Pronunciamento de Romeu Tuma em 02/12/2008
Discurso durante a 228ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Apelo em favor da causa dos aposentados e pensionistas. Solidariedade ao povo de Santa Catarina, afeto pelas intempéries climáticas.
- Autor
- Romeu Tuma (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/SP)
- Nome completo: Romeu Tuma
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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PREVIDENCIA SOCIAL.
CALAMIDADE PUBLICA.:
- Apelo em favor da causa dos aposentados e pensionistas. Solidariedade ao povo de Santa Catarina, afeto pelas intempéries climáticas.
- Aparteantes
- Rosalba Ciarlini.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/12/2008 - Página 49102
- Assunto
- Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. CALAMIDADE PUBLICA.
- Indexação
-
- DISCORDANCIA, ORADOR, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, APROVAÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, RESPONSAVEL, PREJUIZO, APOSENTADO.
- MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), VITIMA, DESABAMENTO, INUNDAÇÃO, EXCESSO, CHUVA, REGIÃO, COMPARAÇÃO, LUTA, FAMILIA, RECONSTRUÇÃO, HABITAÇÃO, IMPEDIMENTO, APOSENTADO, RECUPERAÇÃO, VALOR, APOSENTADORIA, EXISTENCIA, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA.
- IMPORTANCIA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, PAULO PAIM, SENADOR, RECUPERAÇÃO, VALOR, APOSENTADORIA, SOLICITAÇÃO, APOSENTADO, CONTINUAÇÃO, LUTA, EFETIVAÇÃO, DIREITOS.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente Papaléo Paes, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores aposentados, aqueles que nos mantêm neste plenário em razão da força do pensamento e da esperança que curtem em seus corações, de que esta Casa, realmente, virou uma muralha de defesa e de que nós somos os “cavaleiros da esperança”, como disse o Senador Paulo Paim, ao se referir a e-mail que recebeu nesta Casa.
Nós sabemos que, durante a votação da Reforma da Previdência - tenho muita tranqüilidade, porque votei contra, apesar das pressões que foram feitas nesta Casa -, não queria, Senador Mário Couto - V. Exª gentilmente me cedeu seu lugar -, em hipótese alguma, a aprovação do fator previdenciário e muito menos uma reforma que trazia prejuízos para várias categorias profissionais. O Senador Paulo Paim trabalhou conosco na rejeição de todas as emendas, depois fez a PEC-2. Levou-se um ano, para se tentar recompor alguma coisa, mesmo assim foram criados outros incidentes, para realmente se tirar uma lasca cada vez maior dos aposentados.
O Senador Paulo Paim e o Senador Sérgio Zambiasi falaram em confisco. Eu falaria em estelionato. Sou polícia. (Palmas.) Já disseram aqui, o Senador Paulo Paim já disse que é um caso de polícia. Não duvido. É praticamente um estelionato. Nós sabemos que não se tira direito de ninguém. Senador Cristovam Buarque, V. Exª sabe disso.
Quando se luta por uma reivindicação, sabemos se teremos ou não a condição de conquistá-la, Senadora Rosalba, mas direito... não se pode tirar. Não dou murro na mesa, Mário, porque quero deixá-la pronta para sua mão, porque sei que cada pancada aqui que você dá balança a roseira lá dentro daquele Palácio.
Mas estava lendo aqui, Senador Paim, emprestada pelo Senador Pedro Simon, esta revista sobre a desgraça das intempéries que caíram sobre Santa Catarina. A nossa solidariedade à vista do sofrimento da fisionomia dessas pessoas: “Chuva, lama e dor”. E aqui estou vendo o sofrimento desses aposentados, sobre quem a manchete, Senador Sérgio Zambiasi, que é jornalista, poderia ser “Injustiça, sofrimento e dor”, que é o que está espelhado na fisionomia de cada um desses que vêm acompanhar esta vigília.
A angústia que sofre o povo de Santa Catarina, é claro que não podemos compará-la com a daqueles que perderam um ente querido, que foram mais de 110, mas à daqueles que perderam suas casas, suas conquistas de trabalho, às vezes, de anos e anos, para pôr uma geladeira em casa, uma máquina de lavar, uma televisão. Os que perderam estão sofrendo, e alguns dizem: “Salvamos a família, vamos continuar lutando”. Isso, porque são jovens. Os aposentados não podem fazer isso, Presidente; o que perderam não terão recuperado nunca mais, porque, a cada mês que passa - leu o Senador Sérgio Zambiasi -, o cálculo do fator previdenciário tira-lhes uma lasca. Não é isso, Senador Zambiasi? Tira mais um pedaço do salário do trabalhador.
