O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, gostaria de tomar a liberdade de registrar, Senador Paulo Paim, os Senadores que estão hoje fazendo esta vigília, Senador José Nery, que se estenderá, com certeza, até 1 hora da manhã, porque até meia-noite já estamos chegando e ainda há vários oradores, que marca, Senadora Rosalba, a data do último projeto, aquele com que os aposentados sonham, do Senador Paulo Paim. Aqui estamos fazendo a nossa última tarefa, é o último projeto. Por isso, estamos chamando, por intermédio desta vigília, a atenção da Nação. Cumprimos com o nosso dever.

Este é o Projeto nº 58, o último projeto que sai deste Senado, aprovado por unanimidade - depois vou falar dessa unanimidade. Porque já vi Senadores hoje que votaram nesses projetos, mas já vi Senadores hoje, infelizmente, mostrarem que estão contra os aposentados. E não entendo por que votaram a favor dos aposentados naquela ocasião. Mas entendo, sim, e depois vou falar sobre isso.

Senadores Mão Santa, Heráclito Fortes, Rosalba Ciarlini, Geraldo Mesquita, Pedro Simon, Wellington Salgado, Sérgio Zambiasi, Paulo Paim, Mário Couto, Antonio Carlos Valadares, Cristovam Buarque, José Nery e Flávio Arns, estes Senadores participam dessa vigília.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Não se esqueça da nossa visitante ilustre, a Deputada.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - A nossa visitante. Como é o nome dela?

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Deputada Luciana Genro.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Luciana Genro, é um prazer e uma honra muito grande tê-la aqui hoje.

Senadores, Senadoras, quero também saudar as lideranças que se encontram nas galerias deste Senado. É uma honra muito grande tê-los aqui, sempre, dando força para cada um dos Senadores aqui presentes. Suas presenças, tenho certeza, nos dão conforto e nos dão força.

Mas, meus caros aposentados que estão aqui e deste País, nós criamos, Senador Nery - não sei se V. Exª prestou atenção, mas tenho certeza de que o Brasil prestou atenção -, nós tentamos criar dois caminhos para adiantar as coisas.

O primeiro caminho era aprovar os projetos do Senador Paulo Paim, que o Ministro disse que não eram três projetos; eram 105. Depois eu falo disso também. E o outro caminho era tentar um diálogo com o Governo a fim de que aprovem os projetos do Paim. E, com o diálogo com o Governo, seria mais fácil aprovar na Câmara e seria mais fácil sancionar os projetos do Presidente da República. Teria passagem rápida por aí, porque houve acordo. Hoje, nós temos a felicidade, Senador Heráclito, de ter aprovado e chegado a uma etapa, ao primeiro passo de sua etapa final: concluímos, hoje, a aprovação dos três projetos, que são o sonho dos aposentados. Aqui está uma boa notícia. Mas, infelizmente, a má notícia, Senador, é que o Ministro não veio mais sentar à mesa com os Senadores. Mandou dizer que enviariam uma proposta ao Senado. Vejam com quem nós estamos lidando!

Ainda agora, um Senador falou que precisávamos nos sentar à mesa com o Governo, então, levantei meu microfone pedindo um aparte, para dizer que nos sentamos e que o Ministro veio mostrar sua incapacidade. O Ministro, Senadores, mostrou hoje à tarde sua incompetência para todos os Senadores que começaram um diálogo com S. Exª. Começou pedindo propostas. Parecia que era sério. Depois, disse que queria falar com o Relator e com o Presidente da Comissão de Orçamento. Parecia que estava falando sério, mas, quando o Senador Paim disse-lhe que gostaria que apresentasse uma proposta do Governo, ele fugiu da mesa. S. Exª não apareceu hoje no Senado nem vai aparecer nunca mais para sentar-se à mesa com os Senadores.

Está claro, evidente, inquestionável que este Governo não quer mesmo olhar para os aposentados deste País. Está claro, evidente, que a coisa vai ter que ser feita na base da pressão. Está claro e evidente que este Governo está com enganação com todos nós. Está claro, evidente, que este Governo não quer olhar para os aposentados deste País.

O Ministro mostrou hoje. E, quando falei em CPI para ele na última reunião, ele baixou o tom porque ele sabe, Senadora, ele sabe quais são as empresas que estão devendo ao Instituto, as empresas que o Governo Federal passa a mão na cabeça, as empresas que o Governo apadrinha e não questiona. E prefere deixar os aposentados na miséria.

Não adianta mais, senhores e senhoras, brasileiras e brasileiros, não adianta mais números, não adianta mais explicações, não adianta mais absolutamente nada. O Governo sabe, o Governo entende os números. O problema é que o Governo não quer fazer. Hoje ele mandou um recado a nós pela incompetência do Ministro. Vou repetir o que falei, podem me questionar: vaquinha de presépio do Presidente Lula.

Podem me questionar. Venham me questionar! Venham! Questionem-me! Senadora, o Governo sabe. Não passa pela minha cabeça, Senadora, o que o Presidente da República disse hoje à tarde. Vou repetir, Senadora: não passa pela minha cabeça, Senadora, que um Presidente da República capaz de sensibilizar milhares e milhares de brasileiros que passam fome, dando-lhes bolsa-família, paralelamente a isso, fique assistindo à miséria dos aposentados, daqueles homens que prestaram tanto serviço a esta Nação e hoje sofrem. Ele vê isso. Isso é notório, isso é cristalino.

Qualquer pessoa que tem convivência com aposentado sabe que hoje ele vive em casa, todos os dias, com a tensão de pagar a sua luz, de pagar a sua energia, de pagar o seu botijão de gás, de pagar o seu plano de saúde, de pagar um dentista. Essa tensão é constante porque nada disso mais ele pode. O Governo sabe disso, Senadora; o Governo tem consciência disso, Senadora; o Governo sabe o que trazem os projetos do Senador Paim.

