Discurso durante a 232ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Lembrança sobre o transcurso no dia 6 de dezembro, de mais um ano da morte do ex-Presidente João Goulart. Reflexão sobre a política externa dos EUA na década de 60, no passado recente e no futuro próximo. Transcrição nos Anais de entrevista do ex-Senador Paulo Brossard, publicada no Jornal do Commercio, intitulada "No Brasil os partidos políticos não existem". Sugestão para a realização de um debate prévio, pluripartidário, envolvendo a próxima sucessão presidencial, discutindo com profundidade as bandeiras e as teses da realidade brasileira.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Lembrança sobre o transcurso no dia 6 de dezembro, de mais um ano da morte do ex-Presidente João Goulart. Reflexão sobre a política externa dos EUA na década de 60, no passado recente e no futuro próximo. Transcrição nos Anais de entrevista do ex-Senador Paulo Brossard, publicada no Jornal do Commercio, intitulada "No Brasil os partidos políticos não existem". Sugestão para a realização de um debate prévio, pluripartidário, envolvendo a próxima sucessão presidencial, discutindo com profundidade as bandeiras e as teses da realidade brasileira.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 09/12/2008 - Página 50422
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, JOÃO GOULART, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, HISTORIA, MORTE, AUSENCIA, INVESTIGAÇÃO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ARGENTINA, BRASIL, POSSIBILIDADE, HOMICIDIO.
  • REGISTRO, ATUAÇÃO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUSENCIA, RESISTENCIA, GOLPE DE ESTADO, MOTIVO, POSSIBILIDADE, REPRESALIA, FORÇAS ESTRANGEIRAS, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), COMENTARIO, HISTORIA, FROTA MARITIMA, ATLANTICO SUL, GOVERNO ESTRANGEIRO, CRITICA, PROJETO, RECRIAÇÃO.
  • CRITICA, DETERMINAÇÃO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), INVASÃO, PAIS ESTRANGEIRO, IRAQUE, DEMISSÃO, EMBAIXADOR, BRASIL, RESPONSAVEL, COMBATE, AUMENTO, ARMA NUCLEAR, MOTIVO, DISCORDANCIA, CONFLITO.
  • COMENTARIO, EXPECTATIVA, POSSE, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ALTERAÇÃO, POLITICA INTERNACIONAL, EXTINÇÃO, PENITENCIARIA, BLOQUEIO, GOVERNO ESTRANGEIRO, CUBA, CONCLUSÃO, GUERRA, ORIENTE MEDIO.
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, JORNAL, JORNAL DO COMMERCIO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ENTREVISTA, EX SENADOR, DECLARAÇÃO, AUSENCIA, IDEOLOGIA, PARTIDO POLITICO, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, SITUAÇÃO.
  • REGISTRO, HISTORIA, PARTIDO POLITICO, PERIODO, REGIME MILITAR, DEMOCRACIA, ESPECIFICAÇÃO, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMENTARIO, PERDA, IDEOLOGIA, EXERCICIO, GOVERNO FEDERAL.
  • DEFESA, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, DECISÃO, ESCOLHA, CANDIDATO, ELEIÇÃO FEDERAL, ALTERAÇÃO, PROCESSO ELEITORAL, REGISTRO, QUESTIONAMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), JUSTIÇA ELEITORAL, POSSIBILIDADE, VOTAÇÃO, CANDIDATURA, COMENTARIO, EXPERIENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, URUGUAI, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Falando em João Goulart, Sr. Presidente, estamos exatamente festejando - festejando não! -, louvando mais um ano da morte de João Goulart.

Foi exatamente em 6 de dezembro que Jango apareceu morto. As notícias foram de enfarte, mas, surpreendentemente, a Argentina não fez nenhuma autópsia, e nós pedimos ao Governo brasileiro, que também não fez.

Há notícia muito grave falando de assassinato do Presidente; um uruguaio que está preso numa penitenciária do Rio Grande do Sul conta que ele teria participado de um esquema para assassinar o Presidente João Goulart.

Uma Comissão Especial da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul está levantando essa tese - perdão -, está fazendo esse estudo, para se descobrir o que na verdade aconteceu.

Hoje está provado que o gesto do Presidente João Goulart de não resistir foi de uma responsabilidade extraordinária. Porque se ele tivesse feito o que alguns queriam, e é só a gente ler o livro do ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, onde ele conta que a 4ª Frota - que querem recriar agora - estava aqui num bar brasileiro, pronta para intervir e louca para que o Presidente João Goulart resistisse, porque a qualquer sinal de resistência iniciariam a invasão e nós teríamos o Brasil do norte e o Brasil do sul, como a Coréia do Norte e a Coréia do Sul. E eu ainda espero que se faça o devido estudo e se dê a devida resposta às notícias dramáticas com relação ao que teria sido o assassinato do Presidente.

