Discurso durante a 228ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração da quarta Semana do Senado Federal de Acessibilidade e Valorização da Pessoa com Deficiência.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.:
  • Comemoração da quarta Semana do Senado Federal de Acessibilidade e Valorização da Pessoa com Deficiência.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2008 - Página 48938
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, INICIATIVA, SENADO, REALIZAÇÃO, SEMANA, MELHORIA, ACESSO, VALORIZAÇÃO, COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ANALFABETISMO, BRASIL, CRITICA, AUSENCIA, POLITICA, SETOR PUBLICO, QUALIDADE, ENSINO, ERRADICAÇÃO, PROBLEMA.
  • MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, COMPROMISSO, ORADOR, LUTA, DEFESA, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, COMBATE, ANALFABETISMO, BRASIL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

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O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, senhores visitantes neste evento, quero começar repetindo o que eu falei num aparte ao Senador Inácio Arruda, que talvez o único grande avanço do ponto de vista ético no século XX, que foi um século de retrocessos éticos, embora de grandes avanços científicos e técnicos, talvez o único grande avanço foi o respeito à diversidade. A descoberta do papel das mulheres e do respeito às mulheres, o respeito à diversidade na opção sexual e especialmente o respeito àqueles portadores de deficiência. E, mais do que o respeito, o cuidado especial que nas últimas décadas aconteceu no mundo inteiro.

E o Senado é prova disso com esta IV Semana de Valorização da Família. Mas todos já falaram sobre isso. Vim aqui lembrar um grupo de portadores de deficiências que ficam esquecidos. Aqueles que nasceram com seus braços, com suas pernas, com boa visão, ouvindo bem, podendo falar, sem nenhuma das deficiências físicas e mesmo mentais conhecidas, mas que, por omissão, por falta de cuidado, sobrevivem no século XX, Senador Tuma, enfrentando a grave e imensa deficiência do analfabetismo.

O analfabetismo é uma forma de deficiência que é preciso corrigir. A pessoa que não sabe ler pode caminhar numa escada, sem necessidade de rampa, pode até caminhar nas ruas, sem necessidade de guias, mas não é capaz de ler nem mesmo no braile, não é capaz de participar da vida, mesmo caminhando, sem necessidade de uma cadeira de rodas.

Quero deixar aqui, ao mesmo tempo, a minha solidariedade e o meu carinho, o meu compromisso, com aqueles que são portadores de deficiências físicas e mentais, mas lembrando, com o mesmo carinho, aqueles que são portadores da deficiência da omissão dos Poderes Públicos na infância dessas pessoas que, mesmo agora, quando adultas, não recebem o apoio público para saírem da situação de analfabetismo e superarem essa grave deficiência para viver no mundo moderno.

O mais trágico é que essa é uma deficiência perfeitamente superável, com o mínimo de esforço dos meios públicos. Erradicar o analfabetismo exige pura e simplesmente uma boa escola para as crianças e fechar a torneirinha por onde saem aqueles que são adultos analfabetos, e fazer uma campanha, Senador Marconi, para erradicar o analfabetismo de 13 milhões de brasileiros adultos. Em poucos anos, a gente pode conseguir isso.

Para os outros portadores de deficiência, vamos ter a IV, a V, a VI, a VII, a VIII, a IX, a C Semana de Valorização, porque eles sempre vão precisar do nosso cuidado. E o Senador Flávio Arns é um dos portadores do apoio a essas pessoas. Mas para a deficiência do iletramento, do analfabetismo, a gente precisava mais só de umas três ou quatro semanas, Senador Paim e Senador Flávio, porque, em quatro ou cinco anos, a gente teria resolvido, e essa deficiência estaria eliminada do Brasil.

Eu espero que toda vez, agora, que tenhamos uma semana de acessibilidade e valorização da pessoa com deficiência, nós nos lembremos daqueles que são deficientes pela omissão, que é como o Poder Público cuida da educação no Brasil.

Era isso, Sr. Presidente, o que eu queria deixar registrado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2008 - Página 48938