Discurso durante a 225ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Saudação à cidade de Palmas do Monte Alto na Bahia e agradecimentos à Federação das Associações dos Aposentados do Estado do Pará, pelo apoio à luta pela questão dos aposentados. Violência no Estado do Pará. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Saudação à cidade de Palmas do Monte Alto na Bahia e agradecimentos à Federação das Associações dos Aposentados do Estado do Pará, pelo apoio à luta pela questão dos aposentados. Violência no Estado do Pará. (como Líder)
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior, Heráclito Fortes, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/2008 - Página 48216
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, POPULAÇÃO, MUNICIPIO, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • AGRADECIMENTO, FEDERAÇÃO, ASSOCIAÇÕES, APOSENTADO, ESTADO DO PARA (PA), EMPENHO, DEFESA, INTERESSE, CATEGORIA.
  • MANIFESTAÇÃO, DISPOSIÇÃO, ORADOR, CONTINUAÇÃO, LUTA, DEFESA, APOSENTADO, BRASIL, COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CUMPRIMENTO, PROMESSA, GARANTIA, DIREITOS.
  • LEITURA, CARTA, ADVOGADO, DESTINAÇÃO, JORNAL, O LIBERAL, DENUNCIA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, FALTA, SEGURANÇA, POPULAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA).
  • REITERAÇÃO, REPUDIO, OMISSÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), AGRAVAÇÃO, VIOLENCIA, ASSALTO, SEQUESTRO, HOMICIDIO, FALTA, SEGURANÇA, CONFIANÇA, MORADOR, INEXISTENCIA, POLICIAL, CONTENÇÃO, SITUAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, MUNICIPIOS, INTERIOR.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O LIBERAL, DENUNCIA, HOMICIDIO, EMPRESARIO, MUNICIPIO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA), SUSPEIÇÃO, POLICIA, AUSENCIA, PAGAMENTO, PEDAGIO, TRAFICANTE, ACESSO, LOCAL, AQUISIÇÃO, MATERIAL USADO.
  • DENUNCIA, EXCESSO, NUMERO, CARTEIRO, VITIMA, ASSALTO, ESTADO DO PARA (PA), NECESSIDADE, PAGAMENTO, PEDAGIO, ASSALTANTE, ENTREGA, CORRESPONDENCIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Como Líder da Minoria. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente Mão Santa.

Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, primeiro, antes de começar meu pronunciamento propriamente, fazer uma saudação especial aos nossos amigos da cidade de Palmas de Monte Alto, na Bahia.

Senador César Borges, estou saudando uma cidade baiana, que V. Exª conhece. Dei uma entrevista, ontem, para a Visão FM, ao eminente locutor de rádio Vilson Nunes. Quero, por intermédio do Vilson, mandar um fraterno abraço ao povo de Palmas de Monte Alto, na Bahia. Foi um prazer muito grande ter falado ontem à Rádio FM Visão.

Quero agradecer também, Senador Paulo Paim, à Federação das Associações dos Aposentados do Estado do Pará as várias correspondências que recebi do meu Estado e a luta que a Federação, por intermédio do seu Presidente, Emídio Rebelo, Senador Geraldo Mesquita, faz em favor dos aposentados da minha terra querida, o Estado do Pará.

Aqui, eminente Presidente, receba o abraço do Senador Mário Couto, o que faço, com muito carinho, a todos os aposentados não só do meu Estado, mas de todo o Brasil, que me remeteram milhares e milhares de correspondências durante todos esses dias em que passamos aqui, atentos e chamando a atenção da Nação para o grande problema dos aposentados e pensionistas deste País.

A luta continua! Não haveremos de abrir um milímetro em relação a essa causa, e só vamos terminar quando pudermos festejar essa grande vitória, Senador Paulo Paim. Nada, só Deus, só Deus, ninguém mais poderá nos afastar do caminho da vitória! E vamos persistir, até que, uma hora, possamos atingir a sensibilidade no coração do Presidente Lula.

Não acredito, sinceramente, que um homem capaz de tornar realidade um programa como o Bolsa-Família, que atende a mais de 11 milhões de brasileiros necessitados, possa, paralelamente a isso, esquecer-se dos aposentados, que estão morrendo à míngua neste País. Isso não me entra na cabeça!

