Discurso durante a 230ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.

Autor
Romeu Tuma (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos setenta e cinco anos da criação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2008 - Página 49920
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CONSELHO FEDERAL, ENGENHARIA, ARQUITETURA, AGRONOMIA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO.
  • SAUDAÇÃO, PROJETO DE LEI, APROVAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, GARANTIA, DIREITOS, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, GRATUIDADE, ASSISTENCIA TECNICA, ENGENHEIRO, SETOR PUBLICO, CONSTRUÇÃO, HABITAÇÃO POPULAR.
  • VALORIZAÇÃO, EXERCICIO PROFISSIONAL, ENGENHEIRO, ARQUITETO, AGRONOMO, AMBITO, SANEAMENTO BASICO, SEGURANÇA, HABITAÇÃO, CIDADÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, ASSISTENCIA, PRODUTOR RURAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Eu peço desculpas, já que não estava inscrito. Normalmente, para sessões solenes da importância desta, em que se comemora o Dia do Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo, o Partido inscreve quem falará em nome da representação.

Eu sou simpático à profissão de engenheiro e tenho um neto fazendo vestibular este ano para arquitetura. Ele passou na primeira fase da USP. O meu filho mais velho, que é médico, todos nós tínhamos certeza de que ele iria fazer Engenharia, porque vivia procurando o “x” e encontrava. Mas ele foi para Medicina, e, graças a Deus, deu bom resultado. E o filho dele, provavelmente querendo realizar o sonho dos avós, que achavam que o filho seria engenheiro ou arquiteto, tem a virtude de tentar entrar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Foi exigência dos pais ele só fazer na USP o curso de Arquitetura.

Eu aqui fiquei lembrando com o nosso Deputado - não vou saudar a Mesa, porque já foi tão saudada, depois eu dou um abraço -, que eu estava aqui um pouquinho tremendo na base. Quando o Suplicy desafiou o Mão Santa a voltar ao plenário, eu, como Corregedor, disse: vou embora. Daqui a pouco o negócio pega fogo, o Suplicy, que foi lutador de boxe, mas é calmo, paciente, começou a ficar um pouco nervoso e eu disse: acho que eu vou embora, vou pedir para cortar meu nome da lista de oradores. Mas ele disse que ia embora, então ficou tudo bem, acho que é uma coisa natural. Acho que essa virtude do Suplicy de ser coerente com esse projeto, que ele tem há muitos anos, persegue e tenho certeza de que conseguirá ser vitorioso. (Palmas.)

Muita gente diz que só quem trabalha deve receber. Eu pergunto àqueles que são engenheiros e arquitetos em Santa Catarina: quanta gente tem que receber alguma coisa sem poder trabalhar? (Palmas.)

Não é a questão da vontade de trabalhar ou não; é a oportunidade que o cidadão tem. E essa oportunidade só nós podemos oferecer, Suplicy. Eu votei favoravelmente, continuo solidário e infelizmente não vou passar de Senador, senão eu sancionaria esse projeto com muita honra.

Aqui há muitos reeleitos - eu sou um deles -, mas não sei se serei reeleito pela terceira vez.

Temos um grande engenheiro aqui, que é o nosso Presidente. Eu estava conversando com o Senador José Nery sobre a importância da presença do nosso Presidente Garibaldi, porque ele fez uma engenharia de reconstrução da dignidade do Senado. (Palmas.)

Na busca do princípio da lealdade para com o povo, para com os Colegas e para com a Casa. Nós temos a responsabilidade de ter o respeito da Casa e o respeito externo, que os senhores poderão ou não oferecer, dependendo da conduta de cada um de nós.

Eu estava brincando com o nosso Deputado, porque o projeto de lei de autoria dele é maravilhoso, já que todo mundo quer fazer um puxadinho nas favelas, nas periferias, e, normalmente, pegam algum pedreiro para fazer isso. Então, não há um engenheiro.

Quando fui candidato a Prefeito, procurei o Dr. Murilo Celso, Presidente do Sindicato de Engenharia de São Paulo, porque achava que, na minha proposta, todas as administrações regionais tinham, de qualquer forma, de ser entregues a um engenheiro, como subprefeito ou como assistente direto, para atender à população. (Palmas.)

Os maiores problemas que enfrentam as subprefeituras, Sr. Presidente - V. Exª foi Governador e sabe - são de saneamento básico, falta de atendimento na área do lixo, desabamento de construções que normalmente são feitas tortas e, de repente, vem uma chuva e tudo vai embora. 

Então, sempre precisam do engenheiro. É a mão de Deus que está ali. Deus foi o grande arquiteto do universo. Então, o engenheiro é uma continuidade da obra de Deus. Precisamos tê-lo sempre ao lado do cidadão que precisa. E o projeto aprovado ontem traz essa busca, não é Deputado?

