Discurso durante a 231ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Aponta falhas do Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Aponta falhas do Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2008 - Página 50232
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • APOIO, DEBATE, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, PROCESSO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, AUMENTO, DEMOCRACIA, REALIZAÇÃO, ELEIÇÃO, ANALISE PREVIA, CANDIDATO.
  • ANALISE, ERRO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROGRAMA ASSISTENCIAL, FALTA, POLITICA DE EMPREGO, NEGLIGENCIA, SITUAÇÃO, APOSENTADO, PENSIONISTA, OMISSÃO, COMBATE, CORRUPÇÃO, CRITERIOS, ETICA, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, DESEQUILIBRIO, PODERES CONSTITUCIONAIS.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, INTERNET, INADIMPLENCIA, AGRICULTOR, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), PROTESTO, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, CONTRADIÇÃO, APOIO, LUCRO, BANCOS.
  • PROTESTO, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Pedro Simon, Parlamentares na Casa, brasileiros e brasileiras aqui presentes, e os que nos assistem pelo fabuloso Sistema de Comunicação do Senado, a TV Senado cada vez mais cativa o povo brasileiro, por levar a verdade e o os jornais, o Diário do Senado, o Semanário, a Agência Nacional, que traduzem um serviço muito profissional da nossa gente, atingem quase a perfeição.

Estou lendo o livro Reflexões. Aí, eu me acharei completo.

Senador Pedro Simon, eu estava atento e o Brasil todo. V. Exª é do Rio Grande do Sul, tornou-se maior do que o Rio Grande do Sul, é Senador do Brasil e é um cidadão do mundo.

V. Exª fez uma análise da atuação do nosso novo Presidente dos Estados Unidos, as responsabilidades - e isso devia chegar até a Embaixada como pensamento mais nobre do povo irmão do Brasil, para inspirar o nosso novo Presidente da República dos Estados Unidos.

Resumindo, a esperança que V. Exª traduziu. Ele teve o desafio de entender que liderar é liderar líderes. Ele foi buscar. É comandar comandantes. Ele teve essa decisão. Quem tem bastante luz não precisa diminuir ou apagar a luz dos outros para brilhar. Quer dizer, ele se apresenta como o sol diante de grandes estrelas.

E eu dizia, como Héctor Cámpora disse, justificando a volta de Perón, que renunciou à Presidência: Perón era para a Argentina mais do que o sol, porque o sol só iluminava de dia e Perón iluminava dia e noite. E Barack Obama adquiriu o saber. Ele tem duas formaturas. Isso foi muito bom para o nosso entendimento. Aqui, no Brasil, nós estávamos errados - desculpe, o Presidente Luiz Inácio é isso tudo, é generoso, é bondoso, é o maior líder popular, mas traduziu-se aquela chegada dele ao poder como se não fosse preciso o saber. Não é bem assim. Luiz Inácio é um privilegiado - esse negócio de retirante.... - em um país organizado, de estadistas, porque, desde que aportou aqui em 1808 Dom João VI, houve modificação de grandes estadistas. Todos vivendo o seu momento. O próprio Dom João VI, trazendo a Corte, a burocracia, os seus filhos preparados, como Pedro I, aquele gênio. Pedro I foi o único homem que governou a Europa e a América. Lá ele foi o Pedro IV. A estátua do nosso Pedro I está lá naquela Praça Rossio. Então, atentai bem para a grandeza daquele jovem que fez a nossa independência. Ele governou na América e na Europa. Lá ele é o Pedro IV; e o Pedro II, vocacionado, o grande estadista, com 49 anos. Ao morrer, em seu velório, em Paris, na Notre Dame, os intelectuais franceses disseram que se tivessem um Imperador como aquele, talvez não tivesse tido a Revolução Francesa, tal a grandeza de Pedro.

Mas acontece que este País foi organizado. Sucederam-se a República, a Nova República de Getúlio, a que vivemos, com verdadeiros estadistas. Este país é organizado. Então, Pedro Simon, Luiz Inácio foi um privilegiado. Ele estudou no Senai. O Senai era uma instituição de alta organização. Era uma escola profissionalizante ímpar, quase a perfeição. Eu digo isso porque a minha família criou a federação das indústrias Sesi, Senai. Ainda hoje eu sei o nome da minha cidade, do Diretor, José Mário Aranha Pinheiro, tal a figura de respeitabilidade.

Então, o Luiz Inácio não é isso, não. Ele foi um privilegiado, ele estudou no Senai. Os governos eram organizados. O Senai era uma grande escola técnico-profissionalizante. Mas passaram a entender que se consegue as coisas sem estudo.

