Discurso durante a 212ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o agronegócio no Brasil.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Considerações sobre o agronegócio no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/2008 - Página 45531
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • ELOGIO, AGRICULTURA, EXPORTAÇÃO, BRASIL, PREVISÃO, ESPECIALISTA, INFERIORIDADE, DANOS, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, PRESERVAÇÃO, SETOR, REGISTRO, DADOS, LIBERAÇÃO, CREDITO AGRICOLA, ANALISE, ALTERAÇÃO, CAMBIO, DOLAR, COMPENSAÇÃO, REDUÇÃO, PREÇO, PRODUTO IN NATURA, ANUNCIO, SUPERIORIDADE, SAFRA, PRODUTIVIDADE.
  • ELOGIO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, AUSENCIA, INCENTIVO, CAPITAL ESPECULATIVO, CONTROLE, INFLAÇÃO, SUPERAVIT, AJUSTE FISCAL, DIFERENÇA, ECONOMIA, PRIMEIRO MUNDO.
  • ELOGIO, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, BRASIL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr.Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o agronegócio do Brasil é um dos mais modernos e competitivos do mundo. De acordo com inúmeros analistas, a crise do sistema financeiro internacional não causará danos significativos à nossa colheita e às nossas exportações de produtos agropecuários neste ano de 2008. É importante destacar que o Governo se preparou muito bem para equilibrar a economia em um momento como este. Teve a capacidade de reservar recursos suficientes para permitir o recorde da produção agrícola e se antecipar às conseqüências negativas da retração da oferta de crédito. Por fim, assegurou que não faltará dinheiro para garantir o bom desempenho do setor.

           Aliás, é consenso nas hostes governamentais que a agricultura, a indústria e a habitação são prioridades e para essas áreas não haverá falta de financiamento. Vale lembrar que, no início do mês de outubro, o Governo anunciou a liberação de 5 bilhões de reais para atender o crédito rural e combater a escassez de financiamentos. As instituições bancárias brasileiras, que não foram afetadas pela crise, como suas congêneres nos Estados Unidos e na Europa, tudo farão para que os recursos cheguem tranquilamente ao produtor. Portanto, com o crédito assegurado, boa parte dos problemas temidos pela agricultura não se apresentará nesta conjuntura extremamente difícil para a economia mundial. Por outro lado, segundo os próprios produtores rurais, no que se refere às exportações do agronegócio, a alta do dólar certamente compensará a queda dos preços das commodities no mercado internacional.

           Obviamente, não seria correto dizer, nos dias de hoje, que o Brasil navega em águas tranqüilas e está totalmente imune a todas as turbulências que estão ocorrendo na economia mundial. Não podemos nos esquecer de que o sistema econômico é globalizado e qualquer desgaste que se verifique em uma peça da engrenagem afeta todo o resto da máquina. Todavia, a grande diferença que existe é que uns serão mais prejudicados do que outros. O nosso caso, por exemplo, é completamente diferente do que está ocorrendo nos Estados Unidos e na Europa que, antes da crise, viviam no mundo da fantasia, do desperdício e da especulação.

           Desde o início do Governo Lula, os fundamentos da política econômica adotados demonstraram, na prática, que não havia lugar no Brasil para o desperdício e para jogatinas nos mercados voláteis. A palavra de ordem sempre foi manter o controle da inflação, cumprir com as metas do superávit primário e com o equilíbrio das contas internas e externas. Assim, nesses quase oito anos, o Governo não se descuidou dos mínimos detalhes e por isso estamos fora do cenário catastrófico que atinge em cheio os chamados países ricos. Eles já estão em recessão, já estão sofrendo com o desemprego, com o fechamento de empresas e com a queda da produção. Em contrapartida, aqui no Brasil, não temos recessão e vamos continuar crescendo. Talvez em ritmo menor nos próximos anos, mas, certamente, nada que prejudique o futuro do País ou comprometa as conquistas dos últimos anos.

           Nobres Senadoras e Senadores, a safra agrícola brasileira de 2008 será a maior da história. A colheita será 9,2% superior à do ano passado, em uma área de 47 milhões e 400 mil hectares, que aumentou apenas 4,4% em relação a 2007. Isso significa claramente que tivemos o apoio necessário do Governo para plantar e avançamos significativamente em ganhos de produtividade. Deveremos colher cerca de 144 milhões de toneladas de grãos, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número poderá ser um pouco maior, 145 milhões de toneladas.

           O IBGE analisou o comportamento de 25 produtos mais importantes e constatou que 19 deles apresentaram variação positiva em relação a 2007. Entre esses podemos citar: amendoim em casca, arroz em casca, aveia em grão, batata-inglesa, cacau em amêndoa, café em grão, cana-de-açúcar, feijão em grão, laranja, mamona em baga, milho em grão, soja em grão, sorgo em grão e trigo em grão. A Conab adianta que, até o final do ano, o Brasil deverá vender ao exterior, cerca de 52 milhões de toneladas de milho, soja, feijão e algodão. De janeiro a julho passado, os embarques desses produtos e seus derivados renderam cerca de 13 bilhões e 300 milhões de dólares. Nesse mesmo período, as transações do agronegócio renderam mais de 40 bilhões de dólares para a nossa balança comercial.

           Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não podemos deixar de reconhecer que o “agribuiness” brasileiro já consolidou posição de destaque em todo o mundo. Inegavelmente, graças à capacidade empreendedora do produtor brasileiro e aos esforços do Governo, chegamos ao Primeiro Mundo em matéria de produção, de qualidade, de produtividade, de eficiência e de pesquisas avançadas em toda a área agrícola. Somos imbatíveis como exportadores de café, açúcar, álcool, soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro. Muito em breve, em menos de uma década, deveremos assumir a liderança mundial na produção de algodão e biocombustíveis.

           Além de toda essa riqueza que produzimos todo ano no campo, temos uma população de cerca de 190 milhões de habitantes e um enorme mercado consumidor, um dos maiores do mundo. Nenhum outro país teve um crescimento agrícola tão grande quanto o Brasil nesses últimos 20 anos. Ao mesmo tempo, nenhum outro dispõe de um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta. Daí, nossa vocação natural para o agronegócio e para todas as transações relacionadas à sua cadeia produtiva.

           Então, Sr. Presidente, só podemos concluir, e sem sermos ufanistas, que somos um País privilegiado por Deus em matéria de condições para a agricultura, e que estamos fazendo a nossa parte no sentido de aproveitar esses recursos naturais em benefício do progresso e do bem estar de todo o povo brasileiro.

           Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.

           Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/2008 - Página 45531