Temos de, cada vez mais, apertar o cerco. E vamos fazer isso até que chegue ao coração do Presidente Lula, até que ele possa ser aquele Lula de antigamente. Ele precisa acordar. Ele tem de perceber tudo aquilo que falou no passado, tudo aquilo que falou em palanque a respeito dos aposentados. Ele tem de se lembrar disso; tem de cumprir com a palavra de Presidente.

Eu recebo correspondências dos aposentados. Noventa por cento dos aposentados deste País votaram no Lula e não esquecem o que ele falou em relação a eles: que ia ser afetivo, que ia tratá-los com respeito; que jamais usaria o fator previdenciário, que era contra o fator, que o criticava. E, agora, faz tudo ao contrário. Que Lula é esse? Queremos o Lula antes de ser Presidente. Queremos o Lula real, esse é o disfarçado. Não é esse Lula que queremos.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Concede-me um aparte, Senador?

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Pois não, Senador.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - V. Exª tem razão. A gente precisa fazer com que o Presidente se lembre de algumas expressões de sua autoria, como aquela que dizia, por exemplo, que os aposentados brasileiros mereciam ter a condição que têm os aposentados europeus. Essa é uma frase do Presidente Lula, antes de ser Presidente. Queria resgatar o fio da meada de ontem de madrugada, Senador Mário Couto, para lembrar a todos nós que precisamos, em relação ao Presidente Lula, cobrar dele uma postura mais efetiva. Ou seja, a mim não basta que o Presidente se comprometa, no caso de os projetos serem aprovados na Câmara, a não vetá-los. A mim não basta isso, Senador Mário Couto, a mim não basta. É um compromisso, mas o Presidente precisa sair da comodidade dessa assertiva para efetivamente se comprometer e estimular a sua base na Câmara dos Deputados a se mobilizar no sentido de aprovar os projetos. Ele tem que sinalizar isso claramente, porque todos nós sabemos... E não quero aqui dizer que a base de Deputados do Presidente Lula na Câmara é de cordeirinhos. Não se trata disso, não, mas é porque ela trabalha afinada com o pensamento do Presidente Lula e com o pensamento do seu Governo. É algo natural, isso é natural na política. Agora, o Presidente se comprometer que, em sendo aprovados os projetos, ele não vetará, é pouco. Ele precisa agora se comprometer, e eu acho que nós devemos agora partir para essa cobrança, no sentido de conversar, estimular, incentivar e apoiar a sua base de sustentação na Câmara para que ela, efetivamente, vote os projetos, e vote positivamente. Aí, sim, ele vai cumprir, na sua plenitude, com o compromisso que ele, teoricamente, assumiu com os aposentados e pensionistas deste País. Fora isso - não diria que é conversa mole -, é conversa sem efetividade, Senador. É conversa sem efetividade. Então, eu acho que agora a nossa cobrança tem que ser neste sentido, cobrar respeitosamente do Presidente Lula uma atuação efetiva, clara, cristalina. Ele tem que colocar para todos nós aqui, para a sociedade brasileira, esse propósito, esse intuito: “Vou conversar com a minha base de sustentação na Câmara para que eles coloquem em pauta os projetos que estão lá dormitando, apreciem e votem positivamente, para que, em chegando às minhas mãos, eu possa sancioná-los”.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Obrigado, Senador.

Senador Paim.

