Discurso durante a 215ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância da Reunião do G-20, ocorrida em Washington-EUA, com a presença do presidente Lula, que teve como pauta central, discutir a crise internacional. Providências do Governo Lula para a expansão do microcrédito e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), fundamental ao abastecimento interno.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Importância da Reunião do G-20, ocorrida em Washington-EUA, com a presença do presidente Lula, que teve como pauta central, discutir a crise internacional. Providências do Governo Lula para a expansão do microcrédito e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), fundamental ao abastecimento interno.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2008 - Página 45794
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • REGISTRO, REUNIÃO, PAIS INDUSTRIALIZADO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, REALIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DEBATE, PROVIDENCIA, REDUÇÃO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, COMENTARIO, ORIGEM, PROBLEMA, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, AUSENCIA, CONTROLE, BANCOS, BOLSA DE VALORES.
  • COMENTARIO, DIVERGENCIA, ACORDO, REUNIÃO, ESPECIFICAÇÃO, PROTECIONISMO, GOVERNO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ELOGIO, PROVIDENCIA, GOVERNO BRASILEIRO, TENTATIVA, REDUÇÃO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, COMPARAÇÃO, GRUPO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, IMPORTANCIA, EXPANSÃO, CREDITOS, AUXILIO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, PROGRAMA, AMBITO NACIONAL, AGRICULTURA, PROPRIEDADE FAMILIAR, MELHORIA, ECONOMIA NACIONAL.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, PREVENÇÃO, SETOR, ECONOMIA NACIONAL, ANTERIORIDADE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, DEFESA, AMPLIAÇÃO, CONTROLE, REGULARIZAÇÃO, MERCADO FINANCEIRO, MELHORIA, INTEGRAÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Valter, Srªs e Srs. Senadores, neste final de semana o mundo acompanhou e principalmente o mundo econômico, social, a reunião do G-20 que aconteceu em Washington, nos Estados Unidos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero externar a minha compreensão acerca desta reunião, o G-20, grupo de países que, juntos, representam 85% do PIB mundial. O mundo acompanhou essa reunião.

E antes da reunião do G-20, no sábado, com todas as lideranças mundiais reunidas ali, houve reuniões. Houve também reuniões que antecederam, inclusive, numa semana antes, houve a reunião de São Paulo. Evidentemente, a situação dos Estados Unidos, por conta da transição do Presidente que está e do Presidente eleito que ainda não assumiu, fez com que não houvesse uma opinião mais concreta. Apesar de a assessoria de Barack Obama ter participado da reunião em Washington, faltou uma opinião mais concreta dos Estados Unidos nessa reunião que considero importante - e eu quero registrar a importância do G-20. Foram apresentadas 47 proposituras como resultado do Encontro dos lideres dos países que compõem o G-20 e já aparece, sem dúvida alguma, uma divergência que separou a conclusão desse documento no sábado. Primeiro, a visão dos Estados Unidos, uma visão protecionista dos Estados Unidos, principalmente do futuro Presidente, Barack Obama. E esta é uma boa polêmica porque Barack Obama, na campanha eleitoral, deixou claro que o seu governo vai manter subsídios para a agricultura. E o protecionismo é uma contradição no G-20 porque ali está o Brasil, que tenta, com aliados importantes, pôr um ponto final no debate da OMC acerca, justamente, do protecionismo à agricultura.

Quero destacar, aqui, a participação do Presidente Lula nessa reunião do G-20. A reunião do G-20 tinha como pauta central a discussão da crise internacional e medidas de que o mundo precisa. Na realidade, o mundo precisa de novos paradigmas frente a essa crise, a essa debacle do mercado financeiro. Idéias estão sendo construídas, e isso vem de longe. Mas é importante demarcarmos, aqui, na história, as concepções de Margareth Thatcher, de Ronald Reagan. Essas idéias permearam, de forma muito absoluta, nesses últimos anos, reinaram na década de 90, e o mundo financeiro demonstrou de forma escancarada, Sr. Presidente, a má gestão, a falta de regras e o apelo desesperado nesse capítulo final da presença do Estado.

