Discurso durante a 206ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da viagem empreendida por S.Exa. e outros Srs. Parlamentares às cidades de Manaus, Tefé e Tabatinga, a convite do Comando Militar da Amazônia. Destaque para a importância da presença do Exército naquela região. Congratulações ao novo Presidente americano, Barack Obama.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FORÇAS ARMADAS. POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Registro da viagem empreendida por S.Exa. e outros Srs. Parlamentares às cidades de Manaus, Tefé e Tabatinga, a convite do Comando Militar da Amazônia. Destaque para a importância da presença do Exército naquela região. Congratulações ao novo Presidente americano, Barack Obama.
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2008 - Página 44232
Assunto
Outros > FORÇAS ARMADAS. POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, VIAGEM, ORADOR, JOSE NERY, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, ATENDIMENTO, CONVITE, VISITA, COMANDO MILITAR DA AMAZONIA (CMA), BRIGADA, EXERCITO, MUNICIPIO, MANAUS (AM), TEFE (AM), TABATINGA (AM), JAPURA (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), REGIÃO, FRONTEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, SAUDAÇÃO, GENERAL DE BRIGADA, AGRADECIMENTO, RECEPÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, REGIÃO AMAZONICA, PATRIOTISMO, SOLDADO, DIVERSIDADE, GRUPO ETNICO.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, PRESENÇA, FORÇAS ARMADAS, PROTEÇÃO, SOBERANIA NACIONAL, REGIÃO AMAZONICA, ADVERTENCIA, INTERESSE, PAIS INDUSTRIALIZADO, BIODIVERSIDADE, RECURSOS MINERAIS, REGIÃO, SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA, AUMENTO, ATENÇÃO, SETOR.
  • REGISTRO, ASSINATURA, ORADOR, REQUERIMENTO, AUTORIA, FLEXA RIBEIRO, SENADOR, VOTO, CONGRATULAÇÕES, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ANALISE, IMPORTANCIA, VITORIA, NEGRO, GRUPO, VITIMA, DISCRIMINAÇÃO, SIMILARIDADE, OCORRENCIA, ESCOLHA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, BRASIL, GOVERNO ESTRANGEIRO, BOLIVIA, CIDADÃO, ORIGEM, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, QUESTIONAMENTO, CANDIDATO, FALTA, DEMONSTRAÇÃO, ATENÇÃO, PROBLEMA, AMERICA LATINA.

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O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, num primeiro momento da minha fala, desta tribuna, eu quero registrar a minha visita à nossa região, no último fim de semana, a convite do Comando Militar da Amazônia. Participaram vários Deputados Federais e, do Senado, participaram dessa visita ao Comando Militar da Amazônia este Senador e o Senador José Nery, do PSOL.

Visitamos, num primeiro momento, o Comando Militar da Amazônia, localizado na cidade de Manaus, a capital do meu Estado, e, em seguida, visitamos Tefé, onde há uma brigada, no médio Solimões. O Senador Wellington Salgado precisa conhecer essa região belíssima do Brasil, do Amazonas. A última etapa da visita foi feita na cidade de Tabatinga e na Vila Bittencourt, no extremo norte, ali no “pescoço” da Cabeça do Cachorro, no Município de Japurá. Temos a presença do Exército, entre Colômbia e Brasil. A via é o rio Japurá - um rio imenso - e ali está a presença do Exército Brasileiro, esta Instituição do povo brasileiro.

É muito importante que o Congresso Nacional tome conhecimento da presença não só do Exército, mas das Forças Armadas na Amazônia. Não nos iludamos acerca da cobiça internacional, dos interesses internacionais sobre a Amazônia. E não só a Amazônia brasileira, mas a Pan-Amazônia.

Nessa visita, o Comandante Militar da Amazônia, o General Heleno, num primeiro momento, fez uma exposição, Senador Augusto Botelho, sobre a presença do Exército na Amazônia, que conta com um grupamento de 25 mil homens na Amazônia, que se dividem entre a 8ª e a 12ª Região, a primeira localizada no Pará, e a 12ª no Amazonas, e nos demais Estados que a compõe. Na ocasião, perguntei ao General Heleno como era feita a subdivisão desses grupamentos, e ele disse-me que, do lado do Pará, há mais conflitos, daí a presença de 9 a 10 mil homens; os demais fazem parte da 12ª Região.

Não tenho nenhuma dúvida quanto ao Brasil não ter qualquer problema com os países-irmãos da Amazônia. A avaliação que faço é no sentido de que há interesses internacionais, não dos países que compõem a Pan-Amazônia, os nossos vizinhos, com quem temos boa relação cultural, relação econômica. O meu Estado, o Amazonas, mantém com a Venezuela importante relação comercial, pelo que produzimos na Zona Franca de Manaus.

Sr. Presidente, estou satisfeito com a visita. O General Heleno foi muito gentil com a comitiva, composta por Deputados Federais e Senadores, oportunidade em que discutimos soberania. Temos de ter uma relação com o General Heleno no sentido de respeitar as suas opiniões.

É evidente que não se pode abrir mão da competência de cada ente federativo, de cada instância de poder. Vivemos em um estado democrático de Direito, no qual precisamos respeitar as opiniões e reconhecer a competência de cada instituição e do seu papel, respeitar a competência e o limite de cada instituição.

