Discurso durante a 206ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a postura do Governo Lula no enfrentamento da atual crise mundial.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a postura do Governo Lula no enfrentamento da atual crise mundial.
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2008 - Página 44275
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), HOMENAGEM POSTUMA, IRMÃO, LUDIO COELHO, EX SENADOR, FAMILIA.
  • APOIO, DISCURSO, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FALTA, ATENÇÃO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, COMPROMETIMENTO, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, REDUÇÃO, EMPREGO, TENTATIVA, TRANSFERENCIA, RESPONSABILIDADE, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, MEMBROS, OPOSIÇÃO, BUSCA, FAVORECIMENTO, EXPECTATIVA, CAMPANHA ELEITORAL, ESCLARECIMENTOS, DISPONIBILIDADE, DIALOGO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), GOVERNO FEDERAL, ENTENDIMENTO, SOLUÇÃO, ASSUNTO.
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, MEMBROS, GOVERNO FEDERAL, AMPLIAÇÃO, DESPESA PUBLICA, AUMENTO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, EMENDA, MANUTENÇÃO, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA, MINISTERIOS, CRITICA, GOVERNO, UTILIZAÇÃO, ORÇAMENTO, FAVORECIMENTO, BANCADA, AUSENCIA, CONTROLE, GASTOS PUBLICOS, AGRAVAÇÃO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, ECONOMIA NACIONAL.
  • ELOGIO, CONDUTA, GARIBALDI ALVES FILHO, PRESIDENTE, SENADO, VALORIZAÇÃO, LEGISLATIVO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PSDB e os Senadores do nosso partido aqui presentes se associam à família do Senador Lúdio Coelho, nosso ex-companheiro e homem de notável mérito, pela morte de seu irmão.

Em segundo lugar, quero desenvolver um pouco o que disse o Líder Arthur Virgílio. A definição de qualquer partido que pensa no Brasil neste momento não é torcer para que essa crise se agrave, ou que essa crise venha a atingir a economia real de maneira contundente. Nada disso. Isso não faz parte da nossa ação, da nossa preocupação, não ajudaria basicamente a ninguém, nem aos candidatos da oposição, até porque o PSDB governa grandes Estados, com responsabilidades fiscais e administrativas muito fortes. E porque não é patriótico. A gente não fará isso nunca.

Penso apenas o seguinte, na linha do que falou o Senador Arthur Virgílio, nosso Líder: o que não pode é o Presidente Lula, insistentemente, sobre esse tema, que tem características técnicas relevantes, que representa um problema de grandes proporções que surpreende a cada dia o mundo todo - que é muito maior do que o Presidente, maior do que o Brasil, foi maior do que o capitalismo até, uma imensa crise que produziu alguns bilhões e trilhões de dólares de prejuízo já -, porque seguramente vai afetar a aceleração dos negócios, já está afetando essa aceleração. Muita gente no Brasil - em todo lugar, mas no Brasil também - que tinha um pé no acelerador pisou no freio, ou pisou na embreagem, mas é rigorosamente provável que o ritmo dos negócios se reduza e com ele as taxas de crescimento econômico e até mesmo o emprego. Agora, o Presidente pode conversar com o PSDB com absoluta tranqüilidade, com seus líderes, especialmente aqui no Congresso, sobre as suas medidas provisórias para enfrentamento da crise. Mas o que o Presidente não deve é, num momento desses, como eu vi ontem, e vi outras vezes, fazer campanha política, no mau sentido, com uma crise dessas.

O discurso do Presidente ontem não é para enfrentar a crise; é para ter aplausos daqueles que o ouviam; é para dizer, entre outras coisas: “não pensem nesses que torcem no quanto pior melhor, ou nesse pessoal que quer puxar para baixo o Brasil ou que quer desacelerar o PAC”. Não somos nós que desaceleramos o PAC, é o Governo que não consegue implementá-lo. Do ponto de vista do Orçamento, 10% ou 12% do PAC foram realizados até agora. Isso não tem nada a ver com a oposição.

Agora mesmo, estou ouvindo falar que as emendas dos parlamentares subiram para R$10 milhões. Belo exemplo! Belo exemplo de quem está solidário com a contenção que o País todo tem de fazer é essa medida tomada pelos nossos companheiros parlamentares! Vamos ter mais dinheiro quando o Brasil tem muito menos dinheiro. Não me parece sensato. Depois, dizem que vão cortar as emendas de bancada, como se os responsáveis por desfechos negativos da crise no Brasil fossem as modestíssimas emendas parlamentares. Nada disso. Não é por aí. As dotações gerais dos Ministros, aquelas que não têm carimbo, que os Ministros usam como querem, para os amigos que eles querem prestigiar e favorecer, não foram cortadas. As que vêm do Executivo, do Governo, essas não foram cortadas. Estão sendo cortadas as possibilidades de parlamentares emendarem. As possibilidades de Ministros mandarem não estão cortadas. Continua o arbítrio lá, para favorecem a quem eles querem.

Nessa eleição, Sr. Presidente, enfrentamos o Bolsa-Família. É um grande argumento eleitoral do Governo. Aqui, entre nós, na minha área, no Nordeste, já conhecíamos o Bolsa-Família, mas o que não contávamos era com o tamanho das liberações de recursos do Orçamento para adversários, para instituições que nem públicas eram, na manipulação de campanhas políticas riquíssimas pelo Nordeste inteiro, e contra nós. O Orçamento transformou-se numa vergonhosa arma de articulação política. Não há noção de prioridade, não há noção de obra, não há noção de coisa nenhuma, e toda essa fantasia de que tem moralidade, de que estão tomando uma providência aqui, uma providência lá na frente, é uma fraude. Não tem nada disso. Esse sistema está todo viciado e, do ponto de vista do interesse nacional, está prejudicado. Continua uma farra não republicana com esses recursos públicos. E, neste mesmo momento, o Presidente da República vem acusar a oposição porque não fez nada até agora a não ser esperar por MPs e discuti-las, porque é da sua obrigação parlamentar.

Nós, da oposição, não estamos torcendo contra nada; agora, não vamos fazer aqui, nem aprovar, o que nós não aprovamos nem aceitamos, por várias razões que devem ser discutidas com a maior transparência possível.

Agora, o Presidente, que tem a responsabilidade superior pelo País, não ter neste momento uma palavra segura contra a crise, assumir ele próprio um pedaço dela e dizer que quer a ajuda de todos para resolvê-la... Esse é um discurso que não temos problema nenhum em darmos consistência a ele. Não é ficar dizendo: “Olha, não é assim, é lá no Bush!”. O Bush já foi embora. “Não; é no Atlântico, que não dava para atravessar! A crise não existe! Estão torcendo contra! Na oposição tem gente torcendo contra!”

Não tem nada disso. Ninguém está torcendo contra si próprio. O Presidente é que já está fazendo política com a crise. Ele quer ganhar quando não tem crise, e quer ganhar quando tem crise. Isso não dá; a gente não vai fazer, não vai dar fundamento a esse tipo de apropriação.

E uma palavra rápida, porque há tempos que eu não falo aqui no plenário e muito menos com o Presidente. Quero parabenizar suas medidas muito corajosas de enfrentamentos de defeitos da operação parlamentar, que o credenciaram muito neste final de ano - aliás, nesses últimos meses -, o seu discurso, que houve gente que não gostou, e outras medidas que tomou.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2008 - Página 44275