Discurso durante a 192ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cumprimentos aos EUA pela forma como será realizada a eleição para Presidente da República. Comemoração pelos resultados macroeconômicos do Brasil.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Cumprimentos aos EUA pela forma como será realizada a eleição para Presidente da República. Comemoração pelos resultados macroeconômicos do Brasil.
Aparteantes
Alvaro Dias, Heráclito Fortes.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2008 - Página 39951
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DEMOCRACIA, OCORRENCIA, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, BRASIL.
  • CUMPRIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PROXIMIDADE, ELEIÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, AVALIAÇÃO, ORADOR, DEMOCRACIA, CAMPANHA, ELOGIO, PROGRAMA, CANDIDATO.
  • COMENTARIO, CAMPANHA, PREFEITO DE CAPITAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APOIO, MARTA SUPLICY, CANDIDATO, ELOGIO, GESTÃO, EX PREFEITO, CONVITE, ENCONTRO, DEBATE, CAPITAL DE ESTADO.
  • LEITURA, DADOS, MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE), INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), CRESCIMENTO, EMPREGO, VENDA, COMERCIO, EXPORTAÇÃO, RESERVAS CAMBIAIS, REDUÇÃO, DIVIDA PUBLICA, DIVIDA EXTERNA, VANTAGENS, ECONOMIA NACIONAL, COMBATE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, ANUNCIO, DEBATE, SENADO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN).
  • EXPECTATIVA, BANQUEIRO, DIALOGO, BANCARIO, ENTENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, JUSTIÇA, REMUNERAÇÃO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias, Srªs e Srs. Senadores, felizmente, há países do mundo, incluindo o Brasil, que estão vivendo um momento muito importante de suas vidas democráticas.

            O Brasil, no próximo dia 26 de outubro, daqui a dois domingos, terá o povo de 27 municípios, salvo engano, disputando o segundo turno das eleições para prefeito. Inclusive as maiores cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus e Fortaleza, entre outras, terão o comparecimento de seus respectivos eleitores, que escolherão que prefeita ou prefeito realizará a gestão municipal.

            Por outro lado, os povos do mundo acompanham com muita atenção a decisão, de extraordinária importância para todo o planeta Terra, dos cidadãos norte-americanos entre os Senadores Barack Obama e John McCain.

            E avalio que é tão importante essa decisão, que tenho procurado acompanhar de perto as eleições nos Estados Unidos da América. Assisti aos primeiros debates e ao debate realizado ontem, o último havido entre o Senador John McCain e Barack Obama, transmitido pela CNN e retransmitido, com tradução simultânea, por algumas das emissoras brasileiras, como a Globo News, a Band News.

            Quero aqui cumprimentar os Estados Unidos da América pela realização dessas eleições e pela forma, inclusive, com que esses dois candidatos realizaram debates sobre suas idéias, suas diferenças. Acho importante que o Senador Barack Obama se tenha sagrado vencedor pelas pesquisas de opinião, tanto no primeiro debate, realizado há cerca de duas semanas, quanto no debate de ontem. Tenho a impressão de que ele, de fato, coloca seu programa, seus anseios de acordo com as aspirações maiores de todos aqueles que lutam pela democracia. Tenho, ainda, a convicção de que Barack Obama assimila e traduz para o povo norte-americano aqueles grandes valores que sacudiram a América e os povos do mundo, há 40 anos, quando, em 28 de agosto de 1963, o grande líder Martin Luther King Jr. falou “I have a dream” [eu tenho um sonho]. Ali, já se ressaltava, sobretudo, que será importante que, em breve, nos Estados Unidos, em todo o planeta Terra, tenhamos todas as pessoas juntas na mesa da fraternidade.

            Nesses últimos dias da campanha de John McCain, um fato em especial causou-nos muita preocupação: em um dos comícios de John McCain, a certa altura, quando a Srª Sarah Palin, Governadora do Alasca e candidata a Vice-Presidente, fez alguma observação referente ao Senador Barack Obama de maneira crítica, algumas pessoas na platéia, Presidente Mão Santa, começaram a gritar “kill him” [mate-o].

            Isso, inclusive, fez com que o Jornal Nacional de ontem, da TV Globo, recordasse os episódios de atentados contra o Presidente John Kennedy, contra Martin Luther King Jr., contra Abraham Lincoln, contra o próprio George Bush e outros ocorridos na história de acontecimentos trágicos nos Estados Unidos da América.

            Mas o Senador Barack Obama se saiu muito bem e soube, inclusive, recordar que esse tipo de procedimento é algo que não deve receber a aceitação do candidato John McCain, não deve caracterizar o que de melhor há nos Estados Unidos da América, sobretudo com respeito aos anseios de democracia.