O Estado precisa socorrer, mas as idéias da década de 90, há bem pouco tempo, suplantaram. Era uma crítica feroz, duríssima a quem defendia as políticas sociais, o Estado social. Aí está a crise: crise internacional, crise de confiança, crise de gestão, crise de irresponsabilidade com o crédito. Há uma reunião, há uma expectativa, mas nada se concluiu. Diretrizes foram apontadas, 47 medidas, mas os especialistas, atentos à conjuntura, já propuseram uma segunda reunião, que será em abril. Nesse caso, haverá alguns dias para que Barack Obama possa tomar pé da situação da profunda crise que começou nos Estados Unidos, mas é mundial. Ela chega ao Brasil, mas felizmente o País, nesses últimos anos, tomou providências, Presidente Mão Santa, que estão tornando possível enfrentarmos essa crise.

Espero que o Presidente Lula, que o nosso Governo possa acompanhar com muita perspicácia, com muita audácia, com muita sabedoria, a crise internacional, para que possamos defender principalmente o mercado interno, a massa de assalariados, de trabalhadores. O Presidente Lula tem uma marca no seu Governo que é o microcrédito, o crédito, a expansão do crédito.

Eu quero falar com destaque aqui, Sr. Presidente, sobre o crédito no campo, principalmente para a economia familiar, por meio do Pronaf, com várias linhas de crédito. O campo brasileiro, os trabalhadores, as trabalhadoras do Brasil tiveram acesso ao Pronaf a juros reduzidos, de 0,8%, 1%. Enfim, essa é uma das medidas adotadas nesses últimos anos que faz com que uma economia como a do Brasil possa resistir a essa situação de crise internacional.

E quero destacar aqui o Brasil neste grupo que forma o BRIC, como a Rússia, a Índia, a China. Quero dizer que não é este orador que diz, por conta do seu apoio ao Governo, mas economistas internacionais, estudiosos da economia, estudiosos que acompanham os países emergentes que apontam para o Brasil como um País que adotou medidas competentes nesses últimos anos. E este é o País que está enfrentando a crise que hoje passa de forma forte, com recessão já na Ásia, no Japão, na Europa, nos Estados Unidos, com economistas chamando atenção para o quadro de recessão. Isso me orgulha como brasileiro, porque não só as medidas de Governo, mas de setores importantes que compõem a economia nacional adotaram providências que, na hora de uma conjuntura adversa, fizeram com que o Brasil se tornasse uma referência para o enfrentamento da crise.

         Sr. Presidente, finalizando a minha observação sobre a reunião do G20, primeiramente destaco a participação do Presidente Lula, que adotou providências internas e foi um articulador importante na Europa, junto a Presidentes de Estados-Nações, para que essa reunião apontasse novos caminhos para a economia internacional.

E o mundo precisa de novos caminhos, precisa regulamentar a economia financeira. Nós precisamos de novas regras, principalmente da transparência no âmbito internacional. Nós precisamos de transparência nas novas regras internacionais. Nós precisamos tomar outros parâmetros, principalmente dos países pobres que compõem a economia internacional.

É hora de a economia internacional olhar os seres humanos; é hora de a economia internacional olhar o continente, como o continente africano, vítima, no século XX, da exploração dos seus bens, do seu povo.

É hora de nós construirmos as novas regras internacionais, olhando a pesquisa, olhando o estudo, olhando a integração internacional dentro de novos parâmetros e não do lucro pelo lucro, o que aconteceu, principalmente nesses últimos anos, quando a hegemonia do neoliberalismo impôs regras que agora acabam de ser destruídas, mostradas a olho nu. São regras que privilegiaram o capital financeiro, a aplicação nas bolsas de valores, sem geração de emprego, de renda.

Então, Sr. Presidente, espero que a próxima reunião do G20 seja um segundo momento para que países, como alguns de parte da Ásia, da América Latina, da África, sejam vistos como lugares de gente, de seres humanos. Espero que o G20 possa construir um conjunto de normas principalmente para dar transparência e para criar regras de participação em que a economia mundial possa servir a todos e não a banqueiros e não ao sistema financeiro internacional.

É hora de fazermos esse debate para que possamos ter economias consolidadas, levando-se em consideração o ser humano, os trabalhadores, as mulheres, a juventude, o povo que compõe este Planeta.

Muito obrigado, Sr. Presidente. 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2008 - Página 45794