Discurso durante a 228ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a triste situação por que passa o Estado de Santa Catarina.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Manifestação sobre a triste situação por que passa o Estado de Santa Catarina.
Aparteantes
Arthur Virgílio, Cristovam Buarque, César Borges, Demóstenes Torres, Eduardo Suplicy, Flávio Arns, Fátima Cleide, Inácio Arruda, Jayme Campos, José Agripino, João Pedro, Leomar Quintanilha, Renato Casagrande, Rosalba Ciarlini, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2008 - Página 48951
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), VITIMA, DESABAMENTO, INUNDAÇÃO, EXCESSO, CHUVA, INFORMAÇÃO, NUMERO, MORTO, DESAPARECIMENTO, EXPLOSÃO, GASODUTO, FALTA, ABASTECIMENTO, GAS NATURAL, REGIÃO SUL.
  • REGISTRO, PRESENÇA, AUTORIDADE FEDERAL, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ANALISE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), LIBERAÇÃO, RECURSOS, RECONSTRUÇÃO, REGIÃO, EMPENHO, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), TRABALHO, LEVANTAMENTO, DISPONIBILIDADE FINANCEIRA, FACILITAÇÃO, CREDITOS, FINANCIAMENTO, HABITAÇÃO, MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, CLASSE EMPRESARIAL.
  • AGRADECIMENTO, ESFORÇO, FORÇAS ARMADAS, DEFESA CIVIL, BUSCA E SALVAMENTO, VITIMA, MOBILIZAÇÃO, ENTIDADE, INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, POPULAÇÃO, BRASIL, CAMPANHA NACIONAL, ARRECADAÇÃO, ALIMENTOS, VESTUARIO, PRODUTO DE HIGIENE, ELOGIO, TELEVISÃO, SENADO, DIVULGAÇÃO, CONTA BANCARIA, DOAÇÃO, DINHEIRO, DESTINAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu quero me penitenciar aqui, de público. Pedi a vários Parlamentares que encurtassem um pouco o debate que estava sendo feito, um debate relevante, importante.

Todos nós sabemos da importância da Petrobras no nosso Brasil, da importância dos investimentos. Principalmente num momento de crise internacional como a que estamos passando, sabemos do papel da Petrobras para alavancar, manter o crescimento do nosso País; a geração de empregos, de renda da nossa indústria, como grande alavancadora que é do desenvolvimento.

Eu pedi a vários Parlamentares para encurtar o debate, até porque sei que ele ainda vai se estender por muitos e muitos dias. Mas eu não poderia deixar de vir à tribuna no dia de hoje, depois de ter estado ausente a semana passada inteira, porque fiquei no meu Estado acompanhando aquela que já é considerada por todos como não só a maior tragédia que se abateu sobre Santa Catarina, nem a maior tragédia do último período do Brasil, pois hoje vários órgãos de imprensa já noticiam como a maior tragédia acontecida no continente latino-americano.

Nós já temos a confirmação de 114 mortos, mais de 31 desaparecidos. E eu não tenho nenhuma dúvida de que o número de mortos infelizmente continuará crescendo. Infelizmente, porque nós ainda temos inúmeras situações em que o socorro não conseguiu efetivamente chegar, que ainda não se conseguiu desobstruir, não se conseguiu remover as toneladas de pedra, de terra, de escombros que soterraram famílias inteiras por vários municípios do nosso Estado.

É uma situação muito triste, eu diria de forma até muito emocionada, porque quem teve oportunidade de ver pessoalmente a área atingida, de sobrevoá-la, de descer nas comunidades, de poder ter contato com as pessoas, de ver o olhar perdido das pessoas, como eu tive a oportunidade ontem de observar um menino de 12, 13 anos olhando para casa. Lá nós tivemos água, nós tivemos terra, nós tivemos lama, nós tivemos pedra e nós tivemos fogo, porque, com os deslizamentos, o gasoduto da SCGás e o gasoduto Brasil-Bolívia romperam-se.

Nós tivemos duas explosões gravíssimas. O corte, o fornecimento de gás está cortado já há mais de uma semana. Ontem à tarde, fui visitar os locais onde ocorreram as explosões. Tão logo a nossa equipe chegou para fazer a vistoria da cratera que ficou na estrada, do estrago que a labareda imensa, que consumiu várias casas a mais de 150m do local da explosão, do nosso lado - logo que chegamos, estávamos conversando -, encostaram algumas crianças e um dos meninos olhava para a casa, Senador Tião, e dizia quase como um mantra: “Eu morava ali, eu morava ali, eu morava ali.” E não tem mais nada, ali não tem mais nada. Não tem mais a casa, não tem mais as suas referências, não tem mais os seus amiguinhos, não tem mais nada, a não ser uma destruição muito devastadora para todos nós.

Eu terminei, agora, de falar com o capitão Márcio, da Defesa Civil, e ele disse que hoje foi um bom dia. Hoje não tivemos chuva, hoje não tivemos deslizamentos. Hoje nenhum outro corpo apareceu, ninguém mais morreu. Mas, a menos de dois dias, nós tivemos mortes, nós tivemos deslizamentos, nós tivemos novamente locais que, há poucos dias, a menos de uma semana atrás, teve meio metro de água e que, há dois dias, teve um metro e meio de água novamente.

Então, é uma tragédia que ainda está em andamento, infelizmente.

Por isso, os próprios recursos que tão prontamente o Governo Federal se prontificou... Nós já tivemos, em Santa Catarina...

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me um aparte, Senadora Ideli?

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Pois não, Senador Arthur. Já vou lhe conceder o aparte.

Houve, em Santa Catarina, uma verdadeira romaria de Ministros. Já no primeiro dia, no dia mais trágico, que foi o domingo da outra semana, o Coordenador-Geral da Defesa Civil, Coronel Fernandes, acampou na região e está acampado até hoje lá, dando toda a orientação e todo o apoio da Defesa Civil Nacional. Na segunda-feira, esteve lá o Ministro Geddel, da Integração. Na terça-feira, o Ministro dos Transportes, Ministro Nascimento, acompanhado do Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Coronel Félix. Depois, na quarta-feira pela manhã, o Ministro da Saúde, Gomes Temporão. À tarde, o Presidente Lula, acompanhado do Ministro da Defesa e do Ministro Franklin Martins. Hoje, o Ministro Pedro Brito, da Secretaria dos Portos.

Portanto, uma seqüência de preocupações, com a presença das autoridades federais e com a liberação de recursos: R$1,6 bilhão numa medida provisória assinada pelo Presidente Lula. É claro que esse valor de R$1,6 bilhão não será destinado integralmente para Santa Catarina, mas a grande maioria dos recursos será para o nosso Estado.

A Caixa Econômica, numa ação muito pronta da Presidente Maria Fernanda, fez todo o levantamento do que era possível disponibilizar em termos de financiamento, de recursos, crédito habitacional, financiamento para material de construção, financiamento para setores empresariais: R$1,5 bilhão disponibilizados. Estão trazendo equipes de todo o Brasil. A partir de amanhã, a Caixa Econômica vai funcionar em todas as agências da área atingida pela catástrofe além do horário e no final de semana para dar o socorro às Prefeituras, à população e aos setores empresariais. As nossas Forças Armadas não mediram esforços desde o primeiro momento - a Aeronáutica, a Marinha, o Exército, helicópteros, barcos, hospital de campanha instalado perto de Itajaí-Navegantes.

