Discurso durante a 195ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 339 anos da cidade de Manaus, Amazonas, no próximo dia 24 de outubro.

Autor
Jefferson Praia (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: Jefferson Praia Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 339 anos da cidade de Manaus, Amazonas, no próximo dia 24 de outubro.
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/2008 - Página 40946
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), OPORTUNIDADE, HOMENAGEM POSTUMA, JEFFERSON PERES, SENADOR, ELOGIO, LUTA, VALORIZAÇÃO, CIDADE, RESTAURAÇÃO, PATRIMONIO HISTORICO.
  • ELOGIO, RECURSOS NATURAIS, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, POLO INDUSTRIAL, CONTRIBUIÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, EXPECTATIVA, MELHORIA, CONDIÇÕES SANITARIAS, QUALIDADE DE VIDA, RECUPERAÇÃO, POLUIÇÃO, ARBORIZAÇÃO, ZONA URBANA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Manaus, capital do Estado do Amazonas, está fazendo aniversário no próximo dia 24, quando completará 339 anos. E eu não poderia, Sr. Presidente, deixar de, neste momento, destacar essa data importante para minha cidade.

Todos nós, Sr. Presidente, gostamos dos nossos Estados, amamos as nossas cidades, principalmente a nossa cidade natal, e eu gostaria de, nesta data, falar um pouco da minha cidade, principalmente do povo que está lá em Manaus e do que se passa na minha vida quando me distancio um pouco de Manaus. Sr. Presidente, para V. Exª ter uma idéia, todas as vezes que saio de Manaus a caminho de Brasília ou de outra cidade, já passo a sentir um forte aperto no coração, passo a sentir saudade, da minha família, dos meus amigos e da minha querida Manaus.

Manaus é uma cidade que amo muito, Sr. Presidente, e, quando falo de amor por Manaus, não posso esquecer de um amigo que tive e que todos nós desta Casa conhecemos muito bem, o nosso saudoso e grande Senador pelo Estado do Amazonas Jefferson Péres.

O Senador Jefferson Péres, Sr. Presidente, amava Manaus, era louco por Manaus, principalmente pela Manaus antiga, pela Manaus da infância que ele teve, pela Manaus da juventude, pela Manaus que ele curtiu tanto, principalmente quando conheceu a sua esposa, D. Marlidice, pela Manaus por que lutou - percebemos isso na história do Senador Jefferson Péres - e pela Manaus que ele sempre teve na sua mente, nas suas ações, de dar atenção aos monumentos históricos. Refiro-me à luta que o grande Senador Jefferson Péres teve em relação à restauração dos monumentos históricos da nossa cidade.

Sr. Presidente, quando chegamos a Manaus - não sei se V. Exª já teve oportunidade de ir àquela cidade -, percebemos, no aeroporto, na mata que está um pouco perto, as árvores, Sr. Presidente, que parece estar batendo palmas para os visitantes. Parece, Sr. Presidente, que as folhas, ao encontrarem umas com as outras, estão homenageando, meu querido Senador Geraldo Mesquita, o visitante, aquele que está chegando lá na Amazônia, lá na nossa querida Manaus.

Manaus, portanto, é uma cidade acolhedora, é uma cidade que tem, na verdade, uma das coisas lindíssimas, que é o encontro de três rios. De um lado, o rio Negro, um rio antigo, um rio de águas escuras, um rio que tem praias maravilhosas. Por outro lado, há o rio Solimões, um rio de água barrenta, um rio com sedimentos, com o fenômeno de terras caídas, que tem várzeas maravilhosas, férteis, que poderão contribuir muito para a produção de alimentos.

Quando esses dois rios se encontram, eles formam, quase na frente de Manaus, bem na frente de Manaus, melhor dizendo, o grandioso rio Amazonas. E Manaus cheira a rio, cheira a floresta.

Com muito prazer ouço V. Exª, Senador Geraldo Mesquita.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Jefferson Praia, o prazer é nosso de ouvi-lo exaltando sua cidade. Uma coisa bonita! E de forma poética, inclusive.

