Discurso durante a 228ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração da quarta Semana do Senado Federal de Acessibilidade e Valorização da Pessoa com Deficiência.

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Comemoração da quarta Semana do Senado Federal de Acessibilidade e Valorização da Pessoa com Deficiência.
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2008 - Página 48917
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, OLIMPIADAS, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, CANADA, MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, ATLETA PROFISSIONAL.
  • CONGRATULAÇÕES, INICIATIVA, SENADO, COMEMORAÇÃO, SEMANA, ACESSO, VALORIZAÇÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, HOMENAGEM, ATLETA PROFISSIONAL, VITIMA, ACIDENTE MARITIMO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Senador Garibaldi Alves Filho, Presidente do Senado; Exmº Sr. Alfredo Kaefer, Deputado Federal; Exmº Sr. Carlos Henrique Custódio, Presidente dos Correios; Srª Cláudia Grabois, Presidente da Federação Brasileira de Associações de Portadores de Síndrome de Down, representando nesta solenidade também o Conade - é um prazer enorme -; Maurício de Sousa, que precisou dar uma saída, mas está aqui com a gente; Marcos Frota, ilustre militante em favor da causa; Sr. Paulo Brandão, servidor do nosso Senado Federal; Ricardo Oliveira, campeão das Olimpíadas de Matemática das Escolas Públicas do Brasil - já tive oportunidade de conhecê-lo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro -; e Lars Grael, nosso grande campeão - é um prazer enorme tê-lo aqui hoje.

Senhoras e Senhores presentes, Senhoras e Senhores telespectadores da TV Senado, não quero ser fastidioso ao ler aqui o meu discurso e vou pedir à Mesa que seja dado como lido, pois já vai longa a nossa sessão. Mas não poderia deixar de extravasar meus sentimentos ao ver esta Casa hoje com pessoas tão ilustres, com brasileiros que procuram resgatar nossa dignidade frente a uma das questões mais graves da nossa sociedade, que é excludente, que durante 350 anos escreveu as páginas mais vergonhosas da escravidão, da exclusão dos pobres, da exclusão do povo e do cidadão à política, da exclusão de religiosos, perseguição a minorias religiosas, mas também um grave esquecimento, preconceito, discriminação com aqueles brasileiros que, ao longo da nossa história, eram portadores de algum tipo de deficiência e que foram esquecidos ou colocados à margem do nosso processo de desenvolvimento.

Sr. Presidente, esta Casa já começa a resgatar, com inúmeras medidas legislativas - algumas já citadas aqui, outras de minha iniciativa - esse débito. Nesta sessão solene, eu gostaria de deixar aqui uma das imagens mais lindas que trago na coleção das minhas memórias e que hoje encontra espaço nas loas que fazemos não só para estimular os brasileiros a esta grande missão de incluir nossos portadores de algum tipo de deficiência, mas também para celebrar as virtudes que eles possuem em sua alma, em seu espírito e em sua maneira de ser.

Eu queria citar uma Olimpíada a que assisti de portadores de algum tipo de deficiência e que foi celebrada em Montreal. Especialmente a prova de corrida. Estavam envolvidos corredores portadores de Síndrome de Down. Jovens, meninos e meninas, estádio lotado. Alguns aqui devem ter visto a cena. Sr. Presidente, com a expectativa de uma grande competição, natural, de uma grande competição, de uma prova, eles se colocaram na linha e tomaram a posição de largada. Foi dado o tiro, e partiram; cada um tentando fazer o melhor para cruzar, em primeiro lugar, a linha de chegada. Aconteceu que poucos metros à frente uma daquelas crianças tropeçou e caiu. O que ocorreu foi uma cena tão bonita que não encontraria semelhante nem nos episódios mais heróicos da História da humanidade; não há algo que se assemelhasse em doçura e em majestosa pureza.

Sr. Presidente, mesmo no afã de uma competição mundial e diante de tantos telespectadores, os demais atletas, ao perceberem que um menino havia tropeçado, caído e estava no chão, voltarem seus olhos para trás. Com suas dificuldades inerentes, diminuíram a marcha até que passaram a caminhar. E um deles resolveu voltar para socorrer, para acolher, para ver o que tinha acontecido com o menino. Aquele gesto tocou os demais, que também voltaram. Daí a pouco, aquela competição que era para ser de 50 metros rasos acabou sendo um gesto extraordinário e inesquecível dos mais lindos de solidariedade a amor ao próximo. Todos voltaram, todos se dobraram para erguer o menino; todos se importaram com seu joelho arranhado. 

Inusitadamente, deram-se as mãos aqueles que supostamente deveriam competir uns com os outros e acabaram cruzando juntos a linha de chegada.

Que lição maior e melhor esta pobre humanidade - que, de tantos conflitos, busca o conhecimento da verdade, nos seus dilúvios de ódios e paixões -, poderia ter daqueles que tantas vezes desprezou por meros aspectos físicos?

Senador Romeu Tuma, já lhe concedo um aparte.

É assim que vejo o potencial daqueles que, com imensa paciência - seja um cadeirante, seja alguém que não consegue se expressar com as palavras, seja alguém que anda com um bastão ou guiado por um cão para não tropeçar ou cair -, são submetidos a todas essas torturas que a sociedade formal lhes impõe, por falta de sensibilidade, para terem acesso a algum lugar ou para se moverem. Acessibilidade e mobilidade talvez sejam as maiores questões para terem acesso também aos bens da vida, à educação, ao entretenimento, à convivência, eu diria, num ambiente público, sem ter muitas vezes que sofrer um olhar discriminador.