O senhor não calcula, Sr. Presidente, como é que foi o enterro do Presidente Jango. Primeiro, o Governo não queria deixar vir, depois, com o nosso esforço, o Governo liberou a vinda, mas o carro que trouxe o corpo passou pela ponte Uruguaiana/Paso de los Libres a 120km/h, chegando a São Borja com a determinação de que o corpo, em dez minutos, teria de ser enterrado. E todos os agrupamentos do Exército, naquela região - Uruguaiana, Alegrete, Santiago, São Borja, Quaraí, Itaqui - estavam em São Borja. O corpo, da estrada para chegar ao cemitério, tinha de passar pelo centro da cidade. E, quando passou pelo centro da cidade, o povo todo estava esperando. O esquema que nós fizemos, realmente, muito dramático e muito positivo. Quando passou em frente da igreja, que estava fechada, de repente, o povo invadiu, fez parar o carro, pegou o caixão, as portas da igreja se abriram, e colocaram na igreja o corpo de João Goulart. E lá ficou. Nosso argumento foi esperar João Vicente, seu filho, que estava na Inglaterra e ainda não tinha chegado.

Depois, a determinação era que o corpo fosse levado da igreja até o cemitério em carro fechado. O povo entrou. Era uma multidão incalculável. Metade era povo, metade eram soldados do Exército. O povo pegou o caixão e fomos caminhando da catedral até o cemitério. No cemitério, também à revelia, eu fiz um pronunciamento. Falei em nome do Brasil. Quando terminei de falar, passei a palavra ao Dr. Tancredo Neves, que estava lá, ex-Primeiro Ministro de Jango. Ele também falou. Só depois disso, nós o enterramos.

A missa de 7º dia, na catedral de Porto Alegre, foi cercada por tropas do Exército. A quantidade de gente era imensa, muito maior do que a capacidade da catedral. De repente, o Exército começou a bater no povo. Foi batendo e, inclusive, entrou na catedral. Jovens apanharam na catedral de Porto Alegre, em uma missa pela morte do ex-Presidente, rezada pelo Cardeal Dom Vicente, onde foi dito da mágoa e do pesar pela morte do Presidente.

Por isso, Sr. Presidente, quando vejo os Estados Unidos falarem novamente na criação da 4º Frota, eu pergunto para quê? Naquela época, realmente o Cone Sul era a mancha mais negra no mapa da humanidade, a mancha mais negra no mapa da humanidade: Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e Argentina, ditadura, tortura. Lá nos Estados Unidos, tinha uma fábrica de torturadores, os oficiais iam daqui, do Cone Sul, para aprender o que mais brutal existia de violência e tortura. E foi nessa época que a 4º Frota teve seu auge.

Por isso, Sr. Presidente, o Sr. Bush diz que o grande arrependimento dos oito anos de seu governo foi ter determinado a invasão ao Iraque, quando os dados do Departamento de Estado não eram verdadeiros, não eram corretos. Mente o Presidente Bush, porque está provado que, quando ele determinou a invasão, já se sabia que o Iraque não estava fabricando armas nucleares nem armas químicas.

Quando dos Estados Unidos determinaram a derrubada de Bustani, o Embaixador do Brasil, que na ONU era responsável pelo combate à proliferação de armas nucleares ou químicas, isso se deu porque o Sr. Bustani, na Presidência, tinha conseguido do Governo do Iraque a concordância de que poderiam fazer a fiscalização total no Iraque. Eles iriam fazer, iriam provar que não havia armas, mas os americanos não queriam a prova de que eles não as tinham. Tanto é que fizeram uma reunião escandalosa, imoral, indecente, inclusive pagando as passagens, em época fora de período, para reunir os membros da Comissão para afastarem o Sr. Bustani.

O Bush deveria pedir desculpas ao Bustani, deveria pedir desculpas ao Brasil, pelo brutal gesto americano de afastar um homem honrado de uma posição importante.