Portanto, não foram economizados empenho e esforços. Os Governadores disponibilizaram helicópteros e efetivos, deslocaram pessoas das suas defesas civis. A Governadora do Rio Grande do Sul, os Governadores do Paraná, de São Paulo, de Minas Gerais, da Bahia, com toda a solidariedade, todos se mobilizaram de forma muito pronta para nos ajudar e nos socorrer. A Polícia Rodoviária Federal do Brasil, o Ibama e a Petrobras deslocaram equipamentos. É uma verdadeira operação de guerra instalada em Santa Catarina para fazer frente à tragédia.

Por isso, eu não poderia deixar de estar na tribuna no dia de hoje em primeiro lugar e agradecer em nome do povo de Santa Catarina, que, neste momento, tanto sofre. É um sofrimento desesperador de perda das pessoas que não sabem nem por onde recomeçar suas vidas. Nós vamos ter, no mínimo, algo em torno de vinte mil casas a serem reconstruídas, onde não há mais definição de terreno e, em muitos casos, não há nem a rua. Pessoas saíram para visitar parentes e amigos e, quando voltaram, uma hora, uma hora e meia depois, havia desaparecido tudo morro abaixo, terra, lama por cima, tudo soterrado.

Então, é por isso que eu não poderia deixar de utilizar a tribuna para, em nome do povo de Santa Catarina, agradecer ao Governo do Estado. O Governador tem sido incansável, e toda a sua equipe. E nós temos buscado, em Santa Catarina, trabalhar com a unidade. Neste momento, ai de quem quiser fazer guerra político-partidária em cima da desgraça do povo. Neste momento só cabe uma palavra, que é a palavra da unidade, da pronta ação, de estarmos todos unidos para fazer frente.

E eu gostaria muito de dar o aparte, primeiro, ao Senador Arthur Virgílio, em seguida, ao Senador Agripino, ao Senador João Pedro. E peço mil desculpas por estar emocionada, porque o que eu vi...

O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senadora, Inácio Arruda.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Já vou conceder todos os apartes.

O que eu vi, o que eu acompanhei e o que nós temos a fazer em Santa Catarina para recuperar a auto-estima, recuperar a infra-estrutura, mas, principalmente, recuperar a alma do povo catarinense não será tarefa nem pequena, nem rápida e nem curta.

Pois não, Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senadora Ideli Salvatti, V. Exª faz um discurso bastante comovido e bastante comovente, bastante tocante. De fato, essa tragédia nos chama a atenção para dois fatores que não podem mais ser desconhecidos por ninguém neste País: um é a ocupação do solo, que, se é algo de extrema gravidade, temos de mudar a nossa visão política sobre essa questão e procurar colocar o máximo de competência, seriedade e sensibilidade nisso; o outro, sem dúvida, é a questão climática, que está provocando seca no meu Estado. Está provocando, cada vez mais, o fenômeno de ciclones e tufões onde não havia, ou mais ainda onde já havia. E, de fato, é uma tragédia, algo que parece um filme de terror, parece um filme de ficção científica. Não dá para acreditar em todas aquelas vidas destruídas, em todas aquelas crianças desaparecidas, em todas aquelas famílias separadas. Gostaria, com muita amizade, com muita sensibilidade, de dizer a V. Exª - que proferiu um discurso tão nobre, reconhecendo o valor de tantas pessoas, de tantas cores partidárias distintas, que se mobilizaram, para solidarizar-se com o povo de Santa Catarina - de me solidarizar com o povo de Santa Catarina neste aparte, transmitindo também o meu abraço mais afetuoso - além de meu abraço em V. Exª, o meu abraço no Senador Colombo de Souza; no Senador Neuto de Conto; no Governador, Luiz Henrique; no Vice-Governador, Leonel Pavan; no povo de Santa Catarina, enfim. V. Exª tem inteira razão: temos, na emergência, de cuidar de minorar as dores lancinantes que aquele povo está experimentando. E, no momento, a partir de agora, quando já temos de começar a refletir, de olhar para o Brasil como um todo, para essa questão de ocupação do solo, para essa questão do clima, muita coisa séria pode ocorrer. Vejo o clima de Brasília mudado. Quando cheguei ao meu Estado de volta, o Amazonas, eu morava no Rio de Janeiro, fui ao Município do Careiro da Várzea, e, lá, um ribeirinho disse assim para mim “Você precisa voltar aqui na época da ‘séca’”. Eu, que estava chegando do Rio de Janeiro, disse: “Isso é sotaque; o sotaque dele é diferente do meu. Ele quer dizer seca, mas diz “séca”. Fui no barco de volta, ouvindo uma lição. Disse-me o dono do barco que aquela era a sabedoria cabocla, e veja que coisa precisa: seca é quando não há água nenhuma no Nordeste, em algumas épocas do ano; cheia todo mundo sabe que é água em demasia; “séca” é quando havia muita água sempre, porém menos, quando havia a chamada vazante. Então, a gente vai ao dicionário e não consegue encontrar em dicionário nenhum, mas a sabedoria do homem da minha região faz diferença entre seca e “séca”. Pois bem, recentemente temos visto o fenômeno da seca e não mais o da “seca”. No Município de Manaquiri, há dois anos, foi mais ou menos isso. A cada dia me preocupo mais com as atitudes que deveríamos ter tomado e não tomamos como humanidade; com as atitudes que temos de tomar agora como humanidade; e com o nosso dever de conter desmatamentos, de melhorar o perfil da nossa indústria, da nossa produção industrial. Vejo que é um papel de liderança a ser exercido pelo Brasil o de procurar instigar os países mais desenvolvidos a alterarem os seus modos de produção, de modo que não permitamos que um desastre que está anunciado se antecipe e se agrave, que, de milhões em milhões de anos, há períodos de esquentamento e outros, daqui a milhões de anos, de esfriamento. Agora, o homem tem o dever de usar a tecnologia, para minorar os males que estão aí pela frente. Mas o fato é que estamos aqui falando de algo que toca V. Exª como representante do povo de Santa Catarina; sei que toca seus colegas e toca todos nós. Aceite a mais profunda solidariedade não só minha, pessoal, mas de toda a Bancada do PSDB, Senadora Ideli Salvatti. Muito obrigado a V. Exª pela honra de me ter concedido este aparte.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Obrigada, Senador Arthur Virgílio.

Antes de passar a palavra ao Senador José Agripino, quero dizer que não consegui ir a todos os Municípios, porque há ainda Municípios que não conseguimos acessar por terra, somente por helicóptero, e, como ainda está havendo deslizamento, a própria defesa civil veta que se chegue, somente em casos de resgate. Mas, nos locais que pude visitar, vi situações de desmoronamento em que ficou muito clara a intervenção indevida do ser humano, dos loteadores, dos loteamentos irregulares nos morros, onde se fez uma espécie de escada para poder criar mais lotes. E, claro, não é preciso ser nenhum especialista, para ver, como vi no Município de Brusque, que aquilo viria abaixo mais cedo ou mais tarde.

Mas também vi - e isto é que me deixou mais angustiada -, nos locais onde aconteceram os piores desmoronamentos, no morro do Baú, que é uma serra, a maior parte coberta por vegetação natural, que não houve ação do ser humano. E, pelo tempo de chuva, pela quantidade de chuva que caiu em determinado momento, aquela porosidade, aquilo veio abaixo. Então, mesmo que não haja a ação do homem naquele local, as mudanças climáticas, devido ao que fazemos com o planeta, acabam abatendo-se; mesmo quando não há ação direta da mão do homem, como a gente teve a infeliz oportunidade de observar nessa tragédia catarinense.

