Discurso durante a 185ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização, hoje, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal, de audiência pública sobre o petróleo do pré-sal.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA. POLITICA EXTERNA.:
  • Registro da realização, hoje, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal, de audiência pública sobre o petróleo do pré-sal.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2008 - Página 39113
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, COMISSÃO DE SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA, AUDIENCIA PUBLICA, DEBATE, NATUREZA TECNICA, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, RESERVATORIO, SAL, MAR TERRITORIAL, PRESENÇA, DIRETOR, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), ESCLARECIMENTOS, CUSTO, POSSIBILIDADE, LAVRA DE PETROLEO, PREVISÃO, SUPERIORIDADE, BENEFICIO, ECONOMIA NACIONAL, EXPECTATIVA, INVESTIMENTO, LONGO PRAZO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, NATUREZA TECNICA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CRITICA, CONDUTA, DIRETORIA, QUESTIONAMENTO, DECISÃO, INVESTIMENTO, PAIS, AMERICA DO SUL, ESPECIFICAÇÃO, GASODUTO, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, SIMILARIDADE, DESRESPEITO, ACORDO, EXPLORAÇÃO, RECURSOS MINERAIS, GOVERNO ESTRANGEIRO, ARGENTINA, EQUADOR, PARAGUAI.
  • COMENTARIO, SUPERIORIDADE, QUALIDADE, INFERIORIDADE, CUSTO, EXPLORAÇÃO, GAS NATURAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), DEFESA, FAVORECIMENTO, INVESTIMENTO, LAVRA DE PETROLEO, TERRITORIO NACIONAL, VALORIZAÇÃO, BRASILEIROS, CRITICA, FALTA, REPRESALIA, PAIS ESTRANGEIRO, DESCUMPRIMENTO, ACORDO.
  • ANUNCIO, REMESSA, OFICIO, AUTORIA, ORADOR, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), QUESTIONAMENTO, RESPONSAVEL, DECISÃO, INVESTIMENTO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), PAIS ESTRANGEIRO, SUPERIORIDADE, PREJUIZO.

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nós tivemos hoje, na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura, uma audiência pública muito interessante sobre o petróleo do pré-sal.

            Esteve presente ali o Diretor de Exploração da Petrobras, que fez uma explicação técnica muito interessante e muito acessível, até a quem não é geólogo e não trabalha na área de petróleo, sobre as condições do pré-sal, aonde nós podemos chegar, os custos que vão representar, mas, acima de tudo, sobre o grande impulso que o pré-sal vai dar na indústria brasileira, na indústria pesada, na indústria eletrônica, para a construção das plataformas e dos equipamentos destinados a retirar aquele petróleo.

            Debateu-se - estava presente o Sr. German Eframovich, que é um dos diretores de uma das empresas que, junto com a Petrobras, constroem plataformas e exploram petróleo - e observou-se também o que fazer com os recursos que advirão dali, a sua aplicação no sentido de que os seus benefícios se perpetuem por gerações e gerações de brasileiros.

            Colocou-se a criação do fundo soberano e também a criação de um fundo de garantia de futuro, para quando o petróleo - que é um recurso finito - acabar, servir para implementar, ajudar e desenvolver as futuras gerações de brasileiros na área da educação e na área de infra-estrutura.

            No momento de fazer perguntas, eu fiz um prelúdio da minha fala dizendo que a competência técnica impressionante da Petrobras para alcançar o fundo do mar, a competência impressionante da Petrobras, que é uma das empresas mais avançadas do mundo na área de prospecção, na área de antevisão das possibilidades de petróleo por meio de satélites, por meio de sistemas de ultrasom, essa capacidade técnica reconhecida mundialmente não é acompanhada da capacidade política de antevisão de negócios e aplicação de recursos por parte da área financeira, principalmente da área internacional da Petrobras.

            Nessas relações internacionais do Brasil, principalmente com a América do Sul, tenho feito algumas profecias. Em 1976, quando eu era Deputado Federal - a maioria dos jovens aqui não tinham nascido ainda -, começaram a falar da construção de Itaipu. Na época, eu disse várias vezes, e alguns outros parlamentares, até por uma sugestão do então Ministro da Educação do Presidente Geisel, Ney Braga, que o Brasil estava arranjando um Canal do Panamá, um pepino para administrar no futuro. Disse ainda que, se fizéssemos vinte quilômetros acima, teríamos uma usina brasileira, unicamente brasileira, sem os atropelos que Itaipu poderia trazer ao Brasil. Está lá o Presidente Lugo querendo intervir na usina, querendo colocar tropas ali dentro, querendo revender a energia da usina, querendo impor direitos que o Paraguai, que não gastou um centavo para construir a usina, efetivamente e à luz do direito internacional, não tem.

