Discurso durante a 223ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com as enchentes que vêm assolando o Estado de Santa Catarina, e apelo aos demais estados brasileiros no sentido de que enviem ajuda aos vitimados.

Autor
Raimundo Colombo (DEM - Democratas/SC)
Nome completo: João Raimundo Colombo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Preocupação com as enchentes que vêm assolando o Estado de Santa Catarina, e apelo aos demais estados brasileiros no sentido de que enviem ajuda aos vitimados.
Aparteantes
Antonio Carlos Júnior, Flávio Arns, Marco Maciel, Tasso Jereissati, Tião Viana.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2008 - Página 47666
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • APREENSÃO, BANCADA, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), EFEITO, CHUVA, REGIÃO, INFORMAÇÃO, GRAVIDADE, PROBLEMA, CRESCIMENTO, NUMERO, MORTO, COMPARAÇÃO, ANTERIORIDADE, SITUAÇÃO, REGISTRO, AGRAVAÇÃO, DESABAMENTO, HABITAÇÃO, INUNDAÇÃO, DESTRUIÇÃO, REDE VIARIA, PONTE.
  • COMENTARIO, ESFORÇO, GOVERNO ESTADUAL, CORPO DE BOMBEIROS, POLICIA MILITAR, ENTIDADE, SOCIEDADE CIVIL, ASSISTENCIA SOCIAL, MUNICIPIOS, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), VITIMA, EFEITO, CHUVA, REGISTRO, VISITA, MINISTRO DE ESTADO, ANALISE, GRAVIDADE, PROBLEMA, DEFESA, NECESSIDADE, APOIO, GOVERNO FEDERAL, IMPORTANCIA, PRESENÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REGIÃO, BUSCA, PROVIDENCIA.
  • CONCLAMAÇÃO, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, SOLICITAÇÃO, PRESIDENCIA, DETERMINAÇÃO, DIVULGAÇÃO, NUMERO, CONTA-CORRENTE, DEFESA CIVIL, TELEVISÃO, SENADO, CONTRIBUIÇÃO, VITIMA, CHUVA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), REGISTRO, DESTINAÇÃO, RECURSOS, AQUISIÇÃO, ALIMENTOS, VESTUARIO, PRODUTO DE HIGIENE, AGUA MINERAL, ELOGIO, EMPENHO, SOCIEDADE, AUTORIDADE, REDUÇÃO, EFEITO, PROBLEMA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna hoje para falar um pouco sobre o meu Estado, Santa Catarina, e o que está acontecendo lá.

Percebo que o Senador Neuto De Conto está inscrito e vai falar em seguida. Nós todos, os catarinenses - tenho certeza, também a Senadora Ideli e todos os Deputados -, estamos profundamente preocupados e extremamente angustiados com o que está ocorrendo no nosso Estado.

Santa Catarina é um Estado que construiu seu desenvolvimento com muita luta. Tem um povo laborioso, trabalhador, vitorioso, mas que, muitas vezes, passou dificuldades com as intempéries. Posso citar aqui a enchente de 1974, que praticamente dizimou uma cidade toda, Tubarão. Foi um momento muito difícil, mas houve o envolvimento de todo o povo catarinense e brasileiro, de tal forma que se conseguiu superar aquele dramático episódio, um dos mais tristes da história catarinense.

Em 1983 e 1984, com o fenômeno El Niño - à época, eu era Secretário de Estado da área social, muito jovem -, convivemos com duas enchentes terríveis. Para se ter uma idéia, em Blumenau, o rio subiu 16 metros acima do seu leito normal. Alagou praticamente toda a cidade, quase todo o Estado. Foi uma catástrofe terrível. Tivemos, naquela oportunidade, 155 mil desabrigados, mas dois mortos.

O que está ocorrendo agora em Santa Catarina, nesse final de semana - que infelizmente ainda continua -, é uma situação ainda pior do que aquelas, porque há dois meses vem chovendo incessantemente, sem parar, deixando todo o solo bastante umedecido. Para se ter uma idéia, choveu no sábado e no domingo o correspondente a quatro vezes a expectativa de chuvas de todo o mês de novembro, que é um mês chuvoso. Choveu quatro vezes mais! E nós temos, hoje uma situação extremamente dramática, com deslizamentos, soterramentos.

