Discurso durante a 184ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a greve da Polícia Civil no Estado de São Paulo.

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Manifestação sobre a greve da Polícia Civil no Estado de São Paulo.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Flexa Ribeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 08/10/2008 - Página 38911
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • REGISTRO, GRAVIDADE, EXCESSO, PERIODO, GREVE, POLICIA CIVIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEFESA, GOVERNO ESTADUAL, FACILITAÇÃO, ENTENDIMENTO, CATEGORIA PROFISSIONAL, CRITICA, PROPOSIÇÃO, GOVERNADOR, INSUFICIENCIA, REAJUSTE, ADVERTENCIA, INFERIORIDADE, SALARIO, CATEGORIA, AMBITO ESTADUAL, COMPARAÇÃO, ESTADOS, ESPECIFICAÇÃO, DISTRITO FEDERAL (DF), CONTRADIÇÃO, SUPERAVIT, ARRECADAÇÃO, RECEITA.
  • COMENTARIO, EFICIENCIA, ATUAÇÃO, POLICIA CIVIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMBATE, VIOLENCIA, ESPECIFICAÇÃO, CRIME ORGANIZADO, PRESIDIO, DEFESA, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, CATEGORIA PROFISSIONAL, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, CONEXÃO, GREVE, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, ELEIÇÃO MUNICIPAL, OBSTACULO, GOVERNO ESTADUAL, BUSCA, ENTENDIMENTO, PERSEGUIÇÃO, POLICIAL, MEMBROS, SINDICATO, ADESÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA.
  • REGISTRO, PRESENÇA, PLENARIO, REPRESENTANTE, POLICIA CIVIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APOIO, EDUARDO SUPLICY, ROMEU TUMA, SENADOR, MOVIMENTO TRABALHISTA, ANUNCIO, SUSPENSÃO, GREVE, VIABILIDADE, TENTATIVA, ENTENDIMENTO, COMPARAÇÃO, DIVERSIDADE, CATEGORIA PROFISSIONAL, SERVIDOR, AMBITO NACIONAL, SUPERIORIDADE, REAJUSTE, SALARIO, PERIODO, GESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero, primeiro, agradecer ao Senador Cristovam Buarque pela gentileza do gesto.

            Assomo a tribuna - e aguardei que as eleições fossem encerradas para o fazer - para me pronunciar sobre a greve da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

            É a primeira greve da polícia de São Paulo. A Polícia Civil de São Paulo é reconhecidamente a melhor polícia da América Latina pelos índices de eficiência em algumas áreas muito importantes no trabalho da segurança pública. É a primeira greve em quase duas décadas, portanto, é um fato extremamente grave.

            É grave, em primeiro lugar, porque essa greve já se arrasta por mais de vinte dias. É grave porque a categoria iniciou o pedido de negociação com o Governo do Estado, com o Governador José Serra, desde março deste ano. Desde março, houve uma tentativa sistemática de negociação para buscar o entendimento entre a categoria e o Governo do Estado. É grave porque a polícia de São Paulo tem um imenso desafio, que são os índices de violência e de criminalidade do Estado. Não faz muito tempo que as organizações criminosas, que cresceram e se fortaleceram dentro do sistema prisional, organizaram ataques com queima de ônibus, assassinato de agentes penitenciários, de policiais. Nós estamos no Estado em que o crime organizado tem uma lista de policiais da PM e da Polícia Civil jurados de morte. É grave porque a polícia é uma instituição que atende a população 24 horas por dia. Nos momentos mais difíceis, exatamente quando não encontra nenhuma outra resposta aos seus problemas - a insegurança, o medo, a violência - a população bate à delegacia, e o servidor da Polícia Civil está ali 24 horas, trabalhando para atender a população.