O Sr. Paulo Paim (PSDB - AP) - Senador Mário Couto, primeiro, cumprimentar V. Exª, o Senador Eduardo Suplicy, que está aqui, o Senador Mesquita Júnior, o Senador César Borges, o Senador Mão Santa, os Senadores que estão colaborando nessa caminhada em defesa dos aposentados e pensionistas. Mas deixe-me fazer um registro objetivo. O Deputado Cleber Verde Cordeiro Mendes encontra-se aqui no cafezinho e já veio conversar conosco na linha de avançarmos na articulação com os Deputados. Ontem, esteve aqui uma Deputada. Já em torno de seis ou sete Deputados, numa visão de frente suprapartidária, como fizemos aqui, confirmaram que estarão aqui no plenário no dia 2, quando poderemos fazer até uma passagem simbólica, entregando nas mãos deles os três projetos, para que comecem a fazer o movimento na Câmara dos Deputados. O próprio Presidente da Cobap, Warley Martins, está aqui. As centrais sindicais se comprometeram a estar conosco nesta terça-feira. Tenho recebido e-mails de idosos, que, espontaneamente, Senador Geraldo Mesquita Júnior, dizem: “Vou pegar o meu ônibus aqui no interior da minha cidade e vou para Brasília”. Já estão saindo espontaneamente, pagando a sua passagem, até solito no más, para virem participar conosco. Entendo que esse é um movimento irreversível. Como todos usamos o termo: não tem volta. Confesso-lhes, a exemplo do que falou ontem o Senador Geraldo Mesquita Júnior, que não acredito que o Governo Lula deixará de apresentar uma proposta que vá na linha de acabar com o fator e garantir uma política de reposição dos benefícios dos aposentados e também dos pensionistas. Claro que esse movimento popular é que vai garantir a mobilização dos Deputados e a aprovação dos projetos lá na Câmara. Pode ser até em forma de substitutivo, desde que atenda. Eu chego a dizer, Senador Geraldo Mesquita Júnior: querem rejeitar os meus três projetos? Rejeitem em paz. Agora, apresentem uma proposta que atenda aos aposentados e que acabe o fator. Ninguém aqui está preocupado com a paternidade, de ser o autor ou não do projeto. Nós queremos é que os aposentados e pensionistas tenham o reajuste integral e a reposição das perdas, e o fim do fator que arrebenta a vida de todo assalariado, porque ele se aposenta com um redutor de 40%. Então, eu fico muito tranqüilo. Confesso-lhe que acho que está sendo construída uma alternativa. Não a conheço, senão não esconderia de ninguém. Teria conversado com os senhores. Não conheço. Mas eu tenho aqui um sentimento bem no fundo do coração, aquela questão da alma, que alguma coisa vai ter que ser apresentada. Eu espero que venha nesta linha: reposição das perdas, uma política daqui para frente e o fim do fator, com uma idade mínima, que nós nunca nos negamos a discutir. O Presidente Lula está ouvindo e vendo esse movimento das ruas. É aquilo que eu digo: os tambores estão rufando em defesa dos aposentados em todas as cidades deste País. O Presidente Lula é inteligente, competente, habilidoso, político, por isso que se elegeu pela segunda vez à Presidência da República. É com esse viés, é com esse olhar, Senador Geraldo Mesquita Júnior, que eu tenho muita esperança. Não pela luta que nós travamos, aqui, de forma muito coletiva, com todos os Senadores - eu digo que não foi uma luta, nós fizemos um bom debate e todos votaram juntos; não teve um votinho contra aqui. E eu tomo a liberdade, nesse nosso diálogo, aqui, de dizer que nós continuaremos, sim, apoiando os Deputados, como, agora, o Deputado que se encontra no cafezinho, no sentido de que a gente aprove, com rapidez, o fim do fator e a recuperação dos benefícios dos aposentados. Meus cumprimentos, mais uma vez, a V. Exª e a todos os Senadores.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Na terça-feira, Senador Paulo Paim, haveremos de dar mais um passo, e eu espero que nós possamos dar, em breve, a boa grande notícia aos aposentados deste País, porque um fato está decidido e está determinado. Acabou V. Exª de falar: a condição de recuo é irreversível. Não recuaremos um milímetro. Os próximos passos, depois da vigília, é irmos às ruas, e os aposentados já pedem isso. Espero, antes, que o povo tão sofrido deste País, que trabalhou tanto por este País, não necessite ir às ruas para pedir justiça. Espero que isso não aconteça. Mas não se tenha dúvida de que, depois dessas ações, não há outra alternativa: o povo irá às ruas e nós temos que acompanhá-lo. Esse é o sentimento que eu sinto nas correspondências que eu tenho recebido, e V. Exª também.

