O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Jefferson Praia, meu companheiro do Estado do Amazonas, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, o que me traz à tribuna é também registrar, com satisfação, o resultado eleitoral do Partido dos Trabalhadores no nosso Estado. Em algumas vitórias do PT, estivemos juntos, coligados, como no Município de São Gabriel da Cachoeira, onde o PDT formava uma coligação conosco, Senador Jefferson Praia.

            Antes de refletir acerca do resultado eleitoral, quero dizer que fico impressionado com alguns discursos acerca da crise. Em vez de se contribuir verdadeiramente, há uma tentativa de desqualificar o Governo e o Presidente Lula. Algumas análises são tão superficiais que parece que a crise surgiu aqui, no Brasil. São análises simplistas acerca da crise nos Estados Unidos, na pátria do capitalismo, na mãe do capitalismo, no berço do capitalismo. Esse é o exemplo. Não se ouve a crítica aos gestores de grandes instituições bancárias nos Estados Unidos e à irresponsabilidade de grupos que estão causando, em cadeia, toda essa crise. Alguns grupos do sistema financeiro norte-americano precisam ir para a cadeia, repito, ir para a cadeia, porque foi lá que surgiu isso, pelo desvio de recursos, por políticas irresponsáveis. A crise parece que começou no Brasil, parece que começou com o Presidente Lula! É impressionante!

            Ouvi há pouco: “Ah, o pacote do Lula é para salvar os bancos dos mensaleiros”. Senador Jefferson Praia, cabe, numa hora tão grave, um discurso, no Senado da República, com esse patamar tão baixo? Mas é o Presidente Lula. Ele é o Presidente, e o povo sabe separar, e o povo sabe separar. Não pense que alguém vai dar lição do que é melhor. Ouvi agora uma pérola: “O único que se salva é o Presidente do Banco Central”. Ora, o Governo do Presidente Lula tem uma equipe, tem a presença dos presidentes de partidos da base aliada. Foi este Governo que gerou empregos; foi este Governo que tem o melhor PIB dos últimos dez anos do Brasil; foi este Governo que aqueceu a economia interna. E o Governo está tomando, sim, providências, tomando providências sérias, profundas, e evidentemente nós vamos sofrer com isso.

            Agora, não se pode fazer uma análise como se a crise tivesse começado no Governo do Presidente Lula e que o Presidente Lula fosse o responsável pela crise. Acho que essa postura não ajuda um País que tem uma economia como a nossa a enfrentar a crise que é internacional.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, de um modo geral, na grande maioria dos Municípios do nosso Brasil, do nosso País, a eleição foi encerrada no dia cinco.

            A eleição é um momento importante para consolidarmos, aprofundarmos a nossa democracia. São poucos os municípios que estão disputando, como capitais e algumas cidades médias, o segundo turno. A nossa capital, no meu Estado, faz o segundo turno. Quero, inclusive, chamar a atenção para os prefeitos das capitais, prefeitos eleitos com uma postura popular, como a recondução do Prefeito de Rio Branco, no Acre; a recondução do prefeito de Porto Velho; do prefeito da capital de Roraima. Espero que possamos decidir também na capital do Estado do Amazonas, onde também haverá segundo turno.

            Quero registrar aqui a existência de um complicador político para o PT. Nós estamos fazendo um debate, mas há um complicador político, ideológico, programático; ou seja, é o fato de nós apoiarmos o prefeito do PSB, o Serafim. Nós temos uma relação de muito tempo com o PSB, mas o PSB, nesta eleição, tem um vice que é do partido Democratas e tem o apoio do PSDB. Isso está fazendo com que os dirigentes do PT, a militância do PT discuta a questão em profundidade. O Diretório Municipal de Manaus decidirá sobre isso no sábado, numa reunião com seus dirigentes. Mas o PSDB e os Democratas, nessa discussão, se colocam como um grau de dificuldade muito grande para nós do PT. Mas vamos fazer o debate. Até sábado nós vamos discutir.

            Quero, Sr. Presidente, lembrar, primeiro, que a eleição é uma conquista da sociedade brasileira. O nosso País, aos poucos, vem conquistando eleições democráticas. Parte do nosso povo, olhando um pouco para a história, não votava: as mulheres vieram a votar na década de 30 do século passado; a juventude de 16 anos veio a votar a partir de meados dos anos 80 do século passado. Enfim, o poder econômico, que já decidiu tantas eleições, hoje diminuiu sua participação. E devemos avançar na reforma política no sentido de coibir definitivamente o poder econômico, com o financiamento público de campanha. Precisamos caminhar para este patamar do financiamento público de campanha, porque o poder econômico ainda determina resultados no País.

