Discurso durante a 189ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a atual crise econômica mundial e as medidas adotadas pelo Brasil para o seu enfrentamento. Comemoração pela decisão da ampliação dos recursos disponíveis do Fundo de Marinha Mercante para estaleiros que, inclusive, beneficiarão quatro unidades do Estado de Santa Catarina.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA INTERNACIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a atual crise econômica mundial e as medidas adotadas pelo Brasil para o seu enfrentamento. Comemoração pela decisão da ampliação dos recursos disponíveis do Fundo de Marinha Mercante para estaleiros que, inclusive, beneficiarão quatro unidades do Estado de Santa Catarina.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/2008 - Página 39539
Assunto
Outros > ECONOMIA INTERNACIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, REFORÇO, MERCADO INTERNO, AMPLIAÇÃO, COMERCIO EXTERIOR, CREDITOS, ELIMINAÇÃO, DEPOSITO COMPULSORIO, AUXILIO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), BANCOS, PEQUENA EMPRESA, MANUTENÇÃO, INVESTIMENTO, OBRAS, ESPECIFICAÇÃO, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • ELOGIO, DECISÃO, AMPLIAÇÃO, RECURSOS, FUNDO NACIONAL, MARINHA, MELHORIA, FROTA MARITIMA, OFERTA, EMPREGO, AUXILIO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), BENEFICIO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Agradeço, Sr. Presidente, e espero me ater ao tempo.

Todos os Parlamentares que estão vindo à tribuna, nesta tarde de terça-feira, pelo menos aqueles cujos pronunciamentos tive a oportunidade de acompanhar, têm dedicado a sua análise, as suas palavras, as suas preocupações e reflexões a esse gravíssimo momento de crise econômica internacional, que assusta a todos e que, obviamente, deve ter, de cada um de nós, de todos nós, a preocupação, a atenção e as medidas necessárias.

Com relação à questão da crise, eu gostaria de trazer, aqui, um elemento para reflexão, porque o Brasil está tendo um comportamento e uma situação bastante diferenciados de muitos países, neste momento tão delicado de crise econômica internacional. Nós sabemos que os países emergentes, os países em desenvolvimento estão tendo um papel muito diferenciado mesmo. A perspectiva que têm de sustentabilidade e de crescimento da economia no próximo período está profundamente ancorada nessa perspectiva do que vai acontecer no Brasil, do que vai acontecer na Índia, do que vai acontecer na China, do que vai acontecer na África do Sul, nos países do denominado BRIC.

Nós, no Brasil, adotamos algumas medidas e garantias prévias, que foram executadas pelo Governo Lula, no sentido de fortalecer o mercado interno e de diversificar as nossas relações comerciais, saindo da dependência quase que exclusiva que nós tínhamos, anteriormente, dos Estados Unidos e da União Européia. Hoje, nós temos um comércio internacional absolutamente diversificado e, com o fortalecimento do mercado interno, esses dois pilares têm feito a sustentação, a blindagem, eu diria, sob vários aspectos, para o enfrentamento da crise.

O Governo Lula tem tomado, também, atitudes muito prontas, muito pontuais e específicas para cada problema. Por exemplo, para a questão do crédito foram adotadas várias medidas. A eliminação do compulsório, a permissão de negociação das carteiras dos bancos menores, a possibilidade de o Banco Central comprar as carteiras para que os bancos pudessem manter o crédito, o aumento do crédito do Banco do Brasil para a agricultura brasileira foram medidas muito importantes, mas venho à tribuna, no dia de hoje, para realçar a determinação do Presidente Lula de enfrentar a crise não com redução, não com recessão, mas com desenvolvimento, com crescimento, com manutenção dos investimentos e das obras, não só na questão do PAC, do Programa de Aceleração do Crescimento.

