Discurso durante a 228ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Coleta de assinaturas em um abaixo-assinado para externar a opinião política dos Congressistas brasileiros acerca do bloqueio econômico em Cuba.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Coleta de assinaturas em um abaixo-assinado para externar a opinião política dos Congressistas brasileiros acerca do bloqueio econômico em Cuba.
Aparteantes
Antonio Carlos Valadares, José Nery, Mário Couto, Papaléo Paes, Pedro Simon, Raimundo Colombo, Rosalba Ciarlini.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2008 - Página 49078
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, INICIATIVA, ORADOR, RECOLHIMENTO, ASSINATURA, CONGRESSISTA, DOCUMENTO, DEFESA, EXTINÇÃO, BLOQUEIO, NATUREZA ECONOMICA, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA.
  • SAUDAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, SENADOR, ANUNCIO, ENTREGA, DOCUMENTO, EMBAIXADOR, EMBAIXADA ESTRANGEIRA, ENCAMINHAMENTO, BARACK OBAMA, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, EXTINÇÃO, BLOQUEIO, NATUREZA ECONOMICA, RESPONSAVEL, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, PRECARIEDADE, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, PAIS, AMERICA CENTRAL, MEDICINA, EDUCAÇÃO.
  • COMENTARIO, EXISTENCIA, COMITE, CONGRESSO NACIONAL, SOLIDARIEDADE, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, INFORMAÇÃO, REUNIÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), APROVAÇÃO, MAIORIA, MEMBROS, EXTINÇÃO, BLOQUEIO, NATUREZA ECONOMICA, REGISTRO, MANIFESTAÇÃO, MUNDO, RESPEITO, SOBERANIA NACIONAL, PAIS SUBDESENVOLVIDO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou apreensivo com V. Exª pelo assédio. E, pela disposição, nós vamos até seis horas da manhã - não tenha dúvida -, pelo número de oradores inscritos.

Serei rápido, Sr. Presidente, mas quero registrar, com muita satisfação, Srªs e Srs. Senadores, que, na quinta-feira última, comecei aqui no Senado a coleta de assinaturas em um abaixo-assinado para externar a opinião política dos Congressistas brasileiros acerca do bloqueio econômico a Cuba, que ocorre desde o início da década de 60. Existe no Congresso Nacional um Comitê de Solidariedade a Cuba, formado por Deputados Federais e Senadores e começamos, na semana passada, uma coleta de assinaturas dos Congressistas brasileiros.

Quero dizer, Sr. Presidente, Srs. Senadores, da minha alegria. Quero registrar aqui, nesta noite de vigília, de votação e de discussão no Senado, a minha satisfação pela forma como os Senadores aderiram a esse abaixo-assinado, que será entregue, na próxima semana, ao Embaixador dos Estados Unidos para que o entregue ao futuro Presidente dos Estados Unidos, Sr. Barack Hussein Obama, que irá assumir a presidência daquele país no dia 20 de janeiro de 2009. Que ele receba esse abaixo-assinado de dezenas de Deputados Federais, de dezenas de Senadores.

