Discurso durante a 186ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Confirmação da vinda, hoje, ao Senado, do Ministro Guido Mantega e do Presidente do Banco Central. Homenagem pelo transcurso dos 100 anos do falecimento do escritor Machado de Assis.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Confirmação da vinda, hoje, ao Senado, do Ministro Guido Mantega e do Presidente do Banco Central. Homenagem pelo transcurso dos 100 anos do falecimento do escritor Machado de Assis.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2008 - Página 39343
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ANUNCIO, PRESENÇA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, DEBATE, SITUAÇÃO, BRASIL, CRISE, MERCADO FINANCEIRO, MUNDO, EXPECTATIVA, PARTICIPAÇÃO, REUNIÃO, GRUPO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, DISCUSSÃO, GRAVIDADE, PROBLEMA.
  • COMENTARIO, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), GOVERNO FEDERAL, PROPOSTA, REGULAMENTAÇÃO, NIVEL, LIQUIDEZ, BRASIL, REGISTRO, DIFERENÇA, PROGRAMA DE ESTIMULO A REESTRUTURAÇÃO E AO FORTALECIMENTO AO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (PROER), INICIATIVA, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, REITERAÇÃO, IMPORTANCIA, RESPEITO, PRINCIPIO CONSTITUCIONAL, EQUIDADE, SETOR, ECONOMIA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, PROVIDENCIA, IMPEDIMENTO, COMPROMETIMENTO, ECONOMIA NACIONAL.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, MORTE, MACHADO DE ASSIS, ESCRITOR, FUNDADOR, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), COMENTARIO, BIOGRAFIA, OBRA LITERARIA, IMPORTANCIA, POETA, LITERATURA BRASILEIRA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, JORNALISMO, SENADO.
  • REGISTRO, HOMENAGEM, IMPRENSA, AMBITO INTERNACIONAL, CENTENARIO, MORTE, MACHADO DE ASSIS, ESCRITOR.
  • SAUDAÇÃO, INICIATIVA, MARCO MACIEL, SENADOR, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, CRIAÇÃO, ANO INTERNACIONAL, MACHADO DE ASSIS, ESCRITOR, LEITURA, OBRA LITERARIA, HOMENAGEM, AMIZADE.
  • ANUNCIO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, ESCOLA NACIONAL DE CIENCIAS ESTATISTICAS, CONFERENCIA, TRANSFORMAÇÃO, BOLSA FAMILIA, RENDA MINIMA, CIDADANIA, REGISTRO, PRESENÇA, CANDIDATO, SEGUNDO TURNO, PREFEITO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DEBATE, ASSUNTO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Senador Mão Santa, Srs. Senadores, eu hoje farei uma homenagem aos 100 anos do falecimento de Machado de Assis, o nosso grande escritor.

            Mas tendo em conta pronunciamento ontem do Senador Tasso Jereissati e os pronunciamentos hoje do Senador Alvaro Dias e de V. Exª e de outros Srs. Senadores, eu gostaria aqui de reiterar que o Ministro Guido Mantega e o Ministro e Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estarão aqui em breve. Eles comunicaram a mim ontem pedindo que transmitisse ao Senador Tasso Jereissati que, se ele porventura pudesse e desejasse, hoje às 18h30, o Presidente do Banco Central Henrique Meirelles estaria à disposição para ouvi-lo, bem como aos demais Senadores da Oposição. Isso se deu após a sessão de ontem, antes mesmo de ele viajar hoje com o Ministro Guido Mantega a Washington. Eu então comuniquei-me com o Senador Tasso Jereissati que avaliou que seria melhor, já que alguns dos Líderes e Presidentes de Partidos da Oposição estariam ausentes de Brasília no dia de hoje, que seria mais adequado fazer a reunião com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com Presidente Henrique Meirelles na próxima quarta ou quinta-feira ou, no máximo, até a terça-feira pela manhã, da outra semana, na reunião regular da Comissão de Assuntos Econômicos. Isso, no entendimento que houver entre o Presidente da CAE, Senador Aloizio Mercadante, e todos os demais Senadores, uma vez que o próprio Senador Tasso Jereissati avaliou que seria bom que essa reunião se desse com todos os Senadores, tanto da Situação quanto da Oposição.