Aí veio, Pedro Simon, o Barack Obama. Olha que ele é formado em ciências políticas e sociais, como Fernando Henrique, e em Direito em Harvard - Rui Barbosa, ele é uma mistura disso. Daí você vê. Então é como já dizia Sócrates: só tem um grande bem, o saber; só tem um grande mal, a ignorância.

Ele resgatou isso. Se lermos a Bíblia, Pedro, está lá escrito que a sabedoria vale mais do que o ouro; o discernimento, mais que a pátria. Ele é isso. O Pedro Simon disse, resgatou. E está aí o Patrus Ananias. É uma injustiça o que ele está fazendo. Ele é um líder, ganhou uma eleição, eu votei na primeira; na segunda não votei. Petrônio me ensinou não agredir os fatos. Ele é um grande líder popular, mas não é um estadista ainda. Tomara que venha a ser. E ele já está errando, ele já está discriminando esse líder, que é experimentado, que é o Patrus Ananias. Ele passou pelo batismo do povo, da democracia e do voto, o Patrus Ananias. E realmente tem nomes o Partido dos Trabalhadores, como Paulo Paim, que está aqui. Quer dizer, ele está castrando perspectivas de líderes. Ele está discriminando os líderes no próprio Partido. Está errado.

Os Estados Unidos deram esse ensinamento. Aqui, no Brasil, o candidato é tirado do bolso de uma minoria executiva, Pedro Simon, que, no caso do PMDB, não respeitou as primárias. Os vitoriosos recuaram e aplaudiram o nome de V. Exª em assembléia. Eu estava lá. E a Executiva não deixou nascer. Isso é um erro. Foi um momento que vimos que foi um erro. E agora explodiu a verdade.

Nos Estados Unidos, o povo acompanha o nascimento, Pedro Simon. O parto, o nascimento, a gestação do candidato. No Brasil, não. O povo conhece o candidato no momento da eleição. Nos Estados Unidos, o povo acompanha a gestação, o nascimento. Foi assim que ele surgiu.

Essa é a nossa diferença. O nosso candidato é tirado do bolso de donatários de partido. Nós fizemos a primária, mas não obedecemos. Os vencedores se curvaram, e a assembléia resultante das primárias exaltou o nome de V. Exª, mas a Executiva não deixou. Isso é um absurdo. Foi um erro, mas nós temos que continuar. Como foi um erro ter levado Tiradentes à forca, mas daí surgiu a Independência.

Então, eu quero dizer por que esse Governo tem muitos erros. E tem. Eu acho que isso foi bom. Paulo disse: “Fé, esperança e caridade”. É uma obra de caridade. Ajudou muitas pessoas que tinham fome. Mas vamos encaminhar essas pessoas para o trabalho, ensinar a trabalhar. Luiz Inácio deu o peixe, vamos ensiná-los a pescar. Eu não sou contra a caridade, meu nome é Francisco. Eu não sou contra a caridade. “Fé, esperança e caridade”. Tem que ter fé, tem que ter esperança, e é o trabalho que leva a isso, Luiz Inácio. Não é se alvoroçar, “eu sou do Partido dos Trabalhadores”, não. É seguir Rui, o estudo, a primazia do trabalho e do trabalhador. Ele veio antes. Ele é que faz a riqueza. A primazia esse Governo está dando aos banqueiros. Está aí todo mundo correndo para suportar banqueiro. E os velhinhos aposentados, que nós vimos chorar, para que resgatem um direito adquirido?! Uma vergonha, uma nódoa! Aquilo é um contrato. Nós, Brasil - a Pátria somos todos nós - fizemos um contrato com os homens que trabalharam: você vai trabalhar 30, 35, 40 anos, e vamos tirar “x” para você receber na velhice.

Estupro foi no início do nosso mandato, quando tiraram os direitos, taxando-os. Heloísa Helena, queimada aqui, discriminada porque lutou contra aquela ignomínia. Paim fez renascer, para minimizar os efeitos daquela, a PEC Paralela. E nós lá. Essa é a verdade.

Então, não tem dinheiro para os velhinhos. Pedro Simon, seu discípulo esbravejava aqui. Eu fiquei na discussão do Orçamento. Várias vezes, eles caçam o dinheiro da Previdência e botam por aí afora, para a Presidência, para outros interesses. Por isso que não tem dinheiro da Previdência. Fiquei na reunião ontem só para mostrar o erro.