Quero dizer, para que fique nos Anais do Congresso Nacional, que o abaixo-assinado no Senado Federal começou pela assinatura do nosso querido e ilustre Presidente do Senado, Senador Garibaldi Alves. Para ser justo, vou tentar ler o nome dos Senadores. Eu fui o segundo Senador a assinar. Assinaram a lista o Senador Renato Casagrande, Líder do PSB; o Senador Francisco Dornelles; o Senador Geraldo Mesquita; o Senador José Sarney, ex-Presidente do Brasil; o Senador Wellington Salgado; o Senador Eduardo Azeredo; o Líder do Governo, Senador Romero Jucá; o Senador Heráclito Fortes; o Senador Epitácio Cafeteira; o Senador Marconi Perillo; o Senador Flexa Ribeiro; o Líder do Democratas, Senador José Agripino; o Líder do PSDB, Senador Arthur Virgílio; o Senador Valdir Raupp, Líder do PMDB; o Senador Antonio Carlos Júnior, do Democratas; o Senador Marco Maciel, ex-Vice-Presidente do País; o Senador Mão Santa; o Senador Edison Lobão; a Senadora Lúcia Vânia; o Senador José Nery, companheiro que está aqui; o Senador Cícero Lucena; o Senador Almeida Lima; a Senadora Ada Mello; a Senadora Marisa Serrano; o Senador Gim Argello; o Senador Osmar Dias; o Senador Flávio Arns; o Senador Papaléo Paes; o Senador Tasso Jereissati; o Senador Efraim Morais, membro da Mesa do Senado; o Senador Gilberto Goellner; o Senador Leomar Quintanilha; o Senador Gilvam Borges, do Estado do Amapá; o Senador Tião Viana; a Senadora Serys Slhessarenko; a Senadora Fátima Cleide; o Senador Aloizio Mercadante; o Senador Eduardo Suplicy; a Senadora Ideli Salvatti; o Senador Marcelo Crivella; o Senador Inácio Arruda; o Senador Antonio Carlos Valadares, que está aqui, companheiro do PSB; o Senador, que está aqui, Pedro Simon; o Senador Cristovam Buarque; o Senador João Vicente Claudino; o Senador Sérgio Zambiasi; a Senadora Rosalba; a Senadora Roseana Sarney; o Senador Demóstenes Torres; o Senador Eliseu Resende; o Senador João Tenório; o Senador Expedito Júnior; o Senador Valter Pereira; o Senador Jayme Campos. Seguindo a lista, Sr. Presidente, o Senador Renan Calheiros; o Senador Adelmir Santana; o Senador Mário Couto; o Senador Mozarildo Cavalcanti; o Senador César Borges; o Senador João Durval; o Senador João Ribeiro; o Senador Neuto De Conto; a Senadora Kátia Abreu; o Senador Jefferson Praia... Algumas assinaturas, confesso que não consigo ler, mas preciso fazer justiça a todos que assinaram, porque esse é um gesto político importante.

Espero, sinceramente, que, com essa votação dada ao Presidente Barack Obama, que vem cheio de esperança, com uma pauta mundial importante, essa seja uma atitude do futuro Presidente dos Estados Unidos, e que o povo cubano e seu país saiam dessa cortina, desse bloqueio.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não tenho dúvida de que o bloqueio não resolveu nenhum problema político; pelo contrário, agravou a situação do povo cubano. São treze milhões de cubanos que vivem nesse pequeno país da América Central - esse país que tem referência na Medicina, na educação, e que tem dado uma importante contribuição à humanidade.

Espero que o gesto dos Deputados Federais e dos Senadores desta Casa possa sensibilizar os Estados Unidos, na pessoa do Presidente Barack Obama, que assumirá a presidência com um elenco de esperanças, principalmente para a América Latina, para os amantes da paz, quanto a uma discussão nova que deve ser feita do ponto de vista da questão ambiental. Os Estados Unidos, essa grande potência militar, econômica, industrial, precisam ter um gesto no sentido de, ao lado de outros países, assumir um compromisso ambiental para diminuir a emissão do CO2. Essa é uma exigência da humanidade. O controle do CO2 é uma exigência para mantermos com vida o planeta Terra.

O Presidente Barack Obama carrega, do ponto de vista histórico, um elenco de proposituras para que a esperança da humanidade continue viva.

Esse abaixo-assinado dos Senadores para pôr fim ao bloqueio econômico a Cuba é um gesto importante do Congresso Nacional.

Concedo um aparte ao Senador José Nery, companheiro da Amazônia, que representa o PSOL nesta Casa.

O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Senador João Pedro, queria cumprimentar V. Exª, por dar conhecimento ao plenário dessa manifestação, que vai assinada por muitos Senadores e Senadoras...

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Setenta e três Senadores.