Essas pessoas têm muito a nos ensinar, pelas virtudes que elas adquirem nesse dia-a-dia de imensas lutas.

         E a sua tenacidade, a tenacidade de cada um deles para transpor cada um desses obstáculos, sem sombra de dúvida, é a maior lição que podemos ter nestes dias, inclusive tumultuosos, da vida nacional.

Portanto, quero celebrar aqui todas as iniciativas que o Senado Federal, nesta nossa legislatura, tem tomado, inclusive esta. E parabenizo o Senador Garibaldi Alves por nos dar uma sessão solene na qual podemos, como disse antes, extravasar nossos sentimentos e celebrar que, na nossa sociedade, tenhamos esses seres humanos que são verdadeiras lições para a nossa vida pessoal.

Concedo o aparte ao Senador Romeu Tuma, com muita honra.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Peço desculpas a V. Exª por interromper o discurso de sentimento e espiritualidade que V. Exª faz da tribuna. Peço licença ao Presidente em razão de eu não estar inscrito pelo meu partido para falar em nome dele. Tenho participado aqui ativamente de todos os projetos que falam em acessibilidade. Eu me lembro que o primeiro passo de acessibilidade interna foi sob a presidência do Senador José Sarney, eu como Primeiro Secretário desta Casa: começamos a construir uma infra-estrutura que desse realmente condições àqueles brasileiros que querem acompanhar o desenvolvimento da atividade parlamentar; que tivessem toda a participação, sem nenhum obstáculo que pudesse oferecer dificuldade para aqui chegarem. Hoje pela manhã, nosso Secretário Grael, nosso grande navegador, foi citado na audiência pública sobre o esporte. Eu conheço o projeto do Grael, principalmente no litoral paulista, e o trabalho que ele faz de inclusão das crianças que não têm nenhum tipo de apoio. A dificuldade dele foi vencida pela força que ele tem e pela espiritualidade de servir ao próximo. Então, foi citado lá como uma das organizações que têm dado apoio principalmente às crianças. Eu tive oportunidade de falar sobre a paraolimpíada, que é um evento maravilhoso. Você vê um time de deficientes visuais jogando futebol, fazendo gol pelo ruído, fazendo drible! É uma coisa maravilhosa. Eu sou mais torcedor desse tipo de jogo do que de futebol de campo, em que praticamente a agressividade e a violência vêm crescendo indiscriminadamente. O Marcos Frota de manhã estava conosco, está cansado; eu estava de manhã com o nosso cartunista Mauricio de Sousa, que é meu amigo particular; a estrela do xerife da minha campanha, o xerifinho, foi ele que fez para mim. Ele participou ativamente, em respeito ao Presidente da Casa, hoje cedo, no lançamento da Semana. É uma proposta maravilhosa esta, da inclusão. A inclusão é uma ação indispensável para a cidadania, Senador Crivella. Eu não vou tomar o tempo de V. Exª porque sei que essa sua força espiritual fala muito mais alto do que nós, que somos seres que ainda temos que, todo dia, pedir a Cristo que chegue perto. V. Exª já chegou.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ) - Não, é bondade de V. Exª.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Eu já tive oportunidade de dizer que senti a presença d’Ele nas horas difíceis da minha vida quando passei problemas de saúde. Acho que é importante trabalhar, e o Senado hoje está num dia muito feliz. O Senador Garibaldi participou de alguns eventos importantes: de manhã, o lançamento da semana com o nosso amigo Mauricio de Sousa, a audiência pública do esporte, e esse evento que agora se desenvolve dentro do Senado Federal. O Senador Presidente está de parabéns por tudo que conseguiu e está conseguindo nesse trabalho de integração, de acessibilidade de todas as camadas da sociedade brasileira! Obrigado.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ) - Muito obrigado, Senador Romeu Tuma.

Eu concluo, Sr. Presidente, dizendo que as nacionalidades dependem muito, eu diria, da sua configuração física, dos acidentes imprevisíveis, até misteriosos, da sua formação, dos seus símbolos telúricos, das suas bandeiras, das suas batalhas, mas não há notícia na história de que alguma delas, alguma nacionalidade haja se tornado culta, poderosa, digna, honrada, sem a presença dos seus heróis.

         E eu gostaria de reverenciar esses heróis anônimos, homenageando Grael, que cresceu como pessoa, como ser humano, ultrapassou os limites do atletismo para crescer na consciência e na gratidão nacional quando, superando a dificuldade que lhe foi imposta por um acidente, um infortúnio do destino, passou a dedicar-se a uma causa que não já não é apenas a vitória de um barco, mas a vitória de tanta gente que precisa do nosso esforço, da nossa luta, como a do Senador Flávio Arns, como a de Pedro Simon e de tantos outros que conseguem sentir a dor do seu próximo e ser porta-vozes, aqui nesta Casa, de suas dificuldades. E esses lutadores cultuam, como eu disse, esses heróis do cotidiano que nos ensinam tanto quando saem com suas cadeiras, com seus cães, olhando para alguém que, com sinais, lhes fale do que está ocorrendo.

Parabéns a todos vocês! Muito obrigado, Presidente!

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR MARCELO CRIVELLA.

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O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2008 - Página 48917