Então, é isso, Pedro Simon. Pedro Simon, eu sei que o gaúcho tem o seu linguajar, pelear. Mas, lá no Piauí, a gente chama isso de calote. Eu não vou dizer que é o Luiz Inácio. Ele não é culpado de tudo. A Pátria somos nós. A Pátria é a família amplificada. Aquilo é calote!

Agora, eu desejo ao Luiz Inácio... Eu fui prefeitinho e governei o Estado. Coisa melhor é a gente - eu e a Adalgisa - andar de mãos dadas, de cabeça erguida. Por quê? Luiz Inácio, eu votei em Vossa Excelência em 1994. Não saia sem resgatar isso, que os velhinhos vão-lhe chamar de caloteiro. Isso é um calote! Você sabe. Tem a queda, a gente deixa o poder. Quando se está nele, é um bocado de aloprados em torno, puxa-sacos. Por isso que eu admiro um general que presidiu o México e botou lá escrito: “Prefiro um adversário que me leve a verdade a um aliado puxa-saco, aloprado, que me engana”. Então, nós somos isso, nós estamos juntos.

Pedro Simon, eu queria ficar. Ontem, eu e o Heráclito esbravejávamos aqui. Dois bilhões para o Ministério da Agricultura. Nada para o Piauí. O Luiz Inácio é gente boa, mas os aloprados do Partido dos Trabalhadores do Piauí são uma porcaria.

Quanto a essas cassações, está todo mundo perplexo, porque ele é pior do que todos. O PSDB entrou dizendo que ele recebeu quase dez milhões em campanha para comprar aquelas ambulâncias sanguessugas no período eleitoral. O PSDB entrou lá. Foram 17 telefonemas com o Presidente da Gautama para o Luz do Campo, que foi a maior roubalheira. Pedro Simon, a roubalheira foi tão grande... Não tenho nada com esse José Dirceu. Eu votei, em 1994, no Luiz Inácio. V. Exª votou em quem? No Luiz Inácio? Elegemos lá o Governador do PT. Mandaram-me indicar alguém para a companhia energética e para a Funasa, e eu indiquei. Era tanta roubalheira dessa companhia energética! O Cláudio Humberto disse: “Mansão diz que tem mesada”. Tinha mesada lá. Mesada. Todo mês, o custeio dividido. Indiquei para fazer aquele Programa Luz Santa, até 30 quilowatts, para levar luz para uma cidade pequena, no interior, a um pobre. Mas não era, não. Aí eu vi que meu nome ia ficar envolvido.

Olhe, esse negócio de honra vale muito. Por isso, nós estamos aqui de peito aberto, dizendo e sem nada a temer, Pedro Simon.

Mas eu vi que a roubalheira ia se agigantar. Eu tinha sido Governador. Antes de chegar o dinheiro, já estavam no custeio 10%. E eu vi. Temos quilômetros rodados, não é, Pedro Simon? Nós estudamos, vemos as coisas, os exemplos, como V. Exª.

E eu chamei e pedi para reconstruir uma obra. Eu eletrifiquei, na minha cidade, a praia toda para o turismo, misturou, e o apagão apagou, e roubaram tudo. Eu disse: “Rapaz, reconstrua”. É bom para o Presidente Luiz Inácio, é bom para a Eletrobrás, é bom para o senhor, é bom para o Prefeito da Parnaíba, de Luís Correia, e para mim, que botei. Não atendiam, e o negócio era aquele.

Aí eu não conseguia mais tirar, porque estava todo mundo satisfeito. Quem recebia a mesada estava mais forte do que eu, Pedro Simon. Entendeu o negócio? Botei lá, e eu ia ser... Aí, desta tribuna, só me restava um recurso: “Esse Zé Dirceu é o Zé maligno”. E eu disse um discurso aqui. Buf, no dia seguinte, ele mandou tirar o que eu indiquei. Dei graças a Deus, porque, depois, foi a maior roubalheira. A Gautama estava lá, dezessete telefonemas. E eu estou aqui. Se tivesse o meu continuado, diriam: “Olha, foi o Mão Santa quem botou”.

V. Exª podia acreditar, minha mãe, que está no céu, Adalgisa; mas ninguém ia acreditar. E está lá o maior escândalo de corrupção, do Luz para Todos. Não teve dezessete telefonemas do Presidente da Gautama? Pedem a cassação dele.

O PMDB até entrou, porque descobriram lá também que se deu carteira para chofer nas eleições muito mais do que o da Paraíba deu cheque, que também é social. E não se vota. Esse TSE está muito pior do que quando Getúlio fez a revolução porque havia corrupção eleitoral. Nunca dantes se viu tanta corrupção neste Brasil. Isso está errado, Pedro Simon. Pedro Simon, isso está errado.

