Discurso durante a 230ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2008 - Página 49911
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CONSELHO FEDERAL, ENGENHARIA, ARQUITETURA, AGRONOMIA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, CONSTRUÇÃO, BRASIL, MUNDO.
  • SAUDAÇÃO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).
  • REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, SENADOR, DEFESA, JUSTIÇA, PREVIDENCIA SOCIAL, JUSTIFICAÇÃO, PROPOSTA, EXTENSÃO, IDADE, APOSENTADORIA COMPULSORIA, AMPLIAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, EXPERIENCIA, SERVIÇO PUBLICO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Garibaldi Alves, Senador Marcelo Crivella, sempre inspirado, autor e subscritor desse requerimento de homenagem, Exmº Sr. Deputado Zezéu Ribeiro; Sr. Dr. Marco Túlio de Melo, Presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; Sr. Ricardo Antonio de Arruda Veiga, 1º Vice-Presidente deste mesmo conselho; Sr. Afonso Luiz Costa Lins Júnior, Coordenador do Colégio de Presidentes do CREA, Srªs e Srs. Presidentes dos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; Srªs e Srs. Diretores do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; Srªs e Srs. Senadores, senhores presentes a esta solenidade, o político é antes de tudo um oferecido. Cheguei a este plenário e fui contaminado pelo entusiasmo das presenças. Idades variadas, mas de uma verdadeira hegemonia pelo semblante entusiasmado de quem tem orgulho do que fez pela terra, pelo país.

É evidente que vou levar uma desvantagem muito grande ao falar depois do Paulo Duque. É uma covardia, porque a engenharia divina e a arquitetura fizeram tudo pelo Rio de Janeiro; não precisava mais de nada. O Rio não precisava do Maracanã, do Monumento aos Pracinhas, dos belos prédios que têm ali, produto da arquitetura nacional através da história; devia deixar para os Estados mais pobres, Paulo Duque, como o meu Piauí. (Palmas.)

Mas, como no mundo nada tem distribuição igual, nós temos de nos conformar. E aí vem do nosso âmago um ciúme positivo, porque a melhor coisa do mundo é você ter ciúme da competência. Mas um ciúme sadio, aquele que estimula e que vibra com quem cria idéias e as executa.

            O engenheiro pensa pouco e executa muito; diferente do arquiteto. E o que mais me impressiona, meu caro Presidente, é ver que, setenta e cinco anos depois de criado o Confea, continuam unidos engenheiros, arquitetos e agrônomos...(Palmas.)

Três classes que tinham tudo para viver em conflitos, mas que se sabe que, quando a intenção é boa e a causa compensa, as convivências adversas se transformam em caminho de paz e de harmonia. Então, a minha primeira saudação é esta: é ver a fusão e a união dessas três categorias.

Sr. Presidente, nenhum ambiente mais propício para esta reunião e para esta comemoração, porque estamos aqui em Brasília, que é a catedral da arquitetura mundial. (Palmas.)

E aí tivemos a união de arquitetos e engenheiros que fizeram do desafio da obra da Pampulha a experiência inicial da construção de Brasília. Jovens, arquitetos, engenheiros, artistas que numa geração só fizeram com que o Brasil desconhecido no mundo passasse a ser examinado, respeitado e admirado pelo Planeta.

Outro dia, li um arquiteto famoso francês dizer que a engenharia e a engenhosidade brasileira desmoralizaram o concreto. E é um fato, mas o que mais me impressionou, ao longo dessa minha existência como Parlamentar, como Deputado Federal, 1ª Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, foi um prédio do Rio Janeiro, que tinha problemas estruturais.

Um engenheiro do Piauí, ouvindo a conversa de um dos responsáveis pela obra, achando-se perseguido, disse e até foi repreendido: “o concreto não trai o homem; é seu amigo. Mas, aí do homem que não atenda aos avisos do concreto, porque paga um preço alto!” Trinta dias depois, a História mostrou que aquele engenheiro piauiense estava coberto de razões. Talvez, algumas vidas tivessem sido poupadas.

Mas esse concreto, esse cimento, que é movido pela imaginação criadora dessa escola de arquitetura, que o Brasil soube construir, seja talvez a nossa fonte maior de orgulho pelo Brasil afora.

Niemeyer, que pontificou com obras na Argélia, a Sede do Partido Comunista Francês, e uma obra, que ele não teve nenhuma vaidade de ter feito, mas que talvez tenha sido a maior simbologia dele, porque teve o objetivo de ser a Catedral da Paz, que é o prédio da ONU.