Ouço o Senador Agripino.

O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senadora Ideli, hoje consegui falar, finalmente, com o Prefeito João Paulo Kleinübing, filho do nosso queridíssimo Senador Vilson Kleinübing - que Deus já levou - e que é Prefeito, jovem Prefeito, do Município de Blumenau. V. Exª deve conhecê-lo.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - E está lá incansável, Senador; fui lá várias vezes. Toda a equipe ali. Como disse, com raras exceções, em Santa Catarina, as cores partidárias desapareceram, felizmente para o povo.

O Sr. José Agripino (DEM - RN) - O que é bom. Mas eu disse a S. Exª, o Prefeito, que, a par de apresentar a ele a minha solidariedade, a solidariedade do Partido dele, que é o meu, oferecia os préstimos do Partido para a tarefa da reconstrução. Quero solidarizar-me com V. Exª, com o Governador Luiz Henrique, com o Vice-Governador Pavan, com o Senador Raimundo Colombo, com o Senador Neuto de Conto e com o povo de Santa Catarina pelo que estou vendo na televisão. São cenas terríveis; a inundação é cataclísmica, as perdas de vidas e de patrimônio pessoal e público são de fazer dó. Eu e a Senadora Rosalba, há poucos meses, vivemos, em escala equivalente pelas proporções, a enchente que ocorreu no meu Estado. Vimos cenas que nos causaram um impacto semelhante àqueles a que o Brasil todo assiste em Santa Catarina: as inundações no Vale do Apodi e no Vale do Açu. V. Exª é líder do PT, tem prestígio e conseguiu levar Ministros de Estado, todos, o Presidente da República, o prestígio do Governo Federal e a sua incansável presença aos Municípios onde as cheias exigem a presença do Governo Federal, que V. Exª interpreta. Quero dizer que V. Exª vai contar com a pressão do meu partido para uma coisa que vai ser fundamental, como disse ao Prefeito João Paulo. Ao meu Estado não foi nenhum Ministro, não foi o Presidente, e prometeram liberar kits, que só agora, oito meses depois, chegaram. E foi editada uma medida provisória que deveria ter liberado R$98 milhões, que até hoje não foram liberados - nada, nenhum tostão. E temo que aquilo que já aconteceu no meu Estado, a que a Senadora Rosalba assistiu e de que é testemunha, possa acontecer - Deus me livre - no Estado de V. Exª, onde a catástrofe está acontecendo. Então, quero dizer a V. Exª que pode contar com a absoluta participação do meu partido na cobrança daquilo que foi prometido pelo Governo ao seu Estado, aos Municípios do Democratas, do PT, do PMDB, a qualquer Município. Pode contar com a absoluta presença do Democratas na cobrança. Cobrei não sei quantas vezes a liberação de recursos para o meu Estado; não tive sorte, não liberaram nada. Mas pode contar; se for de alguma valia, pode contar com o inteiro apoio do meu partido para que aquilo que foi prometido a Santa Catarina, que V. Exª tanto deseja, venha a acontecer para que vidas sejam salvas e para que o patrimônio público e privado seja recuperado.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador Agripino. Passo, imediatamente, ao Senador João Pedro e, logo em seguida, ao Senador Suplicy e, depois, temos outros Senadores. Pois não, Senador João Pedro.

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Senadora Ideli, evidente que o Brasil todo acompanha - e acompanha com muita dor, comovido - esse lamentável fato, de repercussão internacional. Evidente que a população de Santa Catarina sente essa dor com muito mais ardor, e V. Exª traz no pronunciamento dados que, inclusive, eu ainda não tinha percebido pelo noticiário, que tem sido extenso. O relato que V. Exª faz do garoto que perdeu a família e a moradia é emblemático. Eu espero que lições nós possamos tirar para a questão ambiental. Não só no Brasil! O mundo precisa discutir essa pauta. Estamos vivendo uma brutal crise financeira, mas nós vivemos uma crise ambiental. Quero dizer que nós precisamos tirar lições dessa dor. Evidente que o Brasil precisa se mobilizar. Eu gostaria, inclusive, que V. Exª, se pudesse, nos fornecesse contas para que pudéssemos colaborar - os Senadores, o Brasil - com a reconstrução de cidades, de casas, de lares, porque, evidentemente, a dor do ente querido é profunda e não temos como recuperá-la. O que podemos fazer, num gesto de solidariedade, é recuperar o Estado. Não é localizado. Quero lembrar, inclusive, a história de Santa Catarina. É a história da formação do nosso País: a presença do povo alemão, a presença dos italianos; essa mistura que se deu em Santa Catarina nos remonta à nossa história. Precisamos desse gesto de solidariedade. O meu aparte é nesse sentido, como já fiz quando os dois Senadores de Santa Catarina fizeram seus relatos, os Senadores Raimundo Colombo e Neuto de Conto. Meu aparte a V. Exª não é como companheiro de Bancada, não. V. Exª é uma liderança em Santa Catarina, V. Exª é mãe, é mulher. Quero abraçar todas as mães de Santa Catarina nesse momento em que registro minha solidariedade, principalmente aquelas que perderam seus entes queridos, que perderam seus bens. Não falo só de filhos, de esposos, mas também de bens materiais. Que V. Exª continue com essa bravura. Acompanhei também pela mídia o gesto de V. Exª. Quero enaltecê-lo aqui. V. Exª ficou lá na chuva, andou, esteve presente no lado da dor, no lado mais duro, mais difícil. Minha solidariedade a todas as mulheres, a todas as mães, ao povo de Santa Catarina. Quero parabenizá-la como liderança política que esteve presente nesse momento de muita angústia do povo de Santa Catarina. Muito obrigado e minha solidariedade.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador João Pedro. Eu queria, antes de passar a palavra para outros Senadores, dizer que nós já temos uma campanha nacional de donativos, de alimentos, de roupas, de material de limpeza, de material de higiene; tem chegado muito, muito, muito material, e a gente sabe do esforço que o Brasil inteiro está fazendo nessa mobilização para prestar o socorro.

         Inicialmente foram abertas algumas contas. A primeira delas no Banco do Brasil, agência 3582-3, conta corrente 80.000-7, cujos recursos - inclusive quero agradecer à TV Senado que vem divulgando esta conta - são para o Fundo Estadual da Defesa Civil lá do nosso Estado. Além da conta do Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal também abriu conta: agência 1877, conta 80.000-8. E da mesma forma, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, outras instituições de crédito também abriram contas.

         Vou pedir ao Presidente, Senador Garibaldi, que possa ter uma autorização posterior para que as contas, que são as contas oficiais... E a gente tem pedido: não deposite em contas que não sejam as oficiais, não atenda a e-mail solicitando, porque sempre aparece um oportunista de plantão. Mas nós não poderíamos deixar de agradecer às instituições financeiras que disponibilizaram contas, às entidades que se mobilizaram e, principalmente e fundamentalmente, ao grande coração do povo brasileiro, porque quando eu vim para fazer o meu discurso, funcionários do plenário do Senado, comovidos com a tragédia, vieram dizer: “Logo que eu soube da conta, fui um dos primeiros a fazer o depósito”, ou seja, numa demonstração muito clara de que o que nós estamos passando em Santa Catarina comove a todos e tem de todos uma resposta muito pronta.