Por isso, Sr. Presidente, acho que estamos vivendo uma hora muito importante na história da humanidade. É claro que é um exagero. Exagero, não, verdade, mas que não deveria ser afirmada com tanta convicção. Quando a futura Secretária de Estado, Srª Clinton, diz: O mundo precisa dos Estados Unidos, e os Estados Unidos precisam do mundo... Os Estados Unidos precisam do mundo porque precisam de petróleo, de matérias-primas, e o mundo precisa dos Estados Unidos porque todo o poder está nos Estados Unidos. É uma vaidade muito grande. Poder-se-á dizer, hoje, que o mundo precisa menos dos Estados Unidos do que ontem.

Poder-se-ia dizer que hoje, o que eu considero o fato político mais importante do fim do século passado, dos últimos séculos, é a unificação da Europa, a criação do Parlamento e da Confederação Européia que nós estamos vendo nessa crise, dá para imaginar como seria essa crise na Europa se não existisse o Parlamento, se não existisse a União Européia? Cada um por si lutando... A França com o franco francês, a Inglaterra com a sua libra, a Alemanha com o seu marco, cada uma defendendo o seu espaço.

Hoje, não, hoje a Europa responde unida à crise americana. Hoje a Europa é uma entidade que tem, praticamente, a força e o poderio econômico dos Estados Unidos. E a Rússia está lá, a China está lá, a Índia está lá e o Brasil está chegando lá.

Mas não há dúvida de que os Estados Unidos são essa grande potência.

E é por isso, Sr. Presidente, que nós acreditamos que há de se conferir uma expectativa na posse do Sr. Obama. Há de se ter uma expectativa. Não, por amor de Deus, eu não vi, ao longo do tempo, nenhum grande gesto dos Estados Unidos em prol da humanidade. Nem para resolver o problema da fome no mundo, nem para resolver... Ao contrário: algumas das grandes crises do mundo foram insufladas pelos Estados Unidos. Oriente Médio: foi no Governo Clinton. Ao final do seu Governo, praticamente, havia um entendimento - em véspera de se entenderem - entre Palestina e Israel. Os dois chefes de Estado ganhando o Prêmio Nobel conseguido ali, nos jardins da Casa Branca. A primeira coisa que o Bush fez, quando assumiu, foi deteriorar, esfriar as relações, numa demonstração clara de que não interessava aos Estados Unidos a paz no Oriente Médio.

Não, os Estados Unidos não têm uma história de paz e de entendimento. Eu diria que o primeiro presidente, nos últimos tempos, que veio com uma mensagem assim é o atual presidente eleito, o Presidente Obama.

Eu não esperava...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Pedro, um instante. Eu estou lendo o livro A Audácia da Esperança. É o segundo dele, do primeiro eu vou atrás. Estou gostando muito. Ele se firmou aí. Ele ganhou da Hilary Clinton porque ele não votou, não: ele defendeu a tese de que não devia ter a guerra e que não tinham prova suficiente para isso. O Obama!

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O que é verdade. Tem razão, V. Exª. Por isso, digo e repito: é importante a gente torcer ou rezar para que dêem certo pelo menos as grandes teses que não vão contra os interesses nem da economia, nem do povo, nem da soberania... Soberania, não, da potência americana. Repito aqui: é o caso de terminar com o bloqueio de Cuba.

Estou nesta tribuna voltando a esta matéria porque os jornais de domingo dos Estados Unidos publicaram que há uma imensa maioria dos Estados Unidos a favor de terminar com o bloqueio. Pesquisas feitas pelos grandes jornais mostraram que o povo americano... E o que é mais interessante, a imensa maioria dos pesquisados na Flórida, onde estão os cubanos, é favorável a terminar com o bloqueio. Está aí uma decisão que o Presidente Obama pode tomar com a mais absoluta tranqüilidade.

Coitado do nosso amigo Fidel Castro. Ele chega a se oferecer para falar com Obama. Não creio que seja ou não necessário.

Terminar com o bloqueio é uma grande medida. Terminar com aquela penitenciária maldita, que é uma das maiores chagas da história do mundo moderno... 

É uma vergonha, uma humilhação! Eu não me lembro de nada semelhante; nada, nada semelhante na história do mundo. Lá, no território de Cuba, um território americano - nem sei como -, onde o cidadão é preso sem nenhum processo, nenhuma denúncia, sem nenhuma decisão judicial, sem nada, sem direito à defesa, sem direito à coisa nenhuma, com tortura permanente e constante! Isso tem de fechar! Tem de fechar! A brutalidade no Iraque tem de acabar.

E a Quarta Frota... Não digo que o Presidente Obama tenha condições de, pura e simplesmente dizer, que não vai criar. Mas ele pode suspender, transferir, deixar sobrestado. E tenho certeza de que adiante Sua Excelência não criará a Quarta Frota.