A Constituinte foi certa. Deu para um Presidente indicar. No TSE, há um rodízio que não sabemos...

Cláudio Humberto, esse grande jornalista que traz a verdade, é tão grande que o Senado não bota ele na mídia. Sabe o que ele disse numa nota? “Você já viu boi voar?” Ele disse: “Vai boi voar, vai ser em Parnaíba, lá no Piauí, em São Raimundo Nonato; vão tomar uma prefeitura, a maior imoralidade da história”. E voou mesmo, voou assim, ele voa ligeiro ali.

Então, essas eleições... Ô, Pedro Simon, tem gente de carteirinha do PT, por aí, sendo indicada. Isso não está direito, Pedro. Isso não está direito.

Eu vi Internacional e Grêmio. É natural, o Grêmio queria é que o Internacional perdesse. Eu sou do Fluminense, eu lá quero que o Vasco ganhe? Avalie partido político.

Há gente de carteirinha. Ô, Pedro Simon, eu falo como médico. É psicológico. Um sujeito com vinte anos de carteirinha é dose. Então, essas coisas...

Pedro, venha cá, Pedro: qual foi a maior corrupção eleitoral que vi, que você deve ter visto? O Presidente da República e a Dilma, para quem dou logo sinal vermelho. Você pode dar, mas agora vamos julgar direito. Olha, o que vi em televisões, nos programas de televisão, essa senhora chegando e dizendo “é o PAC, mas precisa do prefeito tal; se não for o prefeito tal, não tem o PAC”... E o PAC não chega, as obras não chegam. E o Presidente Luiz Inácio fazendo a mesma coisa.

O que é isso, ô, TSE? Eles tiveram coragem de dar ao menos sinal amarelo para o Presidente Luiz Inácio, para a Ministra Dilma? sai o PAC. Meu candidato é o prefeito tal”. Tem tanto, mas aqueles números fabulosos, mentirosos, cacarejadores. Tu está entendendo? Essa foi a eleição.

E lhe digo mesmo, Pedro Simon. Vamos ver a retrospectiva. Eu não vou ver no tempo da ditadura, mas vamos ver nessa recente. Tancredo se imolou, morreu, foi para o céu. O Presidente Sarney, digno, correto, decente! Aprenda, Luiz Inácio, com a história. Eu aqui estou é para ensinar mesmo. O Presidente Sarney fez a transição e reelegeu o adversário dele. O Collor era porrada em cima. V. Exª se lembra. Só isso daí já torna o Presidente Sarney um estadista. Tancredo se imolou, sacrificou-se, enfrentou dez mil greves. Transição dos militares para nós, democracia sem morte, sem truculência. Só aí ele transformou-se em estadista.

Vem o Presidente Collor, V. Exª disse, agüentou o impeachment, e V. Exª é outro estadista. Aqui tem poucos. Acho que, no Brasil, hoje estadistas nós temos o Presidente Sarney, Fernando Henrique Cardoso, acho, pelo estudo, e V. Exª. São muito poucos.

O Luiz Inácio é ganhador de eleição, perdeu um bocado e ganhou. É outra coisa. Mas olha o comportamento que V. Exª aqui disse de Fernando Collor no impeachment: altivez. Se quisesse botar generais... E V. Exª mesmo disse que, com a experiência, aquilo era de pequenas causas, um Fiat Elba para a mulher, pintar lá a casa da Dinda, que sabe que os empreiteiros fazem isso mesmo, e V. Exª foi muito pouco.

Veio aí Itamar. V. Exª foi até convidado, Britto foi convidado, e achou-se por bem e ganhou num pleito. Eu lhe digo porque fui candidato na época também. Eu ganhei eleição. Ô, homem de vergonha, ô, homem de dignidade! E não era candidato deles. Tinha os candidatos, eu era um azarão, não era o candidato das elites, dos Senadores, dos democratas que V. Exª sabe. Mas, ô, pleito correto! O Fernando Henrique ganhou mesmo por aquele negócio da inflação, do Itamar, dele, Ricúpero, não sei de quem é o DNA, mais quem. Mas quem o cartório registrou foi ele mesmo; e a inflação, um monstro.