Concedo um aparte ao Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senadora Ideli Salvatti, é de fato comovente o relato que V. Exª nos traz sobre o que sofre hoje a população de Santa Catarina. Todos temos acompanhado e é muito importante que tenhamos as recomendações de V. Exª sobre qual é a melhor maneira de nós, Senadores, e a população em geral podermos prestar essa solidariedade que felizmente é supra-partidária, supra-religiosa. Pessoas em todos os lugares do Brasil, em todos os rincões, estão querendo dar a sua contribuição para Santa Catarina, e é muito importante que V. Exª nos diga qual é a melhor forma, a forma mais produtiva, porque inclusive muitas pessoas, no Brasil inteiro, estão neste instante ouvindo o apelo de V. Exª. Qual é a melhor maneira nesse momento de ajudar os catarinenses? Meus cumprimentos a V. Exª, que, inclusive, designei como Vice-Líder, na semana passada, para estar junto à comissão de cinco Senadores para acompanhar tudo o que se passa em Santa Catarina.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador Suplicy, e acho que a melhor ajuda neste momento, até porque a campanha de alimentos, de água, de material de limpeza, material de higiene, roupas, ela está muito grande em todo o Brasil. Temos recebido muitos caminhões, carretas, e eu acredito que o que está chegando é suficiente para fazer frente à emergência do atendimento, que já conseguiu, em grande parte, se normalizar, inclusive com as cestas, com o material podendo chegar na grande maioria das pessoas que têm necessidade do socorro.

Agora, o trabalho de reconstrução, as pessoas que vão precisar reconstruir casa, comprar móveis, comprar equipamentos, ou seja, poder ter a sua vida, refazer documentos, talvez a maneira mais eficiente seja, neste momento, as contas do Fundo de Defesa Civil, as quais mencionei, são duas, que depois poderão ser divulgadas pela na TV Senado para todos terem conhecimento.

         Ouço a Senadora Rosalba e em seguida o Senador Valdir Raupp, e depois a Fátima, o Casagrande, o Senador Inácio Arruda e o Senador Cristovam.

Senadora Rosalba.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senadora Ideli, V. Exª, pelas suas palavras, pela sua expressão, demonstra realmente, como catarinense, o sofrimento por que passa o Estado de Santa Catarina. Desde o começo da tragédia, até porque tenho vários parentes em Santa Catarina, eu venho acompanhando e sentindo também, tendo condição de dimensionar a dor dos catarinenses porque já vivi momentos em menores proporções, claro, não nessas proporções, porque acho que essa é a maior calamidade que aconteceu no Brasil nos últimos anos, algo que realmente nos deixa estarrecidos, solidários com todos daquela terra. Santa Catarina, que é um Estado do povo maravilhoso, está com o seu coração sangrando de tanta dor, de tanto sofrimento. E nós sabemos que o momento não é somente agora. Agora, como a senhora está colocando, como eu já ouvi, até pelo interesse de tantas notícias e acho que é uma responsabilidade nossa, não é por ser do Nordeste, do Rio Grande do Norte, que eu vá esquecer que sou tão brasileira quanto o é o povo de Santa Catarina. Então, já tinha ouvido do Senador Colombo relatos que me sensibilizam muito, como o da senhora, além das informações, das notícias, de tudo que estamos vendo. Mas a reconstrução não se faz da noite para o dia. Na minha cidade nós já tivemos enchentes que chegaram em menores proporções, como falei, mas precisamos reconstruir de imediato mil, duas mil casas. E sei que é essa parte da reconstrução que vai precisar mais do que nunca da solidariedade de todo o Brasil, para que essas famílias que perderam tudo, para que essas crianças que ficaram desalojadas, desabrigadas, desamparadas, órfãs, possam ter a certeza, a tranqüilidade do começo de uma nova vida. Então, é com isso que nós estamos aqui solidários. Eu quero lhe dizer que, em relação a todas as medidas que precisarem da nossa aprovação para Santa Catarina, nós estamos solidários, presentes e queremos que sejam aprovadas com o máximo de urgência, até por já ter passado por situação semelhante. O Senador Agripino lembrava a enchente no nosso Estado no começo do ano; o Senador Garibaldi deve lembrar bem, porque ele inclusive esteve nas regiões e sobrevoou cidades inteiras cobertas pelas água. Quantas e quantas vezes vim à tribuna, convocando e implorando apoio, ajuda por ter passado por isso, em proporções menores, pois não houve vítimas humanas; e o seu Estado já há mais de cem mortos. É uma calamidade muito grande. E quero lhe dizer que estamos solidários. Acho que esta é a palavra que deve nortear todas as ações desta Casa e dos brasileiros: solidariedade ao povo de Santa Catarina.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senadora Rosalba.

Vou, já em seguida, passar a palavra para o Senador Valdir Raupp, que é catarinense - e, portanto, tem familiares, tem pessoas da sua relação de amizade - e que sabe tão bem quanto nós o que é o sofrimento que está se abatendo sobre o nosso Estado. E a tarefa da reconstrução, Senador Valdir Raupp, é a seguinte: nós temos os Municípios atingidos diretamente, as famílias atingidas diretamente, e temos a infra-estrutura daquela região a ser reconstruída. Só que, pela magnitude do que aconteceu em Santa Catarina, repica em todo o Estado. Vou dar um exemplo concreto disso: por causa da explosão do gasoduto, não há fornecimento de gás nem em Santa Catarina nem no Rio Grande do Sul. Toda a indústria de cerâmica de Santa Catarina está de portas fechadas, com férias coletivas; são milhares de trabalhadores. E nenhuma indústria cerâmica de Santa Catarina está na área atingida, mas não pode trabalhar porque não tem o gás, não tem como converter rapidamente para outra fonte de energia, até porque o custo não compensaria mudar por apenas um mês, dois meses. Então, são férias coletivas; não arrecada, não vende, e o desespero atingindo também as famílias de outras regiões.

         No Porto de Itajaí, por onde escoava 60% de toda a carga frigorificada do País, Senadora Serys - hoje o Secretário Especial de Portos esteve lá, o Ministro Pedro Brito -, o canal por onde entravam os navios tinha 12 metros, a força das águas foi tanta que arrancou, cavou por baixo do porto, e a profundidade do canal ali, que era de 12 metros, está em 25 metros, mais que o dobro. Portanto, a reconstrução do Porto de Itajaí, por onde escoava 60% da carga frigorificada, o segundo maior porto em movimentação de containers do nosso País, repica no Brasil, repica em Santa Catarina, porque não dá para escoar a nossa produção da agroindústria, que não tem mais onde estocar, que não pode mais recolher o suíno e a ave do pequeno agricultor, que, não tendo como alimenta; ou mata ou, então, por conta própria, fica alimentando os bichinhos até a agroindústria poder normalizar a sua cadeia produtiva.

Então, o Porto de Itajaí fica a 800 km de onde estão os agricultores familiares que produzem o frango e o suíno, e sofrem pela conseqüência do que está acontecendo lá na outra ponta.

Então, reconstruir significa reconstruir as casas, as estradas, o porto, as vias urbanas, enfim, reconstruir um Estado todo. É reconstruir a economia dinâmica que Santa Catarina sempre teve. Por isso, o nosso grande desespero.