O Sr. José Nery (PSOL - PA) - ... por vários Deputados e Deputadas. Estou aqui ao lado da Deputada Luciana Genro, Líder do PSOL na Câmara dos Deputados, que também assinou o manifesto pelo fim do criminoso bloqueio econômico a Cuba por parte dos Estados Unidos, e para que o futuro governo dos Estados Unidos venha a pôr fim não só a esse bloqueio, como também a todas as medidas que aquele país tem protagonizado, nos últimos 50 anos, para desestabilizar, para criminalizar uma das mais importantes experiências históricas socialistas, de mudança, de transformação social, que Cuba representa não só na América Latina, mas no mundo. Cuba é um exemplo de como o cidadão, a pessoa humana deve ser tratada. Cuba tem a melhor Medicina do mundo, um sistema educacional que garante a todas as pessoas o acesso à educação. Cuba tem instrumentos próprios de governança que despertam o ódio e a violência contra essa experiência, que dignifica a luta socialista no mundo. Portanto, quero associar-me a V. Exª nessa sua afirmação sobre a importância desse gesto do Congresso Nacional, de uma maioria de Senadores e Deputados, para que o governo Barack Obama venha a pôr fim a esse criminoso bloqueio contra a Cuba socialista. E gostaria, no momento em que V. Exª está tratando desse assunto e o Presidente Garibaldi dirige a sessão, de dizer que recebemos, em junho, aqui, a visita do presidente do parlamento cubano, Deputado Alarcón. Ele nos fez um convite para uma visita oficial a Cuba, por ocasião dos 50 anos da revolução, a serem completados em 1º de janeiro de 2009. Depois, gostaria de saber do Presidente Garibaldi se, em relação àquele convite feito ao Congresso Nacional, ao Presidente Garibaldi e ao Presidente Arlindo Chinaglia, as providências estão sendo tomadas. É que obtive uma informação de que as comemorações referentes aos 50 anos da revolução estariam provavelmente sendo adiadas, em razão dos furacões que abalaram Cuba no último período, três grandes furacões, deixando mais de 450 mil pessoas desabrigadas. Como se vê, em Santa Catarina, o desastre ocorreu pelas chuvas, pelas enchentes; em Cuba, os furacões é que vitimaram a população daquele país. São fatos naturais, mas, com certeza, provocados pela relação dos homens com a natureza. Por isso, quero cumprimentar V. Exª e dizer que esse pedido, essa solicitação do fim do bloqueio a Cuba, no momento em que Cuba se prepara para os 50 anos da revolução, creio que é uma manifestação importante e que conta com toda a nossa solidariedade. Muito obrigado.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado, Senador José Nery. Incorporo com muita satisfação as palavras de V. Exª, que externam o pensamento do lutador social que é V. Exª.

Concedo o aparte ao Senador Antonio Carlos Valadares.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador João Pedro, no momento em que estamos nesta sessão em homenagem aos aposentados do Brasil, que têm uma legislação injusta do ponto de vista de sua recomposição salarial, remuneratória, e também do ponto de vista das perdas que ocorrem ao longo dos anos, V. Exª aproveita esta oportunidade para tocar em um assunto que é da maior importância, qual seja, o fim do bloqueio econômico que é imposto pelos Estados Unidos há muitos anos à nação, que todos nós respeitamos, cubana, de Fidel Castro. Na verdade, acho que isso não tem mais sentido. Esse bloqueio nunca teve sentido, e, agora, menos ainda, de vez que o mundo inteiro considera essa posição dos Estados Unidos radical, uma posição que vai contra a autodeterminação dos povos. É um desrespeito à autonomia de cada povo, que deve escolher o seu regime, que deve escolher a sua forma de vida. E Cuba, apesar das dificuldades vivenciadas por sua população, teve hombridade e, num ato e numa conduta heróica, resolveu permanecer no regime que escolheu através de uma revolução histórica. Portanto, V. Exª, ao aprontar esse documento e enviá-lo ao Presidente Obama, está contribuindo, sem dúvida alguma, para a regularidade das relações, que devem voltar a ser normais, entre Cuba, América Latina e, principalmente, os Estados Unidos. Estive em Cuba algumas vezes nesse período de sofrimento daquele povo, mas nunca deixei de admirar o povo cubano, que não se rende, não se vende e não se entrega. Se o americano quis matar de inanição o seu povo, não conseguiu e não conseguirá. Tanto isso é verdade que, através de um trabalho profícuo, aquele povo tem produzido no campo, tem produzido na área científica, principalmente na área da Medicina, dando exemplo ao mundo de como uma pequena nação pode alçar-se diante das demais, contribuindo decisivamente para o aperfeiçoamento da Medicina, inclusive ajudando os latinos americanos com oferta de ensino de nível superior nessa área. Temos muitos sergipanos e sergipanas que se formaram e estão se formando lá sob os préstimos e a boa vontade do povo cubano. Por isso, parabéns a V. Exª e apóio integralmente esse documento, tanto que o assinei. Espero que ele venha dar resultado e que Cuba volte a participar da nossa comunidade latino-americana com autonomia, independência, e que possa ser respeitada no regime que o seu próprio povo escolher. Obrigado a V. Exª.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado, Senador Antonio Carlos Valadares.

