Discurso durante a 201ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a crise de credibilidade que afeta o País e o mundo. Registro da realização, hoje, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, de audiência pública para discussão de assuntos de interesse dos produtores de frango e suínos.

Autor
Neuto de Conto (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Neuto Fausto de Conto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA AGRICOLA.:
  • Preocupação com a crise de credibilidade que afeta o País e o mundo. Registro da realização, hoje, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, de audiência pública para discussão de assuntos de interesse dos produtores de frango e suínos.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2008 - Página 42074
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • ANALISE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, SUPERIORIDADE, GRAVIDADE, COMPROMETIMENTO, ECONOMIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), CONTINENTE, EUROPA, ASIA, ADVERTENCIA, EFEITO, ECONOMIA NACIONAL, APREENSÃO, POPULAÇÃO, RETIRADA, DINHEIRO, BANCOS, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, FALTA, LIQUIDEZ, REDUÇÃO, CONFIANÇA, INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, PERDA, RECURSOS FINANCEIROS, MUNDO.
  • REGISTRO, AUDIENCIA PUBLICA, COMISSÃO DE AGRICULTURA, SENADO, DIALOGO, PRODUTOR, FRANGO, SUINO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), PREVISÃO, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, EXERCICIO FINANCEIRO SEGUINTE, COMENTARIO, EXPECTATIVA, POPULAÇÃO, CURTO PRAZO, CRISE, POSSIBILIDADE, AMPLIAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, ECONOMIA NACIONAL, DEFESA, INVESTIMENTO, AGRICULTURA, EXPORTAÇÃO, ALIMENTOS, MOTIVO, CARENCIA, MUNDO, ESPECIFICAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, INDIA, IMPORTANCIA, INICIO, PRODUÇÃO, AMBITO NACIONAL, INSUMO, FERTILIZANTE, ESCLARECIMENTOS, JAZIDAS, MATERIA-PRIMA, TERRITORIO NACIONAL, CESSAÇÃO, DEPENDENCIA, PRODUTO IMPORTADO.

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O SR. NEUTO DE CONTO (PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mão Santa; Srªs e Srs. Senadores, a palavra crise talvez seja a mais usada nos últimos trinta dias em todas as rodas, em todas as reuniões, em todos os parlamentos, em toda a imprensa escrita, falada, televisionada; ela está presente em todos os países. Acho que nunca houve uma palavra tão difundida como a chamada “crise”.

E tivemos muitas, meu caro Senador Romeu Tuma: crises governamentais, crises econômicas, crises financeiras, crises políticas, mas nenhuma com tanta gravidade e com tanta difusão quanto a atual, por se chamar “crise de credibilidade”. E esta crise é tão forte, tão profunda que mexe com toda a sociedade econômica do universo e nos atinge também com muita força.

Ela nasceu nos Estados Unidos. Há algum tempo, foi anunciada, mas há sessenta dias aconteceu e migrou para a Europa, foi à Ásia e hoje alcança o Brasil, cuja crise chega ao Brasil de uma forma muito perversa porque todos nós pensávamos que ela não atingiria a nossa pátria. E essa turbulência financeira, esse desequilíbrio econômico pode muito bem ser detectado pelo comportamento das próprias pessoas que têm recursos, pois os bancos, primeiro segmento atingido, ofereceram para a sociedade uma cesta de negócios.

As sociedades aplicaram a sua economia, aplicaram as suas poupanças, o seu capital e, muitos, o seu próprio patrimônio. Somaram-se ainda os recursos flutuantes que vêm de todas as partes do mundo para buscar ganhos.

Ora, esses bancos reaplicaram para o comércio, para a indústria, reaplicaram para a agricultura, para a construção civil e fizeram a sua máquina bancária girar.

Ora, na hora em que perderam a credibilidade, no momento em que houve pânico na sociedade, todos foram, no mesmo momento, à sua agência bancária, buscar seu dinheiro. Isso foi no Brasil, na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia. E, na busca dos seus recursos, simultaneamente, todos juntos, o banco não tinha os recursos nos cofres, pois foram emprestados para terceiros. Conseqüentemente, passou-se a multiplicar a falta de credibilidade, passou-se a multiplicar a busca pelos recursos, e o primeiro fator foi a queda das ações bancárias, a queda nas bolsas de valores, a queda das ações dessas instituições financeiras. Não só foi a queda; muitos já quebraram.

