Pronunciamento de Osmar Dias em 12/11/2008
Discurso durante a 212ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Questionamento sobre o preço do óleo diesel. (como Líder)
- Autor
- Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
- Nome completo: Osmar Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA ENERGETICA.:
- Questionamento sobre o preço do óleo diesel. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/11/2008 - Página 45011
- Assunto
- Outros > POLITICA ENERGETICA.
- Indexação
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- REGISTRO, PEDIDO, POPULAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, REDUÇÃO, PREÇO, BARRIL, PETROLEO, AUSENCIA, EFEITO, OLEO DIESEL, COMBUSTIVEL, MERCADO INTERNO, QUESTIONAMENTO, ORADOR, RETENÇÃO, LUCRO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), COBRANÇA, REPASSE, CONSUMIDOR, PRODUTOR, INDUSTRIA, PRODUTOR RURAL.
- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, GAZETA MERCANTIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DADOS, SUPERIORIDADE, LUCRO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), EMPRESA DE MINERAÇÃO, BANCOS, QUESTIONAMENTO, ORADOR, CONCENTRAÇÃO DE RENDA, SUGESTÃO, PERCENTAGEM, REDUÇÃO, PREÇO, OLEO DIESEL, GASOLINA, EFEITO, CIRCULAÇÃO, ECONOMIA, RETIRADA, ONUS, CLASSE PRODUTORA, COBRANÇA, PROVIDENCIA, GOVERNO.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do Orador.) - Sr. Presidente, Senador Cafeteira; Srªs e Srs. Senadores; Senador Mão Santa, já está aceito o convite para ser Ministro, mas, enquanto isso, pretendo continuar no Senado e hoje fazer aqui uma reflexão sobre um assunto em relação ao qual as pessoas têm me perguntado. Por onde ando no Paraná, há sempre essa interrogação.
Há três meses, Senador Mão Santa, o barril de petróleo custava US$144. Vou cotar a R$1,65 o dólar naquela época: era de R$237,00 o preço do barril de petróleo. Hoje, o preço do barril de petróleo chegou a US$53, ou seja, de US$144 caiu para US$53. Se multiplicarmos US$53 por R$2,20, que é a cotação média de hoje, dará R$116,00 o preço do barril de petróleo. A diferença em reais de três meses para cá é de R$121,00. O preço do barril de petróleo reduziu 51% em relação ao que era. Hoje, o valor do barril de petróleo, em outras palavras, é igual a 49% do que era há três meses. Isso é calculado em reais, que é nossa moeda.
Então, a pergunta que me fazem, à qual não sei responder - não sei se há alguém que saiba responder, mas eu não sei responder -, é a seguinte: por que o óleo diesel continua com o mesmo preço de três meses atrás? O preço é de R$2,05 ou de R$2,10 em alguns lugares. A gasolina, em média, custa R$2,60 ou R$2,50; e o álcool, R$1,90. Se o petróleo teve uma redução de preço de 51% - ou seja, vale hoje 49% do que valia três meses atrás -, com quem está ficando essa exorbitância, essa imensidão de dinheiro que é a diferença entre o que se pagava pelo petróleo para fazer o óleo diesel, para fazer a gasolina, e aquilo que se paga hoje?
É preciso entender que, para produzir alimentos, para a indústria girar, gasta-se óleo diesel. É o trator, é o caminhão, é o frete, cada vez mais significativo no custo de produção de todas as commodities e, inclusive, da própria indústria, porque, quando se coloca o produto no caminhão para se chegar ao porto, esse caminhão está usando óleo diesel. Enfim, as máquinas utilizam óleo diesel.
O que estamos vendo, Sr. Presidente, é que não houve redução alguma do preço do combustível. Aí fui buscar uma reportagem de hoje: “Petrobras tem lucro recorde na história”. É claro, não dá outra: alguém está ficando com esse lucro imenso. O consumidor, o produtor, a indústria e o produtor rural estão pagando.