Mas, Sr. Presidente Mão Santa, quero hoje dizer a V. Exª que a corrupção no Estado do Piauí tem a mesma dimensão talvez da violência do Estado do Pará. Por isso é que eu diria que V. Exª não fez quatro a um. Até acredito que, com este meu pronunciamento e com os outros, possamos estar empatados: que a corrupção no seu Estado seja tão forte quanto a violência no Estado do Pará hoje. E V. Exª vai perceber, até o final do meu pronunciamento, como eu tenho razão.

Eu acho que o Pará contribui para que o Brasil seja hoje um dos países mais violentos do mundo. A sensação que eu tenho, meu caro Senador baiano César Borges, é que o Pará e o Rio de Janeiro sejam os Estados mais violentos do Brasil. O Brasil hoje possui uma das maiores taxas de homicídio do mundo, Senador Geraldo Mesquita, do mundo! Olhem para quem o Brasil perde em termos de homicídio: Colômbia, que nós sabemos por quê, e perde para a África do Sul, Jamaica e Venezuela. Só! Bate todos os outros países do mundo em homicídio. E eu tenho certeza de que o meu Estado, o meu querido Estado do Pará, o sexto maior exportador deste País, um Estado que tem um potencial turístico imensurável, hoje, contribui para essa taxa. Eu não tenho nenhuma dúvida disso, Senador Geraldo Mesquita Júnior.

Quando venho aqui... Mão Santa, é sua obrigação vir aqui a esta tribuna denunciar a corrupção no Piauí. A sua obrigação é constitucional, Mão Santa. É constitucional! Você faz isso por respeito ao povo que acreditou em você, que confiou em você e que mandou você para cá. É sua obrigação vir aqui e denunciar o Governador, mesmo que ele não goste. Lixe-se o Governador do Piauí! Mas você tem obrigação de vir a esta tribuna e mostrar o que está acontecendo no seu Estado. Foi exatamente para isso que aquela população lhe mandou para cá, assim como eu. “Ah, porque o Mão Santa está perturbando o Governador...” Nada disso! “Ah, porque o Mário Couto perturba a Governadora...” Nada disso!

Eu queria, a quantos me questionassem, responder que eu jamais pararia, em respeito ao povo do meu Estado, em respeito às pessoas e às famílias que hoje choram a morte de seus parentes.

Vou ler aqui uma carta de um leitor escrita para um jornal do Pará, editoriais de jornais. Eu vim aqui a esta tribuna alertar, dizer que as pessoas estão rezando antecipadamente pelas mortes daqueles que vão ser assassinados no dia seguinte; eu vim aqui dizer que os Correios do meu Estado não conseguem mais entregar cartas; eu vim aqui dizer que os jornais do meu Estado não conseguem mais distribuir os seus jornais; eu vim aqui dizer, Mão Santa, um fato inacreditável: que os ladrões estão prendendo a polícia do meu Estado, saqueando as cidades, tomando as cidades do meu Estado.

Isso é inacreditável. Falando, não dá para acreditar, Mão Santa.

Eu vim aqui dizer que as centrais elétricas do meu Estado não conseguem entregar mais a conta de luz; eu vim aqui dizer, Mão Santa, que os bandidos estão cobrando pedágio para as famílias entrarem nas suas casas, nos seus bairros. E vou mostrar aqui que tudo que eu falei nesta tribuna aconteceu e continua acontecendo no meu Estado.

Não adianta, Mão Santa, dizer que você é contra o Governador, que você está fazendo politicagem! Não adianta!

Podem falar isso de nós, podem falar o que quiserem de nós. Você é um homem determinado, briga pelo seu povo. Você tem que continuar fazendo o que está fazendo, e eu também. Ninguém, repito, me faz parar.

Dediquei todas as quintas-feiras - todas! - para falar deste tema, para comentar este tema, para falar em defesa do meu Estado, para falar em defesa do meu povo, que me colocou aqui exatamente para fazer isso, para cumprir com a minha obrigação de Senador da República, mostrar que a população brasileira está sendo dominada pelos bandidos. Há crimes violentos, barbaridades em todo o País. Mas o meu Estado é o campeão.

A Governadora do meu Estado, que prometeu, nas suas campanhas políticas, acabar com a bandidagem no meu Estado, não toma absolutamente nenhuma providência. Há falta de policiais, falta de equipamentos, delegacias de polícia caindo aos pedaços, policiais sem condição de trabalho, e os bandidos tomando conta do meu Estado.