Para se ter uma idéia, quando o Senador Neuto estava aqui descrevendo os dados, na parte da manhã, nós tínhamos 65 mortos em Santa Catarina. Agora, eu os atualizei. Infelizmente, são 72 mortos já confirmados; cerca de 53 mil pessoas desabrigadas, das quais 70% estão na casa de parentes ou amigos, e cerca de 30%, em abrigos de emergência. Temos quinze rodovias bloqueadas. Pela BR-101 é impossível ir de Florianópolis a Curitiba, ou de Florianópolis a Porto Alegre. Tanto ao sul quanto ao norte, não há condições de trafegabilidade.

A rodoviária de Florianópolis, para se ter uma idéia, virou praticamente um dormitório. Muitos que lá estavam não têm dinheiro, inclusive, para se deslocar. E não sai nenhum ônibus coletivo, não passa. E mais: nós temos quinze rodovias bloqueadas neste momento. É realmente uma situação extremamente grave.

A cidade de Blumenau, por exemplo, está sem água potável já há três dias; a metade da cidade, sem energia elétrica; as indústrias estão sem gás, explodiu o gasoduto. Nós temos oito cidades ilhadas neste momento.

Todo esforço está sendo feito. O Governador Luiz Henrique lidera uma grande frente em Santa Catarina, composta por Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, organizações sociais de todos os Municípios do Estado. É uma coisa que emociona. A gente vai recebendo relatórios das diversas cidades. Pessoas estão nas ruas, embaixo das sinaleiras, pedindo a contribuição de todo mundo para que possam levar água potável a esses Municípios. A cidade de Itajaí está com mais de 70% das ruas alagadas, sem condição de tráfego. É uma cidade que está no final do rio. Ela não tem o problema dos deslizamentos, mas está sendo alagada.

Temos uma situação de fato extremamente grave. Hoje, três Ministros do Governo, entre eles o Ministro Geddel Vieira Lima - não me recordo do nome dos demais -, estão em Santa Catarina acompanhando esse momento dramático, difícil.

Chamo a atenção e peço a solidariedade de todos os brasileiros. Peço, Sr. Presidente, que a Mesa determine que a TV Senado registre em caracteres a conta-corrente da Defesa Civil. Esses recursos serão exclusivamente utilizados para a aquisição de mantimentos e água potável: Banco do Brasil, agência nº 3582-3, conta-corrente nº 80.000-7. Isso para que todas as pessoas que acompanham a TV Senado, para que todos os brasileiros que possam colaborar façam a sua doação e ajudem a Defesa Civil a enfrentar esse momento dramático.

Vencida a etapa de conseguir dar segurança às pessoas, para que elas possam retornar a suas casas, para que possam começar a reconstruir as suas vidas, para que essa situação mais dramática de emergência seja superada, precisamos muito do apoio do Governo Federal. Acho mesmo que o Presidente Lula deveria ir nesta semana a Santa Catarina acompanhar o esforço do Governo. Ele tem falado por telefone, tem tentado ajudar, mas a sua presença é essencial para que possa perceber o que de fato aconteceu.

Eu viajava ontem, Senador Neuto De Conto, pela BR-282, à noite, e contei: em um trecho de 200 quilômetros, caíram 52 barreiras. A cada curva, era um movimento de terra, uma parte interrompia, outra não. Isso está acontecendo em todo o litoral e nas estradas que dão acesso ao litoral, de tal forma que, segundo avaliações preliminares, diz-se ser essa a pior catástrofe, maior inclusive do que aquela grande enchente de 1984. Aquela enchente causou graves danos, muitos problemas, mas agora são mais intensos os deslizamentos, os soterramentos, a destruição da malha viária, o prejuízo das pontes, das casas. Eu tenho aqui os números. São números extremamente elevados. Eu vi que o Senador Neuto também tem os jornais. A capa do Diário Catarinense mostra isso em cerca de quinze, vinte matérias. Um outro jornal do nosso Estado, Notícias do Dia, também registra o assunto. A imprensa brasileira tem feito esse registro, mostrando realmente que Santa Catarina precisa da solidariedade de todos os brasileiros.

