Pronunciamento de Lúcia Vânia em 09/10/2008
Discurso durante a 186ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Referência ao pronunciamento do Senador Tasso Jereissati na sessão de ontem sobre a crise financeira internacional. Reflexão sobre a crise de incerteza por que passam os mercados financeiros no Brasil.
- Autor
- Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
- Referência ao pronunciamento do Senador Tasso Jereissati na sessão de ontem sobre a crise financeira internacional. Reflexão sobre a crise de incerteza por que passam os mercados financeiros no Brasil.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/10/2008 - Página 39349
- Assunto
- Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
- Indexação
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- ANALISE, CRISE, MERCADO FINANCEIRO, MUNDO, REGISTRO, COMPROMETIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, AUMENTO, PREÇO, PRODUTO IN NATURA, EXPORTAÇÃO.
- COMENTARIO, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), AMPLIAÇÃO, ESTABILIDADE, BRASIL, DEFESA, NECESSIDADE, ANALISE, SENADO, PROPOSIÇÃO, REGULAMENTAÇÃO, NIVEL, LIQUIDEZ, REGISTRO, ANTERIORIDADE, OPOSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PROGRAMA DE ESTIMULO A REESTRUTURAÇÃO E AO FORTALECIMENTO AO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (PROER), INICIATIVA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, SENADO, CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, SOCIEDADE, GRAVIDADE, CRISE, MERCADO FINANCEIRO, MUNDO, SIMULTANEIDADE, REDUÇÃO, APREENSÃO, POPULAÇÃO, REGISTRO, EMPENHO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), CONTRIBUIÇÃO, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA.
A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senador Tasso Jereissati ocupou esta tribuna ontem para alertar para a maior crise financeira de todos os tempos que estamos vivendo. Mesmo os mais otimistas já percebem que os custos a serem pagos pelo mundo será alto e levarão décadas para serem digeridos. Até porque a história mostra que, de todas as crises econômicas, as crises bancárias são as que deixam as mais graves e mais duradouras seqüelas na sociedade. As dimensões envolvidas na atual crise financeira não deixam dúvidas de que, de fato, o mundo deverá ser outro ao longo dos próximos anos. Estados Unidos, Europa e Ásia já mostram sinais claros disso.
Nesse contexto, no Brasil, inicialmente, houve os que disseram que nada - ou pouco - sofreríamos dos efeitos dessa crise. E, de fato, vínhamos, até pouco tempo, relativamente bem. A crise de confiança que se abateu sobre os grandes mercados vinha nos poupando, dando uma sensação de que essa crise não só não nos pertencia como também não parecia ter canais claros de contágio. Afinal, os bancos brasileiros nada tinham dos ativos subprime, o que nos deixava em posição relativamente confortável. Com isso, as perspectivas para os próximos anos continuavam favoráveis: país crescendo, renda crescendo, desemprego em baixa, crédito farto, ou seja, continuávamos até alguns dias atrás vivendo a era da prosperidade em sua plenitude.
Mas tudo mudou de repente. Quase que da noite para o dia nós nos demos conta de que o colapso financeiro das economias mais ricas do mundo gera uma dinâmica muito diferente daquela a que estávamos acostumados nos últimos tempos. Um colapso significa um mundo que cresce menos e que, portanto, compra menos. Com isso, os preços das commodities entraram na trajetória contrária a que nos gerou os tempos atuais de bonança, e a incerteza em relação aos próximos anos chegou aqui através de um canal perverso, o canal do crédito, que abunda nos tempos bons e some nos tempos de incerteza.
Pois bem, chegamos, então, ao ponto principal: estamos, hoje, vivendo uma crise de incerteza no Brasil. Nossa base econômica era - e continua sendo - favorável, mas a incerteza gera irracionalidade, e os agentes econômicos passam a se comportar de forma descoordenada. Estamos vivendo o pânico nos mercados financeiros e, hoje aqui, assim como lá fora, as decisões têm se baseado no medo e na incerteza - ingredientes perigosos o suficiente para gerar uma crise sem fundamentos, mas que começa a se materializar de forma extremamente perigosa.
Aí entra o Poder Público. É nessas horas que nos cabe ter serenidade e tomar decisões transparentes e responsáveis. Não nos cabe elevar ainda mais a incerteza. De pouco vale a retórica nos momentos de pânico. O que vale são medidas concretas.
A medida provisória que o Governo encaminha a esta Casa, embora a princípio pareça dar mais força ao Governo, reduz as incertezas em relação aos instrumentos - e em relação a quem os aciona em caso de necessidade. E aqui o que se faz é dar ao Banco Central essa responsabilidade, num momento em que é ele que tem as informações necessárias para tomar uma decisão rápida e eficiente. Até porque não nos furtaremos a cobrar deles essa postura, pois não podemos, num momento de crise mundial, viver também uma crise autogerada.
Vamos reduzir os ruídos, reduzir a incerteza e contribuir para que a sociedade brasileira não tenha que pagar por uma crise que não nos pertencia, mas que agora cobra um pedaço do seu custo ao mundo todo, inclusive a nós. Ajudemos, pois, a fazer com que esse custo seja o menor possível.
Eu acredito que esta Casa terá uma responsabilidade muito grande nos próximos dias e o nosso dever é analisar com responsabilidade a medida provisória, diferentemente do que foi feito pelo partido que hoje está no poder, pois, em épocas passadas, quando vivíamos crises graves, talvez não tão graves como esta, como Oposição o PT não cooperou conosco naquela ocasião.
Hoje compete à Oposição chamar atenção da sociedade para a gravidade do momento e, ao mesmo tempo, diminuir os ruídos que causam pânico e não levam a nada. Precisamos, realmente, de ações objetivas. Estamos procurando isso, por meio do nosso Partido, o PSDB. Ou seja, estamos nos reunindo, discutindo para colaborar, quando chamados para opinar sobre o assunto.
Muito obrigada, Sr. Presidente.