Como testemunha mais patente, Mão Santa, de que o que falo aqui não é exagero, não é politicagem, é uma realidade, Nação brasileira, vou ler uma carta de um leitor, ou melhor, parte dela, porque a carta é muito grande e tomaria muito tempo. Lerei parte dessa carta de um leitor chamado André Rocha, que mostra muito bem a situação do Estado do Pará nos dias de hoje em relação à violência.

André Rocha, advogado, biomédico:

Não falo sem razão. Ao longo de minhas três décadas de existência, feliz abaixo da linha do Equador, nunca sofri assalto ou violência. Somente a após a posse de nossa Governadora, sofri dois assaltos à mão armada, nos quais perdi muito mais do que documento, dinheiro e bem materiais; perdi a tranqüilidade de andar na rua, passei a andar em locais desertos, passei a deixar bens que tenham valor maior do que R$50,00 em casa, sob pena de, caso não faça isso, aumente muito o risco de sofrer nova violência, cujo desfecho trágico ou não depende única e exclusivamente do bom senso do banditismo.

Na roda de amigos, a violência virou tema corriqueiro, como aquelas discussões de velhas hipocondríacas para saber quem é mais doente: ‘Ontem fui assaltado!’ - é o que se comenta hoje nas rodas -; ‘E eu - dizia o outro - sofri um seqüestro relâmpago, até me ameaçaram de morte!’; ‘Isso não é nada. Tive a casa invadida por quatro ladrões que limparam minha casa, roubaram o meu carro, passaram a noite abusando de minha esposa e filha, mas graças a Deus não as estupraram.

Há quem diga, principalmente alguma autoridade do Governo, que esse texto é exagerado, que devo ser simpatizante de um grupo político contrário. Mas a verdade indiscutível é que nunca o belenense, o paraense se sentiu tão cordeiro em meio de malha de ladrões, assassinos, estupradores, estelionatários e toda sorte de criminosos, de abuso e descaso.

Leitor - dizia esse aos leitores paraenses do jornal O Liberal - faça você mesmo sua estatística: pergunte a dez pessoas de seu círculo se já foi vítima de algum tipo de violência. Garanto que você vai se surpreender com o resultado.

Eu já disse isto várias vezes da tribuna:

Pergunte a um paraense quem, no Pará, ainda não foi assaltado. Governadora, Secretário de Segurança Pública, façam sua estatística. Aliás, a Governadora, apesar de ter um parente assassinado brutalmente, mesmo assim, não tomou nenhuma providência. Eu já tive - eu - um filho e uma filha que sofreram um seqüestro relâmpago; um filho numa semana, a filha na outra. Mas não me queixo, porque milhares e milhares de paraenses estão sofrendo não só seqüestro, mas todas as perversidades que os bandidos possam pensar em fazer.

Governadora, Secretário de Segurança Pública, façam suas estatísticas, mas não façam a pesquisa entre moradores de condomínios de alto luxo, de segurança reforçada. Essa realidade não reflete a real situação de 99,99% dos paraenses que não podem dispor de tamanha mordomia de tranqüilidade, de segurança privada.

Quando os senhores pretendem tomar providências? Não sou eu, é o leitor, é o paraense que está perguntando à Governadora, Presidente Mão Santa. É um paraense que está perguntando a ela: quando é que a senhora vai tomar providências? Quando, Deus a livre, algum ente querido seu for assaltado - já foi até assassinado, e ela não tomou providência nenhuma -, seqüestrado ou assassinado?

           Eu estou lendo esta carta para mostrar que o que eu falo é a realidade pura. Eu falei aqui que se tinha que pagar pedágio, porque, se não se pagasse pedágio, os assassinos matavam os paraenses. Está aqui, na semana passada. Isso eu falei há quinze dias. No Pará, quem quiser entrar em sua casa ou fazer algum negócio na baixada, nas ruas, nos bairros, se não pagar pedágio, morre. Chegamos a esse ponto!

