns, do Paraná, muito tem se dedicado para que haja todo apoio às pessoas com necessidades especiais, e assim também o fazem muitos Senadores. Inclusive, quando Presidente, o Senador Renan Calheiros dedicou um ano especial do Senado Federal para que levássemos em consideração medidas que dessem prioridade às pessoas com necessidades especiais.

Cada vitória alcançada aumenta a nossa auto-estima. Cada pessoa portadora de necessidades especiais vencedora demonstra a todos os brasileiros que cada um de nós é capaz de superar suas limitações e de se tornar campeão na busca de nossos objetivos.

É muito importante lembrar que aqueles breves instantes mostrados pelas imagens de uma competição dizem muito pouco do esforço diário de cada atleta para superar seus próprios limites. Os atletas paraolímpicos, além de superar os limites da natureza humana, precisam, em primeiro lugar, encontrar energia para superar as limitações físicas e psicológicas impostas por suas próprias carências. E, muito mais do que isso, precisam, freqüentemente, encontrar forças sobre-humanas, para superar terríveis preconceitos.

Quero aproveitar a oportunidade, prezado Senador Adelmir Santana e Senador Gim Argello, para ler o depoimento da mãe de um desses atletas. Fico pensando como a mãe e o pai de cada um dos que participaram dos Jogos Paraolímpicos tiveram um sentimento muito especial, ao observar que o apoio que deram aos seus filhos e filhas desde os primeiros momentos de vida fez com que pessoas como Daniel Dias pudesse, como nadador, alcançar feitos extraordinários. Ele ganhou nove medalhas: quatro de ouro, quatro de prata e uma de bronze. E, assim, ao ler este depoimento da Srª Rosana, mãe do Daniel Dias, e ao homenageá-lo, creio que estarei homenageando a todos.

Senadores, vejam só as palavras da Srª Rosana, mãe de Daniel Dias:

Era um sábado como tantos outros se não fosse por um pequeno sangramento, onde começa uma história. A história de um menino que nasceu com trinta e sete semanas (37) de gravidez, pesando 1,970 kg e com quarenta e um (41) centímetros.

Daniel nasceu no dia 24 de maio de 1988 às 3:30 da madrugada, na cidade de Campinas.

Quando Daniel nasceu, chorei muito sem saber o porquê. Mais tarde, fui comunicada que meu filho era um garoto e que não tinha os pés e nem as mãos. Chorei muito e pedi forças a Deus. Quando pude me levantar e ir ao seu encontro, aqueles corredores da Santa Casa pareciam não ter fim. Ao me encontrar frente ao meu filho e passar a mão em sua pele e falar que era a mamãe, ele me sorriu. Jamais esquecerei aquele momento de tão grande emoção. Daniel ficou uma semana na incubadora, voltamos para nossa cidade de Camanducaia. O tempo foi passando. Comentários surgiram, mas fomos vivendo nossa vida.

Daniel fez um aninho, era uma alegria poder vê-lo evoluindo a cada dia. Em janeiro de 1991, na AACD - em São Paulo, recebi a notícia de que ele teria que passar por uma cirurgia para poder usar prótese. Em março do mesmo ano, Daniel foi operado em Campinas no Hospital Vera Cruz. Foi um dos momentos mais difíceis pelos quais meu marido e eu passamos, nem gostamos de lembrar, pela dor e trauma que isso causou em meu pequenino filho. Daniel se recuperou e, com 3 anos, começou a usar uma prótese. Nos primeiros meses, foi muito difícil. Ele tinha que ir constantemente à AACD em São Paulo para poder acostumar a usar a prótese, e é como se tivesse de aprender a andar. Foi difícil, como já disse, mas ele venceu e começou a andar. Foram momentos de lágrimas e vitórias.

Os anos foram passando. Daniel fez a pré-escola e o ensino fundamental. Nesse período, começou a aprender a tocar bateria. Terminou o 3º colegial e pretende fazer faculdade de Engenharia Mecatrônica. No momento, está fazendo Educação Física na USF (Universidade São Francisco).

