Discurso durante a 213ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre reivindicação para a instalação, pela Petrobrás, de uma fábrica de fertilizantes em área próxima à unidade de tratamento de gás de Cacimbas, na região Norte do Espírito Santo.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL. POLITICA AGRICOLA.:
  • Considerações sobre reivindicação para a instalação, pela Petrobrás, de uma fábrica de fertilizantes em área próxima à unidade de tratamento de gás de Cacimbas, na região Norte do Espírito Santo.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2008 - Página 45677
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • REGISTRO, REUNIÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, GOVERNADOR, RECEBIMENTO, APOIO, INSTALAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), INDUSTRIA, FERTILIZANTE, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), APROVEITAMENTO, PROXIMIDADE, EXPLORAÇÃO, GAS NATURAL, IMPORTANCIA, ATENDIMENTO, AGRICULTURA, EXPORTAÇÃO, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, SUPERIORIDADE, DESPESA, IMPORTAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, MATERIA-PRIMA, POTASSIO, EFEITO, AUMENTO, PREÇO, ALIMENTOS, PERCENTAGEM, PARTICIPAÇÃO, CUSTO DE PRODUÇÃO, EXPECTATIVA, REDUÇÃO, DEPENDENCIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em audiência recente com a Ministra Dilma Rousseff, o Governador Paulo Hartung recebeu apoio para uma reivindicação que é de extrema importância para o futuro do agronegócio brasileiro. Trata-se da instalação, pela Petrobras, de uma fábrica de fertilizantes em área próxima à unidade de tratamento de gás de Cacimbas, na região norte do Espírito Santo.

            O Estado é candidato natural a sediar uma unidade de produção de fertilizantes. Está a caminho de se tornar o maior supridor de gás natural para o mercado brasileiro, e é do gás que se extraem dois dos principais insumos utilizados na fabricação de fertilizantes, a uréia e o nitrato de amônia. A produção atual de gás do Espírito Santo, de 8 milhões de metros cúbicos por dia, deve subir para 20 milhões de metros cúbicos diários daqui a 2 anos. Deverá ser ainda maior nos anos seguintes, devido a descobertas recentes de novas jazidas. Além disso, o território capixaba tem uma boa estrutura logística, com malha rodoferroviária e complexo portuário, o que permite escoar a produção com facilidade.

Os fertilizantes são um item estratégico para o Brasil. Importamos quase 70% do que consumimos, entre outras razões porque alguns dos ingredientes para sua produção são escassos e de difícil extração. Em 2007, por exemplo, 91% do potássio, usado com fosfato e nitrogênio na fabricação de fertilizante, foram importados. Somos o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, mas nossa produção é insignificante.

O Governo federal acredita que, em 10 anos, o País estará gastando US$15 bilhões anuais com fertilizantes. O saldo da balança comercial do agronegócio vai atingir US$18 bilhões no ano que vem. Como admite o próprio Ministério da Agricultura, vamos gastar o saldo com fertilizante, se não encontrarmos novas fontes de produção interna. Temos, por exemplo, grandes jazidas de silvinita, mineral do qual se extrai o cloreto de potássio, descobertas pela Petrobras na década de 1980, em Nova Olinda do Norte, no Amazonas, e até agora inexploradas.

Vivemos uma crise mundial de alimentos. Eles estão mais caros em todas as regiões do planeta, devido ao aumento da demanda e à alta nos preços dos insumos. O Brasil, é claro, não escapa a essa tendência. Nossa agricultura está em expansão há pelo menos três anos, graças a esse crescimento da demanda. É ele também que impulsiona o crescente consumo de fertilizantes.

E são os fertilizantes que permitem maior produtividade, sem grande crescimento da área plantada. Os agricultores brasileiros consumiram mais de 20 milhões de toneladas em 2005, 21 milhões de toneladas em 2006 e 24 milhões e 600 mil toneladas em 2007. Nos três primeiros meses de 2008, o consumo já apresentou um crescimento de praticamente 18% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior.

Nossa produção de fertilizantes, entretanto, não acompanha essa taxa de crescimento do consumo. Produzimos 8 milhões e 500 mil toneladas em 2005 e, no ano passado, chegamos a 9 milhões e 800 mil toneladas. A diferença tem que ser coberta por importações, que atingiram 17 milhões e 500 mil toneladas em 2007.

A procura crescente faz os preços subirem. De acordo com um levantamento da Fundação Getúlio Vargas, de fevereiro deste ano, em 12 meses houve altas de mais de 70%, como é o caso dos superfosfatos simples, e de mais de 54% no preço dos adubos compostos. Em média, o grupo de produtos agrupados na categoria de fertilizantes teve alta de 41,32%.

Os fertilizantes têm uma participação significativa nos custos de produção da agricultura. No cultivo de milho, respondem por 23% dos custos e, no de soja, por 13%. De 1996 até este ano, a demanda por fertilizantes nos países em desenvolvimento aumentou em 56%. A média mundial no mesmo período foi de 31%.

Não é de espantar, assim, que os preços tenham disparado. O custo do fosfato de amônia num terminal em Tampa, na Flórida, passou de US$393.00 a tonelada em 2007 para US$1.102.00 a tonelada este ano. A uréia subiu de US$273.00 a tonelada no ano passado para US$505.00 a tonelada em 2008. Em algumas regiões dos Estados Unidos, os agricultores voltaram a usar esterco como adubo, diante da escassez e do alto preço dos fertilizantes.

O Governo Federal está à procura de alternativas que permitam o aumento da produção de fertilizantes. O Espírito Santo pode oferecer uma importante contribuição. Por suas condições, que incluem das jazidas de gás à infra-estrutura logística adequada, é a principal opção para sediar uma fábrica que reduzirá nossa dependência das importações de um insumo essencial para a agricultura brasileira.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2008 - Página 45677