Discurso durante a 230ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA HABITACIONAL.:
  • Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2008 - Página 49906
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA HABITACIONAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, REPRESENTANTE, ASSOCIAÇÃO DE CLASSE, PRESENÇA, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CONSELHO FEDERAL, ENGENHARIA, ARQUITETURA, AGRONOMIA, REGISTRO, HISTORIA, DESENVOLVIMENTO, EXERCICIO PROFISSIONAL, BRASIL.
  • QUALIDADE, ENGENHEIRO, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, CONSTRUÇÃO, PAIS, REGISTRO, REALIZAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), CONGRESSO INTERNACIONAL, SEMANA, SETOR, ESPECIFICAÇÃO, DEBATE, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, INCLUSÃO, NATUREZA SOCIAL.
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, SENADO, PROJETO DE LEI, ORIGEM, CAMARA DOS DEPUTADOS, GARANTIA, DIREITOS, BRASILEIROS, GRATUIDADE, ASSISTENCIA TECNICA, ENGENHEIRO, ARQUITETO, SETOR PUBLICO, CONSTRUÇÃO, CASA PROPRIA, JUSTIFICAÇÃO, NECESSIDADE, DIGNIDADE, HABITAÇÃO POPULAR, TRANSFORMAÇÃO, FAVELA, RETIRADA, RISCOS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Sr. Presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), engenheiro Marcos Túlio de Melo, em nome de quem saúdo os demais dirigentes de entidades de classe, conselheiros federais; presidentes de CREAs e os profissionais por eles representados; Srªs e Srs. telespectadores da TV Senado e ouvintes da rádio Senado; Srªs e Srs. presentes no plenário, o mundo civilizado é uma obra de engenharia. No Brasil ela chega antes do colonizador e já aparece no gênio indígena das armadilhas, das armas e aldeias, nos primórdios da nossa criatividade.

Com a chegada do conquistador se erguem as feitorias, fortes, fortins e fortalezas; depois as primeiras vilas, cidades que mais tarde o talento imaginativo dos brasileiros iria plasmar em magníficas metrópoles do nosso tempo; engenhos rudimentares de cana-de-açúcar foram apenas os primeiros passos de inúmeras fábricas e complexos industriais; trilhas, caminhos e estradas se transformaram em extensas rodovias e ferrovias que cruzaram o nosso território; meras canoas, jangadas rústicas, bergantins, barcos e galeões eram o início de uma extraordinária indústria naval, apta a construir imensos navios e submarinos nucleares; capelas se transformaram em igrejas, igrejas em catedrais cresceram com a fé cristã dos brasileiros. Ontem, açudes improvisados e pequenas represas; hoje, gigantescas barragens, hidrelétricas e usinas nucleares; carroças e carruagens deram lugar aos carros sofisticados, aviões, foguetes e satélites, autênticos emblemas do nosso talento inovador.

E assim progredimos, crescemos, nos desenvolvemos e nos dignificamos, sempre na linha do conhecimento, do estudo sério e diligente, da competência e da capacidade intelectual de um povo de índole pacífica, que ama a liberdade, que cultua o direito e os princípios democráticos e que, na generosidade cristã, se engrandece na prática das virtudes a serviço da humanidade.

A garra do homem brasileiro, provada na epopéia das bandeiras, quando os Raposo, os Garcia, os Bartolomeu Bueno e os Fernão Dias ampliaram, a golpes de tenacidade e bravura, para além das montanhas, serras e florestas, com ímpeto indomável, os limites da nossa geografia, revogando os “Tratados de Tordesilhas”, sim, com essa fibra invencível, aliada ao brilho e à eficiência da inteligência nativa, para solucionar os mais complexos dilemas e desafios da natureza, fez surgir no vasto território nacional um País moderno, desenvolvido, próspero, gigante na pujança da sua imensa riqueza e no esplendor de uma civilização que surpreende o mundo com o seu poder criativo.

A engenharia, a arquitetura, a agronomia, as ciências relacionadas a elas encontraram no homem brasileiro a paixão pela descoberta, a coragem e a aptidão para superar desafios, para planejar com imaginação e proceder com tenacidade, e dar início à marcha avassaladora e incoercível do processo de nosso desenvolvimento econômico, materializado na infinidade de obras e empreendimentos fulgurantes e notáveis, uma estupenda demonstração do nosso vigor e da nossa capacidade criativa.

Tudo isso já se deslumbrava na mente poderosa dos nossos vultos históricos do passado e que tão bem foi descrito na quadrinha do Marquês de Paranaguá, que, ainda em um espírito de exaltação patriótica gerada pela vitória contra o Paraguai, profetizou: “O mundo há de ver um dia, nesse céu sereno e azul, curvar-se a Ursa do Norte ante o Cruzeiro do Sul.”

E para emoldurar a comemoração dos 75 anos de existência do Confea, o maior conselho de profissões do mundo, Sr. Presidente, com 900 mil profissionais, 70% da riqueza nacional passam pelas mãos desses senhores e daqueles que eles representam tão bem, melhor lugar não se encontraria do que esta linda Capital, patrimônio cultural da humanidade, a mais alta realização artística de uma raça e a demonstração inequívoca do que é possível ser feito pelo espírito empreendedor de um povo dotado de talento peculiar e divino.

Brasília é esta imensa forja onde se acrisolam as mais puras essências da nossa nacionalidade, os mais elevados valores e tradições da Pátria e onde se perpetua a energia da nossa brasilidade.

A vasta obra dos profissionais do sistema Confea/Crea repercute mundo afora com seus arranha-céus espetaculares; túneis; pontes; centros de pesquisa de última geração; terminais, portos e aeroportos; nossa aviação civil; prospecção de minerais, inclusive águas profundas; agricultura extensiva; navegação espacial; desenvolvimento de próteses humanas de variadas aplicações; enfim, uma infindável lista de feitos exitosos..