            Eu entendo que, ao contrário de algumas visões preconceituosas, a Polícia é uma instituição fundamental para os direitos humanos, para os direitos e garantias individuais do cidadão. É grave a situação da polícia de São Paulo porque o seu salário inicial, incluindo todas as gratificações e benefícios, é de R$ 3.700,00. Esse é o salário bruto de um delegado concursado ao iniciar carreira na Polícia Civil.

            Votamos aqui neste Plenário o salário inicial no Distrito Federal, que é de mais de R$12.000,00. Pergunto aos Senadores desta Casa como pode o Estado mais rico da Federação, o Estado que tem 35% do PIB brasileiro, o Estado que teve um ganho de ICMS, nos últimos 12 meses, de mais de 15% de acréscimo à receita do Estado, como pode pagar um salário de R$ 3.700,00 bruto, o pior salário do Brasil.

            Por que chegamos a essa situação e todas as categorias da Polícia Civil entraram em greve? E vou dizer mais, pode ter certeza de que quem faz greve é o policial honesto.

            Aquele que tem outras formas de complementar a sua renda não tem o mesmo empenho nesse movimento nem está disposto a passar pelos riscos de um movimento que é difícil, porque é evidente que com uma categoria armada não pode ser essa a forma de negociação.

            Portanto, não é um movimento qualquer, é um movimento em que, felizmente, até este momento, não tivemos nenhum confronto, mas poderemos ter. A categoria fez um ato na Assembléia Legislativa com mais de dois mil Policiais Civis. Hoje estão aqui representantes das associações, e eles fizeram, os delegados, um gesto a favor da negociação: suspenderam por 48 horas a greve para buscar o diálogo. E foi muito difícil para a Diretoria da Associação suspender a greve. Dividiu a categoria. As outras categorias, escrivães, investigadores, não aceitaram a suspensão temporária da greve. O movimento é extremamente radicalizado no Estado. A proposta que o Governo fez até o momento não proporciona uma saída para esse impasse - um reajuste de 4,5%, que não repõe sequer a inflação, para uma categoria que visivelmente está com o salário extremamente defasado, comparando com qualquer outro Estado do Brasil. Estados muito mais pobres do que São Paulo pagam salários muito melhores do que São Paulo paga.

            E fez a proposta de extinção da quinta classe. Ora, a quinta classe são 208 delegados, e nós estamos falando de um universo de mais de 4.500 delegados. Não atende a categoria essa proposta. A categoria demonstrou a disposição de fazer uma contraproposta para buscar o entendimento.

            Repito como comecei a minha intervenção: não assomei a esta tribuna durante o processo eleitoral para não caracterizar qualquer intenção eleitoral em relação a esse movimento. É injustiça tentar dizer que há um caráter partidário e eleitoral; todos sabem que não há. Todas as centrais sindicais - e eu conversei com vários dirigentes sindicais da UGT, da Força Sindical, da CUT, da CGTP - manifestaram solidariedade à greve. Portanto, ela é suprapartidária, tem o apoio institucional das centrais sindicais, e todos buscam a solução desse impasse.

            É evidente que não há condições de imaginar que o Governo possa repor todas as perdas que se acumularam, muito menos buscar uma isonomia com os melhores salários do Brasil. Não é possível. O orçamento, evidentemente, não tem como incorporar um gasto continuado dessa natureza. Mas é visível que não se pode continuar como está.

            A defasagem salarial é muito grande. Não pode a Polícia do Estado mais rico do Brasil receber o pior salário do País. Há anos eu acompanho esse tema, meses e meses de tentativa de um mínimo de entendimento e o que temos tido é intransigência.

            Grave, por exemplo, é o afastamento de alguns dirigentes sindicais. O presidente da Associação, Sérgio Roque, pediu férias, e não concederam; pediu licença, não concederam; e o transferiram da Inteligência da Polícia para a delegacia mais próxima da casa do Secretário de Segurança, para controlar, e ele não ter condições de exercer o trabalho sindical. Não é democrático. Isso já acabou no Brasil. Afastaram dirigentes seccionais simplesmente porque foram solidários. Todos os delegados se solidarizaram e pediram afastamento da função. Eu pergunto se esse é um caminho. É evidente que não. O caminho é reconhecer que o salário está defasado; o caminho é reconhecer que há condições fiscais neste momento de melhorar a remuneração, porque todos os outros Estados do Brasil já o fizeram, e buscar o entendimento e a negociação.