Eu volto a dizer, Sr. Presidente, que fiquei com inveja, cristã, mas fiquei, do processo americano de escolha do Presidente. E fico comparando com o nosso Brasil.

Como é triste!

Hoje, o Jornal do Commercio publica entrevista do Senador Paulo Brossard, um homem extraordinário. Peço a transcrição da matéria nos Anais do Senado.

Freqüentemente, junto com nosso grande Deputado Jorge Uequed, nosso amigo comum, que nos honra com a sua presença, nós nos reunimos em jantares para aprender. E como a gente aprende! Além de todas as qualidades, que são fantásticas, que o Brossard tem, ele é um prosador espetacular e tem uma memória invejável.

O Brossard conta; contando, diz o que pensa; dizendo o que pensa, ele ensina. Hoje, ele está dizendo, no Jornal do Commercio - é a manchete principal - que “no Brasil os partidos políticos não existem”. É uma triste realidade!

Quando o Ato Institucional nº 2 terminou com os partidos políticos, criou dois que fariam as vezes de partidos políticos: Arena e MDB. Eles não eram partidos políticos; faziam as vezes de partidos políticos!

Posso dizer que o MDB chegou a ser um grande partido político! E quando ele estava atingindo o seu auge, uma lei o extinguiu. E estão aí esses partidos. Acho que o Brossard tem razão: não existe partido político no Brasil.

         O grande escritor português Salamanca diz a mesma coisa: no Brasil, os partidos políticos não existem. Havia um: o PT. Não sei o que aconteceu com ele. Concordo com o fato de que o PT, como Oposição, era um grande Partido: idéias, conteúdo, princípio, ideologia, garra, liderança... Ele tinha tudo. E com essa garra, com essa luta, com essa liderança, com esse espírito público, chegou lá, à Presidência da República.

Antes de chegar à Presidência da República, realizou um trabalho magnífico na Oposição. Lembro-me de que, nesta Casa, era uma oposição profunda, de conteúdo, real, justa... Algum exagero? Sim. Não votar no Tancredo para Presidente da República? Então eles queriam o Maluf? Porque, se todo mundo seguisse o que queria o PT, que era não votar no Tancredo, todos estariam votando no Maluf. Não votar a Constituição? Mas o que é que eles queriam? Que ficássemos sem Constituição? Que a Constituinte não desse em nada? Alguns exageros, mas um grande Partido!

Chegou ao Governo. Até eu digo que o Governo tem coisas boas. Não dá para deixar de reconhecer que o Lula tem coisas boas no seu Governo, mas o PT, este desmoronou. Como Partido, como bandeira, como história, como conteúdo, não tem, não existe!

         É verdade que a situação é meio complexa. A gente olha para o mundo e fica perguntando: se não há mais Esquerda, se não há mais Direita, não há mais comunismo, como é que se vai definir o partido político? Mas há princípios.

         Pois não, Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Pedro Simon, o bom de ouvir os seus discursos é que a gente tem também aula de história contemporânea deste País e até do mundo. Mas há algumas análises que merecem reflexão. Por exemplo, a de que o Brasil não tem partido. A sensação, ouvindo sua fala, é que, no Brasil, o Governo “come” o Partido. Chegou ao poder, o partido se acaba. Nós tivemos um partido muito forte aqui, com nitidez, com clareza, com combatividade, chamado MDB, mais do que o PT. Porque ali havia risco de cassação, havia risco de prisão... Quantos não “foram desaparecidos”? Chegou ao poder, aí a gente viu que se esfacelou como unidade partidária diante de princípios, com o senhor falou. O PSDB foi um Partido que surgiu do MDB, do PMDB. Quando o MDB, ao chegar ao Governo, se descaracterizou, um bom grupo que havia ali saiu e criou um outro partido. Chegou ao poder e se descaracterizou. Agora, o PT chegou ao poder e se descaracterizou. A impressão que se tem é que, ao sermos um País com uma casta de privilegiados, essa casta de privilegiados governa para ela, não para o conjunto do País. E o PT, que, sem dúvida alguma, é um Partido que tem a característica dos trabalhadores, não era do povo; era um Partido dos trabalhadores. E no Brasil, os trabalhadores do setor moderno já representam a parte de baixo da cúpula da pirâmide social do País. Então, governa para essa casta, mesmo que ali dentro estejam os trabalhadores diferenciados dos capitalistas, com a diferença que deve ser lembrada: a generosidade maior em relação à camada de baixo, através de programas sociais iniciados pelo PSDB. Aliás, se formos mais longe, veremos que foram iniciados pelo Presidente Sarney, com o programa de distribuição de leite. Mas continua sendo um partido que, ao chegar ao Governo, passa a servir a um projeto, não à transformação para outro projeto. Não o fez. Junta-se a isso a crise geral das idéias no mundo inteiro, em que os padrões, as referências importadas - que, por isso, não eram boas para o Brasil - também se desfazem, e, ao se desfazerem, os partidos aqui ficam perplexos. Tenho insistido que considero o Governo do Presidente Lula um governo melhor que os anteriores em relação aos interesses do País: na economia, pelo sentido de responsabilidade que mantém e que eu sempre defendi, mesmo quando eu era do PT e o PT era contra; na política, pela capacidade incrível do Presidente Lula de aglutinar e o exemplo são os 70% que ele tem de apoio popular; no social, pelo lado generoso que o Governo representa ao ampliar os programas sociais de Fernando Henrique Cardoso e chegar a uma massa maior. Na política externa, considero que é o governo mais progressista que já tivemos e é o ponto mais progressista do Governo Lula. Agora - aí é que vem a descaracterização dos partidos -, há um ponto que é um retrocesso no Governo Lula. Em função das suas qualidades, ele provocou um retrocesso ideológico no Brasil: acabaram-se os debates. Todo mundo está a favor!