Segundo matéria de hoje da Gazeta Mercantil, o Diretor Financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que o lucro líquido da Petrobras deste ano é de R$26,5 bilhões - repito: o valor de R$26,5 bilhões é o lucro líquido -, um crescimento de 61% em relação ao mesmo período de 2007. Sr. Presidente, não é demais, com uma inflação que beira 5%, 6%, a Petrobras ter lucro de 61% acima daquilo que obteve no ano passado? Não estamos naquele tempo de inflação de 90%, de 80%, que consumia praticamente o salário, consumia o lucro da empresa, consumia tudo e não permitia sequer que tivéssemos noção do que valiam as mercadorias, as coisas. Hoje, não! Hoje, a economia está estabilizada, graças ao real.
Uma lista, nessa mesma reportagem, mostra os três segmentos que estão ficando com boa parte do crescimento da renda nacional: em primeiro lugar, está a Petrobrás, e, depois, vêm as mineradoras e os bancos. Verificamos que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro está calçado nessas três atividades econômicas. Vale a pena trabalhar com petróleo, vale a pena trabalhar com minérios, vale a pena trabalhar com dinheiro, que, evidentemente, é o produto do banco.
Sr. Presidente, isso não está correto. Isso, sim, é uma concentração de renda imensa! O Governo brasileiro deveria responder a essa análise feita pelo Almir Barbassa, no sentido de que não dá para baixar o preço dos combustíveis. Ele disse o seguinte: “O preço com que vendemos o combustível três ou quatro meses atrás estava aquém daquele obtido no mercado internacional”. Hoje, está acima, mas, olhando a equação para esse câmbio, não há assim tanta diferença. Estamos próximos do equilíbrio. Aí ele responde, dizendo que não dá para diminuir o preço do óleo diesel, da gasolina. Sabe por que ele diz isso, Sr. Presidente? Porque eles apenas corrigiram o preço que estava defasado. Ah, bom, corrigiram o preço que estava defasado, mas o lucro da Petrobras foi de R$26 bilhões em três trimestres do ano! Se dividirmos R$26 bilhões por três, serão R$8,5 bilhões, quase R$9 bilhões por trimestre. Então, serão mais R$9 bilhões pela frente. Assim, serão R$35 bilhões de lucro que a Petrobras vai ter neste ano. Será que a Petrobras não está cobrando muito caro das distribuidoras, e estas, dos postos, e os postos, do consumidor? Será que esse lucro todo não poderia ser dividido entre a sociedade brasileira?
É claro que lutamos aqui - e vamos continuar lutando -, para que a Petrobras continue sendo uma empresa estatal, mas é preciso olhar para os interesses econômicos e sociais do País. No momento em que o mundo está em crise, seria muito importante - peço mais um minuto para concluir, Sr. Presidente, com a tolerância de V. Exª - que o Governo brasileiro, por meio da estatal Petrobras, tomasse uma atitude corajosa, ousada. E vou dizer: se reduzisse o preço só do óleo diesel em 20%, teríamos a garantia de que o PIB cresceria pelo menos 1% a mais, porque rodaria a economia, tiraria um enorme peso do custo de produção, que já tem a carga tributária como outra carga pesada para carregar.
Então, estou aqui sugerindo à Petrobras e ao próprio Governo brasileiro que analisem essa proposta, reduzam o preço dos combustíveis - óleo diesel, gasolina -, tirando impostos ou, pura e simplesmente, reduzindo o preço, porque, com isso, haverá, sim, maior crescimento econômico, mais renda, mais empregos.
Não dá, Presidente! Não sei responder à pergunta por que não baixou o preço dos combustíveis. O Governo brasileiro deveria responder a essa pergunta, que V. Exª se deve fazer também todos os dias, que todos fazemos. É impressionante: preço do petróleo desaba de US$144 o barril para US$53 o barril, e o preço do óleo diesel é o mesmo, o da gasolina é o mesmo, o do álcool é o mesmo. Parece que todo mundo está feliz com isso, mas não está, não. A sociedade brasileira reclama.
Este é o momento. Se o Governo brasileiro quiser, realmente, contribuir para combater a crise, não poderá continuar falando só em dar crédito. Só o crédito não vai resolver. É preciso fazer com que a economia rode, com que as empresas produzam, com que o setor produtivo prospere. E, para isso, essa é uma medida que deveria ser adotada agora, com a coragem do Governo, o que não estou vendo neste momento, principalmente depois dessa entrevista do diretor financeiro da Petrobras, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
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