E o Brasil ainda se sustenta, mas, lamentavelmente, as notícias não são tão alvissareiras. Veja que o Governo - isso é a imprensa que está dizendo - liberou os empréstimos compulsórios para que os bancos pudessem ajudar a financiar os necessitados. E a imprensa de hoje e de ontem nos anuncia que esses recursos estão sendo aplicados, grande parte deles, para adquirir papéis do próprio Tesouro do País, e não sendo conduzidos para resolver o problema da economia.

Uma outra posição, segundo os grandes analistas do universo, do mundo, nessa economia globalizada, dizem-nos que os que tinham recursos e aplicaram, quer seja em ação, quer seja nos bancos, já perderam, nesses sessenta dias, US$ 4 trilhões. Empobreceram em todo o mundo. São dados concretos muito bem levantados.

Também vejo com muita disposição. Encontro as pessoas com muita esperança de que a crise será passageira, pois, se o Brasil quiser, se a sociedade quiser e passarmos a produzir um discurso positivo de realizações, de soluções, certamente o fardo será mais leve, certamente a crise será mais curta, e certamente o Brasil irá melhor.

Tivemos hoje, na parte da manhã, na Comissão de Agricultura do Senado, a qual presidimos, uma audiência pública muito interessante com toda a cadeia produtiva de frango e de suínos, a cadeia produtiva que representa, principalmente no meu Estado de Santa Catarina, mas para o Sul do Brasil, uma potencialidade extraordinária. E eles nos dizem, com segurança, que o ano que vem será melhor do que este ano. E apontam todas as razões.

Poderíamos iniciar primeiramente com a falta de alimentos no mundo, que caiu, somente no início deste século, de 2001 a 2007, em 50%. A necessidade das pessoas de comerem mais, a oportunidade de se alimentarem melhor, principalmente na China e na Índia, somando-se ainda a capacidade que o nosso País tem de produzir e ampliar a produção de alimentos. Internamos as terras que estão sendo improdutivas, principalmente as ociosas e aquelas degradadas nas fazendas, internando a consorciamento. Consorciar as terras, fazendo a produção de alimentos nas próprias fazendas pecuárias e internando os 90 milhões de hectares que temos nos cerrados e no Nordeste. Sem agredir o meio ambiente e sem desmatar, Sr. Presidente, Srs. Senadores, sem dúvida nenhuma, poderemos duplicar, triplicar a produção de alimentos do Brasil e poderemos ser o maior produtor e o maior exportador de alimentos do País.

Sem dúvida nenhuma, ainda hoje à tarde, lá na CNA, houve uma audiência onde foi criada a cadeia produtiva de soja, com autoridades de todo o Brasil lá presentes, também numa posição de ânimo, de determinação, de ação no trabalho. Eles sabem e acreditam que a crise será curta e que o Brasil terá oportunidade de sair neste momento. E eu disse lá, Sr. Presidente, que, como temos assuntos estratégicos, como é o caso do petróleo, do governo, da iniciativa privada, aqueles que têm e podem, temos que criar a estratégia da agricultura no Brasil, dando a oportunidade de que empresas possam produzir, principalmente os adubos, os fosfatos, os fósforos. Temos as jazidas, abundantes, mas estamos importando toda essa matéria-prima do exterior e somos dependentes para produzir alimentos de que tanto precisamos. Ainda precisamos, sim, que a agricultura seja estratégica para que ela possa - e ela pode - ser a maior produtora e a maior exportadora de alimentos do mundo. E vamos ser também o maior produtor e o maior exportador de bioenergia do mundo. Só usar a tecnologia, a terra, o clima, o homem e termos, com esse complexo, a oportunidade de desenvolver, trabalhar, produzir e dar à nossa sociedade um crescimento extraordinário e um bem-estar social.

Acredito, convoco, peço: vamos falar de coisas positivas! Vamos começar a dizer à sociedade que temos solução, sim: é pelo trabalho, pela organização, pelas definições. E vamos deixar na estrada aqueles que querem prejudicar nosso País.

Com isso, Sr. Presidente e Srs. Senadores, agradeço a oportunidade e o tempo, meu caro Presidente Mão Santa. Agradeço pela oportunidade que nos deu para esta manifestação.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2008 - Página 42074