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Só repare V. Exª uma coisa.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Diga.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª está falando no Governo Lula.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Claro, porque eu disse que o Governo comeu o Partido.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu volto a repetir a V. Exª: acho que, no Governo Lula, têm muitas coisas positivas.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Eu falei.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - No PT, não. O PT se esvaziou dentro do Governo.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - É verdade.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não tem nada que represente o PT. E vou a reunião da Convenção do PT, do Diretório do PT, da Bancada do PT... Quer dizer: o PT desapareceu.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Volto a insistir: desapareceu porque foi comido ao ser Governo. Há pouco eu estava conversando com a presidente da União Nacional dos Estudantes e notei que ela tinha escrito, em seu braço, como uma dessas marcas que ficam: “não vou me adaptar”. Eu disse: “Pena que os da minha geração também não escreveram no braço uma frase como essa e se adaptaram todos ao chegarem ao Governo”. Esse é o problema. Adaptam-se porque servem à parte de cima da pirâmide, mesmo os trabalhadores que participam dessa parte de cima. A prova é agora. Quando há uma ameaça de desemprego no setor automobilístico, há recursos imediatamente canalizados para lá. Mas quando falamos em colocar crianças na escola, todo mundo pergunta de onde viria o dinheiro. No entanto, ninguém pergunta de onde vem o dinheiro para colocar na salvação da indústria automobilística. E não estou dizendo que sou contra isso. Mas sou contra não ter para o resto. Então, os governos comem os partidos.

