Discurso durante a 205ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da participação de S.Exa. no décimo segundo Simpósio Nacional de Audiência de Obras Públicas.

Autor
Jefferson Praia (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: Jefferson Praia Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Registro da participação de S.Exa. no décimo segundo Simpósio Nacional de Audiência de Obras Públicas.
Publicação
Publicação no DSF de 05/11/2008 - Página 44168
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, SEMINARIO, AMBITO NACIONAL, AUDIENCIA, OBRA PUBLICA, REALIZAÇÃO, SENADO, DEBATE, CONTROLE, EFICIENCIA, ADMINISTRAÇÃO, IMPORTANCIA, PROPOSTA, AUMENTO, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, QUALIDADE, APLICAÇÃO DE RECURSOS, CONSCIENTIZAÇÃO, ETICA, ANALISE, EVOLUÇÃO, SETOR, CONTROLE INTERNO, DEMOCRACIA, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, LEGISLAÇÃO, RESPONSABILIDADE, NATUREZA FISCAL, BLOQUEIO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), IRREGULARIDADE, OBRAS.
  • NECESSIDADE, CRIAÇÃO, CADASTRO, AMBITO NACIONAL, OBRA PUBLICA, PROMOÇÃO, PODER PUBLICO, AUDITORIA, SIMULTANEIDADE, ACOMPANHAMENTO, PREVENÇÃO, PREJUIZO, MELHORIA, PREPARAÇÃO, RECURSOS HUMANOS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na noite de ontem, 3 de novembro, no auditório Petrônio Portella, coube-me a honra de participar duplamente, na qualidade de representante do nosso Presidente Garibaldi Alves e de expositor da cerimônia de abertura do 12º Simpósio Nacional de Audiência de Obras Públicas (12º Sinaop).

O evento, que se estenderá até o próximo dia 7, tem como tema “O Controle de Obras Públicas: A Integração das Ações Institucionais como Elemento de Aumento da Eficiência da Administração” e é uma meritória e oportuna iniciativa de organizações governamentais e não-governamentais nos três níveis da federação, sob a coordenação geral do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Ibraop) e da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).

Sr. Presidente, a relevância das discussões e propostas ensejadas pelo Sinaop está intimamente ligada à conscientização crescente da nossa sociedade quanto ao imperativo administrativo, político e, sobretudo, ético de o Poder Público investir com sabedoria, transparência e honestidade o suado dinheiro do contribuinte em obras que tragam benefícios significativos para o desenvolvimento econômico e o bem-estar da população.

Esse processo de conscientização vem sendo alimentado pelo progressivo aperfeiçoamento do trabalho dos profissionais técnicos de controle interno e externo divulgado nacionalmente por uma imprensa investigativa e vigilante no contexto democrático da liberdade de informação.

Foi assim que, ao longo da última década e meia, puderam os brasileiros tomar conhecimento - e exercer sua justa indignação cívica - dos resultados de iniciativas fiscalizatórias pioneiras como a de Comissão Temporária desta Casa sobre obras inacabadas, de 1995.

Essa Comissão trouxe a público a chocante revelação de que, à época, nada menos de R$15 bilhões haviam sido desperdiçados em mais de 2.200 obras inacabadas. Em valores de 2008, isso equivaleria a R$50 bilhões, ou muito mais que o dobro do total de investimento da administração federal direta. A relação dessas obras incluía até mesmo a Ferrovia Transnordestina, projeto herdado dos tempos do Império, e, é claro, a Rodovia Transamazônica, iniciada em pleno regime militar.

Pouco tempo depois, Sr. Presidente, a CPI do Judiciário, dentre uma série de desmandos e desvios investigados, destacou o caso, que se tornaria tristemente famoso, do Fórum Trabalhista de São Paulo, obra em que, do total de R$230 milhões investidos, foram malversados R$169 milhões (a preços da época).

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, essa e outras diligências e o resultante clima de revolta no seio da opinião pública, com gigantescos prejuízos decorrentes da corrupção, do desperdício e da pura e simples incompetência ensejaram inovações institucionais importantes, como o dispositivo que, desde 1997, estabelece, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o bloqueio de dotações a obras federais com indícios de irregularidades graves, informados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Esse bloqueio é suspenso somente depois de tomadas as providências corretivas pelo órgão público responsável pela obra em situação irregular.

Acrescento, ainda, que a Lei de Responsabilidade Fiscal, promulgada há oito anos, estabelece uma série de penalidades às autoridades federais, estatais e municipais que cometam desvios e desmandos nessas áreas.

Contudo, Sr. Presidente, é consenso entre todos nós, participantes do 12º Sinaop, que muito ainda precisa ser feito para superar a situação já assim caracterizada por um dos integrantes da comissão temporária de 1995: “Uma obra paralisada penaliza a população duplamente: pela ausência da obra e pelos recursos já aplicados, sem falar na riqueza que se deixa de produzir, em prejuízo do desenvolvimento econômico do País”.

Essa afirmação continua amargamente atual, pois, há cinco anos, o TCU estimava que uma em cada cinco obras públicas apresenta irregularidades, como licitações indevidamente conduzidas, qualidade inferior aos padrões de construção minimamente aceitáveis, superfaturamento e atraso em relação ao cronograma, quando não a pura e simples paralisia.

Mais recentemente, no ano passado, das 231 obras fiscalizadas pelo Tribunal, envolvendo recursos totais superiores a R$23 milhões, apenas 52 não apresentavam irregularidades!

Pasmem, minhas senhoras e meus senhores: até hoje não existe um cadastro geral de obras públicas federais em andamento no País. E isso nos leva a crer que tal situação de desinformação e descontrole se reproduza, de forma agravada, em grande parte dos Estados da Federação.

Uma segunda fonte de problemas é a atual incapacidade do Poder Público de promover auditorias presenciais permanentes, senão na totalidade das obras públicas, ao menos naquelas que concentram o maior volume de investimentos. Assim, o controle se limita, muitas vezes, a chegar depois que os prejuízos, os erros e os desperdícios foram cometidos e se tornaram irreparáveis.

Um terceiro aspecto tão angustiante quanto a corrupção é o despreparo gerencial e técnico de uma parcela dos recursos humanos envolvidos nas mais diversas facetas dessas obras pelo País afora, nos três níveis de governo. Refiro-me tanto às autoridades eleitas como aos quadros por elas nomeados e diretamente responsáveis pela realização.

A lista desses problemas se estende longamente, compondo um gigantesco desafio que o Brasil precisa encarar e vencer.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para ajudar a transformar essa inaceitável realidade, assumi o compromisso de voltar a me reunir com os organizadores do XII Sinaop a fim de analisar a Carta de Resoluções que resultará do evento, já na próxima semana.

Tenho certeza de que, assim, poderemos dar um encaminhamento prático e rápido aos diagnósticos e sugestões ali discutidos, conferindo-lhes o formato de proposições legislativas destinadas a concluir as obras de que o Brasil necessita para crescer e também a tampar os inúmeros buracos por onde se esvai o dinheiro que a sociedade transfere ao Estado ao pagar tantos impostos, taxas e contribuições.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/11/2008 - Página 44168