Tivemos, na semana passada, uma decisão importantíssima, que aponta nessa direção de se enfrentar a crise com crescimento e com investimento: a ampliação dos recursos disponíveis no Fundo da Marinha Mercante para financiamento da nossa indústria naval. Essa indústria naval, que já foi a segunda maior do mundo e, na década de 80, chegou a empregar mais de 40, quase 50 mil trabalhadores de alta qualificação em todo o Brasil, infelizmente, no finalzinho da década de 90, teve esses mais de 40 mil trabalhadores reduzidos a não mais do que 500 - de 40 mil para, aproximadamente, 500 pessoas trabalhando na indústria naval. Essa decisão do Fundo da Marinha Mercante diz respeito aos financiamentos de toda essa ampliação, esse aparelhamento e fortalecimento da nossa frota, não só quanto às compras que a Petrobras já está fazendo e contratando, mas também quanto a diversos outros segmentos, como a navegação de cabotagem e a indústria pesqueira, que a indústria naval vem retomando.

São muito importantes esses números, porque eles são contundentes e...

(Interrupção do som.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - uma demonstração inequívoca dessa decisão do Presidente Lula de enfrentar a crise com investimento.

Em 2006, os agentes financeiros do Fundo da Marinha Mercante transferiram 846 milhões para financiar projetos do setor naval. Em 2007, foram 870 milhões.

Neste ano, já foram aprovados mais de 2 bilhões e, para os anos de 2009 e 2012, na semana passada, o conselho diretor do Fundo da Marinha Mercante aprovou, nada mais, nada menos, R$10 bilhões. Portanto, nós pulamos de, em 2006 e 2007, menos de 1 bilhão para 10 bilhões para o próximo período. Isso, para nós, é muito importante, porque é a garantia da construção daqueles quase 200 navios que a Petrobras já tem determinação de fazer, como tantas outras áreas que dependem da frota brasileira. Aliás, tínhamos bandeira transportando aqui no Brasil e perdemos isso. Temos uma conta de frete em que se esvaem bilhões de dólares todos os anos, portanto, é muito importante essa decisão do Fundo da Marinha Mercante.

De forma muito especial, eu estou comemorando, porque 10 bilhões foram aprovados pelo Fundo da Marinha Mercante para estaleiros em várias localidades no Brasil, Senador Paulo Paim, e quatro estaleiros de Santa Catarina foram beneficiados: o estaleiro Navship, que tem encomendas de várias empresas e recebeu autorização para um financiamento de 669 milhões; o estaleiro Detroit, de 225 milhões; o TWB, de 6 milhões; e o estaleiro Itajaí, de 302 milhões.

O estaleiro Itajaí vai construir os três petroleiros da primeira etapa de licitação já concluída da Petrobras, para dar implementação à frota de transporte, com bandeira brasileira, dos nossos produtos, explorados, aqui no Brasil, pela Petrobras.

Para ter a dimensão do que isso significa, para iniciar a construção do primeiro petroleiro, o Estaleiro Itajaí, que tem hoje apenas 200 funcionários, vai precisar multiplicar rapidamente por dez, ou seja, vai ter que pular de 200 para 2.000 funcionários de alta qualificação: soldadores, montadores, ou seja, profissionais qualificados, de nível salarial de ponta do setor da construção naval em todo o Brasil. E isso para nós significa desenvolvimento, não só em todo o Brasil, mas desenvolvimento em nosso Estado, gerando milhares de empregos, e mais, permitindo que a indústria catarinense, que é uma das grandes fornecedoras para a indústria naval brasileira venha na esteira dessa aplicação.

Então, só para Santa Catarina, para os quatro estaleiros que já estão instalados em Itajaí e em Navegantes, nada mais nada menos do que um bilhão duzentos e quatro milhões foi aprovado na semana passada.

Por isso, só temos a comemorar que a decisão do Presidente Lula é enfrentar a crise, mantendo o crescimento, a geração de emprego e a distribuição de renda, porque foi isso que nos sustentou, que nos colocou blindados até agora frente à crise internacional que se coloca em todo o mundo. E eu não tenho nenhuma dúvida de que essa receita de crescer, gerar emprego e distribuir renda é a única alternativa para que nós possamos superar a crise e nos consolidarmos como uma Nação poderosa, rica e em desenvolvimento para todo o povo brasileiro.

Então, era isso, Sr. Presidente.

Agradeço, mais uma vez, a gentileza tanto do Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior como do Senador Paulo Paim, por terem me permitido falar antes do meu tempo.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/2008 - Página 39539