E comem os partidos porque eles não têm, como V. Exª disse, princípios nem projetos, e muito menos projeto transformador. O MDB tinha um projeto transformador: da ditadura para a democracia. Esse foi um projeto transformador. De lá para cá, não houve mais nenhum projeto transformador. O próprio PT - e como um membro do PT, eu sempre disse - era um guarda-chuva de corporações, que oferecia tudo que cada corporação pedia, sem oferecer nada para a soma do País inteiro. O discurso do Lula, por exemplo, é um discurso para as mães do Bolsa-Escola, para os meninos do ProUni, para o setor bancário, para a indústria automobilística. E com a genialidade que ele tem, vai compondo esse quebra-cabeça que são esses diversos setores da sociedade brasileira, mas não para o conjunto. É uma aglutinação temporária. O Presidente Lula aglutinou o País, tanto que não é nem uma oposição de fato, do ponto de vista programático. A oposição que vemos aqui é crítica; não é programa alternativo. Então, ele aglutinou, mas sem um projeto. E é uma aglutinação que, quando ele sair, desaparecerá. Quando ele sair, a CUT volta para a rua, os estudantes voltam aos protestos. Não houve uma aglutinação em torno de um projeto; é uma aglutinação em torno de um líder carismático. Isso é que faz triste o futuro da política no Brasil, porque uma política baseada em líder carismático não é uma política que possa vir a fazer um Brasil grande, porque os líderes carismáticos ficam velhos, morrem, saem do poder porque só têm dois mandatos, felizmente - péssimo se tivessem três, quatro, cinco. Nós não temos partido. E concluo lembrando que, em função disso, sua proposta de haver prévias seria uma coisa fundamental. E quero lhe dizer que V. Exª inspirou um caminho. Sexta-feira, estive no Rio de Janeiro com todos os reitores das universidades particulares e públicas. Eles vão fazer as prévias que V. Exª sugeriu. É claro que vão fazê-las sem nenhuma autoridade partidária, mas vão convidar líderes de partidos e os partidos, se quiserem indicar, para debaterem o futuro do Brasil. Espero que V. Exª seja um dos convidados. Na reunião - que não foi para isso, obviamente, mas surgiu esse assunto -, lembrou-se de que foi uma inspiração sua haver prévias. E eu disse: “Já que os partidos não fazem prévias, por que as universidades não as fazem?” E prévias como as candidaturas do MDB antigo. Como se chamavam? Não era candidatura de protesto; eram as candidaturas alternativas, as candidaturas para marcarem posição.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Anticandidato.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Os anticandidatos. Façamos os “antipré-candidatos”, dentro da linha que V. Exª sugeriu, formalmente, nos partidos. E falamos disso antes, quando o Senador Paulo Paim estava discursando. O Senador Paulo Paim deveria disputar, não porque defende os aposentados, mas porque representa uma linha alternativa para este País. E que o PT mande outros também. As pesquisas de ontem mostram como está sendo necessário isso. Só há um candidato forte, que é o Governador Serra; mais nenhum. Por quê? Porque há um vazio total desse outro lado aqui. Eu não disse nem de esquerda nem de direita, porque o Serra é mais de esquerda do que muitos dos que, hoje, se dizem de esquerda. E vamos falar com franqueza isso. Digo o Bloco do Governo e o Bloco da Oposição. O Bloco do Governo não tem. E se não tem, por que não fazer prévias nesses partidos, como V. Exª sugere? Essa seria uma maneira de fortalecer os partidos, sim, a partir de baixo e não a partir de cima, como ocorre hoje, quando o partido escolhe quem vai ser o candidato e pronto. Não se discute o porquê, para quê nem como.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço o aparte de V. Exª, acho que foi muito oportuno.

V.Exª salientou muitos aspectos positivos do Governo Lula, com os quais concordo. Concordo que, em nível internacional, o Governo está tendo uma presença positiva. Concordo que, em nível internacional, a aproximação do Brasil com a China, com a Índia, com a África do Sul e, inclusive, com a Rússia, o chamado Brica, é muito positiva. Concordo que a posição de independência na hora de debater, discutir e analisar é muito positiva. Mas também reconheço uma coisa: o PT ficou isolado.

Há até algo que se analisa e que não sei se é correta: há uma diferença hoje entre o Governo Lula com a Dilma e o Governo Lula com o antigo Chefe da Casa Civil, sendo que o antigo Chefe da Casa Civil era um homem partidário, do comando, da direção partidária. Era o PT que estava na Casa Civil. A Srª Dilma é uma figura muito importante, mas não é da luta diária, do comando partidário. O Ministro anterior quase levou o Presidente Lula ao impeachment. Hoje, no entanto, a situação é completamente diferente. Completamente diferente!

Então, repito: o PT desapareceu. Não há um ato, uma ação, uma política do PT. O que há no PT hoje é o Senador Paulo Paim defendendo as idéias, o pensamento, a doutrina, o que era a história do PT. E o Senador Paulo Paim quase que é uma figura olhada com restrições por parte do Governo. Mas o Senador Paulo Paim está defendendo a memória do PT.

Ninguém está defendendo mais a história do que foi o PT do que hoje o Senador Paulo Paim. Mas onde está o Partido, onde é que está a bancada do PT, onde está o diretório do PT? Não tem.

No campo da ética, aquele PT de oposição, que eu olhava com admiração, com respeito... Aquela firmeza, aquele exagero... Mas era realmente... Ah, se o Presidente Lula não tivesse deixado os princípios da ética do lado de fora antes de ir para o Governo! Ah, se o pragmatismo não tivesse dominado o espírito do Presidente Lula e ele fosse um pouco mais fiel ao seu passado! Como seria diferente a situação hoje!

Eu discordo do Senador Cristovam Buarque em um aspecto. O PMDB, hoje, meu Deus, meu Deus... Não dá para dizer que o PMDB fracassou porque esteve no Governo. Com todo o respeito, meu Senador, o PMDB não esteve no Governo.