            Ainda ontem, quando um grupo de oito Senadores visitava o General Jorge Félix, da Abin, eu lhe disse da minha preocupação com respeito a esse assunto, pois fico pensando em como as autoridades responsáveis pela segurança dos candidatos nos Estados Unidos da América devem estar extremamente atentas para evitar qualquer tragédia daquela natureza.

            Aqui no Brasil e em especial na minha cidade, São Paulo, estamos vivendo um momento de enorme relevância para a decisão sobre o que vai ocorrer com o Município de São Paulo, com os paulistanos.

            Tenho a convicção - inclusive, como o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, na Índia - de que a candidata Marta Suplicy poderá vencer e de que tem condições, sobretudo nestes debates do domingo próximo, na TV Record, e de sexta-feira da semana que vem, na Globo, de mostrar como, na experiência que teve em seu primeiro mandato como Prefeita, construiu CÉUS, colocou em prática o bilhete único, de maneira pioneira no Brasil, colocou em prática, de uma maneira que trouxe resultados importantes, os corredores de ônibus, embora já existissem, como enfrentou a chamada máfia do transporte coletivo e das vans, para melhor regulamentar o Sistema de Transporte Público, como conseguiu, sobretudo, implementar programas sociais de grande relevância, que hoje continuam, mas que precisam ser aperfeiçoados.

            A meu juízo, o debate com o Prefeito Gilberto Kassab poderá travar-se no mais alto nível, a exemplo daquele a que assisti ontem entre John McCain e Barack Obama.

            Senador Heráclito Fortes, V. Exª fez alguns comentários, mas não pude ouvi-los; V. Exª se perturbou um pouco com o que aqui digo.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Estou apenas comentando com o colega Alvaro Dias que fico triste, quando o vejo falar sem nenhuma convicção. Gosto mais do Eduardo Suplicy, aquele homem que fala com convicção, naquilo que acredita. Mas V. Exª está cumprindo o papel partidário, tenho certeza.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Heráclito Fortes, V. Exª pode ter a convicção, a certeza de que aquilo que estou dizendo poderá transformar-se em realidade.

            Quero, inclusive, aproveitar esta oportunidade para convidar os meus amigos, companheiros e companheiras de São Paulo, para, neste sábado, às 9h, lá na Casa de Portugal, localizada na Avenida Liberdade, nº 602, ao lado do Metrô São Joaquim, termos um encontro a respeito do tema “A esperança vai vencer de novo”, com a presença tanto de Marta Suplicy quanto de Luiz Inácio Lula da Silva.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª foi convidado?

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Estou convidado, eis que recebo...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Porque, no primeiro turno, V. Exª ficou solidário comigo aqui no plenário.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Fui convidado em todos os momentos, aliás, para, de um lado, continuar a cumprir a minha responsabilidade de Senador e, de outro lado, para estar em diversos momentos relevantes da campanha, como estarei nestes próximos dias.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª está com o convite aí; naturalmente o convite é do Presidente Lula.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Do Presidente Lula e da Marta Suplicy, nossa candidata a Prefeita.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Sinal de que ela está em maus lençóis, porque só o convida nessas horas, não é Senador?

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Não; ela está em bons lençóis.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não; eu não quero entrar em lençol de ninguém, pelo amor de Deus! Não use esse termo “lençol”, porque já deu muita confusão por aí. Vamos elevar o nosso debate para um bom nível.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito bem. V. Exª, então, permite que eu dê o aparte ao Senador Alvaro Dias, se o Senador Mão Santa assim o permitir?