Fernando Henrique Cardoso está certo que se reelegeu, mas foi um estadista decente. Eu digo e cito aqui, eu mostro o pau e a cobra. Agora não, foram as eleições mais corruptas e imorais. O nosso Luiz Inácio não se comportou como um estadista, e a Dilma já pega cartão vermelho. Então, aí, nas eleições municipais, ela em campanha e dizia: “Se não der o PAC aqui para o candidato e todo mundo, as obras e tudo...” Não diz na Constituição? Não é promessa? Vai um de nós fazer isso! E cadê o TSE que não deu nem um cartão amarelo? É...

Por isso é que a democracia é contrapoderes. É para eles me frearem e eu freá-los. É o equilíbrio, é a equipotência, entendeu? Cadê?

Atentai bem! Fernando Henrique Cardoso, reeleição. Eu sempre fui contra a reeleição. Totalmente contra. Aí você pode dizer: “Mas, Mão Santa, você disputou”. Eu disputei, porque o meu grupo era pequenininho. Só tinha nós, era contra uma oligarquia muito tradicional, as elites do Piauí... Não tinha! Mas eu sempre fui contra, Pedro. Não quis, não desejo e acho um grande erro. Aí disputei. Mas eu disputei... Tinha um candidato muito bom do PSDB, Francisco Gerardo, ex-prefeito; aliás, ele foi vice de Wall Ferraz, morreu. Mas um homem honrado, honesto, cristão, decente, um dos melhores homens que conheço - está ouvindo, Pedro Simon? -, candidato do PSDB. E tinha mais o Senador Hugo Napoleão, que era do PFL, com o PSDB. E ganhei as eleições porque Fernando Henrique Cardoso foi honesto, foi honrado, foi decente. Essa é a verdade. Ele já tinha ganhado em 1994, no primeiro turno. Eu era contra esses partidos que o apoiavam, PSDB, PFL. Em 1998, eu não ganharia: o Piauí, um Estado pequeno. Se o Governo Federal tivesse entrado aí como Luiz Inácio - e a Dilma entrou aí nas televisões e não recebeu nenhum cartão amarelo -, eu teria dado vermelho, V. Exª entendeu? Mas nenhum amarelo, nenhuma crítica. Tem a minha; sou o povo. De verdade em verdade, estou contando...

Quer dizer, se o Fernando Henrique Cardoso tivesse feito isso, essa ignomínia, não fosse estadista, não fosse correto, não fosse justo, não sou idiota de dizer que eu ia ganhar, botando a máquina do Governo Federal em cima do Piauí, como botam agora, como tomam prefeitura, como se dá Bolsa Família na semana antes da eleição. Chegam os carros, inscreve. E daí, Pedro Simon? Polícia Federal, tudo deixa, não tem. Se dá, basta escrever o prefeito que está do lado do Governo, faz a fila. Se já tinha na minha cidade 15 mil, se deu na semana anterior mais 5 mil. Basta inscrever, paga o primeiro mês, pagando, e o povo acredita porque existe o Programa.

O programa tinha por trás um vestal que era o Patrus Ananias, que merece todo o respeito. Mas essa é a realidade, as eleições. E aí o candidato do PSDB não foi para o segundo turno, porque o Presidente Fernando Henrique... Bom candidato, excelente candidato, excelente Prefeito de Teresina, um dos melhores homens públicos, Dr. Francisco Gerardo. Fomos eu e o outro, que era do PFL, que era junto... Ele não botou, não, só que eu ganhei as eleições. Então, é isso que está havendo, e digo isso para reflexão.

Ah, nome bonito, que eu estou lendo. Eu ia viajar, mas fiquei para ouvi-lo. Perdi o avião, mas ganhei muita sabedoria ouvindo o pronunciamento de reflexão. Acho que o nosso Presidente Luiz Inácio tem que fazer uma reflexão. Ele errou - não o estou acusando. Errare humanus est, não é isso que diz a sabedoria? Cícero, um latino. Pedro Simon, errar, ele errou; ele jogou, ele fez campanha, ele usou a máquina, usou a televisão; os outros Poderes se recolheram. Então, nós estamos aqui. Eu tenho que salvaguardar esta democracia. A Dilma errou muito, muito, muito, e está errando Luiz Inácio. Por quê? Ela nunca foi nem eleita vereadora do Rio Grande do Sul. Calma! Vossa Excelência, Luiz Inácio, enfrentou vários embates. Olha que, na chapa de Presidente, tem várias vezes... Quatro, cinco, mais segundo turno, umas oito vezes... Porque o segundo turno conta, não é? Então, Prefeito, candidato a Governador, Deputado Federal... Que negócio é esse aí?

