Discurso durante a 232ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação sobre a pesquisa detalhada, publicada no jornal Folha de S.Paulo, na última sexta-feira, tratando do desempenho do Governo do Presidente Lula.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Manifestação sobre a pesquisa detalhada, publicada no jornal Folha de S.Paulo, na última sexta-feira, tratando do desempenho do Governo do Presidente Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 09/12/2008 - Página 50445
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • APOIO, PRONUNCIAMENTO, GILBERTO GOELLNER, SENADOR, IMPORTANCIA, DEBATE, CRIAÇÃO, NORMAS, SERVIÇO, PROTEÇÃO, BIODIVERSIDADE, COMENTARIO, CRISE, MEIO AMBIENTE, NECESSIDADE, BUSCA, CUMPRIMENTO, TRATADO, REDUÇÃO, EMISSÃO, GAS CARBONICO, ESPECIFICAÇÃO, PAIS INDUSTRIALIZADO, MANIFESTAÇÃO, DISPONIBILIDADE, DISCUSSÃO, ASSUNTO, COMISSÃO DE AGRICULTURA, PLENARIO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DIVULGAÇÃO, DADOS, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, DEMONSTRAÇÃO, ENTENDIMENTO, POPULAÇÃO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, NECESSIDADE, PROVIDENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, EFICACIA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MELHORIA, ECONOMIA NACIONAL, EDUCAÇÃO, COMBATE, FOME, AMPLIAÇÃO, APOIO, OPINIÃO PUBLICA, GOVERNO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AMPLIAÇÃO, FERROVIA, ESPECIFICAÇÃO, INAUGURAÇÃO, TRECHO, ESTADO DO TOCANTINS (TO), CRIAÇÃO, ESCOLA TECNICA FEDERAL, SANÇÃO, PISO SALARIAL, PROFESSOR, BOLSA FAMILIA, PROGRAMA, ABERTURA, VAGA, UNIVERSIDADE, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, REGISTRO, PRIORIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REDUÇÃO, POBREZA, DESIGUALDADE SOCIAL.
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, PAULO BROSSARD, EX SENADOR, AUSENCIA, IDEOLOGIA, PARTIDO POLITICO, ESPECIFICAÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RESPOSTA, ORADOR, IMPORTANCIA, LUTA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Mão Santa.

Ouvi seu pronunciamento, Senador Gilberto Goellner, e quero parabenizá-lo por ele, pois trata de uma matéria nova. São poucos ainda os países que regulamentaram os serviços ambientais, e isso se faz necessário no Brasil. Portanto, é um desafio para nós do Congresso brasileiro definirmos, criarmos e fazermos um debate no sentido de buscar a normatização dos serviços ambientais.

Tenho dito que o mundo vive uma profunda crise ambiental. Não conseguimos selar um entendimento em nível internacional para cumprirmos com as diretrizes do Protocolo de Kyoto. E estamos vivendo um segundo momento, ou seja, estamos tentando construir um entendimento global entre os países, principalmente os países industrializados ou os mais industrializados, sobre a questão ambiental. E considero que esse é um item importante principalmente para o Brasil, por conta da sua extensão territorial, dos seus biomas, por conta da sua floresta, por conta da sua cultura, por conta do seu povo. Temos de encontrar esse ponto de equilíbrio e ter um conjunto de normas que possa atender à preocupação principal do pronunciamento de V. Exª, que é termos um serviço ambiental, não um serviço compensatório, mas um serviço ambiental, em que a questão econômica, social e ambiental seja verdadeiramente respeitadas.

Quero dizer, Senador Gilberto, que eu me coloco à disposição para travarmos, na Comissão de Agricultura - nós somos membros da Comissão -, uma discussão e, evidentemente, no plenário do Senado, sobre o pronunciamento que V. Exª fez. Parabéns.

Eu não poderia, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, deixar de registrar, aqui no Senado, a pesquisa que foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, na última sexta-feira, que trata do desempenho do Governo do Presidente Lula, do nosso Governo. É uma pesquisa detalhada. A matéria é grande; tem praticamente um caderno, são várias páginas abordando vários aspectos da pesquisa DataFolha, realizada entre os dias 25 e 28 de novembro em todas as regiões do País.