            Se esse gesto da categoria não for levado a sério pelo Governo, essa suspensão temporária só atingiu os delegados, numa assembléia que foi extremamente tensa e dividida, porque boa parte da categoria, especialmente os delegados do interior, que todos sabem onde moram, que todos sabem o quanto recebem e não têm anonimato nenhum... Porque se existem profissionais - e existem! - que não deveriam estar na corporação, vamos fortalecer a corregedoria, vamos ter a mesma eficiência que a Polícia Federal, por exemplo, tem tido em relação a seus pares para sanear e para manter a credibilidade institucional. Mas não há como imaginar uma polícia eficiente, que possa prestar um bom serviço público, com esse tipo de remuneração e com esse tipo de tratamento.

            Então, eu disse que subiria à tribuna assim que terminassem as eleições. Estive com todas as associações...

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Permite um aparte, nobre Senador?

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Não fui a nenhuma assembléia para não caracterizar qualquer ação partidária. Comuniquei ao Senador Suplicy e ao Senador Romeu Tuma que estariam hoje em Brasília, pedindo o apoio e a solidariedade da Bancada de São Paulo, e os dois Senadores disseram que estaríamos juntos nesse esforço de buscar o entendimento e a solução. E acho que há uma janela de oportunidade, Senador Flexa Ribeiro. Quer dizer, mediante o gesto que os delegados fizeram - insisto que não foi acompanhado por investigadores, escrivães e mesmo por uma parte da categoria - de suspender por 48 horas a greve ao longo desta semana, demonstrando que querem encontrar uma solução negociação, acho que o Governo do Estado deveria imediatamente assumir este gesto e buscar o entendimento e uma contraproposta que dêem dignidade, que assumam que é preciso recuperar a remuneração da categoria. E dessa forma possamos dar tranqüilidade à população, que, evidentemente, está pagando o custo dessa greve, pois precisa da polícia e não tem o seu pleno serviço hoje, só algumas atividades essenciais estão sendo mantidas. E principalmente que a polícia trabalhe motivada, para que a gente possa cobrar a competência, a investigação, os resultados no combate à criminalidade e à violência.

