O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Querido Presidente Mão Santa, Prof. Marisa, educador Cristovam Buarque e exemplo permanente para os membros desta Casa e para todos que o conhecem - realmente as homenagens que estão sendo prestadas às crianças e aos professores são extensivas a ele. Isso porque ele conseguiu colocar na agenda do País a educação como um dos princípios mais importantes da formação da nossa sociedade.

A primeira coisa seria atender às professoras do Colégio Militar que me passaram um folheto, Senadora Marisa, para serem incluídas na Medida Provisória nº 431. É isso? Medida Provisória nº 441 com 431, que dispõem sobre a reestruturação de carreira de várias categorias. Os professores do ensino militar não foram incorporados. Sei que aqui há emendas do Senador Cristovam Buarque, a primeira que é citada aqui. depois, do Senador José Sarney, que já havia baixado um decreto-lei quando Presidente; a do Senador Romero Jucá; a da Deputada Maria Helena e a da Deputada Marinha Raupp.

Acredito, Senador, tendo em vista V. Exª liderar as emendas - e sou solidário a elas - que é importante que, na discussão da medida provisória, possamos incorporar as emendas solicitadas neste projeto.

            Interessante, Senadora Marisa, conversando com o Senador Mão Santa, ele me fez lembrar um samba que dá saudades: “Vestida de azul e branco, a linda normalista”. E essa é uma história de muita gente desta Casa e faz parte da minha.

Hoje pela manhã, a primeira coisa que fiz foi cumprimentar a minha esposa por ser professora e porque eu sei o caminho que ela, como tantas outras, percorreu na sua formação, no seu aprendizado profissional dentro da sala de aula, ingressando na escola rural, posteriormente no setor urbano, com a soma de pontos, que era o sistema antigo.

Ela me pediu hoje, Senadora Marisa, para que eu não a citasse nem contasse a história do sacrifício que fazia, porque ficava muito chato. Mas sinto emoção, porque minha mulher teve a alegria de alfabetizar, dentro da sala de aula, meus quatro filhos, de quem tenho muito orgulho porque todos são formados na universidade. E ela conseguiu - e quis fazê-lo por um prazer de ordem pessoal - no grupo escolar, alfabetizar cada um dos filhos no primeiro ano do primeiro grau. Trata-se de uma coisa tão gostosa de lembrarmos, e acho que é uma homenagem que não podemos deixar de prestar todos os dias aos professores, não só no dia 15 de outubro.

V. Exª teve a virtude de trazer hoje à nossa discussão essa homenagem que é feita ao professor, e o Senador Jefferson Praia, que vive nas praias do rio Negro, não nas praias do Guarujá, fez referência às dificuldades de o professor ensinar na selva Amazônica.

Visitei, quando delegado de polícia, vários pelotões de fronteira. O tenente, saindo da academia, às vezes, recebe como primeira missão comandar esse pelotão. Às vezes, casado, leva a esposa, Senador Augusto Botelho, e ela arregimenta as crianças, os caboclos da floresta e as comunidades indígenas e os leva para uma sala de aula improvisada dentro do pelotão, do quartel que ali existe, e lá vão ser alfabetizados por essa professora que deixou a cidade grande para acompanhar seu marido dentro da floresta Amazônica e trazer uma realização pessoal que é a vocação de ensinar as crianças que, muitas vezes, não têm acesso ao ensino, como reportou o pelo Senador José Nery, no caso que ele aqui descreveu.

Portanto, temos que homenagear sempre as professoras. E sempre perguntar, Senador Mão Santa, quem foi sua primeira professora. Todo mundo lembrava; hoje não lembra mais, porque a violência está tomando conta da sala de aula. Hoje, se a professora chama a atenção do aluno, ele, vivendo em uma comunidade de violência, às vezes passa a agredir a professora, acovardando-a, fazendo com que ela não mais volte à sala de aula com medo da represália dos alunos por chamar sua atenção ou querer educá-los perfeitamente.

            Sei que às vezes é difícil concluirmos alguma coisa que possa trazer um benefício. Apresentei a proposta de criar a presença de um psicólogo nas escolas, Senadora - ou nas delegacias -, dentro de cada unidade escolar, para acompanhar de perto crianças que têm dificuldade de acompanhar a classe ou, pela violência, tentam impor à professora ou ao professor a sua vontade. A assistência de um psicólogo - provavelmente uma psicóloga - poderá colaborar para a sua formação profissional.

            Quando pequenos, no catecismo, aprendemos que Jesus disse: “Deixai vir a mim as crianças, que é delas o Reino dos Céus!”.

E hoje, depois de ter passado cinqüenta anos na Polícia, vejo quantas crianças vivem o inferno aqui na Terra. Quantas!

Como vice-Presidente da CPI da Pedofilia, pior fiquei na agonia de ver o sofrimento dessas crianças, que não têm o respaldo, a proteção que deveriam ter, com abuso às vezes de políticos, de governadores, de prefeitos. A cada dia, recebemos denúncias de abuso de crianças de meses ou de um ano de idade por pedófilos que não têm respeito e não acreditam em Deus. Provavelmente não são seres humanos.

Não é uma questão para ser abordada agora. Como disse a Senadora Marisa Serrano, essas crianças gostariam de brincar de roda, de ter um campo de futebol, uma quadra de basquete, e tantas outras coisas que poderiam segurá-las na escola, educando-as e trazendo-as para um futuro melhor.

Ontem, o Senador Cristovam Buarque convidou alguns atletas que prestam serviços sociais à sociedade. Lembrei-me de dois: a Magic Paula, do basquete, com quem certa vez recebi uma homenagem em São Carlos, e o Grael, iatista de primeira grandeza que teve a infelicidade de perder uma das pernas, mas não desistiu de prestar um serviço à sociedade. Em São Paulo, na Praia Grande, ele tem uma escola de iatismo para crianças, que constroem seus barquinhos. Juro que um dia fui lá com ele e fiquei com vontade de andar em um barquinho, mas fiquei com medo de cair. A Paula também tem sua escola. Ela presta serviços gratuitos e muitas vezes luta com dificuldade, buscando apoio para a realização do seu sonho. 

V. Exª teria que formar um exército aqui dentro, e brigar para conseguir suas reivindicações, que são realmente necessárias para a formação dessa comunidade brasileira tão importante.

Senador Cristovam, assim como V. Exª colocou na agenda nacional a importância da educação, a Senadora Marisa também terá a importância da formação do cidadão por meio do esporte e da presença permanente na escola.

Sr. Presidente, eles não comeram o lanche, e até eu estou com fome agora.

Desculpem-me, mas quero deixar o meu abraço e meus cumprimentos aos professores pelo trabalho, pelo sacrifício. Nós sabemos que o piso do professor, de R$950,00, não representa o ideal e o que seria correto pagar ao professor para a dedicação exclusiva a uma escola só, mas muitos prefeitos e governadores reclamaram. O Governo tem que ter um fundo para auxiliar os Municípios que não têm essa capacidade, mas jamais deixar de pagar esse salário mínimo, que não representa o ideal para os professores, pelo sacrifício, pelo trabalho, pela dedicação e a importância da vocação, a fim de que continuem exercendo essa atividade tão importante na formação das crianças e dos jovens de hoje.

Parabéns! Que Deus os abençoe. Que sigam o caminho correto que os professores ensinarem, e que os professores tenham as bênçãos de Deus para continuarem seu brilhante trabalho. (Palmas.)