Chamam a minha atenção na pesquisa dois grandes quesitos. O primeiro diz respeito ao acompanhamento, ao entendimento que tem a sociedade brasileira sobre a crise financeira internacional. Esse é um dado muito relevante para mim, porque travamos um debate aqui no Senado, entre Governo e Oposição, e o Presidente Lula foi criticado, de forma dura, pelos partidos de oposição. Enquanto isso, 73% dos pesquisados apontam, detectam que a crise é internacional, que a crise não é aqui no Brasil. Os pesquisados, 73% deles separam a crise como uma crise dos países ricos.

Mais à frente, na mesma pesquisa, a opinião pública diz que os países ricos precisam adotar providências na solução da crise criada. Isso para mim é muito relevante. A opinião pública brasileira detectou a crise, separa e enxerga os responsáveis pela crise.

         Um outro dado da pesquisa refere-se ao melhor desempenho do Governo do Presidente Lula. Evidentemente, a pesquisa foi realizada no contexto da crise internacional. Diz a pesquisa que o melhor desempenho está justamente na equipe econômica do Governo. O melhor desempenho é o da equipe econômica! O segundo melhor desempenho é a educação. O terceiro melhor desempenho é o combate à fome.

A pesquisa foi feita nos vários estratos da população da nossa sociedade, conforme o perfil da renda familiar: até dois salários mínimos; de dois a cinco salários mínimos; de cinco a dez salários mínimos; e acima de dez salários mínimos.

Esses são detalhes importantes. Por exemplo: acima de dez salários mínimos, 96% dos entrevistados tomaram conhecimento da crise; até dois salários mínimos, 58% dos entrevistados tomaram conhecimento da crise.

Quanto à escolaridade dos pesquisados, é bom frisar, acerca de terem conhecimento da crise: 60% com ensino fundamental; 81% com ensino médio; e, com escolaridade superior, 96%. Ou seja, é importante a participação da mídia, da televisão, do rádio, dos jornais em tratar as questões internacionais e nacionais. É importante esse acesso à informação, ao conhecimento, e também a conclusão da sociedade brasileira. É importante essa participação, é importante a sociedade ter uma opinião e externá-la.

Quero dizer, sobre o Governo do Presidente Lula, essa experiência nova do nosso Governo, com desafios brutais por conta do Estado brasileiro, por conta da composição, por conta do regionalismo, por conta de uma população grande - são 185 milhões de brasileiros -, que não é fácil para o Governo resolver problemas seculares.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Vou conceder a V. Exª mais dez minutos, mas depois eu queria um debate qualificado, com todo respeito a V. Exª e ao nosso Presidente da República.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Pois não.

Considero, Sr. Presidente, o Governo do Presidente Lula, o nosso Governo, um governo bem-sucedido. A principal obra do Governo, nesses seis anos - estamos chegando a seis anos do Governo -, para mim foi a diminuição da pobreza. Quero dizer isso aqui.

Amanhã, o Presidente Lula estará, no Estado do Tocantins, inaugurando mais um trecho de 100 km de ferrovias. Alguns dirão: essa é a maior obra, porque, na Ferrovia Norte-Sul, a cada ano o Governo vem construindo 100 km de ferrovia. Amanhã, o Presidente vai inaugurar mais 100 km de ferrovia. E ela é estruturante, é uma obra importante.

Construir Cefet para mim é uma obra importante. O Presidente Lula acatar o piso salarial dos professores é uma obra relevante, é uma decisão de Governo, de Estado, é uma política de Estado importante. São várias. O Bolsa Família para mim é importantíssimo. O Programa ProUni é importantíssimo, porque repara erros sociais de longos anos.

Para mim, a grande obra do Governo do Presidente Lula, do nosso Governo é, sem dúvida, a diminuição da pobreza no Brasil. Essa é uma chaga que as elites econômicas, políticas do Brasil criaram, formando um muro invisível, um apartheid. E o Governo vem diminuindo a pobreza. Para mim, é essa a grande obra.