Por isso, Senador Valdir Raupp, catarinense, tenho certeza de que de V. Exª só vamos ouvir o apoio incondicional.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Valdir Raupp, permita-me. As galerias estão lotadas, e temos, aqui fora, em torno de 100 idosos ainda. Eu pediria a eles que fossem para as salas 2 e 3, que estão liberadas com um telão, para assistirem ao debate do Plenário.

Obrigado.

O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Imagino, nobre Senadora Ideli Salvatti, o sofrimento por que V. Exª está passando, talvez não tanto quanto os atingidos pela enchente, mas talvez na mesma proporção. É natural do ser humano absorver o sofrimento dos outros, e V. Exª tem sido uma guerreira solidária na dor do povo catarinense. Tenha certeza V. Exª de que o meu coração está entristecido também, por ser filho de Santa Catarina. Já passei por algumas enchentes, no Município de São João do Sul, de Praia Grande, na época da minha infância e adolescência, mas não, talvez, na dimensão em que foi essa, agora, de Santa Catarina. Lembro que, em 1975, houve uma enchente também arrasadora na cidade de Tubarão - V. Exª deve se lembrar -, em que morreram muitas pessoas.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Morreram 194 pessoas naquela época.

O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - É, e numa cidade só, praticamente.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Numa cidade só.

O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Na cidade de Tubarão. E vejo que a solidariedade do povo brasileiro tem sido muito grande com o povo catarinense. Nós temos que agradecer ao povo de todo Brasil, inclusive às redes de comunicação, como a Rede Record, a Rede Globo. Para não cometer injustiça, em nome dessas duas eu quero agradecer a todas as redes de televisão e rádio do Brasil inteiro, que têm feito campanhas de solidariedade para arrecadar fundos, mantimentos, mercadorias, gêneros alimentícios, dinheiro para mandar a Santa Catarina. Do meu Estado, hoje, saiu uma carreta arrecadada pela subsidiária da Rede Globo, a TV Rondônia. O nosso amigo Campanari, gerente dessa emissora, ligou-me ontem à noite para dizer que estava mandando uma carreta lotada de mercadorias, que deve chegar em dois ou três dias a Santa Catarina. Eu sei que neste momento todo o Brasil está unido, de mãos dadas para ajudar o povo catarinense. Conversei hoje ainda com o Governador Luiz Henrique. Ele me falava que, infelizmente, um projeto que já tinha sido idealizado há algum tempo não tinha sido colocado em prática, talvez por falta de recursos. A Jika, uma instituição japonesa que V. Exª conhece, já está ajudando nesse projeto. E agora, vão se juntar todos os esforços do Governo Federal e do Governo do Estado de Santa Catarina para fazer essa contenção das enchentes futuramente. Infelizmente, para essa, não deu mais, mas eu espero que, nas próximas chuvas, já haja algum tipo de trabalho, de projeto para evitar essas catástrofes que têm acontecido no Estado de Santa Catarina. Tenho parentes em Itajaí, que já me ligaram há uns dois, três dias. Vou ter que ajudar a socorrer, é claro, não só os parentes, mas aqueles que eu puder ajudar a socorrer, assim como todo o povo brasileiro está socorrendo. Então, vamos pedir a Deus que não ocorra nunca mais, que o povo catarinense não sofra nunca mais o que está sofrendo neste momento. O sofrimento é tanto que, involuntariamente, V. Exª teve uma queda e fraturou o braço. É para sofrer junto com o povo catarinense. Sei que V. Exª tem um coração tão grande quanto é o nosso Brasil, o nosso querido Estado de Santa Catarina. E parabenizo V. Exª pela coragem e pela determinação de continuar lutando, mesmo com o braço engessado, em defesa do povo sofrido de Santa Catarina. Muito obrigado.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador Valdir Raupp.

O Sr. Inácio Arruda (PCdoB - CE) - Senadora Ideli...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Passo imediatamente a palavra, primeiro, à Senadora Fátima Cleide e, em seguida, consecutivamente, ao Senador Inácio Arruda, ao Senador Renato Casagrande e ao Senador Cristovam Buarque, para nós podermos encerrar e entrar na Ordem do Dia, que o Presidente deve estar bastante angustiado.

Pois não, Senador César Borges.

Senadora Fátima...

A Srª Fátima Cleide (Bloco/PT - RO) - Senadora Ideli, muito brevemente, eu queria apenas ressaltar aquilo que já foi dito aqui pelo Senador João Pedro quanto ao papel que V. Exª exerceu nesses dias de tanta dor para o povo de Santa Catarina. As poucas vezes em que eu pude assistir à mídia nacional, embora a mídia nacional não desse tanta ênfase à sua presença, eu notei a sua presença na chuva, no meio do povo, sentindo a mesma dor, mas superando a dor. V. Exª demonstrou ser uma líder que consegue superar a dor, que vai à luta, que não foge à luta.

Eu quero expressar, também, a minha solidariedade ao povo catarinense, em seu nome, e dizer que concordo com o que foi dito aqui pelo Senador Arthur Virgílio. O aquecimento global não é alarmismo. Infelizmente é uma realidade, e uma realidade que se impõe.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Há uma crise ambiental. Nós temos levar isso em consideração.

A Srª Fátima Cleide (Bloco/PT - RO) - Há uma crise ambiental. Infelizmente, é uma realidade que se impõe pela forma como nós, hoje, há algum tempo, estamos agindo, interferindo sobre a natureza em busca de recursos naturais, para, infelizmente, enriquecer apenas alguns. Não reconhecer isso, desconsiderar isso, é apostar na ignorância. E eu parabenizo V. Exª, porque, com muita clareza, desta tribuna, V. Exª colocou que não é apenas o que se faz localmente que interfere no Planeta. O nosso Planeta está duramente atingido, duramente ferido, e, infelizmente, o que acontece em Santa Catarina é uma resposta da natureza, como afirmou em artigo recente o Senador José Sarney, a quem eu quero também parabenizar pelo artigo. A articulista Eliane Catanhêde, da Folha, também diz a mesma coisa. Enfim, vários articulistas, as pessoas que têm hoje uma visão mais ampliada de mundo, de vida, conseguem entender que não é apenas porque o povo de Santa Catarina atingiu de forma que não deveria o ambiente naquela região. Não é, não é só aquilo ali, é tudo. O que nós estamos fazendo com a Amazônia, infelizmente, contribui para o que está acontecendo em Santa Catarina. Quero dizer, Senadora Ideli, que li em algum lugar que o turismo estaria proibido neste ano em Santa Catarina. Acredito que não é hora de proibir o turismo em Santa Catarina. Muito pelo contrário. É hora de praticarmos o turismo da solidariedade, porque, como V. Exª afirmou, a economia do Estado está extremamente abalada. Então, acho que é hora de nós, que queremos fazer turismo, que queremos ser solidários, irmos a Santa Catarina de coração aberto, sabendo que em alguns lugares não encontraremos aquilo que poderíamos encontrar antes, ou seja, todo o conforto. Ir lá, fazer alguma coisa, comprar um picolé que seja para ajudar o povo sofrido de Santa Catarina neste momento é, também, uma grande atitude de solidariedade de todo o povo brasileiro. Senadora Ideli, receba o meu abraço solidário e, neste abraço, quero abraçar também toda a sociedade, todo o povo sofrido de Santa Catarina neste momento.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senadora Fátima. Quero dizer que V. Exª tocou num ponto que tem sido de muita preocupação, porque o epicentro da catástrofe não são as áreas que, normalmente, recebem os turistas na época do verão; não são as nossas praias. As nossas praias estarão tranqüilamente acolhedoras, como sempre, para receber os turistas. Não irão todos para o Ceará, viu, Senador Inácio Arruda?