Encontrei um trabalhador que, em lágrimas, dirigiu-se a mim. Teria tido um derrame. Então, tinha dificuldade de movimento nas pernas, no braço; tinha dificuldade para falar. Dizia-me: “Senador, pelo amor de Deus, continuem com essa luta. Eu contribuí, para ganhar dez salários e estou ganhando menos de dois. Não consigo pagar meu tratamento. Fiz a escola do Senai no mesmo curso que o Presidente Lula fez, trabalhei na metalúrgica em Santo André, fiz as minhas contribuições e hoje não consigo pagar meu tratamento”.
Senador Papaléo, V. Exª é médico. Sou dependente de medicamentos em razão de ter tido problemas de saúde. Toma-se um remédio para o coração, que ataca o rim; vem o remédio para o rim que começa a dar trabalho, e o problema vai para o estômago; há o remédio para o estômago. Dr. Fúlvio Pileggi, que é um grande cardiologista, disse-me - e V. Exª confirmou - que não há remédio santo. Ainda bem que há para tudo, mas será que o aposentado tem dinheiro para comprar os remédios de que precisa hoje?
A desculpa para não pagar o mesmo salário da ativa era a de que ele não precisava mais comprar roupa, andar de sapato, que podia vestir um calção e ficar sentado à porta de casa. Mas quanta injustiça! Quanto falta de sensibilidade! Será que não tem alma, não tem coração quem pensa no aposentado, que, às vezes, está sustentando a família com um pequeno salário, um salário de fome, pedindo uma esmola, procurando um trabalho terceirizado, para tentar melhorar o seu rendimento?!
Não sabemos quanto é amargo o sofrimento daqueles que estão à porta de casa, aposentados, com o filho desempregado, às vezes, com o neto sem poder freqüentar a escola, por não poder comprar um livro. Sabem que isso é um caminho para o sofrimento eterno e que suas orações são para sobreviver, para não perder aquele mínimo que estão recebendo.
A recomposição salarial é uma questão de honra, de dignidade da cidadania brasileira; não mais de um cidadão ou de nós, Senadores. Estamos aqui como povo hoje; não estamos aqui como Senadores, não! É porque temos uma tribuna para gritar e para falar. Eles não têm. Eles têm para as lágrimas e para as orações que fazem, pedindo a Deus que os ajude a sobreviver.
V. Exª pediu um aparte, Senadora? Desculpe-me, pois não.
A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senador Romeu Tuma, V. Exª transmite, com palavras simples, realmente, esta que é a dor da injustiça. Não existe nada que doa mais do que a dor da injustiça. Ela atinge a alma. Os cidadãos aposentados, homens e mulheres, trazem dentro de si essa dor, que lhes mostra uma desesperança. É aquela sensação que V. Exª bem colocou no início: a de que foram enganados, de que realmente perderam tanto do que contribuíram. Então, são homens e mulheres que precisam, mais do que nunca, deste apoio; que precisam, mais do que nunca, da justiça; que precisam, mais do que nunca, desta luz de esperança. Falamos tanto de paz, de construir a paz, mas não se pode construir a paz, quando se tira o direito de um irmão, quando não se lhe dão voz e vez, como no caso dos aposentados, que não estão tendo vez; que não têm garantido aquilo que lhe é sagrado, que é a própria sobrevivência. O que mais dói, Senador, é observar que, se esse recurso com que eles contribuíram, com que fizeram essa poupança na Previdência, estivesse vindo para os aposentados, não estivesse sofrendo toda essa redução no decorrer dos anos, estaria circulando na economia. É um recurso que, na realidade, terminaria retornando, que estaria circulando na economia. Eles não iam pegar esses recursos, para fazer aplicações que não fossem na economia local, para melhor se alimentarem, para comprarem o remédio, para ajudarem os seus familiares. Então, realmente, quero, mais uma vez, parabenizá-lo, por interpretar tão bem o sentimento, a dor, a angústia, a desesperança, a forma de agressão feita a cidadãs e cidadãos brasileiros que toda uma vida contribuíram para que nós hoje estivéssemos aqui. Se hoje temos uma tribuna, viemos em nome dos nossos, representando o povo do nosso Estado, cumprindo uma missão. Fico muito gratificada em saber que estamos aqui, nesta noite de vigília, unidos, cumprindo a missão de defender aqueles que mais precisam, de defender realmente os que estão sendo injustiçados no nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - Obrigado a V. Exª pela sinceridade, amizade e carinho com que me trata nesta tribuna.
Eu faria um apelo aos senhores aposentados deste País, não só aos presentes nesta Casa, Senador Geraldo Mesquita, mas aos de todo o Brasil: que dêem suas mãos, se unam aos homens de bem deste País, como Paulo Paim, e busquem, através da fé em Deus, porque a vitória será nossa pela vibração de todos aqueles que lutam pelo direito dos aposentados de reconstituírem seu poder salarial.
Muito obrigado, Presidente.
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