           A bandidagem tomou conta do meu Estado. Os assaltantes dominaram o meu Estado. Não existe policiais para conter a violência em meu Estado. O interior está sujeito, a cada semana, a cada mês, a uma cidade ser tomada por assaltantes. Bancos, vinte e três assaltos de bancos! Os bandidos entram nas cidades do interior, tomam a cidade, prendem delegado, prendem PM e fazem o que querem.

           TV Senado, mostre para o País o que eu falei. Está aqui, eu vou ler. Depois eu vou mostrar o jornal, ainda não. Eu vou contar a história do empresário que foi morto por não pagar pedágio. Depois eu vou mostrar o jornal. Mas eu vou primeiro ler a reportagem, reportagem de O Liberal também.

O empresário Hoston Luiz Meireles de Souza, de 35 anos, foi assassinado a tiros, no início da manhã de ontem, no Aterro Sanitário do Aurá [um bairro que há em Belém]. Hoston costumava freqüentar o local para comprar material reciclável. A polícia suspeita que ele tenha sido morto por traficantes que cobram “pedágios” para permitir o acesso dos compradores ao lixão.

Segundo seus próprios familiares, Hoston tinha parado de pagar essas “taxas” [R$ 500,00 por mês].

           Olha onde nós chegamos, Srs. e Srªs, R$500,00 por mês. Meu Brasil! Você tem que pagar R$500,00 por mês para os bandidos, os traficantes, os assassinos, para entrar no bairro. O Sr. Hoston não pagou! Metralharam o Sr. Hoston., porque ele tinha parado de pagar essas “taxas” e, por isso, passou a ser ameaçado pelos homens conhecidos como “Negão” e “Bichinha”. Os dois encabeçam a lista de suspeitos.

Agora, TV Senado, mostre aqui este jornal paraense:

“Carteiros têm mês de maior insegurança.” Vou repetir: “Carteiros têm mês de maior insegurança.”

O Natal se aproxima. As correspondências aumentam. Os carteiros não podem entregar as mensagens natalinas no Estado do Pará. Absurdo! Terrível! Os carteiros não podem entregar as correspondências no Estado do Pará. Os bandidos não deixam!

Se teimarem, igual ao Sr. Hoston, são mortos! O Sr. Hoston deixou de pagar o pedágio para entrar onde trabalhava, e o mataram! Os carteiros têm que fazer a mesma coisa; se não o fizerem, morrem!

E o jornal está chamando a atenção. Como um Estado, do tamanho do meu, que colabora tanto com a economia deste País, um Estado de 7 milhões de habitantes, tem apenas 11 mil soldados para proteger a sua população? Olhem como os bandidos tomam o Estado! Mostra TV Senado! Mostra a situação dos Correios no meu Estado!

Em lugar nenhum do mundo, Srªs e Srs. Senadores, vê-se isso! Em lugar nenhum do mundo, vê-se que as pessoas deixaram de ter o direito de ir e vir. Em lugar nenhum do mundo, as pessoas podem ser impedidas de entrar nas suas casas, de realizar os seus trabalhos.

No Pará, é necessário que se pague pedágio para entrar nos seus bairros e nas suas casas.

Os carteiros, dignos carteiros! Só no mês passado, está aqui no jornal, 16 carteiros foram assaltados, durante o mês. Os carteiros, em todo o mundo, em todo este planeta chamado Terra, têm o direito de realizar o seu trabalho, só no Estado do Pará é que não têm.

Senador Mão Santa, lamento muito que no seu Estado do Piauí a corrupção tome conta. Mas, no meu Estado, a coisa é muito séria. Olhe como estão os quartéis. Aqueles que são obrigados a proteger a população, olhe como se encontram eles.

O Ministério Público Militar vai mandar apurar denúncias feitas por integrantes da Polícia Militar de que as condições de higiene e de trabalho do 20º Batalhão da Polícia Militar[, um dos maiores, talvez o maior], situado no bairro do Guamá, são as piores possíveis.

São piores, dizem as denúncias, até mesmo que as péssimas condições de higiene de algumas das mais sujas delegacias de polícia do Pará.

No dossiê remetido ao Ministério Público Municipal, os denunciantes reclamam de perseguições que estariam sendo praticadas pelo Comandante do Batalhão, dizem que a alimentação servida é péssima - menos para os altos oficiais, é claro.

