Discurso durante a 223ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio às ações violentas que impedem a exploração racional, ambientalmente consciente, dos recursos hídricos da Amazônia.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Repúdio às ações violentas que impedem a exploração racional, ambientalmente consciente, dos recursos hídricos da Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2008 - Página 47794
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, EMPRESA, PESQUISA, RECURSOS ENERGETICOS, AUMENTO, CONSUMO, ENERGIA ELETRICA, BRASIL, APREENSÃO, ORADOR, DEPENDENCIA, FORNECIMENTO, ENERGIA, QUANTIDADE, CHUVA, GAS NATURAL, OPOSIÇÃO, ECOLOGISTA, INDIO, GRUPO, VINCULAÇÃO, IGREJA CATOLICA, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA.
  • REPUDIO, AGRESSÃO, ENGENHEIRO, VITIMA, VIOLENCIA, INDIO, REUNIÃO, ESTADO DO PARA (PA), ESCLARECIMENTOS, BENEFICIO, POPULAÇÃO, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, REDUÇÃO, IMPACTO AMBIENTAL, COMENTARIO, POSIÇÃO, PRESIDENTE, ENTIDADE, IGREJA CATOLICA, DEFESA, ATUAÇÃO, GRUPO INDIGENA, ALEGAÇÕES, DIREITOS, REIVINDICAÇÃO, TERRAS, PRESERVAÇÃO, CULTURA, COMUNIDADE INDIGENA.
  • DENUNCIA, INSUCESSO, POLITICA, CRIAÇÃO, RESERVA INDIGENA, GARANTIA, DESENVOLVIMENTO, COMUNIDADE INDIGENA, VITIMA, GRILAGEM, GARIMPAGEM, DIFICULDADE, ACESSO, SAUDE, EDUCAÇÃO.
  • NECESSIDADE, COMBATE, OBSTACULO, EXPLORAÇÃO, RECURSOS HIDRICOS, REGIÃO AMAZONICA, RESPEITO, MEIO AMBIENTE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o consumo de energia em nosso país cresce a uma taxa de 5 e meio por cento ao ano, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética. Até 2012, quando devem entrar em funcionamento as usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, o Brasil continuará com a oferta de energia no limite, dependente da intensidade das chuvas e também do gás natural.

           Apesar dessa situação preocupante, a construção de novas usinas vem enfrentando inúmeros obstáculos, entre os quais o mais notório é a oposição de ambientalistas radicais, índios, uma ala minoritária da Igreja Católica que ainda se identifica com o marxismo, somados a extremistas de diversos matizes e a organizações não-governamentais, muitas com interesses escusos.

           O País tem em seus rios quedas-d'água em quantidade suficiente para multiplicar por quatro sua capacidade hidrelétrica, segundo dados da própria Eletrobrás, mas 40% desse potencial está concentrado na bacia do Rio Amazonas. Não há muitos locais situados fora da Região Norte em que possam ser erguidas usinas com capacidade maior do que mil megawatts. As hidrelétricas de grande porte que podiam ser feitas em outras regiões já foram construídas.

           Na construção de novas hidrelétricas, hoje são adotadas tecnologias muito menos agressivas à natureza do que as empregadas uma ou duas décadas atrás. Problemas como os provocados pelas hidrelétricas de Balbina e Tucuruí pertencem ao passado. Mas uma característica essencial de todo bom radical é ser cego e surdo a evidências capazes de colocar suas crenças em dúvida. É o que têm feito os adversários da exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia.

           A mais recente demonstração de que estão dispostos a recorrer a todos os métodos, lícitos ou ilícitos, para atingir seus objetivos, foi a agressão, no final do mês passado, ao engenheiro Paulo Roberto Rezende, atacado e ferido por índios caiapós. O engenheiro fora a Altamira, no Pará, para dar informações sobre o projeto de construção da Usina de Belo Monte - para mostrar que o impacto ambiental tinha sido consideravelmente reduzido e que a obra traria benefícios para os moradores da região.

           Cercado pelos índios, ele foi agredido a golpes de borduna e facão, e sofreu um corte profundo num dos braços. Como os índios conseguiram permissão para entrar armados no recinto em que se realizava o debate sobre a hidrelétrica, ninguém explicou. A resposta talvez esteja na reação do bispo do Xingu e presidente do Cimi, o Conselho Indigenista Missionário, Dom Erwin Krautler.

           De acordo com o noticiário dos jornais, ele defendeu a compra de facões para os índios, alegando que “o facão não é uma arma”. Confrontado com o fato de que José Cleanton Ribeiro, coordenador regional da entidade, aparece, em imagens gravadas pelo circuito interno de TV de uma loja, comprando facões ao lado de um índio, respondeu com uma pergunta: “Se alguém pede para que se compre um facão, por que não comprar?”, e depois ressaltou que “se acontece alguma coisa, não é culpa daquele que comprou o facão”. Para o bispo, a culpa é do engenheiro, que “não entendeu a alma caiapó”.

           Sabe-se lá quais são os mistérios insondáveis da alma caiapó, aparentemente só acessíveis à sensibilidade dos representantes do radicalismo. O fato é que há fortes indícios de que a agressão foi um ato orquestrado. Representantes de um certo “Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira” admitiram ter fornecido o dinheiro para a compra dos facões, justificando o ato como um gesto de “respeito à cultura e à identidade dos índios”.

           Como se não bastasse a absurda alegação do bispo Erwin Krautler, de que facão não é arma, fomos contemplados com outro disparate, a incorporação dos facões à “cultura e identidade” indígenas. Desde quando os índios brasileiros produzem instrumentos metálicos? Ou será que, ao contrário do que sabíamos até agora, eles já os faziam antes mesmo de Cabral aportar por aqui?

           Na visão dos extremistas, nossos índios têm direito originário sobre as terras que reivindicam. Para eles, não há por que falar em soberania nacional ou desenvolvimento sustentável. Esses conceitos, na sua ótica peculiar, são inconciliáveis com a preservação da cultura indígena, que deve ser defendida a qualquer preço.

           Hoje em dia, mais de 600 reservas em todo o Brasil abrigam uma população de meio milhão de índios, que representam menos de 0,3 por cento da população brasileira. A área total das reservas é de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, 12 e meio por cento do território do País, o equivalente a França, Itália e Reino Unido, somados.

           Estaria tudo bem se a política de criação indiscriminada de reservas tivesse garantido prosperidade aos indígenas. Mas a realidade é que não passam de latifundiários que vivem na miséria, segregados socialmente e vítimas de grileiros e garimpeiros, sem acesso a saúde e educação.

           São eles que constituem a massa de manobra utilizada com sucesso por radicais como os que organizaram a agressão ao engenheiro Paulo Roberto. Se deixarmos que suas ações violentas impeçam a exploração racional, ambientalmente consciente, dos recursos hídricos da Amazônia, estaremos condenando o Brasil a um futuro em que o colapso energético fará parte do cotidiano.

           Era o que eu tinha a dizer.

           Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2008 - Página 47794