Faço aqui, da tribuna do Senado, como representante de Santa Catarina, este apelo, este pedido de ajuda para que nos dêem esse reforço.

Concedo um aparte ao Senador Tião Viana, com o maior prazer.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Caro Senador Raimundo Colombo, eu estava ouvindo o pronunciamento de V. Exª, que é sobretudo uma manifestação de solidariedade, carinho e esperança que V. Exª deposita no Brasil inteiro, nesta hora em que seu Estado passa as dificuldades que a natureza impôs. Eu tenho certeza de que, diante do ocorrido, há um movimento de unidade nacional em solidariedade a Santa Catarina, às vítimas dessa tragédia da natureza. Ontem mesmo, eu conversava com o Ministro da Integração Nacional e ele, que é do PMDB, mesmo partido do Senador Neuto De Conto, externava uma preocupação distinta do Presidente da República para que todas as medidas fossem tomadas a favor do seu Estado nessa hora tão difícil. O Governador expressava, como V. Exª diz, a maior tragédia de que se tem notícia da história de Santa Catarina, em termos ambientais, por razões da natureza. E, ao mesmo tempo, a Defesa Civil, de prontidão, indo buscar as melhores maneiras de ajudar. Eu penso, pelas imagens que vi pela televisão, que aquele prejuízo extrapolará a cifra dos bilhões, em razão do ataque à infra-estrutura que ocorreu, de desmoronamento, de destruição de rodovias. Então, minha inteira solidariedade a V. Exª e os cumprimentos por estar atento e solidário, encontrando no Brasil a mão estendida para ajudar, no que puder, Santa Catarina.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito as palavras de V. Exª, Senador Tião Viana. Realmente, eu estava falando agora com o Prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, e ele estava me colocando: “Olha, em dois anos, a gente não consegue recuperar”. E estava dando detalhes. O rio abandonou o curso da rua, destruiu outros, passou por cima de clubes, de casas. É uma coisa nunca vista. É a maior tragédia de todas. E ainda não se tem o número, mas, a cada hora que a gente vai avaliando, o número de óbitos vai aumentando. Realmente, é uma soma absurda: setenta e duas pessoas já foram encontradas mortas, e há uma perspectiva assim muito triste de que esse número ainda se eleve.

É um momento, realmente, muito dramático. Mas ouço o Senador Marco Maciel, meu querido líder.

O Sr. Flávio Arns (Bloco/PT - PR) - Depois, Senador Raimundo Colombo, também gostaria de fazer um aparte.

O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Nobre Senador Raimundo Colombo, eu quero cumprimentá-lo por trazer ao plenário da Casa a gravidade do quadro que se apresenta hoje em Santa Catarina, depois das chuvas, dos ventos, que deixaram, além de vítimas, também muitos danos materiais. As imagens da televisão, como V. Exª lembrou com propriedade, nos deixam bastante preocupados em relação a como poderá ocorrer a recuperação no curto período. Os danos foram de extrema gravidade e grande extensão. Receio que a recuperação dos danos demore um pouco. Mas, de toda maneira, fique V. Exª certo de que não vai faltar solidariedade de todos os brasileiros, mas também, creio, ação do Governo Federal, que tem que ser pronta, tem que ser adequada para que esses episódios não se repitam. De alguma forma, dos fatos, nós tiramos essa lição óbvia de que eles podem se repetir. E V. Exª, como atento Senador do seu Estado, ao lado do Senador Neuto De Conto, estão, a meu ver, habilitados a trazer ao Senado as providências que o Estado necessita ver realizadas pelo Governo Federal. Por isso, tem V. Exª a nossa solidariedade e o nosso apoio.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço, Senador Marco Maciel, e concedo a palavra ao Senador Flávio Arns.