Penso ser muito importante a presença do Exército. É muito importante e fundamental que o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, tenha um olhar especial sobre a Amazônia sob o ponto de vista militar. Refiro-me não apenas à presença do Exército, mas a da Aeronáutica e da Marinha, naquela imensa região, que concentra a maior extensão de terras do território nacional. Portanto, considerei importantíssima a visita para a representação no Congresso Nacional.

Sr. Presidente, sou um Senador, um cidadão, que faz o debate, que gosta do debate, que aprecia o debate sobre a Amazônia, mas só visitando a instituição, só discutindo com os membros que a compõe é que verdadeiramente teremos a noção do trabalho desenvolvido, das suas dificuldades enfrentadas, das limitações. Por isso, chamo a atenção do Ministro da Defesa no sentido de termos a presença militar com mais recursos naquela região. Precisamos disso. Tanto é que vou destinar, no que for da minha competência, emenda parlamentar para liberação de recursos para o Exército e para a Marinha 

Mas é preciso que o Ministro Jobim tenha um olhar na hora de repartir os recursos do nosso Orçamento, priorizando as Forças Armadas na Amazônia.

O problema da Amazônia não se resume entre etnias e Exército. Não é nada disso. Não está na presença do caboclo contra o Exército, ou contra a Marinha. Não. Os nossos inimigos são outros. Os nossos adversários estratégicos são outros. E não é mais a terra que está em questão na Amazônia. É a biodiversidade, a biologia, a genética, as espécies vegetais, os animais, os minérios, o petróleo, o gás, enfim, são outras as questões em jogo a incitar a cobiça internacional sobre a Amazônia.

Sr. Presidente, além de a visita haver sido exitosa e de trabalho, com certeza trouxemos elementos para Deputados e Senadores, para o Congresso Nacional, no sentido de fazermos discutirmos sobre a Amazônia e a presença do Exército na Amazônia de forma qualitativa, ou seja, com mais qualidade e mais compromisso.

Quero registrar aqui o Hino Nacional que ouvi lá. Todas as vezes em que ouvimos o Hino Nacional, ele toca a todos nós que temos esperança, a todos nós que amamos o Brasil, a todos nós que temos utopias, pois o Hino Nacional é muito bonito.

Falei agora, no final da nossa visita, que me lembro do Hino Nacional cantado por Fafá de Belém nos comícios da inesquecível campanha pelas Diretas Já. Há pouco tempo, ouvi o Hino Nacional sendo cantado pela cantora, pela nossa intérprete, Elza Soares, na abertura dos Jogos Pan-americanos. Foi muito especial. Agora, ouvi o Hino Nacional sendo cantado por Soldados do Exército, lá na fronteira com a Colômbia, no rio Japurá. Cantaram o Hino Nacional, Senadora Fátima, e foi bonito, foi muito especial os soldados cantarem, que, em sua maioria, representam as etnias que vivem naquele território, os povos indígenas de lá. Foi um Hino Nacional muito especial.

Daí eu falar da importância da visita e da importância do Exército lá na Amazônia.

Por fim, Sr. Presidente, apenas para dizer que assinei o requerimento de autoria do Senador Flexa Ribeiro, dirigindo congratulações ao novo presidente eleito pelo povo americano.

Foi uma eleição especial, diferenciada, por conta das primárias, dos debates, da representatividade, do simbolismo de Barack Obama.

É um afro-americano. É preciso dizer isso permanentemente; é um afro-americano. Barack Obama veio como representações, aqui, da América Latina. Estudou numa academia que é uma referência internacional? Estudou. Mas ele veio do lado mais duro do tecido social americano. Barack Obama veio desse setor mais discriminado dos Estados Unidos. Então, penso que há um simbolismo muito forte no presidente eleito, e espero que o presidente escreva uma nova história. Não só este Senador, não só o requerimento já assinado por vários Senadores aqui da Casa, mas o povo africano, os setores organizados do mundo estão comemorando a vitória, principalmente porque é uma vitória que vem depois de oito anos de uma política autoritária conduzida pelo atual Presidente dos Estados Unidos. Barack Obama, na minha opinião, faz parte dessa onda que só a democracia pode propiciar e só as democracias podem compreender, símbolos, significados, como a democracia aqui do Brasil compreendeu na vitória do operário Luiz Inácio Lula da Silva, que veio dos movimentos populares, que veio do movimento sindical em 2002. É muito especial a sociedade da Bolívia votar numa liderança dos movimentos indígenas. É desafiador para a sociedade eleger um presidente que veio do movimento indígena, como Evo Morales. Enfim, essa onda especial da compreensão da sociedade faz com que, como no dia de hoje, o mundo possa abraçar a perspectiva de uma nova postura dos Estados Unidos, com a eleição de Barack Obama.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - É evidente que faço algumas observações. Eu fico perplexo de saber, por exemplo, Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, que Barack Obama - para o qual torci, desde o início, como registrei aqui -, uma liderança, um homem que saiu de uma academia, um estudioso, um brilhante advogado, um Senador, nunca veio à América Latina. Eu fico, às vezes, me perguntando sobre esse comportamento da sociedade americana. Estou entusiasmado com a vitória, mas coloco alguns elementos, como o fato de um presidente de um país importante nunca ter descido a linha da fronteira com o México.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Então, são questões que estão embutidas nessa vitória, mas espero que Barack Obama possa inaugurar um novo momento para os Estados Unidos, para a América Latina, para a África, para a humanidade.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2008 - Página 44232