            E o PT, no meu Estado, Presidente, tem avançado. Tivemos uma eleição vitoriosa no Amazonas. Pela primeira vez elegemos seis prefeitos. Seis prefeitos! E prefeitos com uma história, um perfil social e político muito bonitos. Quero destacar aqui a vitória que tivemos numa coligação com o PSB, com o PDT, com o PP, com o PPS, no Município de São Gabriel da Cachoeira, que está na tríplice fronteira, Brasil-Venezuela-Colômbia. Foram eleitos o Pedro Garcia, uma liderança indígena, e o vice, do PV, o André, também uma liderança indígena. Temos uma prefeitura que, pelo voto, foi confiada a duas lideranças indígenas. Isso é novo para a nossa democracia. É resultado da democracia. Foi uma coligação ampla, mas que fez uma campanha modesta, caminhando. Foi uma dura campanha. Quero registrar a minha alegria pela militância e pela confiança do povo, da sociedade nas duas lideranças. São Gabriel da Cachoeira produziu um resultado diferente. São poucas as lideranças indígenas que conquistam espaço institucional em uma prefeitura, como aconteceu no Amazonas.

            Barreirinha também teve uma liderança indígena que venceu a eleição: o Messias Saterê.

            Quero destacar também a vitória em Urucurituba, do Edvaldo da Silva, do PT; em Amaturá, cidade lá do Solimões, com João Braga; em São Paulo de Olivença, uma cidade importante, estratégica no Solimões, venceu o nosso companheiro do Partido, o Nato - tratamento carinhoso para o nome Raimundo Nonato; em Santo Antonio do Içá, o Antunes Bitar; e em São Gabriel, de que já falei. Foram seis prefeituras.

            Quero por último falar de Itacoatiara, que é o segundo colégio eleitoral do Amazonas, uma cidade que tem 100 mil habitantes, 54 mil eleitores, e o PT ganhou a eleição. O PT, que estava só na eleição, foi para as ruas e fez discussões, seminários, reuniões. O prefeito eleito, Antônio Peixoto, é uma liderança dos movimentos sociais do meio rural, com dois mandatos de vereador. Um homem simples, mas de uma dignidade, de uma postura exemplar, fez com que Itacoatiara fizesse essa mudança, esse corte com os grupos políticos tradicionais do Município, e elegesse o Antônio Peixoto como prefeito.

            É um desafio para o PT, mas confiamos nesses dirigentes do PT no Município, no Antônio Peixoto, no sentido de conduzir esse importante Município de Itacoatiara no Amazonas e fazer com que o PT consolide uma prática de governança, com qualidade, com compromisso, com mudanças estruturantes no Município.

            Confiamos plenamente no Peixoto, que, com certeza, vai inaugurar uma gestão nova, evidentemente com setores da sociedade - o PT não vai governar sozinho. Mas é extremamente importante para nós, na nossa história de militância, fazermos um prefeito com a militância, com a vida política que tem o Peixoto, num Município tão importante como Itacoatiara.

            Quero, por fim, Sr. Presidente, já abusando do tempo, também registrar os vice-prefeitos. Contribuímos com vitórias importantes, como no Município de Autazes, em Boca do Acre, Itapiranga, Carauari - onde elegemos vice-prefeita, a Antônia Suzi. O Antônio Cândido, vice-prefeito, um homem que também veio dos movimentos sociais, no Município de Jutaí. Enfim, para finalizar, foi rico, foi importante esse resultado. O PT elegeu 43 vereadores também. Demos um salto importante na confiança do povo em compreender a proposta do PT, a proposta da coligação da qual o PT participou.

            Quero finalizar dizendo que isso é histórico. Evidentemente, o resultado da eleição tem um conjunto, como, por exemplo, a postura da Justiça: o resultado para nós, partidos populares de esquerda, precisa ter a garantia de uma conduta da Justiça Eleitoral, do Ministério Público e da compreensão da sociedade em votar nas nossas propostas, nos nossos candidatos, em votar na conduta, na postura ética, na vida política dos nossos candidatos.

            Eu quero registrar aqui esse resultado como uma marca histórica, como algo muito importante para a vida do PT. Evidentemente, isso aumenta a responsabilidade do PT: cada Vereador, cada Vice-Prefeito e cada Prefeito passa a ser uma referência ética, e nenhum deles pode frustrar esse voto ideológico, político, nas nossas lideranças.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.