            Com muita honra, Senador Alvaro Dias.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Obrigado, Senador Suplicy. Louvo o otimismo de V. Exª. Sobre a bola de cristal indiana do Presidente Lula, talvez ela esteja ofuscada pela penumbra da crise internacional, de tal modo que o Presidente não consiga ver com os olhos da realidade o que ocorre no processo eleitoral de São Paulo. De qualquer maneira, não temos muito tempo a esperar, não; dentro de poucos dias, as urnas confirmarão se as previsões do Presidente da República são sábias ou se são equivocadas. Até gostaria que ele acertasse, que sua bola de cristal não falhasse em tantas ocasiões como tem falhado. Nós tivemos um espetáculo do crescimento que não ocorreu...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Obrigado, Senador Mão Santa. Para o espetáculo do crescimento, o Governo vendeu ingressos. Quem comprou não pôde assistir ao espetáculo e se frustrou em mais de uma oportunidade. No início desse processo de crise, o Presidente debochava, falava em marola, questionava por que não perguntavam ao Bush sobre a crise etc., e nós vemos aí que o Brasil está sofrendo as conseqüências. No esporte, então, nem se fala. O Presidente Lula tem tido uma bola de cristal muito infeliz. Quero desejar ao Presidente melhor sorte nas suas previsões em relação ao País. Ele não precisa acertar na eleição de São Paulo. Acho que essa não é missão primordial do Presidente da República; ele tem outras missões mais importantes. Deveria, por exemplo agora, agir com muito mais interesse, competência e agilidade em relação a essa crise. Ele já deveria ter constituído um comitê da crise, formado por especialistas, a fim de que o País não sofresse as conseqüências da imprevisibilidade, da insegurança. As incertezas estão nos sacudindo. O Governo não nos oferece segurança alguma. É um Governo tímido diante da grandeza da crise; as providências adotadas são insuficientes. Então, o Presidente que deixe a eleição de São Paulo para Marta e para o Kassab e cuide da crise do País. Ele vai a São Paulo, à Casa de Portugal, dizer que a esperança vai vencer o medo ou que ainda não morreu a esperança. Eu creio, Senador Suplicy, que o Presidente da República tem uma tarefa inadiável. Deve deixar a eleição de lado um pouco, até porque ele já perdeu em São Paulo - desculpe-me falar com toda a franqueza, afinal são as pesquisas que apontam para uma vitória esmagadora do Kassab em São Paulo. O Presidente que deixe a eleição de São Paulo e cuide do Brasil, enfrente esta crise com maior competência, porque nós estamos preocupados com as providências anunciadas até agora, que são absolutamente insuficientes. E eu peço a V. Exª desculpas por discordar das previsões que faz também, que são generosas em relação à sua candidata em São Paulo, mas a minha preocupação maior não é nem com a vitória da Marta, nem com a vitória do Kassab; é com o bem-estar do povo brasileiro, e o povo brasileiro, certamente, está muito preocupado com a crise, Senador Suplicy.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Presidente Mão Santa, permita apenas que eu, então, registre que o Presidente Lula chegará da Índia e de Moçambique, onde hoje esteve, com alguns sinais muito importantes para dialogar com os movimentos sociais.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Suplicy, onde é que vai ser esse encontro, como V. Exª leu aí?

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Vai ser na Avenida da Liberdade, na Casa de Portugal... V. Exª, que veio de Portugal...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - O seu Partido não se reúne mais nos sindicatos. Agora é na Casa de Portugal. Parabéns! É a mudança.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - É porque ali há uma gentileza, um carinho muito grande da Casa de Portugal. São Paulo se dá muito bem com os portugueses.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Mas o sindicato é ao lado. É tão mais aconchegante.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Gostaria que V. Exª e o Senador Alvaro Dias, então, atentassem para alguns dados tão significativos...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Para concluir, Sr. Presidente Mão Santa.

            São alguns dados muito significativos sobre o que tem acontecido no Brasil:

O Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou, em setembro, o maior número de contratações acumuladas no período, desde o início da série histórica da aferição dos dados, em 1992. No total, foram gerados 2.086.570 empregos desde janeiro deste ano, o que ultrapassa a meta estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego para o ano, estabelecida em dois milhões de postos de trabalho.

            No que diz respeito às vendas em varejo:

O comércio varejista registrou o crescimento de 10,6% nos primeiros oito meses do ano, com expansão de 1,1% em agosto comparado a setembro (com ajuste sazonal), de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

            No que diz respeito às exportações brasileiras, essas que estavam em torno de US$10 bilhões em janeiro de 2007, passaram para US$14,231 bilhões em dezembro de 2007. E já US$20,451 bilhões em julho de 2008.

            No que diz respeito às reservas internacionais, que em 2004 eram de US$53 bilhões, agora estão em nível recorde de US$207 bilhões, inclusive fazendo com que a dívida externa total líquida, que era, em 2004, de US$135 bilhões, agora tenha passado para menos (-)US$16,5 bilhões de dólares.

            Ou seja, estamos vivendo, nos mais diversos setores da economia brasileira, dados muito positivos, inclusive fazendo com que a dívida pública sobre o PIB esteja diminuindo, por exemplo, em dezembro de 2007, 42,67%; para agosto de 2008, 40,51%.

            Assim, Sr. Presidente, Senador Mão Santa, os dados macroeconômicos da economia brasileira são bons.

            Na próxima terça-feira, ouviremos aqui o Ministro Guido Mantega e o Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que debaterão conosco - todos Senadores estão convidados - a respeito de como enfrentar os efeitos da crise internacional. De qualquer forma, felizmente, até o presente momento, os dados são muito positivos.

            Muito obrigado.

            (Palmas.)

            Obrigado.

            A voz do povo está presente.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2008 - Página 39951