            Pois bem, eu fiz outra profecia. O Presidente era Fernando Henrique. Falou-se no gasoduto Brasil/Bolívia. Por três ou quatro vezes, eu vim aqui profetizar dizendo o seguinte: estamos arranjando um terceiro Canal do Panamá, pior do que Itaipu. A Bolívia não tem estabilidade política para o Brasil investir US$30 bilhões para construir um gasoduto e não sabe nem se ela tem gás suficiente para alimentar esse gasoduto.

            Gastamos o dinheiro, fizemos o gasoduto. O Presidente Evo Morales invadiu as refinarias da Petrobras, meteu tropa lá dentro, prendeu os funcionários brasileiros da Petrobras e não aconteceu nada. A Petrobras ainda pagou 500 milhões a ele. Eu não consigo entender como pôde acontecer isso!

            Mas a Petrobras continuou fazendo bobagens. Investimentos na Argentina. A Presidente da Argentina estabelece o dia que pode vender óleo diesel, o dia que não pode, tabela o óleo diesel e proibiu agora a Petrobras de ampliar os seus negócios no País.

            Essa Presidente é recebida aqui no Brasil - e merece - com toda cortesia, com todas as honras de Chefe de Estado que ela realmente é, mas não tem tratado os investimentos brasileiros naquele país com o cuidado que os brasileiros têm com os investimentos argentinos aqui no Brasil.

            Equador. Quem foi o conselheiro da Petrobras que admitiu, aconselhou e aprovou investir dinheiro no Equador, um país instável politicamente, instável economicamente? Pois agora, para fazer média com seu eleitorado, o Presidente do Equador também ameaça intervir nas refinarias, intervir nos poços onde a Petrobras produz petróleo, prender os funcionários da Petrobras, e vai ficar por isso mesmo.

            É impressionante o que está acontecendo com os investimentos brasileiros!

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, milhões de dólares investidos... Quem foi o diretor da Petrobras, quem eram os membros do Conselho da Petrobras que jogaram dinheiro do contribuinte brasileiro na lata de lixo, em outro país? No lugar de perfurar poços aqui, de recolher petróleo aqui, de retirar gás daqui!

            E, na época, eu fiz um alerta. O Espírito Santo não produzia um metro cúbico de gás. Hoje está produzindo quinze milhões de metros cúbicos de gás por dia, metade do que a Bolívia manda, por um custo mil vezes mais barato. Como disse o Governador Paulo Hartung, a boa Bolívia é aqui, o Espírito Santo. Era só investir esse dinheiro do gasoduto lá, e nós teríamos gás sobrando. Mas, a média de fazer o tal do americanismo, de intervir, levou a Petrobras a esses desastres.

            Nós temos de chamar essas pessoas aqui e pedir ao Tribunal de Contas para fazer auditorias. Quem foi que jogou o dinheiro do Brasil na lata de lixo desses países vizinhos nossos, para fazer média internacional ou atrás de outros interesses escusos, que, às vezes, a gente não pode provar? Temos de fazer com que eles venham prestar contas à Nação, pois jogaram dinheiro do contribuinte brasileiro na lata de lixo, fora do Brasil. E eles estão fazendo média com a gente.

            É necessário que o Governo brasileiro passe a cuidar também um pouco dos investimentos brasileiros, que são de contribuintes brasileiros, de cidadãos brasileiros, feitos nesses países. Existem tribunais internacionais que podem muito bem funcionar como organismos destinados a mediar essas discussões, e não submeter os brasileiros a situações como essas.

            Eu desafio: duvido que, se um governo como este do Sr. Evo Morales e um governo como este do Equador, prendessem americanos e os proibissem de sair de lá, se ficaria por isso mesmo. Então, temos o Brasil, as Forças Armadas mais cara, mais bem equipada, mais numerosa da América Latina, mas que não permite que o Brasil defenda seus interesses nem que fale um pouco mais grosso quando é necessário, para defender empregos de brasileiros, capitais de brasileiros investidos no exterior. Não podemos admitir que o Brasil continue sendo desrespeitado e que cidadãos brasileiros continuem sendo presos por ditadorezinhos situados aqui, vizinhos nossos, que recebem todo apoio e toda condescendência diante desses atos praticados contra o Brasil. Vou fazer um ofício ao Tribunal de Contas, pedindo que apure quem mandou investir, quanto investiu e quem é o responsável por essa enorme perda de recursos de cidadãos brasileiros fora do Brasil. Como eu disse, jogando dinheiro do cidadão brasileiro na lata de lixo de alguns países da América Latina.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2008 - Página 39113