Discurso durante a 195ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

A ausência do Ministro da Fazenda e do Presidente do Banco Central, em audiência pública agendada na CAE.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • A ausência do Ministro da Fazenda e do Presidente do Banco Central, em audiência pública agendada na CAE.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/2008 - Página 40982
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, SENADOR, PRESIDENTE, SENADO, PROTESTO, CANCELAMENTO, VISITA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), INFORMAÇÃO, PRESENÇA, AUTORIDADE, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • NECESSIDADE, MINISTRO DE ESTADO, DEBATE, LEGISLATIVO, ESCLARECIMENTOS, BRASILEIROS, EFEITO, BRASIL, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, COBRANÇA, DEFINIÇÃO, DATA, VISITA, SENADO, APOIO, ORADOR, CONVOCAÇÃO.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Pela ordem. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, inicialmente quero cumprimentar o Senador ACM Júnior pela iniciativa que teve de apresentar o protesto, o veemente protesto pelo cancelamento, sem justificativa, da vinda dos Ministros Meirelles e Mantega até esta Casa não prestar esclarecimentos, mas para debater a crise, as suas conseqüências e as providências a tomar. Quero cumprimentar V. Exª pelo endosso à posição tomada pelo meu companheiro de Partido, o Senador Antonio Carlos Júnior.

            Presidente Garibaldi Alves Filho, hoje, está na Câmara dos Deputados, neste momento, prestando esclarecimentos e debatendo com os Deputados, o Ministro Meirelles e o Ministro Mantega. Pasme V. Exª que fui informado, agora há pouco, que os dois Ministros estiveram a pique de cancelarem a vinda à Câmara. O Presidente da Câmara, ao que estou informado, teria até manifestado de acordo, diferente da posição de V. Exª, com o cancelamento da vinda das autoridades, que terminaram vindo e chegando com duas horas de atraso - duas horas de atraso! -, devido à manifestação de Líderes partidários que, inconformados, expuseram a opinião no sentido de que eles deveriam vir, tinham a obrigação de vir. E vieram. Estão na Câmara.

            O que se deseja nesta hora? É fazer aquilo que a França faz, a Inglaterra faz, a Islândia faz, os Estados Unidos fazem, o Japão faz: debater a crise com quem tem responsabilidade sobre o país. E quem é que tem responsabilidade? É o Poder Executivo, é o Presidente da República? Claro que sim. É o Ministro Mantega, é o Ministro Meirelles? Claro que sim. Mas será que a Câmara e o Senado, os representantes do povo, eleitos pelo voto direto para falarem em nome do povo brasileiro, não têm o direito de saber o que o País está pensando e o que o País vai fazer? A economia do País, hoje, está inundada de boatos. A economia brasileira já perdeu trilhões de reais na Bolsa de Valores por saques, por movimentos especulativos, por um mundo de ações que se movimentam em função de boatos.

            O que os Ministros podem e devem fazer nesta Casa e na Câmara dos Deputados? Esclarecer a visão do Brasil: se é a do Presidente da República, que diz que a crise não vai nos afetar, e já está nos afetando, ou se é a da tomada de providências que se impõem, a começar por uma que eu acho que é a mais importante, qual seja, o corte de despesas. Não adianta pegar partes das reservas cambiais do Brasil e colocar em leilão para possibilitar contratos de exportação ou para aliviar hedges não feitos para operações de câmbio futuro. O que é preciso, na verdade, é corte de despesas para fazer face, inclusive, a disponibilidades que se impõem em função de uma taxa de juros elevada e que se vai elevar ainda mais.

            O que eu quero, portanto, dizer a V. Exª, Senador Mão Santa, o que eu desejo dizer a V. Exª, Senador Tião Viana, é que esta Casa exige a presença dos Ministros, não por exigência de oposição, mas por necessidade de oxigenar um debate. Há necessidade de oxigenar um debate que interessa à sociedade brasileira, que, por intermédio do debate aberto na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, vai compreender o que está acontecendo e o que se pensa fazer, como está se fazendo nos Estados Unidos, como está se fazendo nos países modernos do mundo, onde a sociedade, como um todo, mobiliza-se e participa do debate para encontrar soluções para um fato que está ameaçando a perda de postos de trabalho para milhares de pessoas mundo afora.

            Não se admite, por hipótese alguma, ou uma mera comunicação que está adiada sine die, está cancelada a vinda do Presidente do Banco Central e do Ministro da Fazenda para debater com quem tem o direito de chamar e, mais do que isso, tem a obrigação de convocar. Se eles não vierem, serão convocados. E quero me associar à posição que V. Exª manifestou e dizer que, se em curto prazo, o Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Senador Aloizio Mercadante, não trouxer uma palavra a esta Casa, tomarei a iniciativa - claro que secundando a posição de V. Exª de tomar a assinatura de Líderes partidários - de convocar os Ministros Mantega e Meirelles a esta Casa para participar do debate que o momento exige e impõe.

            Cumprimentos a V. Exª e à Casa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/2008 - Página 40982