Esta semana, coincidentemente, eu conversava com seu sobrinho e talvez seu maior fã: o médico Paulo Niemeyer. Eu sempre tive curiosidade de saber porque Oscar não colocava em relevo, entre suas obras, o prédio da ONU, uma das primeiras lá fora, com a qual ele ganhou um concurso do qual participavam os maiores arquitetos do Brasil. Ele, então, me disse: “pela esperteza de um francês”. O francês, com mais nome do que o Niemeyer à época, propôs que ele avançasse um pouco o prédio. O Niemeyer, como sempre, na sua concepção, queria, em frente ao prédio da ONU, fazer uma praça, criar aquela pompa que ele sempre cria nas suas obras, mas não quis contrariar o colega, que estava no começo da vida. Aquilo foi o suficiente para que o arquiteto também assinasse a obra e ela ficasse, no seu conceito, deformada. Niemeyer é um homem que, pelas suas convicções, conseguiu não fazer proselitismo dessa obra que, pela simbologia, orgulha não só a ele, mas a todo mundo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como Presidente da Comissão de Relações Exteriores, tivemos a oportunidade de, em três visitas, conhecer aspectos positivos e negativos de três continentes. Fomos à Ásia, fomos à África e, mais recentemente, à América Central. É impressionante ver o prestígio da engenharia brasileira nesses países: construção de prédios, de estradas... A África, então, é hoje completamente dominada por construtoras brasileiras. E você observa a qualidade da obra no primeiro olhar.

Estive, recentemente, na América Central, onde o fato se repete. O Zezéu, que está aqui, tem um filho que administra uma das grandes empresas brasileiras na República Dominicana. Veja como o brasileiro é um andarilho, mas um andarilho das boas causas. Ele faz isso exatamente representando os senhores que aqui estão.

Mas eu não podia deixar de me orgulhar também da Embrapa, Senhores agrônomos. (Palmas.)

O Brasil pode se orgulhar da Embrapa. É comovente ver o que vi certa vez em Taiwan, em uma cidade próxima à capital. Eu visitava uma escola de 2º grau onde as pessoas eram treinadas. Ali, passamos por uma área onde havia algumas experiências com árvores frutíferas. Aí, comecei a ver alguma coisa parecida com as nossas frutas. Nós não esquecemos nunca o Brasil. O clima é parecido... Lá havia aquela bucha de soldado. Não sei se vocês todos sabem o que é. É aquele negócio que se usa para limpeza de pele. Eu me assustei quando, de repente, escutei alguém falando um português bem nordestino, bem pernambucano. Achei que era o jet leg das trinta e tantas horas de vôo. Aí que vi que era um agrônomo da Embrapa ensinando, em Taiwan, como é que se cultiva, como é que se planta, como é que se produz a nossa riqueza.

Portanto, os senhores que estão aqui neste momento podem sair daqui orgulhosos. Podem sair daqui com o entusiasmo de que valeu a pena essa primeira etapa. São 75 anos! Este momento, para nós Senadores, tem uma simbologia muito especial. Nós estamos fazendo, sistematicamente, uma vigília cívica nesta Casa e ainda vamos continuar por algum tempo, porque é para acordar o Governo, as autoridades do País, para que sejam justos com os aposentados brasileiros, dando-lhes uma condição digna, porque não é justo para aqueles que dedicaram toda a sua vida ao trabalho tenham a sua aposentadoria transformada em dias de tormento. (Palmas.)

Aliás, queremos chegar adiante, Deputado Zezéu - e a data de hoje é simbólica -, elevando para setenta e cinco anos a atividade no serviço público. A qualidade de vida do brasileiro aumentou muito e é triste ver os tribunais, os ministérios, as repartições perderem homens que, com setenta anos, estão na plenitude de suas idéias. Mas, geralmente, infelizmente, as peças de reposição não estão à altura. São cinco anos fundamentais. Se nada justificasse, é um argumento que mata qualquer descontentamento: baixaremos a despesa da Previdência. São mais cinco anos em que se vai utilizar essa mão-de-obra fantástica, a experiência e o equilíbrio. Setenta e cinco anos!

Portanto, meus amigos engenheiros, arquitetos e agrônomos do Brasil, dirijo-me agora aos jovens que estão aqui, que estão começando. Espero - e torço por isto - que os senhores consigam, nos próximos setenta e cinco anos, exercer a mesma engenharia da união, a união das divergências, dos pensamentos conflitantes, mas de objetivo comum. Que se unam e acreditem neste País, porque ele é maior do que a crise que está por aí. E não há nada que destrua este gigante que de adormecido só tem a estrofe do Hino Nacional.

Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2008 - Página 49911