Senador Colombo.

O Sr. Raimundo Colombo (DEM - SC) - Senador João Pedro, quero cumprimentar V. Exª pelo trabalho que fez, pelo documento que gerou e que produziu este pronunciamento que consolida sua posição. Estive em Cuba e procurei me informar sobre as minhas convicções ideológicas. Realmente, tenho as minhas restrições, mas essas restrições também existem em relação ao bloqueio, que é uma atitude totalmente descabida para a realidade atual. Não tem nenhum sentido mais continuar, e a esperança se renova com a eleição do Barack Obama, com a posse dele; isso nos dá a condição de fazer com que esse documento chegue até o governo dos Estados Unidos e permita realmente rediscutir o tema e abrir, acabar com essa barreira, que não tem mais sentido e precisa ser superada. O mundo mudou muito, e tenho certeza de que Cuba está mudando, vai evoluir, precisa evoluir. Os Estados Unidos também precisam compreender isso, e com o bloqueio ele não vai resolver o problema. Portanto, parabéns a V. Exª.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado, Senador Colombo.

V. Exª assinou este documento, não assinou, o abaixo-assinado?

O Sr. Raimundo Colombo (DEM - SC) - Tenho a impressão que uma das assinaturas que o senhor não conseguiu identificar deve ser a minha; mas, senão, faço questão de assinar.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - V. Exª assinou. Quero registrar isso com muita alegria.

O Sr. Raimundo Colombo (DEM - SC) - Agradeço.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Senadora Rosalba.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senador João Pedro, quero parabenizá-lo por essa iniciativa. Eu assinei esse documento com plena convicção, porque eu acho inadmissível, nos tempos de hoje, um país manter um bloqueio econômico a Cuba. Não vamos aqui discutir o porquê isso veio acontecer. Acho que isso já passou. São tantos anos! Eu estive em Cuba, sim. Tive a oportunidade de passar uma semana lá, conhecer de perto todo o sistema de saúde. Eu era Prefeita, e trouxe inclusive alguns cubanos, médicos, enfermeiros e, com eles, implantamos na minha cidade, Mossoró, o Programa de Saúde da Família. Devo aqui dizer que foi um programa-modelo. Na época, ainda não era um programa nacional. Nós já contávamos com agentes comunitários de saúde, por iniciativa minha, e queríamos implantar um programa que chegasse mais perto da comunidade. Esse modelo eu encontrei lá, e trouxe alguns médicos e enfermeiras para, exatamente, nos ajudar no tipo de saúde que lá já era executado, adequando-os à nossa situação.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Em que ano isso?

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Eu fui eleita Prefeita em 1988 para o meu primeiro mandato, e isso ocorreu em meados do meu primeiro mandato, em torno de 1989, 1990. Depois, eu tive a oportunidade de participar de um encontro sobre a saúde da criança, de conhecer de perto toda essa realidade, de ver como a área social e desportiva era desenvolvida e de sentir as dificuldades, meu Deus. Quanto aquele povo poderia estar fazendo mais?! Mas as restrições econômicas eram tão fortes e tão difíceis que eles não tinham como ver chegar ao país determinados tipos de apoio e de equipamentos. Enfim, foi realmente algo que me chocou. E vi que essa era uma medida totalmente desumana. Hoje nós temos que ver que o mundo precisa de mais solidariedade, e a nossa esperança reacende neste momento em que os Estados Unidos deram uma demonstração de esperança e de mudança para o mundo. Acho, então, que nós estamos chegando numa hora apropriada. Se queremos mudança, mudança para a paz, para a solidariedade, para um mundo melhor, isso tem que ser feito, sim; é preciso acabar com o bloqueio. Por isso, a minha assinatura e a minha defesa. Realmente, é uma convicção que quero somar a todos que assinaram o documento.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Muito obrigado a V. Exª.