            Pois não, Senador Flexa Ribeiro.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Gostaria, também, de pedir um aparte.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Pois não, Senador Eduardo Suplicy.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - A Presidência solicita apenas aos Senadores que se atenham ao tempo regimental, já que está esgotado o tempo do Senador Aloizio Mercadante.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, eu retiro a minha inscrição para uma comunicação inadiável e abro para que outros Senadores possam falar, pois o Senador Eduardo Suplicy vai falar exatamente sobre o mesmo tema.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - V. Exª já não tinha direito regimental, mas a Presidência concede a V. Exª o uso do tempo.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) -Agradeço a V. Exª.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Aloizio Mercadante, V. Exª, como um defensor permanente dos interesses do Estado que tão bem representa no Senado Federal, traz à baila um problema que aflige e que está demonstrado pela presença dos delegados na tribuna de honra, que é a greve da polícia civil no Estado de São Paulo. V. Exª fez duas referências que eu gostaria de comentar. A primeira é que V. Exª diz que não fez qualquer pronunciamento durante o período eleitoral, para que não se cogitasse ser uma ação partidária. O período eleitoral continua com o segundo turno, como ocorre nos vários Municípios do Estado de São Paulo, inclusive na capital. Ele não se extinguiu; só se extingue no dia 26 próximo. V. Exª, talvez pela urgência do fato, trouxe, antes da complementação do período eleitoral, o seu pronunciamento. Mas V. Exª comparou o salário de São Paulo com o salário do Distrito Federal. E V. Exª tem conhecimento, pela sua competência, de que quem paga a segurança pública do Distrito Federal é a União. Então, não há como comparar o salário do Distrito Federal com o salário de São Paulo. V. Exª também faz referência às greves. Concordo que tem que haver o diálogo e tenho certeza de que o Governador Serra está aberto para manutenção desse diálogo com os servidores públicos ligados à segurança pública de São Paulo. Aliás, é uma das melhores - quero aqui elogiar o trabalho dos delegados -, uma das mais reconhecidas nacionalmente, tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar, pela queda dos índices de violência em São Paulo comparativamente aos outros Estados brasileiros. Mas o Governo Federal não se comporta dessa mesma forma, quando os outros funcionários de carreira em nível federal entram em greve. Ele fecha o diálogo e não o abre, como aconteceu com a Receita Federal, como aconteceu com o Unafisco, como acontece com os Correios. Há inúmeros exemplos em que o Governo do Presidente Lula, de origem sindical, de defesa dos trabalhadores, que todos nós fazemos, fecha o diálogo e não o reabre. Eu recebi no meu gabinete inúmeros ofícios - posso mandar cópia a V. Exª -, solicitando que eu intercedesse junto ao Presidente Lula pela reabertura de diálogo em várias greves. Eu respondi que faria, com muito prazer, como faço ao Governador Serra, e tenho certeza de que ele está pronto para reabrir a negociação. O Governo de São Paulo...

            O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - A Presidência lembra ao Plenário que o tempo regimental para aparte é de dois minutos.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Só concluindo. V. Exª mesmo disse que já foram concedidas várias gratificações dentro da capacidade orçamentária e da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ao mesmo tempo em que me solidarizo com os policias, os delegados, quero fazer um apelo para que o diálogo seja retomado. A greve não vai levar a nenhuma solução, mas somente ao impasse. Por parte do Governador Serra tenho absoluta certeza de que esse diálogo pode ser continuado. E V. Exª, como representante de São Paulo, deve pedir também que haja realmente a retomada do diálogo, para haver o entendimento. E suspensa a greve, esperamos que possa ter a retomada desse diálogo.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Senador Flexa Ribeiro - eu só queria esclarecer dois pontos, Senador Suplicy, e já passo a palavra -, primeiro, digo que evitei fazer pronunciamentos. E não o fiz em nenhum veículo de comunicação, durante todos esses 22 dias de greve. São 22 dias de greve! Evitei falar exatamente para que não caracterizasse paralisação, porque o Governo tentava usar como argumento que a greve era eleitoral, política, partidária. Ela não é partidária, não é eleitoral e é um movimento reivindicatório que vem de anos de tentativa de negociação que não deram em nada! As entidades pediram, desde março deste ano, que houvesse uma negociação. E o que receberam como proposta foi 4,5%.

            Quando V. Exª compara e deve, evidentemente, exigir, em relação a categorias do servidor público federal, nós podemos pegar todos os reajustes de qualquer categoria federal e comparar com a Polícia Civil de São Paulo. E V. Exª vai ver que não há termos de comparação. A Receita Federal dobrou o salário no Governo Lula e tem uma perspectiva de recuperação progressiva de salário. A mesma coisa aconteceu em relação à AGU. Há um movimento de recuperação de salários em nível federal, muitas vezes questionado por parte da imprensa e da Oposição, porque os salários estavam muito defasados. Houve um grande esforço.

            E, quanto à Polícia Federal, não há nenhum outro momento da história do Brasil que tenha havido uma recuperação salarial tão forte, investimentos em equipamentos, investimentos em inteligência, liberdade de atuação. A Polícia Federal nunca trabalhou com tanta liberdade, com tanta eficiência.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador, eu me referi às greves...