O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Nesta hora, fazemos questão de repartir com Santa Catarina.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Continuarão indo para Santa Catarina.

Portanto, estaremos preparados para acolher, com todo o carinho, os turistas que forem, principalmente neste momento em que precisamos mesmo. V. Exª toca neste ponto: como as nossas praias não foram afetadas - e estamos com toda a infra-estrutura para receber os turistas para a temporada de verão -, ajudaria e muito. Talvez uma das boas formas de fazer solidariedade com Santa Catarina seria efetivamente fazer turismo no verão nas nossas praias.

Ouço o Senador Inácio Arruda com muito prazer.

O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senadora Ideli, durante o período da tragédia, tivemos oportunidade de ir à tribuna do Senado fazer referência à atuação de V. Exª, prestando solidariedade ao povo catarinense e, ao mesmo tempo, também à Bancada de Senadores e Deputados Federais do Estado, que buscavam, por todos os meios, informações e maneiras de poder contribuir e ajudar. Neste particular de uma tragédia ambiental que envolve o Estado de Santa Catarina, nós do Ceará, especialmente, temos tido a solidariedade do povo brasileiro, porque atravessamos muitas tragédias. Até criou-se um órgão nacional chamado Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, que completa 100 anos em 2009. Tivemos até de alterar o nome desse organismo para “Convivência Com as Secas”, porque era impossível lutar contra as secas, porque elas fazem parte de um ciclo natural da região, embora causem uma tragédia tão forte que talvez o Ceará seja o Estado com a maior diáspora no Brasil inteiro. Então, os cearenses saem em levas não só para construir o Acre ou ocupar parte de Rondônia com os gaúchos, os catarinenses, os mineiros e outros que também formaram aquela região do País - Roraima, Amapá, Amazonas, Pará -, atrás de um canto que tivesse um pedaço de chão com água.

Então, ali nós vivemos essa situação trágica, que dura milhares de anos, porque passa não só pelo período que nós conhecemos da história, que é a ocupação ocidental dessa região do mundo, mas vem de muito distante. Não quero criar encargos para as pessoas, mas é um momento de solidariedade muito forte, que não pode ser só durante a tragédia, porque durante a tragédia há a comoção, as imagens fortíssimas, a solidariedade imediata de alguém que se dispõe a pular dentro d’água, na correnteza, arriscando a sua vida para salvar crianças, jovens, idosos. Um pai vê um filho e a esposa irem na água e ele está preso, sem poder tomar ali uma atitude, porque está impedido de fazê-lo; ou um pai consegue salvar a filha, os filhos, mesmo já com a perna quebrada, já todo danificado, pela casa que caiu em cima. São imagens fortíssimas. Aquela é a hora da solidariedade, do abraço, de nos lastimarmos diante da tragédia natural. O problema vem depois. As perdas imediatas ali receberam o apoio, a solidariedade. V. Exª estava lá diretamente, fizemos menção a isso porque V. Exª estava ausente daqui não só por uma questão de missão oficial do Senado, mas por uma missão humana, de socorro àquelas pessoas que precisavam de apoio naquela hora trágica. Agora é o depois. Como prestarmos a nossa solidariedade, mais forte, mais conseqüente? Isso às vezes precisa de um movimento. Aqui estamos assistindo a mais um momento de vigília dos aposentados, que estão todos solidários a Santa Catarina. Então, o Senado, através da atitude de um conjunto de Senadores, vem praticando várias vigílias sucessivas em nome de uma causa justa. Estamos de acordo. Agora, há uma tragédia em Santa Catarina que não é só de Santa Catarina, é também de todos os brasileiros. Então, como podemos ajudar? Vamos, no Senado, fazer uma vigília, na quarta-feira, para fortalecer a arrecadação de fundos diretamente para as contas que V. Exª já anunciou? Vamos fazer uma arrecadação de roupas? É preciso ainda esse tipo de solidariedade? Qual é a maneira mais eficaz que o povo de Santa Catarina pode indicar, por meio de V. Exª, para nós, Senadores, para os Deputados, para os funcionários do Senado - alguns que já contribuíram diretamente na conta -, para colaborarmos? Como é que materializamos mais? Porque, às vezes, você quer ser solidário, mas não viu a conta, passou rapidamente, não anotou direito. Então, como tomarmos aqui uma atitude? Estou dando o exemplo da vigília, porque é um momento em que você pode convocar todos os Senadores, todos os Deputados Federais, todos os funcionários da Câmara e do Senado, para também praticarem o seu ato de solidariedade imediato ao povo de Santa Catarina, na hora seguinte à tragédia, que é o momento em que se mais precisa de solidariedade. Recebemos um abraço, lá no momento da chuva, no momento da enchente e, depois, quando passamos a sofrer intensamente com a tragédia e o seu resultado, as pessoas somem, desaparecem, porque cada um tem de cuidar também de sua vida e de suas necessidades. Então, como mantermos essa solidariedade a Santa Catarina, firmes, conseqüentes, como V. Exª e muitos aqui fizeram, não só apoiando, fazendo o seu pronunciamento, mas também contribuindo diretamente para as contas que foram anunciadas por V. Exª e pela TV Senado? Obrigado a V. Exª.

O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Senadora Ideli...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço ao Senador Inácio.

Senador Casagrande.

O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Gostaria de me inscrever também.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Tudo bem.

Senador Casagrande.

O Sr. Renato Casagrande (Bloco/PSB - ES) - Sr. Presidente, Senadora Ideli Salvatti, estou aqui ouvindo o Senador Tião Viana que está me pedindo para comunicar a V. Exª e ao Estado de Santa Catarina que o Acre está mandando uma grande quantidade de mantimentos para aquela região.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - O Acre nunca nos faltará.

O Sr. Renato Casagrande (Bloco/PSB - ES) - Mas V. Exª representa nessa tribuna o Estado de Santa Catarina. Os demais Senadores do Estado estão presentes nesta Casa e a grande maioria dos Senadores, aparteando V. Exª para manifestar solidariedade ao Estado de Santa Catarina. Uma manifestação simbólica, porque nós estamos acompanhando pela televisão, não estamos lá. Pela televisão, a cena que presenciamos é muito triste, de destruição, de perda patrimonial, mas, especialmente, de perda de vida humana. Mais de cem pessoas perderam a vida e muitas pessoas estão desabrigadas. Desejamos fazer alguma coisa - naturalmente podemos fazer, e muitos já estão fazendo -, e aqui já repercutimos a decisão do Governo de editar uma medida provisória para socorrer as vítimas dessa catástrofe, desse evento natural que sofre com mais profundidade Santa Catarina, mas sofre também o meu Estado do Espírito Santo e sofre o Estado do Rio de Janeiro. Estamos aqui manifestando a nossa solidariedade e, ao mesmo tempo, aproveitamos para que fazer uma reflexão sobre a situação. Conversava com V. Exª na parte da manhã, e V. Exª dizia que lá no Município mais atingido...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Ilhota, Luiz Alves...