Tenho muito carinho pelo Senador José Sarney, acho que ele foi um grande homem, foi um grande Presidente, um grande nome, mas o Sarney nunca se preparou para ser Presidente da República, não estava na sua cabeça ser candidato a Presidente da República, era um Vice de transição, para fazer o entendimento entre a Oposição, que éramos nós, e a maioria que era necessária. E um grupo dissidente da Arena veio para nós e derrotou o Sr. Maluf. De repente, o Sr. Sarney é Presidente. Acho que se saiu bem. Acho que se saiu muito bem. Mas não foi em torno do Dr. Sarney que se fez a criação da Nova República; nem aquela luta de resistência, de transformação que se esperava era para o Presidente Sarney. E aí a disputa entre Sarney e o Dr. Ulysses.

E o grande erro do MDB, meu querido Senador, foi não ter a coragem nem de ter ficado no governo, nem de ter saído do governo. Ficou com um pé dentro e um pé fora, mas nunca fomos governo. Desculpem-me, mas nunca fomos governo. Parte do PMDB esteve no governo, mas todo aquele espírito, aquela luta, aquela garra que se fazia, aquela luta pelas Diretas Já! para derrotar o colégio e eleger o Tancredo, tudo aquilo implodiu, implodiu, e não conseguimos avançar. Tivemos um grande mérito no Governo do Dr. Sarney. O Dr. Sarney, em seu governo, de que tive a honra de participar, fez um grande trabalho. Não podia ser diferente. Mas ele não era o Dr. Tancredo, e pagamos o preço daquele tempo.

O PSDB... Na verdade, a origem do PSDB, meu querido Senador, foi lá em São Paulo. O Sr. Quércia, com os seus equívocos no governo e suas divergências. Então, do PSDB saiu o “anti-Quércia”, e foi adiante e chegou ao governo. Mas, no governo, com todo o respeito e com todo o carinho... Aliás, com todo o respeito e com todo o carinho, eu olho para o Governo do Fernando Henrique e olho para o Governo do Lula, olho para o PSDB e olho para o PT, e não vejo grande diferença. Volto a dizer: ambos merecem o Líder que tiveram, o Senador Jucá. Ele foi Líder do Fernando Henrique, e é Líder do Lula. E o que é mais interessante: não dá nem para dizer que o Senador Jucá mudou as posições dele. Se vocês olharem os discursos do Senador Jucá como Líder do Fernando Henrique e os discurso do Senador Jucá como Líder do Lula, vão ver que é a mesma coisa. Ele não mudou! Na verdade, ele não mudou, porque não há nada mais parecido com o Governo Fernando Henrique que o Governo do Lula. Essa é a verdade.

Então, o Brossard tem razão quando diz que os partidos não existem. E eu acho que, se nós conseguíssemos realmente fazer uma eleição primária... Olhem o PT. Eu sou fã da Ministra Dilma. Se eu pudesse votar, no PT, para um candidato a Presidente, eu votaria na Ministra Dilma. Digo isso com todas as letras. Acho que o Governo mudou desde que ela chegou ao Ministério. É outro o Governo com ela à frente da Casa Civil. Saiu da páginas policiais a Casa Civil. Eu a vejo com grande admiração. Mas acho que uma coisa é a Ministra Dilma ser imposta ao PT porque o Lula chega e diz “eu quero”. E outra coisa se houver uma primária e ocorrer um grande debate. Acho que ela ganha.

A imprensa está brincando comigo, dizendo que estou fazendo isso porque, na verdade, ela não pode aceitar, porque, se for para um debate desses, ela nunca vai ganhar; só ganha se for imposição do Lula. Não concordo. Acho que ela tem todas as condições de ganhar um debate desses. Aliás, ela mostrou isso aqui na CPI. Quando ela veio aqui, deu um show, porque estava armada com a verdade. Ela deu uma explicação e mereceu o aplauso de toda a Comissão do Congresso Nacional.

Se nós do MDB... Reparem que coisa espetacular, que coisa positiva, se de repente o MDB, em vez de ser a “noiva”, como quer o nosso Líder do Governo, resolver participar desse debate. Vamos participar desse debate, vamos discutir. Aliás, concordo com o Senador Cristovam: isso poderá ser feito, e acho que vai ser feito, independentemente dos partidos políticos. Se os partidos políticos não concordarem em fazer esse debate, ele será feito. O Senador Cristovam, praticamente candidato do PDT à Presidência da República, já disse que concorda. A informação que tenho é que o Deputado Ciro Gomes, praticamente candidato do Partido Socialista, já disse que concorda. A nossa querida Senadora Presidente do PSOL já disse que concorda. Então, podemos caminhar para isso. Muito se espera de V. Exª, Senador Paim, mesmo que seja sem ser candidatura oficial, mas para participar em nome dos que defendem uma idéia, um pensamento nesse sentido.

