O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Antonio Carlos Valadares, Srªs e Srs. Senadores, a CBF prossegue realizando negociações para definir as subsedes da Copa do Mundo de 2014. Na próxima semana, no dia 14, uma comissão de inspeção visitará Curitiba. A inspeção será realizada pela Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base, Abdib. O pente fino será mais uma etapa para a definição das subsedes da Copa do Mundo de 2014.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, trago à tribuna este tema porque os investimentos serão gigantescos. O projeto Copa do Mundo 2014 é algo de importância financeira, econômica, excepcional. Fala-se em investimentos de R$100 bilhões, e é evidente que o Poder Público investirá. Por essa razão, recomenda-se uma presença atuante do Governo, especialmente por intermédio do Ministério dos Esportes, que deve monitorar as ações da CBF, já que o Governo, o Poder Público, será parceiro da entidade representativa do futebol no nosso País.

            Trago aqui uma especulação provinciana que, além de irritante, chega ao absurdo, chega à raia da mediocridade. Especulou-se, em Curitiba, que o Presidente da CBF dissera a uma comissão de políticos e de desportistas do Paraná que Curitiba não poderia sediar Copa do Mundo, já que, como Presidente da CPI do Futebol, criei problemas para a CBF.

            Ora, Sr. Presidente, eu tive dificuldades de acreditar. Depois, houve uma alteração na informação: acabaram dizendo que o Presidente Ricardo Teixeira apenas havia feito uma brincadeira, fazendo referência a meu nome com bom humor. Mas trata-se de uma especulação provinciana ridícula.

Ora, isso não é critério para definir se uma capital da importância de Curitiba vai sediar ou não a Copa do Mundo, em 2014. Esse é o critério do revanchismo, da mágoa, do ressentimento, do rancor; e os critérios que devem prevalecer para definir as subsedes da Copa do Mundo no País são os critérios da eficiência, da competência. O que vale é a infra-estrutura, estrutura, organização, estádios modernos, segurança, posição geográfica estratégica. Tudo isso deve ser levado em conta. São critérios técnicos definidos, inclusive, pela entidade máxima do futebol mundial: a Fifa. A Fifa recomenda obediência a critérios eminentemente técnicos.

            Portanto, Sr. Presidente, que se calem os capatazes do Sr. Ricardo Teixeira, que imaginam administrar nosso futebol como se fosse uma fazenda. É evidente que o Sr. Ricardo Teixeira tem de responder a ações judiciais na Justiça Federal e que foram trancadas, mas que prosseguirão um dia, como conseqüência da CPI do Futebol que apontou irregularidades, que sugeriu o indiciamento do Presidente da entidade. Essa sugestão foi acolhida pelo Ministério Público que promoveu a denúncia, e os procedimentos judiciais foram instaurados.

Mas o Presidente Ricardo Teixeira não pode levar em conta essas questões - e não as levará! Ele deixou isso claro, sobretudo quando conversou com representantes do Paraná. Aqui está uma declaração do Sr. Mário Celso Petraglia, que é o Presidente do Conselho Deliberativo do Atlético do Paraná. Ele disse que o Presidente Ricardo Teixeira afirmou que os critérios serão eminentemente técnicos.

            Portanto, essas questiúnculas de natureza política, essa exploração política são absolutamente desnecessárias, inconvenientes e não têm sentido. Não há grandeza nisso. Aliás, só há mediocridade nesse tipo de comportamento.

            E repito: o futebol brasileiro é um patrimônio cultural do nosso povo. Tem que ser administrado com honestidade, com eficiência, com competência e respeito à sociedade.

            Aqui está parte da entrevista de Mario Celso Petraglia. Ele fala da possibilidade de o Governo Federal criar um “pacto da copa”, prevendo investimentos especiais para as cidades que receberão os jogos do Mundial de 2014. Ele diz: “Têm Estados que estão recebendo verbas para ampliação de seus aeroportos, mas nós não ganhamos absolutamente nada”.

            Aliás, as obras estavam se realizando no aeroporto...

(Interrupção no som.)

            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Já vou concluir, Sr. Presidente.

            As obras se realizavam no aeroporto de Curitiba e, por determinação do Tribunal de Contas da União, foram paralisadas, já que houve superfaturamento em obras de todos os aeroportos brasileiros. Essas obras estão paralisadas. Houve um gigantesco superfaturamento de mais de R$3 bilhões. Portanto, é preciso que o Governo agilize providências administrativas para que os nossos aeroportos estejam em condições quando nós estivermos próximos da realização da Copa do Mundo.

            Disse ainda o dirigente atleticano:

Há a possibilidade de o governo federal receber os governadores e prefeitos das cidades envolvidas no projeto para criação do Pacto da Copa, que o governo pôs à disposição, estamos falando em investimento de 100 bilhões de reais.

(Interrupção do som.)

            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Portanto, Sr. Presidente, não é algo para brincadeiras. É um assunto muito sério. O Governo está envolvido, recursos públicos estão envolvidos, e o que se exige é que falem alto o bom senso, o respeito à sociedade brasileira, a correção dos procedimentos e a justiça na definição de critérios técnicos para a escolha das capitais brasileiras ou das cidades brasileiras que serão subsedes da Copa do Mundo em 2014.

            Aproveito para sugerir que, na Comissão de Educação do Senado Federal, se constitua uma subcomissão de esportes para acompanhar todas as ações desenvolvidas pela CBF relativamente ao projeto Copa do Mundo 2014.

            Essa sugestão, creio, pode ser aceita pela Comissão de Educação. Eu próprio estaria disposto a colaborar no próximo ano, se possível integrando essa Comissão, para participar ativamente dessa fiscalização.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.