Ele está sendo injusto com o povo de seu Partido. Eles têm muitos líderes bons. Vou dizer: existem aloprados como os do Piauí envolvidos na coisa. Mas nós não podemos dizer... Há um Paim, que nós estamos seguindo. Tem o Patrus Ananias, um Flávio Arns daquele... Eu não sei como o Frei Damião ganhou dele. É porque ele ainda não morreu para ser canonizado, porque aquele é um santo. É do PT, não é? Então, há figuras... Mas ele já tirou a chance desse pessoal todo, Pedro Simon. Como ele vai passar do líder político vencedor, Presidente - não agrediu os fatos -, para ser estadista? Só se ele fizer reflexões... Que ele pelo menos leia a capa do livro de Pedro Simon. Eu vou refletir...

Mas quero dizer que é por isso que eu estou aqui e não... Eu vou, como fui, da primeira vez, votar nele espontaneamente. Não temos ameaça, ninguém vai me corromper, pois eu sou do Piauí. Mas olha o porquê: “Pronaf cancelado em mais de cem cidades do PI”. Olha aí, Pedro Simon, o Pronaf!

O Piauí, Pedro Simon... O Rio Grande do Sul, a pecuária, o gaúcho, o vaqueiro... Nós nos orgulhamos... No Piauí, diz-se: “Nós somos os gaúchos do Nordeste”. Mas atentai bem! O preço do boi caiu 5,5%... Caiu, diminuiu no Piauí 5,5%. A novilha no Piauí custa R$280,00.

Em torno ali, nos Estados vizinhos, custa R$600,00. No Paraná, R$800,00. E no Rio Grande do Sul, quanto é uma novilha? Sabe por que isso? Porque a aftosa lá é risco desconhecido. Esse Governo irresponsável... Risco desconhecido. Ninguém tem noção de quando é que acaba, como é que está. Porque há risco 1, risco 2... Lá é desconhecido. Então, não pode vender uma novilha para Pernambuco, para a Bahia, para os outros Estados, para o Sul, para Minas. Como é que o pobre piauiense vai sobreviver com R$280,00? O Osmar Dias disse que lá no Paraná antes era R$800,00. Por quê? Porque a aftosa é problema federal.

“Pronaf cancelado em cem cidades do Piauí”. Atentai bem! Atentai bem! Diminuiu 5,5% no Piauí. Como é que eu posso estar por um Governo desse, Pedro Simon? Dê-me um motivo. Ganhar essas mesadas, essas corrupções, como fazem lá? Não é o meu tipo. Sou filho de Terceira Franciscana. V. Exª sabe disso. Daí eu o escolher como modelo.

Olhe aqui:

Governo acusa a inadimplência dos agricultores motivo de ficaram sem crédito. O Programa Nacional da Agricultura Familiar, que já foi alvo de denúncias de fraudes, sofre agora com a inadimplência dos agricultores. Somente no Piauí, o Governo Federal suspendeu o financiamento da Categoria B do programa para mais de cem Municípios piauienses. A informação foi dada pelo Delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Piauí, Adalberto Pereira...

Isso aqui é reportagem do Portal Acesse Piauí.

Entre as principais causas apontadas pelos trabalhadores rurais para a inadimplência da quitação da dívida estão nas condições climáticas e a falta de uma assistência técnica rural. Na maioria dos casos, os agricultores alegam perda de safra por conta da seca.

A suspensão dos financiamentos prejudica os municípios afetados com a medida, já que limita a circulação de dinheiro e provocará uma significante queda na produção de alimentos. É ruim para os Municípios do Estado, que têm como base da economia a agricultura de subsistência.

Agora vou fazer as indagações ao Governo de Luiz Inácio, da Ministra que ia lá fazer propaganda política do PAC. Vamos cacarejar agora! Olha sobre isso...

Como este Governo pode alegar inadimplência dos pobres agricultores motivados para suspender o crédito do Pronaf? O Governo que deu aos bancos os maiores lucros da história deste País e acaba de emitir medida provisória para salvaguardar o patrimônio dos banqueiros. Por que ele não dá para lá? Vamos agora, ó, Dilma, ó, Luiz Inácio... Não cacarejaram, nos programas televisivos, de rádio, o PAC? Cacarejem agora, que vão resolver isso. O Governo que envia ajuda em dinheiro à Venezuela... O Governo que deu aos bancos os maiores lucros da história deste País acaba de emitir medida provisória para salvaguardar o patrimônio dos bancos. O mesmo Governo que acaba de perdoar o calote aplicado pelo Evo Morales à nossa Petrobras.

O Governo que se cala diante da ameaça de calote do companheiro do Equador ao nosso BNDES.