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Obrigado.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - A imagem que V. Exª constrói de que, quando o visitante chega a Manaus, as árvores se embalam, como que aplaudindo as pessoas... Eu tenho certeza absoluta de que foi por razões como essa que meu irmão mais velho, José Henrique, acabou se fixando em Manaus, há muitos anos. Ele casou com Fátima, filha de um amazonense ilustre, o Sr. Zeca Rabelo, uma família grande. Passou aqui por Brasília algum tempo e se radicou em Manaus. Foi professor de matemática da Universidade Federal da Amazônia. Conviveu muito com o saudoso Senador Jefferson Péres. Tem lá filhos e netos lindos, maravilhosos. Adora Manaus. E Manaus, Senador Jefferson, para mim, que sou do Acre, é como se a gente estivesse falando propriamente da nossa casa. Há uma simbiose. Há uma ligação. Há uma identidade muito grande de nós, acreanos, com Manaus, com o povo de Manaus. E V. Exª tem razão mesmo. É um povo muito acolhedor, um povo alegre, um povo trabalhador, de modo que me causa muita alegria ouvi-lo, exaltando sua cidade com satisfação, com emoção inclusive. Daqui me associo às suas palavras e envio meus cumprimentos, a minha saudação ao bravo povo de Manaus, estendo também ao bravo povo do Amazonas, por intermédio dessa familiazinha que faz parte da minha grande família, meu irmão José Henrique, minha cunhada Fátima, a filharada, os netos, coisa mais linda do mundo. Parabéns, Senador, pelo amor que V. Exª tem à sua cidade! É assim mesmo. A nossa cidade é a nossa casa e a nossa grande família. Parabéns!

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Muito obrigado, Senador Geraldo Mesquita, pela percepção de V. Exª quanto ao amor que temos pela nossa terra natal. V. Exª, com certeza, tem o mesmo sentimento pela sua terra natal. V. Exª abordou a questão do seu irmão que, quando chegou a Manaus, ao Estado do Amazonas, chegou para ficar. Lá, nós dizemos o seguinte, Senador Geraldo Mesquita: “Quando você chega aqui e come jaraqui, você vai ficar por aqui, construir a sua família. “

Um povo maravilhoso, como V. Exª acabou de dizer, o amazonense, o manauara é tão acolhedor, gosta tanto das pessoas que chegam para visitar que, sem exageros, Senador Geraldo Mesquita, é capaz de carregar no colo o visitante e proporcionar-lhe a melhor rede que tem.

É assim aquele povo maravilhoso; é assim aquele povo corajoso, como V. Exª disse. E quando vejo o trabalhador e corajoso, lembro-me do índio guerreiro Ajuricaba. É assim o nosso povo. É por isso que, a cada dia em que conheço um pouco mais a realidade do nosso grandioso Brasil - e aqui, nesta Casa, aprendemos muito, quando percebemos cada um falando um pouco de sua realidade -, passo a amar este País com muito mais fervor e passo a amar muito mais a Amazônia, porque percebo as coisas fantásticas que temos lá.

Senador Romeu Tuma, é um prazer ouvi-lo.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Senador Jefferson Praia, eu estava ouvindo V. Exª falar da nossa Amazônia e ouvi o aparte do nosso Senador, que também pertence a um Estado dentro da Amazônia Legal. Eu sou paulista, amo meu Estado, amo a minha paulicéia por tudo que ela já mostrou ao Brasil: sua capacidade de trabalho, de investimentos e de liderança. Mas aqui no coração tem um pouquinho do Amazonas.