Se a gente percorrer o Brasil e começar a debater, vai ser muito difícil acontecer como aconteceu no MDB na última eleição. O MDB chegou a fazer uma prévia espetacular - ouvi, outro dia, um pronunciamento meu em que eu disse umas vinte vezes a palavra espetacular; tenho que parar; peço aos amigos que, se eu começar a falar, me avisem. O MDB fez uma importante prévia, o Rigotto e o Garotinho. Percorremos o Brasil inteiro. Saiu a prévia, mas o MDB não fez convenção. O MDB marcou a prévia, fez a prévia, mas não fez convenção, porque o MDB não sabia quem ia ganhar, então, ficou um grupo de um lado e um grupo do outro lado, e quem ganhasse ficou de fazer a ponte para trazer o grupo do lado de lá para o lado de cá. Essa é a história.

Se fizermos esse debate e o Presidente Lula concordasse... O PSDB já entrou na Justiça Eleitoral, perguntando sobre a possibilidade de fazer uma prévia - acho que nem precisava ter pedido, porque, se o MDB, há dois anos, fez, por que o PSDB não pode fazer? Mas o que nós estamos tentando fazer é um pouco diferente, vai além da prévia só de partido; seria um grande debate pluripartidário. Seria muito importante.

Repito aqui - e já devo ter falado muitas vezes - o que o Dr. Tancredo dizia. O Dr. Tancredo via com simpatia a sublegenda, não a brasileira, mas a uruguaia, onde os partidos, todas as frentes percentualmente com prestígio podiam apresentar candidato e sublegenda, e o povo escolhia quem quisesse.

Que bom se a gente conseguisse fazer isso! Que bom se a gente conseguisse fazer esse grande debate! Não apenas na faculdade, na universidade. É claro que, se não der diferente, será numa universidade; aliás, sempre na universidade, mas que bom se eles fossem fazer com os partidos políticos também, com a sociedade também, com as lideranças empresariais e trabalhadoras também. Mudava este País, como mudaram os Estados Unidos. Se não houvesse primárias, quando é que Obama ganharia aquela eleição da Srª Clinton? Todo o comando do Partido Democrata estava com a Srª Clinton.

Na hora da decisão de votação, há um percentual de votos dos que são chamados os notáveis, que votam na convenção. As primárias elegem um grupo “x”, mas, se os chamados notáveis, como o Presidente Clinton, os nomes que são membros naturais do Partido Democrata, tivessem mantido as posições iniciais - porque, no início, 90% dos eleitores permanentes já eram da Srª Clinton -, ela teria ganho a eleição. Mas, na medida em que o povo foi mudando, essa gente também mudou. Na medida em que o povo foi para o lado do Obama, esses líderes partidários acompanharam o povo.

No Brasil, a mesma coisa. No Brasil, a mesma coisa. Por que não fazer isso? Por que não um grande debate?

Tem razão o Senador Cristovam quando diz que hoje a candidatura consolidada é a do Governador Serra. Primeiro por suas qualidades. É um grande nome. E tem razão V. Exª: dos nomes que se falam hoje, não digo que não haja ninguém mais à esquerda do que ele, porque, em tese, a Ministra da Casa Civil deveria ser mais da esquerda; ela veio de uma luta muito mais... Se bem que o Serra veio da UNE, da resistência da UNE. Mas é o Governador de São Paulo, é o Prefeito de São Paulo, é o paulista, e é o candidato natural às manchetes dos jornais. Mas, se nós não avançarmos em termos de buscar uma grande tese, uma grande bandeira, o próprio Governador Serra pode ser o candidato, mas não com o mesmo conteúdo se houver uma prévia.

Eu gostaria de ver o Brasil - o Serra, o Aécio, o Cristovam, os homens que representam os partidos os mais variados - numa grande discussão nacional, num grande debate empolgando este País, debatendo com profundidade as bandeiras e as teses da realidade brasileira.

Vou encerrar, Sr. Presidente, porque alguns colegas estão com a disposição de falar - o que é bom nesta segunda-feira. E eles fiquem tranqüilos, porque V. Exª fica aqui até às 22 horas, não tem nenhum problema. Mas eu agradeço, Sr. Presidente, e volto a repetir: vale a pena se nós tivermos esse movimento em torno da realização de um grande debate nacional, envolvendo a próxima sucessão.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SENADOR PEDRO SIMON EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Para Brossard, partidos.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/12/2008 - Página 50422