            Quero também ressaltar que a Medida Provisória nº 442, de 6 de outubro de 2008, conforme o Ministro Guido Mantega ontem explicou, trata de algo relativo ao redesconto, pelo Banco Central do Brasil, e autoriza a emissão da Letra de Arrendamento Mercantil, LAM. Portanto, trata-se de uma regulamentação de uma das operações que as autoridades monetárias, os bancos centrais de todos os países normalmente têm para regular o nível de liquidez.

            Explicou o Ministro Guido Mantega que, diferentemente da ocasião do Proer, hoje o problema que existe é de falta de liquidez em algumas instituições e em algumas empresas, de tal maneira que a medida tomada pelo Governo não se parece com o Proer; não é, portanto, o assim chamado “Proer do Lula”. É uma medida que regulamenta sobretudo o redesconto, que, conforme os livros-textos de macroeconomia mostram, constitui uma das maneiras de o Banco Central regular o nível de liquidez da economia.

            Todas as instituições bancárias que porventura fizerem uso desse redesconto nas condições da Medida Provisória nº 422 poderão fazê-lo de maneira onerosa e igual para todas. Portanto, não se estará beneficiando qualquer segmento em relação a outro da economia; o princípio da eqüidade está sendo devidamente considerado.

            Quero ressaltar que, num artigo hoje publicado por Luiz Cezar Fernandes no Jornal do Brasil, sócio da Marambaia Capital e criador do Banco Pactual, ele avalia que o Governo brasileiro adotou medidas adequadas para enfrentar um problema de armadilha de liquidez que acabou acontecendo recentemente. Ele já havia, em artigo antes publicado, “Quem sabe faz a hora”, sugerido ações que, agora, o Banco Central do Brasil tomou com rapidez, ao contrário da atitude inercial do Federal Reserve, nos Estados Unidos. Disse ele: “O Banco Central se antecipou e vai passar a financiar direta ou indiretamente o comércio exterior brasileiro com suas reservas internacionais”. Portanto, um outro aspecto das medidas tomadas pelo Governo brasileiro que estão sendo consideradas de maneira positiva.

            Quero também observar que, quando o Presidente Lula disse aos brasileiros que continuassem tendo um procedimento normal de adquirir bens e serviços, ele estava justamente dizendo que nós podemos enfrentar com confiança a crise; que obviamente temos que estar atentos e tomar as medidas necessárias. Mas, sobretudo, o que ele está querendo dizer é que a economia brasileira continua a crescer com muito bom desempenho, com inflação moderada, com medidas de política econômica e social que estão levando à diminuição da desigualdade, à diminuição da pobreza. Portanto, estamos num bom caminho, claro que muito atentos aos efeitos da crise internacional.

            Quero desejar ao Ministro Guido Mantega e ao Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, todo o êxito na reunião que realizarão, sábado próximo, em Washington, quando o Ministro Guido Mantega estará presidindo a reunião do G-20 com os Ministros da Fazenda das 20 nações de economia mais importante em nosso Planeta.

            Mas, Srªs e Srs. Senadores, disse Guimarães Rosa: “As pessoas não morrem, ficam encantadas”. Muito a propósito do que quero dizer a respeito de Machado de Assis, que vive; um homem que existia por trás de um mito.

            Quero, pois, comemorar os 100 anos, o centenário da morte do romancista, contista, poeta e teatrólogo Joaquim Maria Machado de Assis, nascido no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839 - coincide, Sr. Presidente, de ser o dia de meu aniversário, só que ele nasceu em 1839 e eu, em 1941 -, e falecido em 29 de setembro de 1908. Portanto, há poucos dias, tivemos os 100 anos de sua morte, sendo considerado um dos mais importantes nomes da literatura brasileira.