Desafios do ponto de vista da correlação de força na política que nós não conseguimos ainda resolver. Agora, é uma experiência histórica das esquerdas no Brasil - porque não há só o PT - importante, rica, e é um eterno aprendizado.

Eu ouço aqui - ainda ouvi hoje - pronunciamentos. Ora é o PT que já não é um Partido, ora é o Lula. Há um argumento sutil de desqualificar este que é um grande Partido. E o Brasil tem partidos e cada um com as suas mazelas. Se o Brasil não tivesse partidos, nós não teríamos democracia. O PSOL é um Partido. O PCdoB é um Partido que tem uma história no Brasil. O PDT é um outro grande Partido. O PMDB também.

O PT é um Partido novo, dos anos 80, de 10 de fevereiro de 1980. Evidentemente, ele tem um tempo curtíssimo. Chegou aonde chegou... E não chegou apenas pelo seu mérito, chegou pelo mérito do povo brasileiro, que votou duas vezes no sentido de consagrar vitórias. Essa é uma experiência da própria sociedade brasileira em compreender projetos, propostas.

Eu estava ouvindo aqui, nesta tarde, uma análise do ex-Senador Paulo Brossard. Ele tem o direito de fazer análises e de dizer que, no Brasil, não tem Partido, mas eu discordo peremptoriamente dessa análise do ex-Senador Paulo Brossard. O Brasil tem Partidos, evidentemente com posturas ideológicas definidas e claríssimas. Eu tenho divergências profundas com o Democratas, mas eu o considero um Partido, que tem programa, que tem projeto, que tem posição ideológica. O PSDB, da mesma forma, tem projeto, tem programa, tem lideranças, tem quadros, tem militantes, tem Prefeitos. Então, quero discordar. Não foi possível travar um debate, há duas horas, mas é uma análise equivocada. Têm-se divergências e discordâncias, mas o Brasil tem uma história de Partidos políticos e vem desde o Império.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Posso participar?

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Concedo um aparte a V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Olha, V. Exª, a cada dia, me surpreende. Eu tenho uma admiração extraordinária por Suplente. Quando vem ele falar... Fernando Henrique Cardoso, circunstância. O homem é o homem e suas circunstâncias. Chegou à Presidência e é um estadista. Eu o acho um estadista pelo saber. E esse Paulo Brossard também: o homem é o homem e suas circunstâncias. Não é meu, isso é de Ortega y Gasset. Quando ele diz isso, nós temos que rever o Paulo Brossard. Eu li aquele livro dele, 80 anos da História Política do Brasil, chapéu. Então a circunstância dele...

