Pronunciamento de Gerson Camata em 14/11/2008
Discurso durante a 214ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Considerações sobre a ameaça de inflação decorrente da crise financeira mundial.
- Autor
- Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
- Nome completo: Gerson Camata
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
- Considerações sobre a ameaça de inflação decorrente da crise financeira mundial.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/11/2008 - Página 45725
- Assunto
- Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
- Indexação
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- APRESENTAÇÃO, DADOS, INFLAÇÃO, PREÇO, PETROLEO, EXPORTAÇÃO, PRODUTO IN NATURA, AVALIAÇÃO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, COMENTARIO, PROVIDENCIA, GOVERNO ESTRANGEIRO, AMERICA LATINA, CONGELAMENTO, VALOR, ALIMENTOS, PRAZO, ANO, ANALISE, HISTORIA, BRASIL, INEFICACIA, UTILIZAÇÃO, INSTRUMENTO, DEFESA, MOBILIZAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, INCENTIVO, PRODUÇÃO.
| SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o preço do petróleo entrou num ciclo de alta irracional, rumo aos US$150.00 o barril. As cotações das commodities agrícolas e não-agrícolas dispararam nos mercados mundiais. O mundo está diante de um cenário em que a inflação aumenta a cada dia. Aqui, andamos perto dos 6% anuais, um índice ainda baixo, se comparado com a média das demais economias em desenvolvimento, que está por volta dos 8%. Mas nem por isso menos preocupante.
Entre os países desenvolvidos, os índices também estão acima do recomendável. Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor registrou 4,2% no acumulado dos últimos 12 meses. Na Zona do Euro, a inflação subiu para 3,7% em 12 meses, e a variação no Reino Unido passou para 3,3% no mesmo período.
Para tentar segurar a inflação, México e Uruguai decidiram adotar políticas de congelamento de preços. No México, onde a inflação está em 4,95%, quase dois pontos acima da meta, 150 alimentos ficarão com os preços estáveis até o final do ano. O Uruguai, por sua vez, congelou os preços de três cortes de carne bovina, reduziu os percentuais de aumento dos demais e pretende negociar outras baixas nos preços dos alimentos.
A tentação é grande, e muitos governos sucumbem a ela. O Brasil já assistiu a esse filme em várias ocasiões, e sabe muito bem qual é o enredo e como ele acaba: primeiro os produtos com preços congelados começam a desaparecer das prateleiras dos supermercados. Torna-se cada vez mais difícil encontrá-los. O congelamento persiste, até que se torna insustentável devido à escassez. Aí vem a liberação dos preços, que simplesmente disparam. Os produtos voltam às prateleiras, mas seu custo é tão alto que se tornam inacessíveis à maioria da população.
Felizmente, o pragmatismo tem prevalecido até agora na atuação da equipe econômica, que resiste à adoção de medidas populistas, comprovadamente ineficazes, como tabelamento, congelamento ou fiscalização de preços. A inflação, dizem os economistas, veio para ficar, pelo menos por algum tempo, ancorada na demanda mundial por alimentos, que cresce a cada dia, e no aumento dos preços dos insumos agrícolas, devido à alta do petróleo.
Já convivemos, anos atrás, com uma inflação de mais de 2 mil por cento ao ano. São tempos que não deixaram saudades, e devemos mobilizar todos os nossos esforços para evitar o seu retorno. Não necessitamos de congelamento, e, sim, de estímulos fortes à produção, complementados por uma política de importações que tire proveito do dólar baixo. Como disse o Diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário Torós, temos uma balança de pagamentos em bom estado, os fluxos de capital continuam fortes e nosso crescimento deixou de ser volátil.
Mas não estamos imunes à crise mundial, como provam os alarmantes indicadores de preços divulgados nos últimos dias. A inflação é a principal ameaça a ser enfrentada de agora em diante. Sem recorrer, entretanto, a medidas que podem até resultar em ganho de popularidade no curto prazo, mas causam danos de grande porte mais adiante.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado.
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