Discurso durante a 192ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denuncia a manipulação da greve na segurança pública para favorecer a candidata do PT.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA. ELEIÇÕES.:
  • Denuncia a manipulação da greve na segurança pública para favorecer a candidata do PT.
Aparteantes
Flexa Ribeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2008 - Página 40664
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, TELEJORNAL, DIVULGAÇÃO, CONFLITO, POLICIA CIVIL, POLICIA MILITAR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, ORADOR, ISENÇÃO, RESPONSABILIDADE, ATUAÇÃO, GOVERNADOR, QUESTIONAMENTO, MANIPULAÇÃO, NATUREZA POLITICA, ESPECIFICAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTICIPAÇÃO, ENTIDADES SINDICAIS, MANIFESTAÇÃO, GREVISTA.
  • PROTESTO, TENTATIVA, UTILIZAÇÃO, GREVE, FAVORECIMENTO, MARTA SUPLICY, CANDIDATO, PREFEITO DE CAPITAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REPUDIO, FALTA, ETICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu apenas queria fazer um registro, neste momento. As televisões brasileiras acompanham fatos que têm relação com conflito policial no Estado de São Paulo; conflito que envolve Policia Civil e Polícia Militar.

            O Governador de São Paulo, José Serra, reage com o equilíbrio e a autoridade de sempre a esse movimento, em grande parte, contaminado de provocação. Ficou no Palácio, está no Palácio, tranqüilo e seguro, como tranqüilo e seguro foi a vida inteira, quando enfrentou adversários poderosos, como a ditadura, e serviu ao Brasil, como sempre.

            Hoje, há uma manifestação de militares, da Polícia Civil, grevistas. Tudo isso é muito esquisito. Não há greve, não há insatisfação, não há reclamação sobre salários, que é legítima e que não tem nada de, em si, comprometedor. Ao contrário, parte da vida política e da vida democrática.

            Comprometedora é a manifestação agora; comprometedora é a participação de forças que não venham dizer que não são políticas e partidárias, porque o são, a exemplo da Força Sindical, a exemplo da CUT, no conteúdo dessas manifestações.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Nobre Senador Sérgio Guerra, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Só um minuto, Senador, dois minutos só.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Pois não.

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Terceiro, comprometedora também é a participação de alguns, senão muitos, elementos do Partido dos Trabalhadores nesses confrontos. É preciso que, desde agora, se tenha a responsabilidade pública, na democracia, mais do que se vem tendo.

            O primeiro turno das eleições presidenciais, no ano passado, aliás, de dois anos atrás, o Brasil acorda com uma imensa denúncia, aliás, uma denúncia anunciada antes, mas acorda surpreendendo-se com uma montanha de dinheiro e o movimento dos chamados “aloprados”. Os aloprados sumiram, e o dinheiro, até hoje, ninguém sabe de onde veio. Ninguém. Nem a nossa profícua, competente, ativa Polícia Federal. O dinheiro, continua-se sem saber de onde veio e, de fato, qual o conteúdo daquela mobilização financeira: quem a fez, para quê e como fez.

            Agora, vão todos para as ruas num movimento de provocação, num momento em que a candidata do Partido dos Trabalhadores naufraga, simplesmente naufraga na principal cidade brasileira, naufrágio reconhecido por todas as pesquisas. Na semana passada, fez acusações - a campanha dela - completamente descabidas, preconceituosas, reacionárias, burras em relação ao provável Prefeito Gilberto Kassab. E, hoje, está lá, na frente do Palácio do Governo, do Governador José Serra, que todo o mundo sabe que é um homem firme. Ninguém se iluda que se trata de um homem público de enorme coragem e determinação, com absoluta consciência do seu papel e do poder que exerce pelo povo de São Paulo. Está sendo provocado lá, provocado de maneira absolutamente irresponsável por essas forças.

            Greve se discute, se negocia, tudo é possível. É um movimento natural, um movimento explicável, um movimento que tem naturalidade do ponto de vista da democracia. Agora provocação, agressão, tentativa de desmoralização do Governo, manipulação de forças comprometidas, como está, neste momento, a Força Sindical, que não saiu sequer limpa de uma denúncia que está na Câmara dos Deputados e que atua fortemente sobre o principal líder da Força Sindical, tudo isso se junta à mobilização da CUT, essa instituição que - tudo o mundo sabe - vive à revelia do Governo, não depende do Governo para nada. Nada mais independente que o Governo do Presidente Lula e a CUT. Um com o outro não tem relação. Claro que não é verdade. Isso é pura ironia. Mas estão lá nas ruas, tentando mudar, criar incidentes para mudar a definição das urnas. Isso não é possível! Deve haver um limite para esse tal Partido dos Trabalhadores, que desempenha seu papel assim. Deplorável!