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Esse é um dos grandes nomes do PMDB. Cumpriu um papel importante e cumpre até hoje.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - O País tinha dois partidos, governo e oposição, como tem outros modelos praticamente; nos Estados Unidos, se alterna. Aí, hoje, essa análise, temos que ver o que ele viu, o que ele sente, o que nos influencia, que é os Estados Unidos, pelo poder. Eu mesmo, hoje, estou lendo o livro do Obama: Audácia da Esperança, e vou querer ler o primeiro desse, o segundo.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Esse é o melhor, que ele mesmo escreveu.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - É, mas o primeiro diz: julgue, mas eu estou lendo esse, o novo, que está circulando. Mas, realmente, eu aprendi do Petrônio Portella a não agredir os fatos. Sua Excelência, o Presidente Luiz Inácio é o nosso Presidente. Eu votei nele em 1994. O que se quer dizer é que era aquele encanto, não é? Ele é um partido igual aos outros, como V. Exª defendia tão bem. Tem mazelas - o meu como tem. Está entendendo? Também até penso em sair, mas eu vejo as mazelas dos outros... vai levando. Então hoje, ele igualou-se, é um partido. Agora, quando o nosso Brossard disse isso, João Pedro, é porque ele viveu aquele momento duro do bipartidarismo, porque ninguém mais do que ele foi a oposição e fez renascer...V. Exª interpretou muito bem. Permita-me. Posso estar errado, porque não sou dono da verdade. Li superficialmente as pesquisas. Sei que pesquisa é um negócio de momento. Mas, em relação a essa daí de 70%, eu queria - e o meu papel é este - dizer ao nosso Presidente Luiz Inácio que não tenha muita euforia, não, porque aquilo é o momento, e o momento é o seguinte... Desculpe-me. Estudei estatística lá no meu curso médico para ver as doenças. Então, aquilo é o momento; 70%. O nosso Médici teve 80%, e lembro-me muito bem, não sei V. Exª, de que se dizia aqui: “Ninguém segura este País. Brasil: ame-o ou deixe-o”, se V. Exª se lembra. Milagre brasileiro. O nosso Delfim Netto e ele trazia um jumbo de dinheiro, e todo mundo deu 80% para o Presidente Médici. Hoje, na história, ele talvez seja o menos avaliado dos cinco Presidentes do período revolucionário. Está de acordo? Agora, por que essa do Luiz Inácio? Vou interpretar. Sei que V. Exª é mais culto do que eu. É um homem do Amazonas, líder sindical, agrônomo, conhece a natureza, é professor. Eu sou um medicozinho lá de uma Santa Casa da Parnaíba que foi Prefeitinho. Mas psicologia... Então, eu queria explicar. Por que essa aprovação do Luiz Inácio? É natural. Ninguém quer desgraça, ninguém quer coisa ruim, ninguém quer adversidade. Estou falando isso, porque psicologia é a minha praia. Se fosse Amazônia, ecologia, V. Exª saberia.

