Pronunciamento de Gerson Camata em 15/10/2008
Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem pelo transcurso, hoje, do Dia do Professor.
- Autor
- Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
- Nome completo: Gerson Camata
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.
EDUCAÇÃO.:
- Homenagem pelo transcurso, hoje, do Dia do Professor.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/10/2008 - Página 39915
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
- Indexação
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- HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PROFESSOR, ELOGIO, FUNÇÃO, INCENTIVO, APRENDIZAGEM, PARCERIA, FAMILIA, FORMAÇÃO, CRIANÇA, REGISTRO, HISTORIA, DATA, EVOLUÇÃO, PROCESSO, EDUCAÇÃO, AUMENTO, RESPONSABILIDADE, ESPECIFICAÇÃO, AREA, MORAL, ETICA, CIDADANIA, DEFESA, RECONHECIMENTO, VALORIZAÇÃO, EXERCICIO PROFISSIONAL, CONTINUAÇÃO, INVESTIMENTO PUBLICO, QUALIFICAÇÃO, OBJETIVO, MELHORIA, QUALIDADE, ENSINO, CRIATIVIDADE, PROFISSÃO.
O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, festejamos hoje o Dia do Professor - aquele profissional que, na visão do grande psicólogo e filósofo suíço Jean Piaget, “não é o que ensina, mas o que desperta no aluno a vontade de aprender”. Na verdade, o professor é muito mais que um transmissor de conhecimentos. Ele, como a família, é fundamental para a formação da criança. É um modelo, uma referência, alguém de quem guardaremos a lembrança pelo resto de nossas vidas.
Quem, entre nós, não se recorda de algum professor da sua infância? Quem não tem marcas profundas deixadas pelos docentes que passaram pela fase inicial de sua existência? São lembranças afetivas, mas também lições de vida. Eles nos legaram muito mais que a tabuada decorada com tanto esforço. Foram os guias que descortinaram um novo mundo, abriram nossos olhos para as possibilidades que ele oferecia, e mostraram que, apesar de hostil e difícil, havia nele um lugar para nós.
Celebramos hoje, portanto, o dia dedicado a quem nos inspirou e fez com que nos descobríssemos. Passaram-se 181 anos desde 15 de outubro de 1827, quando o imperador dom Pedro I - aproveitando o dia dedicado à educadora Santa Teresa d’Ávila - baixou decreto determinando a criação das “escolas de primeiras letras que forem necessárias em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos”.
O decreto estabelecia um currículo básico: “Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrados, decimais e proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática de língua nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionados à compreensão dos meninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e a História do Brasil”.
O Dia do Professor, contudo, só foi comemorado pela primeira vez, e de forma extra-oficial, em 15 de outubro de 1947, quando um grupo de mestres paulistas lançou a idéia, que acabou sendo oficializada por decreto federal em outubro de 1963.
Nos 45 anos transcorridos entre a assinatura do decreto e os dias de hoje, muita coisa mudou no ensino, em nosso país e no mundo. Surgiram novos recursos para a prática pedagógica, mudou a forma como os professores lidam com os conteúdos, as fontes de informação multiplicaram-se. Além disso, a escola assumiu um papel ainda mais importante na formação da criança, e com ela o professor, devido às mudanças que ocorreram na estrutura familiar. As mulheres incorporaram-se ao mercado de trabalho, a vida nas grandes metrópoles deixou cada vez menos tempo disponível para o convívio entre pais e filhos, os casamentos são menos estáveis, o que faz aumentar o número de crianças vivendo com apenas um dos pais.
Um professor do ensino fundamental tem diante de si, hoje em dia, uma responsabilidade que se pode qualificar, sem exagero, de colossal. Cabe a ele responsabilizar-se - em medida muito maior que seus colegas de décadas atrás - por crianças que adquirirão, por seu intermédio, uma concepção do mundo capaz de guiá-las pelo restante de suas vidas.
É por isso que não creio que exista missão mais digna, e também missão mais difícil e repleta de percalços que a do educador. Ele é a âncora, o espelho, o grande inspirador. É ele quem insere a criança no convívio com os outros, quem ensina os limites e nos incentiva a explorar as imensas possibilidades oferecidas pelo mundo exterior.
Temos ainda um longo caminho a percorrer em matéria de aperfeiçoamento do sistema de ensino brasileiro. Precisamos investir mais na formação de docentes, com estímulo contínuo à qualificação, garantindo que os professores ganhem novos conhecimentos a cada dia.
Precisamos reconhecer a categoria como essencial ao País, pois o professor é o mais importante entre os fatores que determinam a qualidade da escola. Não faltam mestres que, mesmo enfrentando adversidades, concebem projetos inovadores de ensino, nas mais diversas disciplinas. Eles necessitam de incentivo e recursos, e suas idéias devem ser difundidas, aproveitadas, copiadas.
“Dar aula não é nada simples. Talvez seja a atividade mais sofisticada que a espécie humana já concebeu”. A afirmação é do ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista recente a uma revista. Para completá-la, eu diria que dar aulas é talvez a tarefa mais essencial para o desenvolvimento de uma nação. Sem educação de qualidade, nenhum país avança. É por isso que, no dia de hoje, os professores são merecedores do aplauso e do reconhecimento de todos nós.