            Machado de Assis iniciou suas atividades profissionais como jornalista aos 20 anos, fazendo as coberturas, V. Exª bem o sabe, dos trabalhos do Senado no Império, em 1860. O jornal era o Diário do Rio de Janeiro, órgão liberal, da Oposição, suspenso certa época, que retornava agora sob a direção de Saldanha Marinho. Quintino Bocaiúva, grande amigo de Machado, era o redator-chefe do Diário e lhe fez o convite. Coube a Machado de Assis a resenha dos debates do Senado e, esporadicamente, outras tarefas, como a crítica teatral. Sendo assim, esta Casa presta uma homenagem a esse analista, com grande talento, dos trabalhos do Senado.

            No centenário de sua morte, além das diversas homenagens que está recebendo, como mostras, reportagens especiais, relançamento de suas obras e até mesmo um almanaque só sobre o autor, a imprensa internacional também está dando destaque para a data.

            Em 13 de setembro de 2008, o New York Times publicou um artigo de duas páginas sobre Machado de Assis com o título “Após um século, a reputação literária finalmente floresce”, em que Larry Rohter se rasga em elogios ao autor, citando diversos outros nomes e artigos, como Susan Sontag e o livro Genius, do crítico Harold Bloom, que o define como o “autor negro supremo”. A publicação do jornal norte-americano também convida para uma homenagem ao autor, na cidade de Nova York, batizada de “Machado 21: A Centennial Celebration”, que aconteceu entre os dias 15 e 19 de setembro e incluiu mesas redondas, seminários e exibições de filmes inspirados em suas obras, além de poemas musicados.

            Em Portugal, outra homenagem a Machado: um colóquio internacional dedicado exclusivamente ao autor aconteceu em Lisboa, tema de reportagem publicada pela Lusa, a agência de notícias de Portugal. A agência também publicou outra matéria em que menciona Machado, incluindo o autor na lista das 100 personalidades mais influentes da América Latina.

            O jornal The Guardian, na Inglaterra, apresenta Machado como um gênio brasileiro, cujo trabalho deveria ser melhor reconhecido pelo público que tem como base a língua inglesa.

            Louvo a iniciativa do Senador Marco Maciel, que apresentou projeto de lei para instituir 2008 como o Ano Internacional Machado de Assis, em celebração ao centenário de falecimento do escritor, ocorrido no dia 29 de setembro de 1908. Para marcar a relevância de Machado de Assis para o Brasil e para a língua portuguesa, Marco Maciel sugeriu que seja feita uma reflexão sobre o significado da vida e da obra do escritor pelos Governos Federal, estaduais e municipais, bem como pelas instituições culturais e educativas do Brasil.

            Como exemplo do caráter universal - mas também essencialmente brasileiro - da obra de Machado de Assis, Marco Maciel destaca, em sua justificação, ensaio do escritor, intitulado “Sentimento de Nacionalidade”, no qual Machado de Assis diz que “o que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo que o torne homem de seu tempo e País, ainda quando trate de assuntos remotos e no espaço”.

            Até hoje muitos se perguntam como um sujeito pobre, de origem negra, numa sociedade ainda escravagista, conseguiu se tornar um mestre da cultura brasileira?!

            Apesar da origem humilde, saúde frágil, epilético, gago; filho de Francisco José de Assis, pintor de paredes e descendente de escravos alforriados, e de Maria Leopoldina Machado, uma lavadeira portuguesa da Ilha de São Miguel, Machado de Assis foi responsável por uma das maiores produções literárias brasileiras e tornou-se um dos grandes intelectuais do País ainda jovem. Sua extensa obra - nove romance, duzentos contos, uma dezena de peças de teatro, cinco coletâneas de poemas e milhares de crônicas - o tornou o maior escritor do Brasil.