Ninguém quer desgraça. Pelo contrário, estão criticando o português e as parábolas dele - e eu penso que é correto. Ele fala para o povo. Aquilo que estão querendo atacar são parábolas que Cristo falava, ele se comunica. Mas atentai bem! Ninguém quer desgraça. Ninguém quer adversidade. Ninguém quer complicação - homem nenhum normal. Estou falando como médico. Então, diante dessa desgraça que está aí na economia, uma hecatombe que já chegou, o nosso Presidente diz que isso não existe e que podem continuar gastando. É uma massa que não teve o preparo, o estudo e o discernimento de V. Exª. Ele está prometendo esse céu na terra, mas a hecatombe econômica está aí - essa a gente estuda que não pode. Falo como médico: esse câncer maldito está aí. Aconteceu nos Estados Unidos, mas vai dar metástase no mundo inteiro. Os Estados Unidos são dotados e têm 25% do dinheiro do mundo. E o dinheiro dele não está lá, não. Vou dar um exemplo. V. Exª me permite indicar um livro? Estou lendo o do Barack Obama. Ô homem sábio, ô menino preparado! Já quero o segundo livro. Ele estudou mesmo. Ele me encantou quando disse que sonhava que o país dele tivesse menos advogados - ele é advogado - e mais engenheiros, mais agrônomos. Entendeu? Olhe a visão dele. Mas eu queria era outro livro: O Mundo é Plano, do Professor Friedman. O dinheiro dos Estados Unidos - está certo que a China botou lá as indústrias - está na Índia. Na Índia, que nós sabemos, pela história oriental, aquele negócio das cobras e tal, tem zonas lá que são só dos Estados Unidos. Eles são sábios. O dinheiro dos Estados Unidos não está lá não; está no mundo. Na Índia, o dinheiro todo é dos Estados Unidos. Eles têm áreas lá. Vou lhe dar um exemplo muito prático. O maior escritório de contabilidade do mundo é americano, mas funciona lá na Índia. Por quê? Porque a mão-de-obra é cara nos Estados Unidos. Na Europa, mais cara ainda. Então, o salário de um contador dos bons é de US$12 mil. O que os empresários americanos fizeram? Pegaram aqueles indianos que ganhavam pouco, US$25, US$50, contadores! Hoje, todo mundo faz contabilidade, imposto de renda no escritório americano. Eles dão US$800, e estão satisfeitos. Na Medicina, ocorreu o mesmo. Essa parafernália de diagnóstico computadorizado e tal, dão aparelho para o mundo todo e botam só um técnico para tirar ali. Não sabe nem o que está tirando. Aí manda para lá, e o médico, que ganha US$20 mil, que está lá, manda no computador a resposta. Então, os Estados Unidos não são só aquilo ali... Você já foi quantas vezes lá, Gilberto Goellner, nos Estados Unidos? Quatro. Olha aí. Não é aquilo só não, é o mundo. Eu dei o exemplo da Índia, desse livro. Então, a metástase vem para cá. Não tem conversa. Agora, o nosso Presidente, eu não sei... Então, o povo, que não está... E eu quero o debate qualificado com o Adam Smith de hoje. O povo: “Que vem, vem”. Agora, ninguém quer desgraça, ninguém quer dificuldade; isso eu estou falando aí; eu sei mais do que o Mercadante: é a psicologia humana. Economia é com ele aí, o Adam Smith. Mas o que houve, nesse momento dessa euforia, é que o nosso Presidente: “Nós não vamos ter nada, não; nós vamos ficar numa boa”. Não vamos! O Mercadante eu já ouvi atentamente como encara o problema da economia. Deu, pelo menos, um sinal amarelo. Mas não estou criticando, não. Cada um tem a estratégia. Agora, por isso, essa euforia, pois, se o Presidente está dizendo - o nosso nível cultural V. Exª sabe - que melhorou a renda, que melhorou o salário mínimo... E olhe que foi a coisa mais linda que acho que o Governo fez: a gente lutava por US$70 dólares, e está em quase US$200, porque agora baixou e diminuiu de novo. Então, existem as conquistas. Eu acho melhor do que bolsa, mas o Bolsa Família é caridade, e caridade é algo bom, foi necessário, e a gente tem de atualizar. Então, essas são as manifestações! Mas, que eu torço, torço; mas, que a metástase vem para cá, vem, e está chegando. Agora, o resultado foi nessa euforia, porque ele disse: “Não vem”. Então, o povo lá diz: “Não vem, não; aqui não vai”. Vai. Infelizmente eu acho que vai chegar. Não é que eu queira, não.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Presidente Mão Santa...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não, eu vou mais no debate qualificado. Eu sou muito prático - cirurgião é prático. Agora, às vezes dá certo. Juscelino Kubitscheck era médico cirurgião como eu, e veja a visão que ele tinha. Eu vou ser muito prático. Você quer ver como está atingindo o País? Eu passo naquele Beirute - está ali o Dr. Alcino, que morou aqui há 40 anos; olha, naquele Beirute, havia gente, e não tem mais aquele povo. Eu fui ao casamento da filha do Tasso Jereissati, em Fortaleza. Eu estudei lá, sou cidadão de lá, fiz CPOR, fui interno nos Irmãos Marista, faculdade, vivo lá. Vazio, vazio o turismo. Então, já chegou. São coisas que a gente vê. Agora, o Presidente disse, e o povo está eufórico. “Não, não vem não. É uma...” Vai chegar, infelizmente. Eu acho que vai chegar. V. Exª acha ou não? As dificuldades?

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Já chegou, Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Dez é a nota que quero dar a V. Exª.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado.

         Os entrevistados da pesquisa do DataFolha sabem que vai chegar, sabem que já chegou. A pesquisa...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - V. Exª diz cinqüenta e tantos por cento dos entrevistados, dizendo que não acreditam que haja dificuldades e tal...

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não, têm a escolaridade de nível superior...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Mais da metade da nossa população é esse nível. Nós somos um País que tem 8% de universitários. A Argentina tem 31%, e o Chile tem 35% de universitários.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT -AM) - Presidente Mão Santa, a camada de nível superior participou da pesquisa também. Todo o estrato social, todos os brasileiros acompanham a crise. E veja V. Exª um item da pesquisa.