Sentamos a uma mesa e não exigimos nada - saiba a Nação. Não exigimos nada - saiba a Nação. Fomos tão éticos que chegamos a dizer ao Governo que ele apresentasse uma proposta para nós, e ele não apresentou.

Quando o Governo não apresenta uma proposta, ele cai no ridículo, diante do Senado Federal, de marcar com os Senadores, pensando que aqueles Senadores são moleques. Além de incompetente, é indelicado. Não vir à reunião, mandar recado - mandou recado aos Senadores dizendo que não viria mais, que mandaria uma proposta, e não mandou -, quando isso acontece, senhores e senhoras, sabe o que temos que pensar? Que o Governo não quer fazer, acabou. Esse caminho está morto. Essa negociação aqui está morta. Ela morreu hoje. O Governo não vai abrir. Temos que encarar agora. Temos que ser mais fortes agora, mais fortes do que nunca. Somar cada vez mais e não desistir nunca.

Este sangue que corre aqui nesta veia não esfriará nunca. Ele ficará quente o tempo todo, até que a gente saiba que o Governo se sensibilizou com aqueles que sofrem.

Que Governo é este? Digam-me que Governo é este. Quero saber que Governo é este que dá bolsa-família e que mata os aposentados. Que Governo é este, meu Deus? Que Lula é este?

Não é mais aquele Lula. Quando ele, no palanque, nas suas campanhas, na sua primeira campanha - tenho ainda o discurso dele, qualquer hora vou lê-lo -, dizendo que não concebia quando um trabalhador que ganhava dez salários mínimos passava para a aposentadoria ganhando apenas cinco, que ele não entendia por que; que no Governo dele isso ia acabar.

Cadê este Lula? Onde está este Lula?

Minha Nossa Senhora de Nazaré, nós estamos diante de uma falta de sensibilidade, senhores. Nós vamos ter que lutar contra isso. A sensibilidade do coração do Lula acabou. Nós vamos ter que colocar sensibilidade no coração do Presidente. Esta é a nossa grande tarefa.

Com o gesto de hoje, deste Ministro que veio aqui pensando que a gente tinha cara de besta, o vaquinha de presépio do Presidente Lula... Me disseram que ele era um bom Deputado, disseram-me que ele lutava a favor daqueles sofredores. Por que ele mudou, então? Por que ele mudou, então?

Ora, a Previdência é deficitária. Meu Deus do céu! Meu Deus do céu! Há quanto tempo se escuta isso? Tudo isso é mentira. Sabe por que eles mentem? Para poder pinçar a hora em que eles quiserem o dinheiro da Previdência, para dar para outras empresas, para dar para bancos. Abram uma CPI e vejam se isso não é verdade! Eu sei que o dinheiro da previdência é pinçado! Eles dizem que previdência é deficitária porque retiraram o dinheiro de vocês, o dinheiro que vocês pagaram ao longo da vida para ter o sossego na vida! Ele é retirado pelo Governo Federal e emprestado para aqueles que não precisam.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RG) - Senador Mário Couto, permita-me.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Pois não, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - É importante neste momento em que V. Exª está na tribuna. É exatamente meia-noite e neste exato momento terminou o prazo para recurso ao PL nº 58. Assim, ele está aprovado definitivamente e vai amanhã, Deputada Luciana Genro, pela manhã, para a Câmara dos Deputados. (Aplausos.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Essa é a boa notícia de hoje. Essa é a grande notícia de hoje! Vamos caminhar agora com os projetos, mas nós precisamos fazer pressão, uma pressão sem limites! Cada vez apertando, indo mais para cima! O diálogo com o Governo acabou; acabou hoje, e não fomos nós que fechamos a porta, foi o Governo que fechou a porta hoje.

Para mim isso é definitivo! Para mim, a demonstração do Governo hoje foi taxativa: “Eu não quero ajudar os aposentados brasileiros” . Essa foi a questão de hoje.

Vamos ver o que a Câmara vai dizer. Não quero antecipar aqui o que eu acho que vai acontecer. Quero ser otimista. Vou descer desta tribuna porque há muitos oradores para falar. Vou descer desta tribuna dizendo a todos vocês, aposentados do meu querido Brasil, do meu querido Estado do Pará: nós não vamos parar; nós vamos até o fim. Esta luta, para nós, não tem limite; esta luta, para nós, criou a sua força, criou a vontade em cada Senador, criou a gana em cada Senador de vencer esta batalha. Há alguns meses ninguém sentia esta gana; há alguns meses ninguém sentia este amor. Hoje são muitos. Hoje todos aqueles que vêm à tribuna falam com amor, falam com dedicação, falam com vontade de vencer. Por isso o aposentado deste País, de tanto rezar para Deus, de tanto pedir para Deus, está sendo ouvido.

A cada dia se unem mais Senadores. A cada dia se une mais força e essa força é que nos traz coragem de caminhar até o fim nesta jornada; jornada dura, jornada dura, mas que tem o objetivo fundamental: amenizar o sofrimento dos aposentados, daqueles que trabalharam com tanto amor à Bandeira nacional, que trabalharam com tanto amor a esta Nação querida, e que hoje estão feito copos descartáveis, abandonados e desprezados. É com essa força do dia-a-dia, com a soma de cada um, com o aumento de cada Senador no nosso grupo que temos a convicção e a fé em Deus de que haveremos de ganhar esta batalha.

Senador Paulo Paim, muito obrigado. Dia 2 estaremos aqui novamente nesta grande luta.

Modelo1 4/27/248:42