E o mais grave é que militares estariam sendo obrigados a prestar serviço de segurança privada para empresas particulares que executam obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Essa é a situação da nossa polícia, meu querido Senador Mão Santa.

Desço desta tribuna, Senador, indignado com a situação de insegurança do meu povo.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Concede-me um aparte?

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Permito, sim.

Desço indignado, principalmente, porque a Governadora do meu Estado disse em todos os palanques no Pará - em nenhum ela hesitou. Em todos, a sua bandeira de campanha era que ela acabaria com a bandidagem no meu Estado. Aumentou muito. Poderia ter aumentado um pouco, mas aumentou muito.

Hoje, o paraense anda intranqüilo. Hoje, o povo sofrido e humilde, mas digno, do interior do meu Estado, anda inseguro. Hoje, o povo da capital da minha querida Belém de Nazaré anda inseguro. Hoje, o Estado do Pará bate todos os recordes de violência neste País.

E a Governadora - é lamentável, mas temos que falar isso, ela dá motivos para que falemos - pega um avião e passa um mês na China. O que vai fazer uma Governadora de Estado na China, na hora em que a China corta suas importações, na hora em que a China diminui suas importações, na hora em que a China manda a Vale do Rio Doce segurar o minério? A China pára com todos os negócios dela no mundo por causa da crise. Aí, vai a Governadora buscar negócios na China. É inacreditável! Inacreditável!

Pois não, Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Agradeço a V. Exª o aparte. Mas quero chamar a atenção do Senador Mão Santa que até no Pará a corrupção no Piauí já é notícia. Nosso Senador lembrou a V. Exª os fatos de que todo dia tomamos conhecimento: obras eleitoreiras, desvio de recursos, as denúncias que começaram com a Fenatec e não têm mais fim. Quero fazer esse registro porque, veja bem, se fosse uma denúncia minha, sua ou de alguém do Estado, seria uma questão localizada do Estado do Pará. Mas a situação do Piauí é tão grave que já é notícia no Pará. Infelizmente, não é notícia boa, é notícia de corrupção. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Infelizmente, temos essas notícias, porque queríamos falar de coisas boas dos nossos Estados, que amamos, Senador Heráclito, de coisas boas, Senador Mão Santa, e não de coisas más.

Mas, repito a V. Exªs, Senador Heráclito e Senador Mão Santa, V. Exªs têm obrigação de fazer isso como eu. Seríamos levianos se ficássemos calados. Temos que usar os nossos direitos constitucionais para vir aqui denunciar, falar, até que as coisas possam ser ajeitadas.

Senador Mão Santa, eu não vou desistir, como sei que V. Exª vai continuar denunciando. Denuncie, mostre ao seu povo do Piauí o que está acontecendo lá e eu farei o mesmo. Dedicarei todas as minhas quintas-feiras, todas, sem exceção. Quando estiver aqui neste plenário, dedicarei ao meu povo, ao humilde povo do meu Estado, ao povo trabalhador, ao povo decente, ao povo honesto, que está sendo assaltado, pisoteado e massacrado pelos bandidos. Estarei aqui atento, firme, denunciando sem medo, pedindo providências. E reconheço: quando as providências forem tomadas, assim como V. Exª, serei correto, serei digno de chegar aqui a esta tribuna e agradecer às autoridades que assim amenizaram o sofrimento do meu Pará. Só isso, nada mais que isso. A única coisa que quero é ver o meu povo feliz. A única coisa que quero é ver o meu povo com segurança.

Não quero ver o paraense intranqüilo nas ruas, não quero ver o paraense sofrendo. A única coisa que desejo é o bem do paraense. E, para isso, não abrirei mão nem um milímetro, custe o que custar, aborreça quem aborrecer. Lutarei até o fim, até meu último dia aqui, se for preciso, para que a segurança do meu Estado volte a reinar, para que a tranqüilidade do meu Pará volte a reinar, para que os paraenses possam se orgulhar de morar no Estado do Pará, para que cada um de nós, paraenses, ao olhar para Nossa Senhora de Nazaré, possa dizer: muito obrigado, minha Virgem.

Obrigado, Senador Mão Santa.


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