Discurso durante a 217ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas às cobranças feitas ao Brasil pelo Presidente da Comissão Européia durante a reunião do G8, lançando dúvidas sobre a sustentabilidade do etanol, difundindo os mitos de que ele é responsável pela devastação da Amazônia e pela alta do preço dos alimentos.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMERCIO EXTERIOR. POLITICA AGRICOLA. POLITICA ENERGETICA.:
  • Críticas às cobranças feitas ao Brasil pelo Presidente da Comissão Européia durante a reunião do G8, lançando dúvidas sobre a sustentabilidade do etanol, difundindo os mitos de que ele é responsável pela devastação da Amazônia e pela alta do preço dos alimentos.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2008 - Página 46753
Assunto
Outros > COMERCIO EXTERIOR. POLITICA AGRICOLA. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, RESULTADO, REUNIÃO, PAIS INDUSTRIALIZADO, REALIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, AUSENCIA, ORIENTAÇÃO, COMBATE, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, INCOERENCIA, DEFESA, NECESSIDADE, INCENTIVO, ABERTURA, MERCADO AGRICOLA, OPORTUNIDADE, IMPOSIÇÃO, PRIMEIRO MUNDO, SUBSIDIOS, PRODUTO AGRICOLA, PRODUTO ALIMENTICIO, PRODUÇÃO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO.
  • CRITICA, SUPERIORIDADE, GASTOS PUBLICOS, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), JAPÃO, AUXILIO, AGRICULTOR, PRODUÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, MILHO, INEFICACIA, ENERGIA, AMPLIAÇÃO, MATERIA-PRIMA, AUMENTO, PREÇO, ALIMENTOS.
  • CRITICA, PRESIDENTE, COMISSÃO, DEFESA, INTERESSE, UNIÃO EUROPEIA, COBRANÇA, BRASIL, GARANTIA, PRODUÇÃO, ALCOOL, AUSENCIA, DESTRUIÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, REDUÇÃO, ALIMENTOS, EXIGENCIA, AMPLIAÇÃO, EXPORTAÇÃO, PRODUTO IN NATURA, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, MELHORIA, EFICIENCIA, COMBATE, ALTERAÇÃO, CLIMA.
  • REPUDIO, DIFUSÃO, INEXATIDÃO, INFORMAÇÕES, PRODUÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, BRASIL, REGISTRO, DADOS, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REUNIÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO), ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), DEMONSTRAÇÃO, INFERIORIDADE, IMPACTO AMBIENTAL, ALCOOL, DEFESA, REDUÇÃO, SUBSIDIOS, PAIS INDUSTRIALIZADO, PRODUTO AGRICOLA, PAIS EM DESENVOLVIMENTO.
  • COMENTARIO, IMPOSSIBILIDADE, PRODUÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, AUMENTO, PREÇO, ALIMENTOS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a reunião do G8, o grupo que reúne as 7 nações mais ricas do mundo e a Rússia, terminou no Japão com um comunicado que, em sua conclusão, reflete a desorientação e a falta de respostas concretas aos maiores desafios enfrentados pelo mundo - que são a escalada inflacionária e a crise sem precedentes nas áreas de alimentos e energia.

É irônico que a declaração enfatize a necessidade de estimular a existência de “mercados abertos e eficientes para a agricultura e os alimentos”, quando todos sabemos que os países desenvolvidos mantêm políticas de subsídios e barreiras a importações para proteger sua agricultura. Esses obstáculos desencorajam investimentos que poderiam ser feitos nos países em desenvolvimento, onde há espaço de sobra para o cultivo e mão-de-obra em abundância.

Estados Unidos, União Européia e Japão gastam, em conjunto, 1 bilhão de dólares diários para ajudar seus agricultores, que não primam pela produtividade, eficiência ou baixo custo de seus produtos. Ao mesmo tempo, insistem em produzir biocombustíveis de eficácia duvidosa e impacto negativo sobre os preços e a disponibilidade de alimentos, como é o caso dos Estados Unidos, com o etanol de milho.

Têm pouco ou nenhum sentido, portanto, as cobranças feitas ao Brasil pelo presidente da Comissão Européia, José Durão Barroso, durante a reunião do G8. Ele quer do nosso país a garantia de que o etanol feito a partir da cana-de-açúcar não destrói a Amazônia e não substitui a produção agrícola, além de exigir, como contrapartida à transformação do etanol brasileiro em commodity global, "comprometimentos concretos" do País no combate às mudanças climáticas.

            É mais uma demonstração de que, em meio ao debate sobre os biocombustíveis, a desinformação sobre o etanol do Brasil continua a prevalecer até mesmo entre lideranças mundiais. Há quem diga que ele compete com a produção de alimentos por má-fé. Há quem o faça por ignorância. O fato é que de pouco adiantou o presidente Lula exibir dados, durante a recente reunião da FAO, agência da ONU para alimentos, que comprovam que 99,7 por cento da cana plantada no País está a pelo menos 2 mil quilômetros de distância da Floresta Amazônica.

Os inimigos do etanol brasileiro passaram a sustentar a tese de que, embora a cana-de-açúcar esteja longe da Amazônia, a expansão de seu cultivo estaria “empurrando” as lavouras de soja rumo ao Norte. Estas, por sua vez, impeliriam na mesma direção a criação de gado, que, assim, invadiria a floresta. Ora, soja e pastagens há muito estão na Amazônia. Quanto à cana-de-açúcar, a área que ela ocupa no País é insignificante, comparada ao espaço destinado ao gado e às plantações de soja. São 6 milhões e 500 mil hectares, contra 22 milhões de hectares da soja e 200 milhões de hectares das pastagens.

Há um ano, diretores do Laboratório Nacional de Energia Renovável do Departamento de Energia dos Estados Unidos, em visita ao Brasil, classificaram de um “enorme equívoco internacional” a idéia de que nosso país estava cortando a floresta para fazer combustível. A economia, disseram, não guia a produção de etanol para a floresta, pois a produtividade em ambientes muito úmidos é mais ou menos metade daquela em ambientes temperados.

Pesquisadores do laboratório americano calculam que pelo menos 25 a 30 por cento do consumo global de gasolina poderia ser substituído por biocombustíveis, usando as tecnologias de hoje, sem ter impacto sobre os alimentos.

Parte da solução para a crise alimentar mundial depende de uma redução definitiva e substancial dos subsídios que os países desenvolvidos concedem a seus agricultores, acompanhada da eliminação das barreiras comerciais impostas à produção dos países em desenvolvimento.

Lançar dúvidas sobre a sustentabilidade do etanol do Brasil, difundindo os mitos de que ele é responsável pela devastação da Amazônia e pela alta do preço dos alimentos, em nada irá resolver um problema que ameaça a vida de milhões de pessoas no mundo todo. É hora de as nações do G8 abandonarem a retórica e tomarem medidas concretas para enfrentar a crise.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2008 - Página 46753