Discurso durante a 222ª Sessão Especial, no Senado Federal

Celebração do centenário de morte de Machado de Assis.

Autor
Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Celebração do centenário de morte de Machado de Assis.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2008 - Página 47633
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, MORTE, MACHADO DE ASSIS, ESCRITOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), RELEVANCIA, LITERATURA, BRASIL, MUNDO, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, FUNDAÇÃO, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL).

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O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Exmº Sr. Presidente, Senador Garibaldi Alves Filho; Exmº Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau, que nos honra com sua presença nesta sessão de homenagem a Machado de Assis; Exmº Sr. Deputado Federal, Osmar Serraglio, 1º Secretário da Mesa do Congresso Nacional, que igualmente nos honra com sua presença; Exmº Sr. Senador ex-Vice-Presidente da República, Dr. Marco Maciel, autor do requerimento de homenagem a Machado de Assis; Ilmª Srª Ana Cláudia Badra; Professor Antônio José Barbosa, Consultor Legislativo do Senado Federal; Srs. Embaixadores; Membros do Corpo Diplomático; Srªs e Srs. Senadores; demais autoridades; convidados aqui presentes, minhas primeiras palavras são de cumprimento ao ilustre e querido Senador Marco Maciel, membro da Academia Brasileira de Letras, Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania desta Casa, pela iniciativa de requerer a realização desta sessão especial, destinada a comemorar o centenário de morte de Machado de Assis.

Senhoras e senhores, esta sessão solene reveste-se de singular importância para a Casa de Rui Barbosa, porque homenagear Machado de Assis é reconhecer o mérito de um dos maiores escritores, senão o maior, no idioma pátrio.

Machado de Assis tem sido vinculado ao Realismo, porquanto Memórias Póstumas de Brás Cubas inaugura entre nós esse movimento, da mesma forma que Madame Bovary, de Flaubert, o fez na Europa e, mais particularmente, na França. Mas o “Bruxo do Cosme Velho” não pode ser enquadrado apenas em um momento ou movimento literário, porquanto há na obra do ilustre escritor pitadas de Romantismo, de Modernismo e - com certeza - de muito tempero com ironia.

Machado é um desses magistrais senhores das letras, cuja leitura se faz nas linhas e, sobretudo, nas entrelinhas, sob pena de perdermos a essência, a sutileza da mensagem, muitas vezes colocada numa palavra ou interjeição.

Permitimo-nos aqui dizer que, decerto, Machado preferiria uma sessão para lembrar a sua morte, como o fazemos aqui, a uma sessão em homenagem ao seu nascimento. Afinal, como ele mesmo observou no parágrafo introdutório de Memórias Póstumas de Brás Cubas, duas considerações o levaram a falar primeiro da sua morte.

Dizia o mestre Machado que, em primeiro lugar, não era propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço, segundo é que o escrito ficaria mais galante.

Ironia à parte, o fato é que Machado deu expressão mundial à língua portuguesa e tornou-se reconhecido em todo mundo como referência em prosa, de inigualável estilo e sábia articulação de frases e pensamentos.

Diga-se, por oportuno, que, além de ler as obras do grande escritor, ganha quem parar e refletir sobre a construção fraseológica de Machado de Assis, sobretudo a capacidade ímpar de escolher as palavras e conectivos.

A vida de Machado de Assis deve ser vista também como a de alguém que supera as próprias limitações físicas e sociais de sua época, marcada pela escravidão e, sobretudo, pelo preconceito.

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, a 21 de junho de 1839, e morreu também no Rio de Janeiro, a 29 de setembro de 1908. Era filho do mulato Francisco José de Assis e, da imigrante, Maria Leopoldina Machado de Assis.

Machado tinha saúde frágil, era epilético e gago. Foi criado no Morro do Livramento e perdeu a mãe muito cedo. Sua madrasta, Maria Inês, foi quem o matriculou na escola pública, onde concluiu apenas o primário. Aprendeu francês com imigrantes da padaria do bairro onde morava.

É esse menino pequenino, exemplo para todos os brasileiros, que vai se transformar no grande autodidata, no magnífico autor de Crisálias, A Mão e a Luva, Iaiá Garcia, Quincas Borba, Memorial de Aires, entre outros livros.

É esse menino franzino que, juntamente com outros intelectuais nas reuniões na redação da Revista Brasileira, será o fundador da Academia Brasileira de Letras.

Não há muito que dizer sobre Machado, Sr. Presidente, por que todos os elogios ao “Bruxo do Cosme Velho” são ineficazes para tentar expressar a grandiosidade desse maravilhoso homem das letras.

Parabéns, Senador Marco Maciel, por essa justíssima homenagem!

Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2008 - Página 47633