Discurso durante a 230ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2008 - Página 49908
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • QUALIDADE, ENGENHEIRO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CONSELHO FEDERAL, ENGENHARIA, ARQUITETURA, AGRONOMIA, CONCLAMAÇÃO, EXERCICIO PROFISSIONAL, CONSTRUÇÃO, FUTURO, BRASIL, BENEFICIO, CIDADANIA.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa-tarde a cada uma e a cada um dos presentes; Senador Garibaldi, que preside esta sessão; Senador Crivella, que promoveu esta homenagem; Deputado Zezéu Ribeiro, amigo nosso; Sr. Marcos Túlio de Melo, colega engenheiro que aqui está; Sr. Ricardo Antônio Arruda, engenheiro agrônomo; caros colegas, eu, na idade que tenho e vivendo lá em Recife naquela época, tinha que ser engenheiro. E tinha que ser engenheiro porque havia aquelas profissões da época, aquelas básicas que todos sabiam e porque era o momento, Senador Crivella, em que o Nordeste começava a industrializar-se. O desafio era esse. Daí eu virei engenheiro mecânico. Mas, aos poucos, foi mudando. E eu fui mudando por aquilo que quero falar para vocês, que eu percebi a diferença entre construir no Brasil e construir o Brasil.

É claro que é muito possível o mesmo profissional construir no Brasil e construir o Brasil. Construir no Brasil, por exemplo, é fazer uma ponte que vá de um lugar a outro, como nós, engenheiros, fazemos. Mas construir o Brasil é fazer uma ponte que vá do presente ao futuro - e um futuro muito melhor.

Construir no Brasil é produzir comida, como nós fazemos, como engenheiros agrônomos. Mas produzir o Brasil, construir o Brasil é fazer com que ninguém passe fome. E não é a mesma coisa construir produzindo comida e fazer com que ninguém passe fome. Sem comida, é claro que há fome. Mas só com comida a fome não acaba.

Construir no Brasil é fazer o prédio de uma escola; construir o Brasil é também pagar bem os professores, é também fazer com que neste País a educação seja igual para todos.

Construir no Brasil é fazer uma fábrica de automóveis; mas construir o Brasil é fazer com que todos possam se locomover de uma maneira eficiente e rápida, e nem sempre é aumentando o número de automóveis.

Construir no Brasil é fazer um hospital; construir o Brasil é colocar todos os serviços necessários para que não haja tanta doença.

Construir no Brasil e construir o Brasil é fazer água, é fazer esgoto, construir os sistemas e as redes de que a gente precisa.

Há muitas maneiras de a gente querer construir no Brasil e construir o Brasil. Construir, no Brasil, por exemplo, é fazer uma casa; construir o Brasil é fazer milhões de casas para que ninguém fique sem ter onde morar. (Palmas.)

Nós temos que fazer aquilo que é preciso como engenheiros, mas temos que fazer aquilo que é preciso como cidadão e cidadã, militante de uma causa que é construir o Brasil. Isso vale para os arquitetos também. Desenhar uma casa é desenhar no Brasil; imaginar o país que a gente deseja é desenhar o Brasil.

Cada profissional deve carregar dentro dele duas coisas: a capacidade de construir no Brasil, fisicamente, dando soluções concretas que aí estão, e construir um Brasil novo, diferente, melhor, um País que não apenas cresça, mas que fique grande. Porque há uma diferença muito grande também entre você crescer e você ficar grande. O Brasil é um País que tem crescido, mas não tem ficado grande naqueles indicadores que caracterizam a civilização brasileira que nós desejamos.

Venho aqui apenas dar esta mensagem, agradecendo ao Senador Marcelo Crivella por ter propiciado esta sessão, com orgulho de ter feito uma profissão, que terminou não sendo a minha carreira, mas a minha profissão da qual me orgulho. E, se não virou a minha carreira na Engenharia, não tenho a menor dúvida de que tudo que eu faço, tudo que eu penso, tudo em que eu ajo tem por trás aquilo que aprendi durante cinco anos na velha Escola de Engenharia de Pernambuco, à qual agradeço por tudo que aprendi, inclusive, na procura de construir o Brasil, foi ali, na militância estudantil.

Por isso, meus caros colegas que constroem no Brasil, é um prazer estar com vocês. Mas, meus caros colegas, concidadãos que querem construir o Brasil, eu tenho esperança de que vocês sejam não apenas engenheiros, mas soldados dessa causa.

Um grande abraço para cada uma, para cada um de vocês. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2008 - Página 49908