Discurso durante a 195ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Protesto pelo adiamento da audiência pública prevista para amanhã, na CAE, com o Ministro da Fazenda e o Presidente do Banco Central.

Autor
Antonio Carlos Júnior (DEM - Democratas/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Protesto pelo adiamento da audiência pública prevista para amanhã, na CAE, com o Ministro da Fazenda e o Presidente do Banco Central.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/2008 - Página 40975
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • PROTESTO, DESRESPEITO, SENADO, ADIAMENTO, AUDIENCIA PUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), DIFERENÇA, COMPARECIMENTO, CAMARA DOS DEPUTADOS, IMPORTANCIA, DEBATE, EFEITO, BRASIL, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, ESCLARECIMENTOS, PROVIDENCIA, PRESERVAÇÃO, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL.
  • COBRANÇA, PRESIDENTE, SENADO, PROVIDENCIA, OBJETIVO, DEBATE, CRISE, AUTORIDADE FEDERAL.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. ANTONIO CARLOS JÚNIOR (DEM - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, venho a esta tribuna, na condição de vice-Líder dos Democratas, para protestar!

Pela segunda vez, a Comissão de Assuntos Econômicos desta Casa adiou a audiência pública que teríamos com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Pelo que fui informado, o adiamento se deu, uma vez mais, por pedido do Ministro da Fazenda.

Ora, Sr. Presidente, o que impede o Ministro de comparecer a esta Casa e prestar esclarecimentos que são solicitados pelos Srs. Senadores?

O que dá, Srs. Senadores, direito ao Ministro de desrespeitar esta Casa?

Quanto mais não fosse, S. Exª certamente não poderia desconhecer a obrigação constitucional que tem de nos prestar esclarecimentos, sempre que entendermos necessário.

Na Câmara dos Deputados, a audiência não foi cancelada porque a oposição endureceu, e o Presidente Arlindo Chinaglia resolveu mantê-la. O Governo tentou derrubar a audiência também na Câmara dos Deputados. Só que lá a direção da Casa entrou e com o posicionamento da oposição ela manteve a audiência. Isso faltou aqui, infelizmente.

Essa audiência, Srs. Senadores, foi pedida, vejam só, pelo próprio Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Senador Aloizio Mercadante, que, ressalte-se, pertence ao Partido dos Trabalhadores, partido ao qual pertence também o Presidente da República. S. Exª apresentou o requerimento, juntamente, com os Senadores Pedro Simon e João Tenório.

Para os brasileiros que nos assistem, esclareço que a audiência, por duas vezes adiada pelo Sr. Guido Mantega, objetiva debater a crise financeira internacional e, principalmente, visa permitir ao Senado Federal conhecer e discutir as ações que o Governo Federal vem tomando para preservar, na medida do possível, a estabilidade da economia brasileira.

Sr. Presidente, essa insistência do Governo em não vir ao Senado Federal debater este assunto me permite crer que ele não tem nada a dizer ou teme pelo que pode ser dito.

Confesso que gostaria de saber o que pensam o Presidente Garibaldi Alves e o Senador Mercadante sobre este segundo adiamento.

Com relação ao Senador Mercadante, digo isso sem nenhuma intenção de provocá-lo, S. Exª me conhece, mas também porque conheço a sua história, sua independência e sei que S. Exª deve estar se sentindo, no mínimo, muito incomodado em, mais uma vez, assistir o Ministro da Fazenda e o Presidente do Banco Central, ambos integrantes do Governo que ele defende, menosprezar a Comissão que ele preside nesta Casa.

Pelo que pude apurar junto à Comissão de Assuntos Econômicos, o adiamento será sine die, imaginem , o que nos poupará, talvez, de novas procrastinações.

Assim, caso não fique para as calendas, espero que quando - e se - o Ministro Mantega se dignar atender a decisão da Casa e, afinal, comparecer à CAE, já não seja tarde demais.

Presidente Garibaldi Alves, como primeiro mandatário da Casa, faça valer a sua autoridade, para que possamos discutir essa grave crise, o mais rápido possível, porque o Congresso tem amplas condições de auxiliar o Governo a encontrar soluções. E nós somos legisladores, cabe a nós aprovar as medidas que vierem a ser submetidas pelo Executivo ou propor medidas também. Então, precisamos estar participando in loco dos debates , e não o Governo tentar esconder alguma coisa de nós.

Eu, de fato, estou indignado e receoso dos desdobramentos que esse episódio poderá trazer.

Por isso, quero alertar o Governo: já não bastassem as medidas provisórias, essas demonstrações de desprezo ao Legislativo, que membros do Governo Federal insistem em dar, apenas acirram ânimos e dificultam, mais à frente, que esforços comuns, reunindo Oposição e Governo, possam viabilizar a tomada de decisões vitais para o momento que vive o País e para o seu futuro.

Sr. Presidente, agradeço a V. Exª a oportunidade e, mais uma vez, repudio a falta de respeito com que esta Casa vem sendo tratada por este Governo.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/2008 - Página 40975