Ouço o Senador Papaléo.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador João Pedro, também eu quero parabenizar V. Exª e dizer que assinei o documento com muita determinação, exatamente porque o povo cubano é um povo sofredor. Eu quero deixar bem claro aqui que, algum dia, para mim, talvez já tenha representado algo o símbolo da figura Fidel Castro, que continua simbolizado, mas cujo regime é totalmente ultrapassado. Os fidelistas não acompanharam a evolução do mundo, e eles são os grandes responsáveis pela ditadura que impuseram ao povo, em que até pouco tempo ninguém podia usar um celular, e um médico ganhava US$60,00 por mês. Esse regime, exatamente, escravizou o povo cubano. Então, nós não devemos culpar por culpar. Por exemplo, os Estados Unidos tiveram algum problema diplomático, que resultou nesse bloqueio econômico para Cuba. E, para mim, Cuba não serve de modelo para quase nada, para a vida que nós vivemos hoje. Então, eu quero deixar isso registrado, porque já deu muito Ibope falar em Fidel, falar isso e aquilo, mas hoje a realidade é outra. Nós vivemos numa globalização em que certos países se isolam do restante do mundo, e esses países que têm essa ditadura cruel com o seu povo, que maltratam o seu povo, eles precisam, sim, da nossa solidariedade, da nossa solidariedade com o povo e não com os dirigentes que fazem verdadeira escravidão do seu povo para manter um regime que já está completamente ultrapassado. Então, eles não souberam evoluir como a União Soviética evoluiu. Quero dizer que assinei o documento exatamente pelo povo cubano, que foi submisso o tempo todo pela força do seu governante. É a minha solidariedade àquele povo sofredor que realmente faz com que venhamos a reconhecer que eles também precisam fazer a parte deles para que essas sanções econômicas sejam desbloqueadas e venham a fazer com aquela sociedade realmente evolua. Se eles evoluíram na área da medicina...

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Na sua área.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Sim, na minha área, mas a bola não é tão cheia como falam não. Ela pode ser muito importante para a saúde da família e para aqueles programas importantes, mas, em matéria de tecnologia avançada, estão muito bloqueados. Eles não conseguiram evoluir exatamente por falta de investimento do Governo, por não ter condições financeiras.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Aí foi o bloqueio.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Exatamente. Como digo, os Estados Unidos tiveram algum motivo para bloquear. Como hoje estamos fazendo uma vigília pelos aposentados - e já que sua proposta foi extremamente interessante -, seria também uma homenagem aos aposentados que estão aqui se nós aproveitássemos a nossa lista e a encaminhássemos ao Presidente Lula para que ele desbloqueasse também os reajustes dos aposentados e fizesse justiça aos aposentados, que são bloqueados por um Governo que tem uma tendência socialista, mas que não a coloca em prática. Muito obrigado.

(Manifestação das galerias.)

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado.

Ouço o Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Eu felicito V. Exª e o Senado Federal, porque vejo que praticamente houve unanimidade de assinaturas. Quem não assinou é porque não estava aqui, mas assinará...

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Alguns Senadores estão viajando.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Mas eles assinarão. Tenho convicção. Pelo que sinto, o mesmo está acontecendo na Câmara dos Deputados. Acho que o momento é muito propício. O Presidente eleito dos Estados Unidos fez uma pregação realmente emocionante. O Governo que está saindo é apontado por quase unanimidade - eu diria - como o Presidente que deixa oito anos de mandato com o pior desempenho e a mais baixa cotação de juízo de opinião pública que já aconteceram na história dos Estados Unidos. O Presidente Obama vem com uma grande expectativa.

(Interrupção do som.)