            A emoção toma conta daqueles que lembram a vida e detalhes dos romances deste tão importante escritor brasileiro que conciliava as aulas com a venda de doces, não tendo acesso a cursos regulares. Gênio e autodidata, Machado era um daqueles iluminados que fundou a Academia Brasileira de Letras, sendo o seu primeiro Presidente, ocupando a cadeira nº 23, que recentemente foi objeto da maior disputa já ocorrida na ABL, em decorrência do falecimento de Zélia Gattai. Referida cadeira fora também ocupada pelos grandes Jorge Amado, José Alencar e hoje por Luiz Paulo Horta, recentemente empossado.

            Machado apresentava as suas obras com uma rica descrição de detalhes e movimentos, fazendo o leitor misturar-se a seus personagens. Em seu livro Gênio, de 2003, o crítico americano Harold Bloom define Machado como “um milagre”, por ter conseguido fugir de sua situação social e histórica pra criar uma ficção universal. Seus livros foram traduzidos para 14 idiomas e nos Estados Unidos há um entusiasmo para novas traduções.

            Em sua adolescência, em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro, conheceu a senhora francesa Madamme Gallot, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de francês, que Machado acabou por falar fluentemente, tendo traduzido o romance Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo, na juventude, e o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe.

            A Academia Brasileira de Letras, também chamado de Casa de Machado de Assis, em homenagem ao seu primeiro Presidente, é o reduto dos imortais e grandes escritores brasileiros. A palavra imortal, de acordo com o lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda quer dizer “que não morre; eterno, imorredouro”. Ao ser humano tal hipótese é impossível, mas, às suas facetas, não. Pode um homem morrer e as ações por ele empreendidas permanecerem.

            Machado de Assis iniciou a sua carreira trabalhando como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial, cujo diretor era o romancista Manuel Antônio de Almeida. Em 1855, aos 15 anos, estreou na literatura com a publicação do poema Ela na revista Marmota Fluminense. Continuou colaborando intensamente nos jornais como cronista, contista, poeta e crítico literário, tornando-se respeitado como intelectual antes mesmo de se firmar como grande romancista. Machado conquistou a admiração e a amizade do romancista José Alencar, principal escritor da época.

            Em 1864 estréia em livro com Crisálidas (poemas). Em 1869, casa-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais e quatro anos mais velha que ele. Em 1873, ingressa no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas como primeiro-oficial. Posteriormente, ascenderia na carreira de servidor público, aposentando-se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas.

            Podendo dedicar-se com mais comodidade à carreira literária, escreveu uma série de livros de caráter romântico. É a chamada primeira fase de sua carreira, marcada pelas obras Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), além das coletâneas de contos, Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia Noite (1873), das coletâneas de poesias Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875), e das peças Os Deuses de Casaca (1866), O Protocolo (1863), Queda que as Mulheres têm para os Tolos (1864) e Quase Ministro (1864).

            Em 1881, abandona definitivamente o romantismo da primeira fase de sua obra e publica Memórias Póstumas de Brás Cubas, o início do realismo no Brasil. O livro, extremamente ousado, é escrito por um defunto e começa com uma dedicatória inusitada: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas”. Tanto Memórias Póstumas de Brás Cubas como as demais obras de sua segunda fase vão muito além dos limites do realismo, apesar de serem normalmente classificadas nessa escola. Machado, como todos os autores do gênero, escapa aos limites de todas as escolas, criando uma obra única.

            Na segunda fase, suas obras tinham caráter realista, tendo como características: a introspecção, o humor e o pessimismo com relação à essência do homem e seu relacionamento com o mundo. São obras principais, além de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908), além das coletâneas de contos Papéis Avulsos (1882), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1906), Relíquias da Casa Velha (1906), e da coletânea de poesias Ocidentais. Em 1904, morre Carolina Xavier de Novaes, e Machado de Assis escreveu um de seus melhores poemas, Carolina, em homenagem à falecida esposa. Muito doente, solitário e triste depois da morte da esposa, Machado de Assis morreu em 29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho.