Eu terminaria com o Gonzaguinha, um poeta... Vou terminar, mas não me convenço. Esse Governo está fraco.

Agora, “Reflexões”, indico ao nosso Presidente Luis Inácio, homem caridoso... Ele mesmo disse que não gosta de ler. Foi ele que disse. Pronto, respeito. Mas a gente aprende com os exemplos.

Pedro Simon, mande ao menos a capa do livro de V. Exª para ele. “Reflexões”. Para ele refletir - não estou falando mal. Eu quero é o bem do Piauí, o bem dos aposentados. Quero é vergonha, que é bom.

Como canta Fagner, o grande Fagner, nosso cantor... Ele é do Ceará, mas a letra é de Gonzaguinha. Isso traduz:

O homem se humilha se castram seus sonhos, seu sonho é sua vida e a vida é o trabalho. Sem o seu trabalho o homem não tem honra, sem a sua honra se morre, se mata.

Ou se cai na dependência desse programa.

Sei que é um programa de caridade... Não sou contra caridade. Olha, sempre ando com dinheiro... Quando vejo um cego, um aleijado, um doente não há possibilidade de eu não dar. Os políticos vêm me perguntar: Mão Santa, como é que tu saístes, como é que tu chegastes? Vêm me perguntar. Eu quero chegar é a aprender com você lá naquela casa da praia do Rio Grande do Sul. Aquilo tem muito... Eu digo: rapaz é simples.

Primeiro, não há candidato fraco; há candidato burro, eu falando no meu linguajar. Primeiro, candidato tem direito de promessa, não é? Um direito forte. O candidato pode prometer um requerimento, um vereador, um esgoto, uma praça. É um direito de promessa. É um direito, né? Então, ele já se torna... Eu digo: cumprimentar até poste. É verdade. Eu já cumprimentei. Tu não cumprimentaste, não? Eu saí, eu vi uma sombra e, quando eu vi, era um poste. Aí, eu já dei a mão. Então, tem que cumprimentar.

Abri a Bíblia, que diz: “Pedi e dar-se-vos-á”. Há que pedir. Está na Bíblia: “Procura e acharás”... Vou atrás do eleitor. Pedi e dar-se-vos-á.

Mas o que eu quero dizer é o seguinte: A realidade do Piauí é que voltou a ser a menor renda per capita. Eu tinha tirado quando governei e eu acredito em resolver isso. Com todo respeito ao Presidente da República, que resolva esse problema. Eu só vejo nas manchetes.

Rapaz, eles lá... Eu não entendo, Pedro. Não dá pra conviver, não dá. Eu acho que eles adotaram aquilo... Eu ouvi dizer que o Governador diz assim: governar é 80% mentira. Então, é aquele negócio do Goebbels: uma mentira repetida se torna verdade. Eles raciocinam assim. Olha, olha aqui... Você vai lá... Eu nem falo mais isso... Falo aqui porque... Mas eu não discuto mais... Aeroportos internacionais, porque há dois no Piauí, dois aeroportos internacionais. Goiás não tem nenhum. Um é na minha cidade; não tem mais nem teco-teco. Agora, eu menino ia pro Rio de Janeiro de avião. Sempre teve, só não teve desses. Agora, todos os jornais, todas as televisões não vão estar com uma mentira dessa.

Em São Raimundo Nonato, eu fui outro dia lá. Aí, fui ao aeroporto. Encontrei dois jumentos no aeroporto, Pedro Simon. Mas está em todos os jornais, em todo lugar: aeroportos internacionais. Agora, o Governador, nessa crise, viajou para a Itália, disse que ia buscar um avião internacional.

Outro dia, estavam em todas as páginas de jornais. Ele foi a Buenos Aires - que eu ia, com seqüestros demais -, e botou: vou conseguir um avião Buenos Aires-Parnaíba. Aí a imprensa me perguntou logo, esse do Acesse Piauí... Ele é um rapaz muito inteligente, jornalista. É Mauro Sampaio. Ele perguntou: e esse avião que o Governador vai botar de Buenos Aires para Parnaíba? Eu olhei assim e disse: vou tentar dar um livro de geografia para o nosso Governador. Porque, para ir para Buenos Aires, todo o mundo sabe. A gente vai para o Rio Grande do Sul, do Pedro Simon, aí vai para Buenos Aires a pé, de canoa, de bicicleta, de trem, de carro. Mas sair um avião de Buenos Aires para Parnaíba? Mas ganhou todas as televisões, ganhou todas...Você entendeu?