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Ele mesmo vem dizendo que não vai resolver os problemas gravíssimos que atravessam os Estados Unidos da noite para o dia. Mas este aí - suspender o bloqueio a Cuba - é uma daquelas decisões que não significam absolutamente nada. Ele poderá fazer um gesto que demonstre o que ele pensa, o que ele tem de desejo com relação ao futuro. Repare V. Exª que agora, questão de um mês atrás... Anualmente, já são trinta, quarenta moções da ONU pedindo o desbloqueio a Cuba. Essa última foi apoiada por unanimidade, tirando Estados Unidos, Israel e uma ilhazinha, cujo nome eu não sei. Todos os outros países, inclusive os tradicionais, como a Inglaterra e o Canadá, votaram a favor, pedindo aos Estados Unidos que encerrassem o bloqueio. Não importa agora analisar as causas, o que foi e o que não foi. É o que menos importa. O que importa é que é uma coisa ridícula, absurda, incompreensível, em nome do nada, os Estados Unidos fazerem um bloqueio absolutamente incompreensível. Eu acho que o Presidente Obama e o seu governo, com a presença da ex-Primeira Dama Srª Clinton como Ministra das Relações Exteriores, como Secretária de Estado, dão uma demonstração de que estão caminhando para esse sentido porque ela, várias vezes, defendeu essa tese. Eu quero dizer que, se o Presidente americano, nos primeiros atos do seu governo, encerrar este triste episódio de quase meio século de bloqueio a Cuba e, junto com isso - por que não dizer -, fechar a tristeza daquela penitenciária de Guantánamo, que é uma das chagas do mundo inteiro, que é uma vergonha para os Estados Unidos porque é uma penitenciária onde entram sem saber por que, sem juízo, sem absolutamente nada, onde a tortura é permitida e nada se pode fazer... É algo que não tem compreensão. Hoje, na humanidade, não há fato mais grave, mais cruel, mais absurdo, mais estúpido do que aquela penitenciária. Está aí algo em que o Presidente Obama, de uma maneira serena e tranqüila, terá a unanimidade dos Estados Unidos: terminar com o bloqueio de Cuba e fechar a triste chaga que é a penitenciária de Guantánamo. Meus cumprimentos a V. Exª pela felicidade da sua iniciativa, que teve a solidariedade de todos os Parlamentares do Congresso brasileiro. Muito obrigado.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado, Senador Pedro Simon.

É bom dizer que há no Congresso um Comitê de Solidariedade a Cuba. Fazem parte dele Senadores como Nery, Renato Casagrande e um conjunto de Deputados Federais.

Ouço o Senador Mário Couto.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Senador Pedro, primeiro quero parabenizar V. Exª pela atitude. Acho que nada justifica um bloqueio, mesmo porque, Senador, o novo Presidente de Cuba vem tomando algumas medidas que já cheiram a democracia. Isso nos satisfaz muito. Eu tive oportunidade de ler as 2.500 páginas do livro do Lee Anderson. Meditando naquilo que li sobre Guevara, sobre Fidel Castro, sobre a revolução em si, acho que a maneira como foi implantada a ditadura em Cuba revoltou naquela época o mundo. Nem tudo o que falam - Che é um mito extraordinário - é verdadeiro. Se nos aprofundarmos na história real, como me aprofundei, vamos ter muitas decepções. Mas acho que nada justifica um bloqueio. Por isso assinei a lista de V. Exª e espero que ela possa chegar à mão do Presidente Obama. Espero também que o Raúl, novo presidente cubano, possa cada vez mais se sensibilizar e implantar a democracia em Cuba, pois já é hora. Parabéns.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado, Senador Mário Couto.

Cuba, pela decisão política que tomou lá em 1959, até hoje gera polêmica - eu respeito as polêmicas. Os seus dirigentes políticos assumiram um projeto político. Neste exato momento, quero dizer que o gesto de cada Senador, de cada Senadora aqui é um gesto político importante, uma decisão política em nível internacional.

Há pouco, o Senador Pedro Simon se referiu à decisão da ONU. Na votação dos 192 membros da ONU, 185 delegados votaram pelo fim do bloqueio. Faz poucos dias essa decisão.

Então, quero dizer da minha alegria. Confio fundamentalmente na bravura do povo cubano, nos seus dirigentes. O mundo é outro, eu não tenho dúvida disso. O conjunto de manifestações no mundo em relação a Cuba é um gesto de respeito à sua soberania nacional, vai na direção de um gesto de solidariedade.

A Senadora Rosalba, na sua fala, disse: “Por que manter, nos dias de hoje, o bloqueio? É inconcebível!”. Mas é impressionante como os dirigentes políticos dos Estados Unidos pensam o mundo e pensam a relação com Cuba, um país vizinho que, historicamente, sempre teve uma relação com os Estados Unidos. Mas é essa a postura. A postura de Bush é uma postura arrogante, autoritária. Por isso, está deixando o governo da forma como está deixando: repudiado internacionalmente, isolado nos Estados Unidos.

Evidentemente que o povo norte-americano, pela decisão da votação que tomou, enche-nos de esperança. E esta é uma esperança: a esperança de que o bloqueio caia e que o povo cubano caminhe com as suas próprias pernas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2008 - Página 49078