Pude estar presente naquela Universidade há duas sextas-feiras. Havia mais de mil pessoas num auditório. Eu estava fazendo uma palestra; havia convidados, candidatos a Prefeito da cidade, para que ouvissem a proposta da renda básica de cidadania, e eis que, então, com sua família, Daniel Dias chegou, acompanhado do Reitor. A Universidade de São Francisco, por intermédio de seus alunos e professores, prestaram-lhe homenagem, aplaudindo-o de pé. E, ali, ele disse algumas palavras, honrando, portanto, a própria Universidade que o acolheu tão bem, lá em Bragança Paulista.

Diz ainda a mãe de Daniel:

É também uma benção na Igreja, sendo o baterista da Banda.

Daniel é um jovem especial, não por ser deficiente, mas por ser ele mesmo, e ser como é.

Daniel! Você é nosso orgulho e nossa escola diária, pois com você, filho, aprendemos cada dia mais.

Deus nos deu a oportunidade de te criar e te formar, e hoje agradecemos a Deus a oportunidade que nos dá de vivermos com você e de estarmos a seu lado e de, acima de tudo, saber que você é de Deus e que você tem caráter e luta por seus sonhos.

Daniel não tem complexos, vê a vida sempre bela, ama viver e diz que tudo é capaz, basta acreditar nos seus sonhos.

Daniel! Hoje você está com 19 anos, e nós, seus pais, aprendemos com você que a vida é para ser vivida, um dia de cada vez, sem nos preocuparmos com o amanhã, e a noite é para repousar, que o amanhã será um novo dia, um novo despertar, uma nova etapa.

Daniel! Nós te amamos muito, muito, mas muito mesmo. Parabéns e que Deus continue te abençoando cada vez mais. Agradecemos a Deus por colocar você em nossas vidas, você é especial, é uma obra prima que ele planejou.

Em nossa vida, temos muito que agradecer, primeiramente a Deus, pois colocou você em nossas vidas, e também a várias pessoas que foram colocadas em nosso caminho, que nos ajudaram e nos deram forças - nossos pais, irmãos, amigos e irmãos da Igreja.

Daniel! Você é uma obra única e especial. Sua vida é preciosa para o Senhor, que o criou.

        Portanto, Srªs e Srs. Senadores, aqui apresento este requerimento como uma homenagem, que não é apenas o reconhecimento pelo valor de nossos atletas paraolímpicos, mas também a oportunidade para demonstrar nosso carinho e orgulho pelo desempenho de todos que participaram dessa Paraolimpíada.

Acima de tudo, é uma demonstração de respeito e deferência que espero sirva para chamar a atenção das autoridades, das empresas e daqueles que convivem cotidianamente com pessoas portadoras de necessidades especiais. Todos nós, independentemente de nossas limitações ou diferenças, somos capazes de contribuir na construção deste grande País que sonhamos e na concretização de uma sociedade campeã em civilidade e em dignidade humana.

Sr. Presidente, foi muito especial e bonita a cerimônia que hoje pudemos presenciar ali no Palácio do Planalto. Quero muito cumprimentar o próprio Presidente Lula; o Ministro Orlando Silva; o Vice-Presidente, José Carlos Alencar, que também ali se encontrava; toda essa equipe formada por Vital Severino Neto, Presidente do Comitê Olímpico; por Carlos Arthur Nuzman; por Marcus Vinícius Freire; por Bernardo e por muitos outros.

Cumprimento esses atletas excepcionais, como o próprio Antonio Tenório da Silva, que conseguiu, pela quarta vez, vencer e trazer uma medalha de ouro para o Brasil em sua quarta Olimpíada. Ele é o único atleta que conseguiu tal feito. Ele estava de manhã ali junto ao Presidente, assim como também a atleta Maurren Maggi, que ganhou a medalha de ouro no atletismo, depois de ter tido um acidente na última Olimpíada; agora, conseguiu algo de extraordinário.

Enfim, quero cumprimentar todos vocês que tanto honraram o Brasil e que nos encheram de felicidade e de emoção cada vez que pudemos ver, pelas redes de televisão, como é que vocês ali deram tudo de si para levar o Brasil à vitória. Todos nós vibramos com isso.

Meus parabéns a todos vocês, aos presentes e aos que não puderam estar aqui neste momento!

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)