Na complexa sociedade em que vivemos, os antigos ofícios se transformaram em sofisticadas profissões, exigindo sólidos e bem fundados conhecimentos dos que as exercem, e rigoroso controle sobre a qualidade dos serviços prestados pelos conselhos fiscais de profissões regulamentadas.

Recordo com saudade o juramento que fiz no Crea do Rio de Janeiro, onde há quase 25 anos tive um momento de emoção ao me diplomar em engenharia civil:

Juro honrar o grau que solenemente recebo, exercendo a profissão de engenheiro com ética, dignidade e respeito à vida e ao meio ambiente. Com meu conhecimento científico e tecnológico, buscarei contribuir para o desenvolvimento socialmente justo do Brasil e para a prosperidade da humanidade.

           Esse é o juramento dos engenheiros civis, categoria profissional da qual faço parte. (Palmas.)

           Ele representa bem a visão de engajamento social que as profissões ligadas à engenharia têm para a construção de um Brasil progressista e socialmente justo.

O Confea, como órgão representativo e regulador do exercício profissional, tem a grave e honrosa responsabilidade de garantir que a boa reputação da engenharia nacional permaneça incólume na opinião pública internacional, como tem sido até hoje.

Por todas essas razões, Srªs e Srs. Senadores, o Senado Federal não poderia deixar passar em branco os 75 anos de existência dessa organização tão importante para o projeto de desenvolvimento brasileiro.

Sr. Presidente, na qualificada platéia internacional que hoje nos honra com sua visita, estão presentes participantes da LXV Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia e do III Congresso Mundial de Engenharia, eventos em andamento nesta Capital Federal.

Mas esse pronunciamento não poderia se encerrar sem antes fazer menção ao lema escolhido para a Semana Oficial da Engenharia que ora está em curso: inovação tecnológica com inclusão social.

           Sr. Presidente, nenhuma obra executada por mais monumental e inovadora, nenhuma riqueza explorada, nenhuma fronteira do conhecimento humano rompida, nenhum capítulo do nosso desenvolvimento científico e tecnológico, faz qualquer sentido se não o for em benefício do homem e de sua família. A Engenharia se enobrece e engrandece quando constrói a paz, erradicando doenças, garantindo o bem-estar e a distribuição da riqueza, promovendo a evolução da humanidade pelo conhecimento, para garantir que todos possam desfrutar de uma existência agradável, independentemente de serem ricos ou pobres.

Por isso o lema da semana oficial da engenharia nacional.

Por isso também, Sr. Presidente, desde que assumi o mandato de Senador por honrada delegação do povo da minha terra, do bravo Estado do Rio de Janeiro, faço-me uma pergunta como engenheiro: se o Brasil possui imensas jazidas de calcário e argila, gesso, areia, minério de ferro, além de escória de alto-forno, matérias-primas de todos os cimentos; se dispõe em abundância de madeira, aço e alumínio, plásticos e borrachas, tintas e vernizes; mármores, granitos e cerâmicas; se possui mão-de-obra disponível e abundante, esperando ser qualificada e empregada com a ansiedade de um sentinela que espera a alvorada, por que, Sr. Presidente, a essa altura do nosso desenvolvimento, nosso povo mora em favelas, em barracos improvisados com o risco da própria vida? Qual o sentido disso?

Essa é uma grave questão nacional que nos envergonha e fere o senso da nossa dignidade. E por isso mesmo ontem, neste plenário, por volta das 10 horas da noite, tivemos a oportunidade de, sob a presidência de V. Exª, aprovar um projeto de lei do Senado, que trata da engenharia pública, dando direito a todos os brasileiros, especialmente àqueles mais humildes, de contar com a assistência técnica de engenheiros e arquitetos para realizarem o sonho da vida de todos nós, que é ter uma casa própria onde possamos educar e criar nossas famílias. (Palmas)

A essa pergunta, Sr. Presidente, como Senador, eu mesmo respondo. Enquanto houver uma só família vivendo em condições impróprias e indignas; enquanto houver uma criança pegando a sua bola de futebol caída num valão de esgoto a céu aberto; enquanto um jovem se sentir diminuído e estigmatizado por ter nascido e morar em uma favela; enquanto uma imensa parcela de trabalhadores brasileiros e aposentados - por quem temos feito várias vigílias nesta Casa - viver uma subvida, num submundo de opróbrio e privações, Sr. Presidente, toda a opulência da nossa riqueza será falsa.

É por isso que prego, desta tribuna, o cimento social; cimento para unir ricos e pobres na vasta obra de transformação das favelas do Brasil; para a implantação do maior programa de habitação da nossa história, que transforme essas pequenas casas, esses barracos, em moradias decentes, que remova os que estiverem em áreas de risco e ofereça um programa nacional de habitação popular, na escala da nossa necessidade. Isso é possível! É possível um Brasil sem favelas!

Os profissionais do sistema Confea/Crea também clamam ao Congresso Nacional e à Nação a responsabilidade urgente e inadiável do resgate social do Brasil e dos brasileiros, concitando os homens de boa vontade, nos quatro cantos da Pátria, para realizarmos, com a grandeza do nosso patrimônio intelectual e moral, a maior obra de todas, que é trazer a justiça pela distribuição da riqueza, ao menos, como disse, na escala da nossa necessidade e da necessidade da dignidade humana. E, assim, podermos todos, com olhar altivo, rasgar nos horizontes infinitos da esperança desta terra que Deus nos deu a perspectiva iluminada e gloriosa do nosso destino.

Muito obrigado. (Palmas.)


Modelo1 5/18/245:00



Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2008 - Página 49906