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Já percebi isso, Senador.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - A Amazônia é algo diferente na alma do brasileiro. Um dia, convidaram-me para participar de um comício, atravessando o rio, numa cidade que tinha um número razoável de habitantes, mais de cem mil. Todos pensam que a Amazônia só tem a floresta, ou encontra caboclo ou índio, mas não encontra os cidadãos que constroem. Lá tem prédios, produção, indústria, tudo - cidade turística dentro da região amazônica, dentro quase de Manaus. Para chegar lá, atravessa o rio, depois anda uma hora de carro. Fiquei surpreso com a grandiosidade e com a amabilidade da população. Era eleição para prefeito, da outra eleição, e o partido pediu para eu ir lá, porque disseram que eu tinha um pouco de prestígio na Amazônia. Fui e, em cima de um caminhão, fizemos o discurso. Mas houve uma coisa tão dentro da minha alma que eu pedi licença para tirar o sapato e a meia para pisar o solo amazonense e misturar o suor que eu sentia naquele calor com aquela terra. Provavelmente, meu sangue captaria um pouco do Amazonas e eu poderia me sentir um cidadão daquela região. Então, isso ficou na minha alma, no meu conceito. Sou um lutador. Aqui, a todos que brigam pela Amazônia, eu quero somar. Acho que os senhores são testemunhas disso.

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Isso é verdade. Já percebemos isso.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Por quê? Porque eu aprendi, há alguns anos, quando instalaram a Zona Franca de Manaus, que as indústrias primeiro tiveram de preparar o povo amazonense para ter a tecnologia que têm hoje para trabalhar e produzir produtos de alta qualidade. Então, ensinaram a comer e uma série de fatores que os caboclos ainda não tinham conseguido dentro da civilização. Não é crítica; era o abandono que o Amazonas tinha dos governantes. E as indústrias, ao se instalarem, lá tiveram o primeiro objetivo: dar tecnologia, condições de vida e ensinar o procedimento da vida em coletividade. Então, hoje, não dá para fazer nenhum tipo de crítica ao amazonense por qualquer razão, porque, atualmente, dentro da Zona Franca, eles têm o direito de exigir a prioridade na fabricação de produtos que aprenderam: do parafuso à sua conclusão. Sei do que V. Exª está falando. Adoro! Acho que tem gente que, espiritualmente, Senador Mão Santa, toma banho de mar do dia 31 para o dia 1º, para descarregar o mau-olhado. Sou cristão, sou católico, vivo na igreja e faço as minhas orações. Todo ano, vou ao rio Negro tomar um banho para sentir-me feliz e tem efeito, para mim, aquela água aquecida, da cor do guaraná, com aquelas praias bonitas que, de vez em quando, surgem com a queda da maré. Então, é um desejo enorme. Ainda neste ano, já pedi duas vezes que quero ir ao Amazonas e marcar a data para subir, de barco, aquele rio Negro, parar numa ilha daquelas e tomar o meu banho para poder me sentir feliz. Cumprimento V. Exª.

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Eu que agradeço.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Pode ter certeza de que aqui está um correligionário permanente do seu Estado.

O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Muito obrigado.

V. Exª não sabe o quanto me deixou emocionado com o depoimento que acabou de fazer. Já percebi aqui, nesta Casa, que V. Exª é um dos brasileiros que queremos ter. Embora paulista de coração e brasileiro acima de tudo, é claro, V. Exª tem também na sua alma a Amazônia e já percebeu aquela região fantástica.

V. Exª coloca a questão do pólo industrial de Manaus; e hoje estou aqui para homenagear a minha cidade, que fará, no dia 24, sexta-feira, 339 anos. V. Exª destaca o pólo industrial, e sabemos que hoje temos uma mão-de-obra altamente qualificada. É a mão-de-obra, Senador Mão Santa, do pólo industrial de Manaus. Mais de 500 empresas, mais de 100 mil empregos diretos, 400 mil empregos indiretos, um faturamento acima de US$25 bilhões.