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Não, a Polícia Federal fez greve no passado. E eu, inclusive, adverti.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - ... que não foram atendidas pelo Presidente Lula.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Como é uma categoria armada, é um tema muito delicado. Mas ela foi reconhecida e valorizada. Agora não dá para pedir à Polícia Civil de São Paulo, depois de 22 dias, que aguarde até o dia 26 de outubro, que é quando se dará o segundo turno.

            Eu estou subindo à tribuna hoje porque ontem eles fizeram uma assembléia, estando extremamente dividida a categoria, porque uma ampla parte da categoria de escrivães, investigadores não aceitam a atitude do delegado da Associação, que suspendeu a greve para negociar. Mais do que isso, o que mais se pode esperar da categoria? Uma proposta de reajuste de 4,5%, extinção de uma categoria que tem 208 delegados. Evidentemente, isso não é uma solução para acabar com a greve.

            Tem que haver uma negociação e buscar atender às reivindicações, senão integralmente, parcialmente atendidas no sentido de reconhecer a dignidade e a valorização da categoria.

            Ouço o Senador Eduardo Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Prezado Senador Aloizio Mercadante, quando V. Exª, na semana passada, ligou-me, inclusive da sede da Associação dos Delegados, eu, de pronto, dei um telefonema ao Secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, renovando o apelo que havíamos feito antes do início da greve, aqui em plenário, ao Governador José Serra. O Secretário de Segurança reconhece que há essa defasagem e disse que, em virtude da greve, estava um pouco difícil o diálogo e que se tratava de uma situação de decisão de Governo. Por isso, seria importante que eu pudesse dialogar também com o Secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, o que, de pronto, o fiz. Naquela mesma tarde, o Secretário Aloysio Nunes Ferreira informou-me que, uma vez suspenso o movimento de greve, as negociações seriam retomadas. Então, a defasagem não é apenas em relação à remuneração dos delegados do Distrito Federal, mas em relação à remuneração de outros Estados, os delegados de São Paulo têm uma remuneração relativamente mais baixa. Isso soa estranho, dado que São Paulo é um dos Estados de maior arrecadação, sem dúvida. Tendo em conta a decisão tomada ontem pela Associação dos Delegados de que a greve estará suspensa amanhã, para que possa haver a negociação, quero reiterar o apelo de V. Exª, o meu e certamente o do Senador Romeu Tuma, para que possa o Secretário Aloysio Nunes Ferreira, o Secretário Ronaldo Marzagão e, se possível, até o Governador José Serra receberem os delegados que querem chegar a uma solução de bom senso, que seja de eqüidade para com o interesse maior dos delegados e da população de São Paulo, porque obviamente continuará havendo um prejuízo para a população e para o sistema de segurança se a Polícia Civil não puder voltar à normalidade.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Agradeço ao Senador Eduardo Suplicy.

            Só queria terminar dizendo que citei o caso do Distrito Federal porque foi o salário que nós votamos, nós Senadores! É evidente que o Orçamento da União tem muito mais capacidade de absorver esse impacto do que o orçamento de qualquer ente federado. Mas votamos um salário superior a R$12.000,00, como o salário de ingresso na carreira. São Paulo tem R$ 3.700,00. Agora, pode-se comparar com qualquer outro Estado da Federação, porque é o pior salário do Brasil e não pode continuar assim.

            Quero agradecer a manifestação do Senador Suplicy, que sempre foi muito solidário ao movimento e às entidades, e exatamente tem-se esforçado como eu para buscar o entendimento, a negociação e uma solução que possa ocorrer o mais rapidamente possível.

            Acho que o gesto do movimento foi feito. Cabe agora ao Governo do Estado abrir o diálogo, suspender todas as retaliações e perseguições às lideranças sindicais e encontrar uma solução que dignifique a Polícia Civil, que presta grande serviço à população de São Paulo.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/10/2008 - Página 38911