            Não tenho nada contra ninguém. Eu tenho dezenas de amigos no Partido dos Trabalhadores. Já votei no Presidente Lula várias vezes. Mas eu não posso concordar com esse Partido dos Trabalhadores, que se mete em Mensalão, em confusão, em conspiração, em sanguessuga, em todo esse movimento deplorável e que agora vai lá, às vésperas da eleição, querer mudar um resultado que o povo já indica qual será.

            Finalmente, eu tinha que fazer esse registro hoje. Ninguém me pediu para fazê-lo. Falei há dois minutos com o Governador José Serra, que estava completamente tranqüilo. Não vai, de jeito nenhum, deixar de cumprir sua responsabilidade. O Brasil vive uma grave crise. Não dá para brincar com ela. Não é momento de ficar fazendo alegria, nem festa para ninguém. É um momento de ter responsabilidade nas decisões. O Governador de São Paulo vai ter.

            E ninguém pense que nós que somos do PSDB e de Partidos que nos apóiam vamos aceitar esse confronto, essa precária oposição, que não tem nada de democrática.

            Nessa semana, comentávamos aqui sobre o que fez a candidata Marta Suplicy. Ninguém a defendeu, a não ser o Senador Eduardo Suplicy, que tem, entre outras qualidades, coragem política e pessoal - razão não tem, mas teve coragem. Ninguém defendeu aquilo. Eu quero saber quem vai defender isto aqui, agora: polícia misturada com CUT, polícia misturada com Força Sindical, polícia misturada com PT, numa mobilização para desfazer a autoridade do Governador do Estado, na véspera da eleição.

            Não quero dizer que é o mesmo caso, mas todo o mundo se lembra do que aconteceu com a segurança pública de São Paulo perto das últimas eleições para Presidente. Todo o mundo se lembra disso. Não vão, dessa vez, levar à frente; não vão, dessa vez, levar adiante. Vão tomar uma surra nas urnas. Essa é a primeira. Em 2010, vai ser a segunda.

            Eu quero ouvir o Senador Flexa.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Sérgio Guerra, tomei conhecimento por V. Exª do acontecido em São Paulo. Não vi televisão, mas, pelo que V. Exª me narrou, também quero me associar a V. Exª e dizer da tranqüilidade que todos nós do PSDB temos com a competência, com o equilíbrio e com a sensatez do Governador Serra. Sem sombra de dúvida, como V. Exª disse tão bem aqui, sabe da sua responsabilidade de governar o maior Estado do Brasil, sabe o que ele representa politicamente para o nosso País. Como V. Exª disse, ao conversar com ele há dois minutos, tranqüilo estava porque cumpre com o seu dever e sabe como administrar a crise. Agora, eu lamento, e pedi um aparte a V. Exª, primeiro, para prestar a minha solidariedade ao povo de São Paulo, em nome do Governador Serra; segundo, para dizer que o que está ocorrendo hoje, lá, é morte anunciada. Lamentavelmente, na semana passada, aqui neste plenário, o Senador Aloizio Mercadante fez um pronunciamento, com essa tribuna de honra completamente lotada de delegados da polícia civil do Estado de São Paulo em greve, dizendo que não era politiqueiro o seu discurso, porque ele deixou para fazê-lo após o processo eleitoral. Eu tive a oportunidade de apartear o Senador Mercadante e de lembrar-lhe que ele estava fora do tempo se não o queria fazer dentro do processo eleitoral, porque, no Estado de São Paulo, isso se estende até 26 outubro próximo, com uma candidata do Partido do Senador Mercadante. Então, o que V. Exª relatou e que está acontecendo em São Paulo é exatamente isso. É o desespero do PT, que age dessa forma em todas as oportunidades que tem, na certeza de que vai perder, pela vontade do povo, pela vontade democrática, uma eleição, no caso a capital de São Paulo. É lamentável! É lamentável, porque o processo eleitoral fica contaminado pela questão partidária, em âmbito do Executivo Federal, e pela questão sindical. Quer dizer, o Presidente Lula, que se considera o grande eleitor do Brasil e o maior eleitor de São Paulo, está sendo derrotado pela vontade do povo de São Paulo, não só na capital, mas também em São Bernardo, onde ele tem domicílio. Então, Senador Sérgio Guerra, é lamentável, como V. Exª disse, mas é a prática desse Partido dos Trabalhadores, é a prática que ocorreu em eleições passadas e ocorre agora. Tenho certeza absoluta de que o povo de São Paulo vai responder nas urnas, no domingo, dia 26, reelegendo o atual Prefeito Kassab, com o apoio do Governador Serra, demonstrando exatamente isto que V. Exª colocou: o equilíbrio e a competência do grande Governador Serra, do PSDB.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2008 - Página 40664