O Sr. Flávio Arns (Bloco/PT - PR) - Eu, da mesma forma, Senador Raimundo Colombo, gostaria de enaltecer o pronunciamento de V. Exª, o destaque e a atenção que V. Exª vem pedindo para o plenário e para o Brasil para a situação dramática pela qual o Estado de Santa Catarina vem passando. Solidariedade porque, em todas as manifestações minhas nesta Casa, tenho dito que, até pelo fato de a família do meu pai ser de Santa Catarina, Forquilhinha, perto de Criciúma, e a família da mãe, da cidade de Brusque, também em Santa Catarina, nós no Paraná temos uma amizade, uma estima, uma benquerença enorme pelo Estado de V. Exª. Santa Catarina vem passando por dificuldades muito sérias, e sérias ainda serão para frente, porque nós estamos chegando ao mês de dezembro, depois vem janeiro e fevereiro, quando centenas de milhares de pessoas se deslocariam para o Estado para turismo, férias, festas de final de ano. Esperamos que muitas se desloquem ainda, se houver o processo de recuperação. Sem dúvida, esse problema trará grandes dificuldades - aliás, dificuldades pelas quais o Estado já vem passando - em infra-estrutura, emprego, renda, habitação, saúde. Então, eu só quero dizer a V. Exª, ao Senador Neuto De Conto, à Senadora Ideli Salvatti e ao povo de Santa Catarina que podem ter a certeza de que encontrarão no Senado, sem dúvida, no Governo Federal e em todos os Estados do Brasil, como já vem acontecendo, solidariedade, apoio. Estamos à disposição para os entrosamentos que forem necessários...

(Interrupção do som.)

O Sr. Flávio Arns (Bloco/PT - PR) - ...a favor do Estado de Santa Catarina. Obrigado.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço a V. Exª e concedo um aparte ao Senador Tasso Jereissati.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Raimundo Colombo, queria também, diante do pronunciamento de V. Exª, manifestar a V. Exª a nossa solidariedade total ao povo de Santa Catarina. Nós, do Nordeste brasileiro, especificamente do Ceará, somos freqüentemente vítimas de problemas climáticos: ora chuva demais, ora - na maioria das vezes - chuva de menos, e sabemos como é importante a solidariedade do povo brasileiro, a solidariedade material, a solidariedade moral. Santa Catarina, hoje, mais do nunca, está necessitando desse apoio, dessa solidariedade. Estou falando aqui não só como Senador cearense, mas também como parlamentar do PSDB. Estamos à disposição e somos inteiramente solidários no que for necessário, no que precisar da nossa atuação, da nossa participação. Estaremos à disposição, com V. Exª, junto com outros Senadores, com o Senador Pavan, Vice-Governador; com o Governador Luiz Henrique, enfim, com todos, principalmente com o povo de Santa Catarina, prontos para ajudar.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço a V. Exª e a todos os Senadores em nome do povo catarinense.

Concedo um aparte ao Senador ACM Júnior.

O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - Senador Raimundo Colombo, estou aqui para parabenizar V. Exª pelo seu pronunciamento e também para solidarizar-me com o povo de Santa Catarina, que foi duramente atingido por essas intempéries, por essas enchentes, e para colocar-me à disposição de V. Exª. Naquilo que estiver ao nosso alcance, estaremos à disposição de V. Exª e dos Senadores de Santa Catarina.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço a V. Exª e, a pedido da TV Senado, repito aqui o número da conta. Peço à Mesa que faça o encaminhamento para a TV Senado para que ela exiba em caracteres a conta do Banco do Brasil. A agência é 3.582-3, e a conta-corrente é 80.000-7. Isso vai ajudar a Defesa Civil, que, com muita responsabilidade, aplicará esses recursos diretamente na emergência das pessoas que estão lá sem abrigo e sem condição de trazer conforto à sua família.

Tudo está sendo feito. O Governo está de parabéns, o Governo Federal tomou as providências e mandou os Ministros. Há uma grande movimentação. O nosso telefone não pára em todos os cantos do Estado. As regiões que não foram atingidas fizeram um grande movimento de solidariedade. De diversas partes do Brasil, já estão chegando inclusive caminhões com mantimentos - já chegaram do Rio Grande do Sul, do Paraná, de São Paulo e de Minas Gerais, que são os mais próximos. O depoimento de todos os Srs. Senadores mostrou esse carinho e essa solidariedade a Santa Catarina neste momento difícil.

Agradeço a oportunidade. Nós traremos, em seguida, as providências que precisarão ser tomadas já num segundo momento, na fase da recuperação.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2008 - Página 47666