O Sr. Renato Casagrande (Bloco/PSB - ES) - O de Ilhota, há uma área de reserva, que é o morro do Baú, cuja área com floresta praticamente toda se dissolveu. Então, nós naturalmente temos o problema da ocupação desordenada, que agrava muito a situação. Essa é a realidade. Mas temos o problema da força desse evento natural, a força que vai além da ocupação desordenada, que atingiu áreas que não são desprotegidas. Então, a ocupação desordenada tem de ser mais uma vez colocada na pauta, mas também os eventos extremos causados especialmente pelas mudanças do ambiente. E Santa Catarina é um local de muita vulnerabilidade, porque, em 2005, houve um ciclone...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Ciclone, furacão.

O Sr. Renato Casagrande (Bloco/PSB - ES) - Então, Santa Catarina é uma região de eventos extremos, tanto na beleza quanto nesses eventos climáticos. Este é um assunto que interessa ao mundo todo. Quero aqui aproveitar o momento para esta reflexão. Ontem, o Presidente Lula e o Ministro Carlos Minc - eu representei o Congresso Nacional - apresentaram o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, um plano importante. E, na fala do Presidente, ele pediu ao Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas que estude o que está acontecendo em Santa Catarina. Acho que é importante esse estudo. Cada região terá de fazer seu mapa de vulnerabilidades, para que possamos amenizar os efeitos desses eventos. Então, em nome de V. Exª, manifesto a solidariedade do Estado do Espírito Santo ao povo de Santa Catarina.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador Casagrande.

Senador Cristovam.

Vou passar ao Senador Flávio Arns para que V. Exª possa terminar a ligação. Pode ser? Não?

Senador Cristovam, depois o Senador Flávio Arns, Senador Quintanilha e Senador César Borges.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senadora, em primeiro lugar, quero dizer que, hoje, Santa Catarina tem 81 Senadores. Todos nós somos “catarinas” hoje e pelos próximos dias. Quero dizer que também já passei por inundações na minha cidade de Recife. Mas, lá, o rio subia, subia, estragava quase tudo da gente e ia embora pacificamente. Não havia perdas humanas, quase. Algumas doenças ficavam, é verdade. O que a gente vê em Santa Catarina choca quem já passou por inundações, ao ver a diferença, pela violência como as coisas acontecem. E estou de acordo com a Senadora Fátima Cleide, que citou que isso é sinal dos tempos, não é sinal da geografia, não é porque é Santa Catarina. É porque estamos no ano 2008, e as águas estão revoltadas com tudo o que a gente fez com a natureza ao longo destes últimos 200 anos ou nos últimos 50 ou mesmo nos últimos 30 anos, com essa voracidade do consumo e da produção. Então, leve a nossa solidariedade. Santa Catarina tem 81 Senadores e é como tal que quero fazer uma proposta aqui, embora devesse fazer individualmente a cada um. Creio que cada um de nós, Senador, tem algum objeto, ou de arte ou presente de alguém importante que pode ter algum valor. E eu queria sugerir, Senadora, se V. Exª liderar, que, em vez de apenas doarmos alguns recursos financeiros, roupas, cada um de nós doe um objeto de arte para fazer um grande leilão, um leilão pela televisão - há cadeias de televisão prontas para isso - ou pela Internet; a TV Senado pode fazer isso. Façamos um leilão com 81 objetos, um de cada Senador. Os eleitores nossos, até por carinho, são capazes de darem um bom preço por ser nosso e por ser para Santa Catarina. É a idéia que fica para mim. Se tivermos esses 81 objetos, alguns de arte - e alguns aqui têm bons objetos de arte -, e pudéssemos fazer um leilão via Internet ou via televisão, creio que poderíamos arrecadar um bom dinheiro e demonstrar a solidariedade dos 81 Senadores catarinenses que hoje há no Brasil.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Senador Cristovam, belíssima idéia!

Senador Flávio Arns.

O Sr. Flávio Arns (Bloco/PT - PR) - Quero também, Senadora Ideli Salvatti, novamente destacar a solidariedade absoluta em relação a tudo que está sendo colocado da tribuna, em relação a tudo que os Senadores e as Senadoras estão colocando, porque o sentimento do Brasil hoje, sem dúvida alguma, em relação a Santa Catarina, é de solidariedade. Isso vimos de maneira muito bonita nas manifestações pelo País todo, nos meios de comunicação, que deram cobertura, apoio, os Governos dos Estados todos, esse sentimento de solidariedade é muito forte. Eu quero inclusive dizer que eu, que sou lá do Paraná, sempre quando me manifesto em relação ao Estado de Santa Catarina, digo que eu - até uso a expressão - amo Santa Catarina, até pelo fato de a família de meu pai ser de Forquilhinha, a família de minha mãe ser de Brusque. Há tantos catarinenses no Paraná! São milhares e milhares de catarinenses em nosso Estado. V. Exª, inclusive, estudou no Paraná. Então, os laços do Paraná com Santa Catarina são muito fortes. Eu só queria dizer que estamos à disposição, juntos e solidários, para o que for necessário. E mandar o abraço também, através de V. Exª, de Raimundo Colombo, de Neuto de Conto e através dos meios de comunicação do Senado, ao povo de Santa Catarina. Mas insistir na sugestão que foi dada: as pessoas que vão a Santa Catarina para fazer turismo, particularmente neste final de ano e nas férias, que façam um esforço a mais para que isso, de fato, aconteça, porque essa é uma das melhores formas de ajudar hotéis, restaurantes, passeios; enfim, começar a ajudar a infra-estrutura de Santa Catarina. Hoje, ao ver as imagens de Itajaí, fiquei com uma tristeza muito grande de ver tudo aquilo, toda aquela beleza do porto de Itajaí e o Município de Itajaí com todas aquelas dificuldades. Estamos juntos, Senadora.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Muito obrigada, Senador Flávio Arns.

Senador César Borges e, por último, Senador Quintanilha.

O Sr. César Borges (Bloco/PR - BA) - Senadora Ideli, eu quero me associar também a tantos Senadores que já se expressaram aqui neste sentimento de solidariedade. Acho que é o mínimo que nós podemos ter neste momento e procurar, através de ações efetivas, colaborar para que o povo de Santa Catarina, um povo que cresce economicamente, é desenvolvimentista, é criativo, tem uma grande indústria e que é um exemplo para o País, possa se soerguer o mais rapidamente possível. Também quero lamentar extremamente a perda das vidas humanas, todo o sofrimento do povo e tentar diminuir esse sofrimento com as nossas ações. Quero lhe dar apenas a notícia de que sou relator setorial do Ministério das Cidades, no Orçamento que V. Exª acompanhou. É claro que se fazem alguns cortes, mas tomei a deliberação de não fazer nenhum corte em nenhuma dotação de Santa Catarina e acatar o máximo das emendas que foram destinadas a todas as cidades de Santa Catarina. Acho que é o mínimo que eu poderia fazer. Fiz isso no meu relato e já o entreguei à Comissão Mista de Orçamento. Solidarizo-me com V. Exª, que é catarinense, que ama aquela terra. Fiquei horrorizado e cheguei a me emocionar com as cenas que vi na televisão do sofrimento daquele povo. Vamos ter esperança de que o futuro será melhor e que rapidamente Santa Catarina vai restabelecer o seu nível de desenvolvimento, de crescimento e a qualidade de vida do seu povo. Muito obrigado.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Senador César Borges, em nome de todos os catarinenses, nós só temos que lhe agradecer uma providência tão importante quando essa de não efetuar nenhum corte e acatar todas as emendas no Ministério das Cidades, porque efetivamente vamos ter muitas obras importantes de reconstrução de galerias pluviais, de drenagem, de reconstrução de ruas, de habitação popular. Portanto, a sensibilidade de V. Exª merece, de todos nós, um grande reconhecimento.