Portanto, é uma economia que tem contribuído com a Amazônia. Aquele pólo tem contribuído, Senador Tuma, com a preservação ambiental. Se formos perceber por que razão o Estado do Amazonas tem o menor percentual de desmatamento em relação aos demais Estados da Amazônia Ocidental - vamos pegar, como exemplo, os da Amazônia Ocidental -, é por termos, Senador Mão Santa, o pólo industrial de Manaus. Desse modo, o pólo industrial de Manaus está garantindo a floresta em pé no Estado do Amazonas. Olhem a nossa responsabilidade para o fortalecimento daquele pólo, para fazer com que ele seja sustentável e possa, cada vez mais, participar da economia brasileira e mundial.

Sr. Presidente, Manaus é uma cidade formada por pessoas do seu Estado. Há muitos piauienses lá. Manaus é formada por pessoas como eu, que sou de lá - nasci em Manaus -, por pessoas que vieram do interior do Estado, deslocaram-se de outros municípios para a capital, e por pessoas de outros Estados, piauienses, cearenses principalmente, maranhenses, paraenses, acreanos, Senador Geraldo Mesquita, paulistanos, pessoas que vieram do Paraná e de outros Estados, todos hoje contribuindo com a economia da nossa cidade e com a economia do Estado do Amazonas. Essas pessoas hoje representam, juntamente com o nosso querido povo daquela região, a alma da nossa cidade.

Mas, Sr. Presidente, antes de concluir, gostaria aqui, e nunca me reportei a esta questão, de externar o meu sonho para Manaus. Tenho um sonho para aquela cidade, Sr. Presidente. Gostaria de ver, um dia, Manaus muito mais verde do que ela é: Manaus, a cidade do verde. Gostaria também de ver todas as cidades da Amazônia, e quem sabe até todas as cidades brasileiras, mas da Amazônia principalmente. Quero ver Manaus cheirando mais a verde, cheirando, como dizem os nossos amigos do grupo Raízes Caboclas, um grupo musical muito bom da nossa terra, cheirando à terra molhada, Sr. Presidente, cheirando à mata molhada. Quando você entra na mata, você sente aquele cheiro gostoso do ar puro, sente o cheiro diferente, que é o cheiro da Amazônia. Eu quero Manaus cheirando dessa forma, cheirando aos rios maravilhosos que tem.

Eu quero Manaus, Sr. Presidente, onde as crianças, os jovens e os adultos também estudem mais a Amazônia, aprendam mais sobre a Amazônia para poder conhecê-la, defendê-la e aproveitá-la da melhor forma possível.

Eu quero uma cidade, Sr. Presidente, que possa ter seus igarapés recuperados para que possamos um dia, quem sabe, tomar banho naqueles igarapés que são, na verdade, lindos igarapés, mas que hoje não estão em uma situação adequada, mas que, no futuro, estarão em condições de ser contemplados e aproveitados por nós como no passado.

Mas, Sr. Presidente, acima de tudo, queremos a qualidade de vida da nossa gente; uma melhor qualidade de vida para o manauara, lutamos por isso, uma melhor qualidade de vida para eles e atenção ao meio ambiente, para tornarmos Manaus uma das grandes capitais, como ela é, da Amazônia, mas sinônimo do verde, sinônimo do meio ambiente, sinônimo de qualidade de vida.

Esse trabalho já começou um pouco. Manaus hoje, pelo menos nos últimos três anos e pouco, começa a encontrar um caminho adequado, e gostaria que continuasse esse caminho.

Para finalizar, Sr. Presidente, agradecendo a atenção de V. Exª e dos demais Senadores que estão aqui, gostaria de dar um abraço a todos os manauaras, a todos os irmãos e irmãs da nossa cidade e de lhes dizer que estamos aqui para lutar por uma cidade e um Estado cada vez melhores e, é claro, dentro de um contexto nacional de fazermos com que o Brasil seja um grande País, com boa qualidade de vida e com respeito ao meio ambiente.

Portanto, são 339 anos, uma história que a cada dia avança no sentido de fazer com que aquela cidade no meio da Amazônia possa se tornar uma referência nacional e mundial.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/2008 - Página 40946