            O crítico norte-americano Harold Bloom considera Machado de Assis um dos 100 maiores gênios da literatura de todos os tempos, ao lado de clássicos como Dante, Shakespeare e Cervantes.

            No Brasil, destacamos os estudos de Roberto Schwarz, um leitor radical de Machado e também de Antônio Cândido, que defende que Machado teria sido reconhecido em vida como grande escritor não pelo que pudesse de fato interessar em sua obra, do ponto de vista de uma crítica literária mais amadurecida, e, sim, por sua erudição, sua elegância, seu estilo vazado numa linguagem castiça.

            Apenas no decorrer do século XX, em especial depois dos anos 40, a crítica soube ler Machado como algo além de um escritor bem comportado, de uma ironia fina, mas sem maiores conseqüências para a problematização do status quo de uma casta intelectual movida pela retórica vazia, com a relativização dos limites entre razão e loucura; o real e o imaginado.,

            Sr. Presidente, vou pular alguns trechos desta longa homenagem para concluir e permitir aos demais oradores que venham logo à tribuna.

            Em debate no dia 30 de setembro último no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, Lygia Fagundes Telles exibiu a sua visão acerca de um dos maiores romances de Machado de Assis, Dom Casmurro. “É um romance belíssimo, e, na nossa opinião, o mais impressionante do autor”. Justamente a personagem Capitu será apresentada em minissérie da Rede Globo, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, e terá como protagonista a bela Maria Fernanda Cândido.

            Há hoje enorme interesse para se saber o que de fato se passou com Capitu. Saberemos os segredos de Capitu por meio dessa novela com Maria Fernanda Cândido, mas recomendo a todos que façam a leitura de Dom Casmurro.

            Sr. Presidente, eu gostaria de agradecer a sua gentileza, pois gostaria de finalizar esta homenagem com a poesia deste grande escritor, Machado de Assis, que dedico a todos os meus amigos próximos e aos meus amigos e amigas Senadores e Senadoras.

            Senadores Augusto Botelho, Wellington Salgado e Gim Argelo, vejam, é dedicado aos bons amigos!

Bons Amigos

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.

Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.

Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.

Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.

Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.

Porque amigo sofre e chora.

Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.

Porque amigo é a direção.

Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.

Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.

Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,

Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

            Dedico aos meus amigos esses versos de Machado de Assis.

            Sr. Presidente, quero concluir com a seguinte informação: na próxima segunda-feira, às 15 horas, a convite da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, estarei participando, como membro, ao lado dos professores César Ajar e Helena Lavinas, da Banca de Dissertação de Mestrado Renda Básica para Crianças - Simulação dos Impactos na Distribuição de Renda Fluminense. O tema tratado será a transição do Bolsa Família para o Renda Básica de Cidadania. Farei uma palestra nessa Escola Nacional de Ciências Estatísticas. Como o tema é de grande relevância para ambos os candidatos que disputam o segundo turno da eleição para a Prefeito no Rio de Janeiro, Fernando Gabeira e Eduardo Paes, convidei-os para essa palestra, para participar dessa reflexão, a fim de que ambos considerem como fazer a transição do Bolsa Família para a renda básica de cidadania.

            Quando estive visitando a sua Parnaíba, Senador Mão Santa, V. Exª teve a gentileza de me receber em sua residência, juntamente com a Srª Adalgisa, sua esposa, e agradeço muito a atenção. A exemplo do que fiz em todo o Brasil, propus ali aos candidatos que participavam da campanha eleitoral que considerassem essa transição.

            Quero dizer que Fernando Gabeira e Eduardo Paes aceitaram o meu convite e estarão lá.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2008 - Página 39343