Por último, passo a palavra ao Senador Quintanilha, para podermos adentrar a Ordem do Dia, que o Presidente há tanto tempo aguarda.

O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Senadora Ideli Salvatti, o Brasil inteiro está estarrecido com a tragédia que desabou sobre a brava gente catarinense. Temos acompanhado, muito constrangidos, tudo o que tem ocorrido lá e hoje, depois de ouvir o depoimento pessoal de V. Exª, pudemos avaliar a magnitude dessa tragédia, a amplitude dela. E não sabemos efetivamente avaliar quais serão ainda as suas conseqüências. Mas queria lhe dizer que a brava gente do meu Estado, o Estado do Tocantins, também se manifesta solidária ao sofrimento dos catarinenses. O Governador Marcelo Miranda tem desenvolvido ações com vistas a dar a modesta contribuição do Estado do Tocantins ao povo catarinense, neste momento de dor e de dificuldades. Mas gostaria de dizer a V. Exª, pela força do nosso relacionamento aqui, que V. Exª vai nos liderar a todos para o que mais pudermos fazer para mitigar tanta dor, tanto sofrimento de irmãos brasileiros nossos do belo Estado de Santa Catarina, que V. Exª aqui representa com raro brilho. Minha solidariedade.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador Quintanilha.

Senador Jayme Campos, para podermos encerrar.

O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Senadora Ideli Salvatti, V. Exª pode ter a certeza absoluta de que o povo brasileiro está comovido com essa tragédia que aconteceu no Estado de Santa Catarina. E aqui, particularmente, em nome do povo mato-grossense, quero manifestar com certeza o nosso carinho, o nosso respeito e, acima de tudo, o nosso apoio. Mato Grosso deve muito aos catarinenses. V. Exª talvez não saiba que parte da região do Estado do Mato Grosso, sobretudo da região produtora, tem muito a ver com os catarinenses.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Muitos catarinenses.

O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Muitos catarinenses. Hoje mesmo, tive o privilégio de receber aqui o ex-Secretário de Agricultura do meu Governo, Aécio Packer, que é catarinense. De modo que eu tenho certeza absoluta de que não vai faltar o apoio, sobretudo a solidariedade, de todas as pessoas de bem, que certamente estão orando todos os dias para que o Estado de Santa Catarina, sobretudo o seu povo, possa sair deste momento, que eu tenho a certeza que é um momento de indefinições, tendo em vista que, lamentavelmente, quase nada poderemos fazer, porque são questões de intempéries. Naturalmente, cabe ao povo valente e trabalhador de Santa Catarina reagir e buscar novos caminhos, numa perspectiva, com certeza, de que o Estado de Santa Catarina seja esse grande Estado e, acima de tudo, contando com essa população trabalhadora, ordeira. Que possamos, com certeza, vencer o dia de amanhã e construir uma Santa Catarina que todos nós admiramos e orgulhamos de ter dentro do contexto nacional. V. Exª tem o meu apoio e, com certeza, tem o apoio do povo mato-grossense. Parabéns pela sua fala.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço ao Senador Jayme Campos e quero aqui, em nome - tenho certeza absoluta - do Governador Luiz Henrique e de todas as autoridades do nosso Estado, expressar a nossa mais profunda gratidão a todos aqueles que, com gestos, com ofertas, se mobilizaram e se colocaram à disposição para prestar socorro, prestar solidariedade. Várias sugestões inclusive foram dadas aqui durante o debate.

Eu quero, em nome do povo de Santa Catarina, Sr. Presidente, Senador Garibaldi, agradecer mais uma vez, de forma muito emocionada.

Hoje é dia 2 de dezembro. Normalmente, no dia 2 de dezembro, Senador Demóstenes, eu muitas vezes me acostumei a homenagear a cultura brasileira, porque hoje é o Dia Nacional do Samba. Algumas vezes, eu tive a coragem, a ousadia ou sabe-se lá o que de cantar trechos de música aqui no microfone. Eu não o farei hoje, porque o meu sentimento é muito profundo de tristeza.

Mas há um trecho de um samba do “Noite Ilustrada” que eu acho que dá a dimensão exata do que tenho certeza absoluta vai acontecer em Santa Catarina, que é levantar, sacudir a lama e dar a volta por cima. Então, eu não tenho dúvida de que o povo de Santa Catarina vai fazer isso, porque é um povo aguerrido, um povo ousado, um povo determinado, que já superou inúmeras situações graves, situações dolorosas. Talvez esta seja uma das mais fortes, uma das mais difíceis, mas eu não tenho dúvida de que os catarinenses, mais uma vez, vão dar a volta por cima e vão superar essa tragédia. Por isso, a palavra de ordem...

O Sr. Demóstenes Torres (DEM - GO) - Senadora Ideli...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Pois não, Senador Demóstenes. O senhor foi citado, não é? Então...

O Sr. Demóstenes Torres (DEM - GO) - Não, não; é para concordar.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - É porque eu sei que, de V. Exª, sempre há essa parceria na poesia e na música.

O Sr. Demóstenes Torres (DEM - GO) - Para concordar com V. Exª, e externar também todo o sentimento da população de Goiás pelo que está acontecendo em Santa Catarina. Tenho a certeza de que, pela altivez de seu povo, pela determinação de V. Exª, e por representantes como os Senadores Neuto de Conto e Raimundo Colombo, V. Exªs mostram, aqui, a fibra magnífica daquele povo. V. Exª fez uma comparação poética: em vez de “sacode a poeira”, “sacode a lama”, porque, efetivamente, é o que está acontecendo. “Noite Ilustrada”, esse belíssimo samba de Paulo Vanzolini, consegue, realmente, mostrar a situação caótica que vive hoje aquele Estado. Quero irmanar-me na dor de V. Exª, que faz pronunciamento emotivo, motivado, essencial para o Congresso, que levanta a auto-estima de seu povo. Por isso, dou-lhe os parabéns, estendendo-o a todos os Parlamentares de Santa Catarina por haver levantado essa situação. Quem sabe se a idéia do Senador Cristovam Buarque não aconteça? Cada um de nós levar um artista do seu Estado - no meu há bons e grandes artistas. Quem sabe não podemos fazer esse leilão, com a aquiescência do Presidente, Senador Garibaldi? Esta é uma grande idéia. Excelente! Tenho a certeza de que vamos levantar fundos substanciais e, com isso - creio -, colaboraremos para uma solução, ainda que minimamente, porque colaboraremos mais fortemente com a realocação de recursos orçamentários, ou seja, mandando dinheiro para Santa Catarina, para o Governo de lá...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Da forma como o Senador César Borges já tomou providências.

O Sr. Demóstenes Torres (DEM - GO) - Exatamente. Não como um gesto simbólico, mas como um gesto forte, respaldar o Estado e homenagear os Parlamentares de Santa Catarina, guerreiros como V. Exª.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço-lhe, Senador Demóstenes.

Só quero encerrar de forma muito, muito, muito agradecida: obrigada, obrigada Brasil por tudo o que cada um dos brasileiros, em cada canto, tem feito por nós! Só isso; eu não posso deixar de transmitir, com toda a emoção, o carinho de todos os catarinenses, que estão tão sofridos neste momento.

Obrigada, Presidente. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2008 - Página 48951