Então, estava brincando com ele, dizendo que aqui tem o Niemeyer, que construiu Brasília. Eu estava conversando com o engenheiro e ele disse: “É duro; o arquiteto faz um desenho em 5 ou 10 minutos, e nós ficamos dois anos para fazer o cálculo para pôr aquela coisa ficar em pé, calculando o balanço que tem que dar”.

Então, tem que achar um monte de “x”. O arquiteto é o artista das construções e o engenheiro é que viabiliza esse sonho de ter algo importante na construção.

Às vezes vejo, em algumas viagens que fiz como policial, ou como Senador, os prédios inteligentes. Imagino a capacidade da Engenharia, da Arquitetura, de buscar na natureza o aproveitamento de tudo que ela pode oferecer sem feri-la, sem agredi-la, para não termos uma resposta destruidora.

Então, nesse Congresso, me disse o presidente do Crea do Maranhão que houve 5 mil comparecimentos. Foi uma beleza! O nosso nissei - aproveito para comemorar os cem anos da migração japonesa - falou do engenheiro agrônomo. (Palmas.)

O engenheiro agrônomo nos faz lembrar da Escola Luiz de Queiroz de Engenharia, em Piracicaba, São Paulo. (Palmas)

Eu não sei se o senhor é formado lá ou não. Ah! É formado em Botucatu.

Eu me lembro de que quando estava na Polícia de São Paulo a gente às vezes visitava a Casa da Lavoura, onde o engenheiro agrônomo estava pronto a atender a todo e qualquer produtor ou a todo e qualquer morador da zona rural, para que ele não sofresse prejuízo na orientação importante para uma agricultura orientada, não é Presidente?

É como a mão sagrada, por exemplo, do médico, que tem capacidade de curar doentes. O engenheiro, o arquiteto e o agrônomo têm o cuidado de zelar para que não se abuse da natureza e se ofereça aquilo que melhor possa atender à sociedade.

Nós vimos o sofrimento do povo de Santa Catarina. Eu disse ao Deputado: vou pegar uns dez ônibus, pôr todo mundo dentro e mandar para lá, para ver se os engenheiros conseguem reconstruir Santa Catarina.

Eu estava aqui me lembrando da Torre de Babel. Outro dia estávamos conversando com os diplomatas. A primeira função de diplomata foi na Torre de Babel. Como todo mundo falava diferente, era necessário um intérprete para tratar dos assuntos. E eu pergunto: quais foram o engenheiro e o arquiteto que planejaram a Torre de Babel? Ninguém o diz. Não foi Deus porque, segundo a Bíblia, queriam chegar ao Céu. E Deus disse: “Parem aí!” E misturou as línguas, para que ninguém pudesse calcular a busca do “x” para dar continuidade à construção da Torre de Babel. 

Então, quem sabe, um dia, antes de morrer ou quando chegar lá em cima, se Deus nos receber, vou perguntar quem bolou a Torre de Babel, se foi engenheiro ou se foi arquiteto, saber direitinho como é que eles fizeram o cálculo para iniciar essa obra. Primeiro, o engenheiro, que deve ter nascido com a Torre de Babel; depois, Deus, que construiu o mundo em sete dias.

Quero cumprimentar o Presidente do Confea pelos 75 anos desse órgão importante - bodas de diamante. Todos vocês estão mais do que lapidados como um diamante, em razão da dedicação e do estudo permanente que a Engenharia e a Arquitetura obrigam a ter na modernidade. Não há mais improvisação na engenharia. Ela vai buscando os conhecimentos tecnológicos, que vão se aprimorando de ano para ano.

Ainda ontem, eu vi na televisão os engenheiros arrumando um terreno para a construção de casas populares em Santa Catarina, e mostraram, no desenho, como é que construíam: o piso, um pouco elevado para evitar a umidade, as paredes de trinta metros, que dá para ter duas salas, e não sei quantas toneladas de equipamento para construir um número razoável de casas, levar máquinas, madeira, todo o material de construção. Então era o circuito da solidariedade, no qual não estava faltando o trabalho da engenharia.

Hoje, a recuperação do Estado está nas mãos do engenheiro. É ele que vai programar, que vai se dedicar, que vai oferecer o melhor caminho para a recuperação do Estado. Os Estados têm que projetar e construir um sistema de drenagem para evitar essas enchentes indiscriminadas, como, agora, do Espírito Santo. São Paulo sofria muito. Se não fizermos as drenagens e o saneamento básico, vamos ter eternamente a repetição desses fatos. E a Arquitetura também. Em Santa Catarina, mostraram um Município onde a seca começa a destruir a plantação de milho, não se pode plantar soja porque a terra está muito seca. Vejam os contrastes da natureza, que, provavelmente, são provocados por nós.

Não quero mais tomar o tempo dos senhores, a não ser desejar que, no centenário, haja uma festa muito mais bonita que esta. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2008 - Página 49920