Então, a mentira, eu não vejo... Cristo, quando falava, dizia: “...de verdade em verdade, eu vos digo...”. E mais, quando começou o Governo, eu fui; votei no Governador, fui recebê-lo. São José dos Peixes. Estava do meu lado um Deputado que é do PMDB, mas é ligado ao Governador, Marcelo Caixa. Eu digo para mostrar a veracidade. Ele estava do lado, também foi homenageado. Aí o Governador disse que ia fazer cinco hidroelétricas. Cinco hidroelétricas! Pedro Simon, eu do lado. Eu tinha votado nele. Cinco hidroelétricas!

No Piauí tem a metade de uma, sonhada por Juscelino, por Castello, porque falta eclusa. Aí, não tem navegabilidade. Se ele dissesse que ia terminar a que tem, de Boa Esperança... Mas cinco hidrelétricas? Rapaz, não dá.

Na campanha de Governador do Estado, eu ouvi. Foram o Luiz Inácio, o Governador do Estado, o Prefeito de Parnaíba e o nosso Senador Alberto Silva. Ele não teve culpa, não. Alberto é um homem bom, tem 90 anos. Quem é que está livre de ser enganado? Quem é que está livre? Ah, ele é engenheiro ferroviário, ele é louco mesmo por ferrovia, é engenheiro, a sua origem. Como eu por Medicina, como V. Exª, que fala como Abraham Lincoln, “caridade para todos, malícia para nenhum e firmeza no direito”. Isto já defende o Luiz Inácio: caridade. Isso é frase do Abraham Lincoln.

Mas aí eu ouvi, nas eleições, há dois anos, em 60 dias os trens para Parnaíba... Eu quero levá-lo lá, com a Ivete, passar uma lua-de-mel no mar caliente, no Delta. Outro dia eu vi você fazendo turismo e tive inveja. Você namorando com Ivete. Mas eu ouvi: em 60 dias, os trens funcionarão entre Parnaíba e Luis Correia, para a praia. Quatro meses: Parnaíba para Teresina.

Pedro Simon, já faz dois anos e tanto, e não trocaram nenhum dormente. Dormente é aquele pau que segura o trilho. Tudo podre, tudo. Quer dizer, assim não dá.

E aqui está o Pronaf. Presidente Luiz Inácio, eu venho, em nome do Piauí - em nome de Deus, que disse: “Pedi e dar-se-vos-á” -, pedir para V. Exª ajuda, para não tirar o Pronaf de 100 cidades do Piauí. Então, é isso. E eu tenho certeza da sensibilidade.

Neste fim de semana, medite sobre a capa do livro de Pedro Simon: Reflexões para o Brasil do Século 21. Reflita. Reflita. Eu votei em Vossa Excelência. Eu sou do PMDB. O que estou pedindo é isso, não é? Se eu usei aqui? Nunca. Com todo o respeito.

Outro dia, vieram dizer que eu falei mal da mulher. Não. Nos meus quadros - que eu falo assim, é o meu jeito - sobre a violência, Pedro Simon, eu disse que eu e Adalgizinha andávamos de madrugada, lá em Buenos Aires, Montevidéu, quatro horas da manhã. E vínhamos nuns trens velhinhos, duas horas da madrugada, cheios de jóias. E eu disse: Presidente Luiz Inácio, pegue sua encantadora esposa, Dona Marisa - com todo o respeito, encantadora. Aí, eu disse “que parece com a Martha Rocha”. Isso não vale falar mal. Martha Rocha foi o símbolo da beleza na minha geração, e eu disse porque eu a recebi. Uma cronista social, Elvira Raulino, convidou-a, e eu era Governador do Estado. Continua encantadora, respeitável e tudo. Então, eu a comparei. Não foi falar mal, não. Porque eu acho, né? Aquela imagem que eu via.

Então, eu disse: pegue a sua encantadora Marisa, que parece até com a Martha, e vá andar de mãos dadas lá na Cinelândia; na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, no Aterro do Flamengo. Vá namorar com ela, como eu namorei quando rapaz, nos anos 60.

Então, é isso. E nós estamos enquadrados naquela frase do Presidente Oregon: é melhor um adversário... Porque eu estou provisório, o PMDB está aí, está apoiando-o, e eu sou do PMDB, eu sou do PMDB do Pedro Simon, e eu tenho visto aqui o Pedro Simon cantar em verso e prosa a Dilma. Eu apenas disse que ela devia, pelo menos, ter merecido um cartão amarelo no último pleito eleitoral.

Muito obrigado pela paciência, Senador Pedro Simon.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2008 - Página 50232