Quero dizer que espero que o Presidente Barack Obama... Espero não: não vem isso dos Estados Unidos. Mas o causador da crise foram os Estados Unidos. A expectativa é a de que o Presidente... Eu gostaria muito que os americanos pedissem desculpas à Humanidade pela crise, porque começou lá a crise.

Mas, para 67% dos entrevistados, o Brasil está melhor desde a eleição de Lula; 78% afirmaram que está melhor no Nordeste; 71%, nas Regiões Norte e Centro-Oeste; no Sudeste, 62%; e, no Sul, 57% responderam que o Brasil está melhor com o Presidente Lula.

É evidente que o contexto da crise, que começou nos Estados Unidos, Europa, Ásia, chegou ao Japão - provocando recessão no Japão -, estamos vivendo agora. Mas a pesquisa reflete todo um processo dessa experiência, de 2003 para cá, com o Presidente Lula. Ou seja, é uma análise do Governo. A pesquisa não trata apenas desse momento de crise, mas do Governo do Presidente Lula. Isto é importante: os avanços que aconteceram.

Evidentemente, tenho análise crítica e sei - não posso ter outra postura - que não resolvemos todos os problemas. Longe disso. Mas tenho orgulho deste Governo, dos avanços deste Governo, principalmente este, o da diminuição da pobreza no Brasil, em todas as regiões. Isso, para mim, é que é o importante, o relevante, o fundamental, como resultado do Governo do Presidente Lula, do nosso Governo, dessa experiência.

Destaco também que, como militante do Partido dos Trabalhadores - e esse debate aconteceu, não deu para travar o debate, como eu gostaria -, tenho orgulho deste partido. Tenho orgulho da história do PT, de sua militância.

Participei, neste final de semana, em São Paulo, de um debate de âmbito nacional entre militantes, de uma corrente política que há dentro do partido, “Construindo um Novo Brasil”, discutindo a questão ambiental, a cultura, a formação política, a sucessão. O PT é um partido que não tem dono. O PT é um partido de militantes, de uma dinâmica da cultura do PT.

Fico ouvindo que o PT acabou, que o PT não sei o quê... Acho que a crítica tem de existir, e temos os nossos defeitos, como temos uma história. Agora, não aceito a tentativa de desqualificar o PT e os outros partidos. O Brasil tem partidos, e, evidentemente, o meu partido tem essa experiência, surgiu num embate duríssimo contra a ditadura militar. É verdade que já na fase final da ditadura, mas seus militantes se forjaram, em sua grande maioria, alguns antes da ditadura, outros no processo de combate à ditadura militar e pós-ditadura. É um Partido novo, que hoje tem um desafio de ser o principal Partido do Governo. Demos as nossas cabeçadas e continuamos aprendendo. O Partido tem uma dinâmica; o Partido é o dia-a-dia de lutas, de análises, de reflexões, de avanços, de recuos, de acertos, de desacertos. Essa é a vida dos partidos.

Agora, eu quero dizer que tenho muita alegria de participar do PT, de ser um militante do PT. A função que tenho hoje de fazer este debate como Senador da República aumenta a responsabilidade. Saindo do Senado, eu vou continuar militando nesse Partido, ao lado dos povos indígenas, ao lado dos trabalhadores, da juventude, do debate com os militantes que militam na cultura, no teatro, nos grupos de folclore, de dança enfim.

O PT é um Partido que não é predestinado. O PT é um projeto que, com Lula ou sem Lula, vai continuar, e ligado estreitamente aos movimentos sociais. Esta é uma característica do Partido: a sua ligação com os movimentos, com as organizações dos trabalhadores deste País.

Por fim, Presidente, eu quero encerrar, dizendo da minha alegria por ver esses números. Mais do que alegria pelos números que o Governo tem, mas pela disposição de se avançar mais no sentido de provocar mudanças em estruturas seculares que deixaram de lado milhões de brasileiros. Então, os números - e V. Exª falou - são uma fotografia da pesquisa. Mas são números que apontam no sentido de o PT tirar lições e de fazer com que o Governo tire também lições, para avançarmos na melhora de vida de todos os brasileiros.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/12/2008 - Página 50445