Discurso durante a 229ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro sobre a vigília realizada ontem nesta Casa, em favor dos aposentados e pensionistas. Agradecimentos à população brasileira pela solidariedade prestada ao Estado de Santa Catarina.

Autor
Raimundo Colombo (DEM - Democratas/SC)
Nome completo: João Raimundo Colombo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Registro sobre a vigília realizada ontem nesta Casa, em favor dos aposentados e pensionistas. Agradecimentos à população brasileira pela solidariedade prestada ao Estado de Santa Catarina.
Aparteantes
Alvaro Dias, Antonio Carlos Valadares, Augusto Botelho, Cristovam Buarque, Heráclito Fortes, Inácio Arruda, José Agripino, Marco Maciel, Mozarildo Cavalcanti, Mário Couto, Romeu Tuma, Rosalba Ciarlini.
Publicação
Publicação no DSF de 04/12/2008 - Página 49420
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • ELOGIO, MOBILIZAÇÃO, SENADO, LUTA, APROVAÇÃO, LEGISLAÇÃO, MELHORIA, APOSENTADORIA, REGISTRO, AMPLIAÇÃO, RECEBIMENTO, CORRESPONDENCIA, INTERNET, APOIO, POPULAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO, SENADOR.
  • REGISTRO, VISITA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, AMBITO NACIONAL, AUXILIO, VITIMA, INUNDAÇÃO, REGIÃO, DOAÇÃO, ALIMENTOS, RECURSOS, IMPORTANCIA, VOLUNTARIO, EXERCITO, ORGANIZAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, APOIO, FAMILIA, REDUÇÃO, EFEITO, CALAMIDADE PUBLICA.
  • COMENTARIO, EXPERIENCIA, ORADOR, GESTÃO, SECRETARIO DE ESTADO, OCORRENCIA, CALAMIDADE PUBLICA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), DEMONSTRAÇÃO, IMPORTANCIA, MOBILIZAÇÃO, SETOR PUBLICO, AUXILIO, POPULAÇÃO.
  • ELOGIO, EFICIENCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, GOVERNO MUNICIPAL, URGENCIA, PROVIDENCIA, AUXILIO, POPULAÇÃO, VITIMA, INUNDAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • DEFESA, REDUÇÃO, BUROCRACIA, LIBERAÇÃO, RECURSOS, INICIO, RECONSTRUÇÃO, MUNICIPIOS, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), DESTRUIÇÃO, INUNDAÇÃO, REGISTRO, AMPLIAÇÃO, GASTOS PUBLICOS, GOVERNO ESTADUAL, GOVERNO MUNICIPAL, NECESSIDADE, SUSPENSÃO PROVISORIA, DIVIDA PUBLICA, DIFICULDADE, PAGAMENTO, MOTIVO, PARALISAÇÃO, SETOR, PRODUÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, BLUMENAU (SC).
  • DEFESA, ACELERAÇÃO, TRAMITAÇÃO, AUTORIZAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS), AUXILIO, POPULAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), RECONSTRUÇÃO, RESIDENCIA, REGISTRO, PROPOSTA, ORADOR, UTILIZAÇÃO, PERCENTAGEM, PREMIO, LOTERIA FEDERAL, MUNICIPIOS.
  • COMENTARIO, EMENDA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), AUTORIA, ORADOR, GARANTIA, CURTO PRAZO, LIBERAÇÃO, RECURSOS, RECONSTRUÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uso a tribuna hoje para falar um pouco de Santa Catarina, das enchentes. Antes, porém, eu gostaria de registrar a vigília dos Srs. Senadores, ocorrido ontem nesta Casa, em defesa dos projetos de lei em tramitação e que beneficiarão os aposentados do nosso País.

Recebi, hoje, um número enorme de e-mails de todo o Brasil, muitos do meu Estado, Santa Catarina, que se solidarizam e cumprimentam pela ação desenvolvida e esperam que, realmente, tenhamos êxito e possamos alcançar o objetivo de beneficiar os nossos aposentados, que estão sendo injustiçados. O processo é extremamente injusto; eu acho que a perda do poder aquisitivo dos aposentados é algo que não se justifica, e nós temos que lutar fortemente contra isso, para que a lei seja votada.

Os Senadores, especialmente o Senador Paulo Paim, que estão participando estão de parabéns. Na verdade, todos os Senadores, porque, afinal de contas, o projeto aqui já foi votado e precisamos continuar essa luta.

Mas é impressionante, Sr. Presidente, Srs. Senadores, o movimento de solidariedade que alcança todo o nosso País, todos os segmentos da sociedade numa mobilização extraordinária de apoio material, de apoio sentimental, espiritual, a todos os catarinenses, ao meu Estado e, sobretudo, àqueles que foram e estão atingidos pela catástrofe que ocorreu no nosso Estado. É uma coisa assim que nos emociona fortemente, porque não há como esconder o sentimento ou ficar insensível a gestos extraordinários que mostram pessoas que viajam quilômetros e quilômetros para chegar a Santa Catarina, para chegar à região do flagelo e se apresentar como voluntários. E a missão, a de carregar sacos de alimentos nas costas, de chegar às pessoas atingidas e, muito mais do que a solidariedade material, a presença, o apoio têm um valor incalculável, e é exatamente esse o sentimento.

Percorri, no final de semana, as regiões atingidas, e é impressionante vermos a ação dos militares, que, com esforço extraordinário, chegam aos lugares mais difíceis e levam, com um sorriso, o apoio, a solidariedade, demonstrando que o espírito de missão está acima de tudo. Fui aos locais onde estão lá separando o material que chega, os donativos que chegam em caminhões e caminhões, e ali ninguém está querendo mostrar o seu nome, ninguém está querendo aparecer, mas todos estão num espírito de doação extraordinário, cada um separando os materiais e colocando numa organização perfeita, destinando imediatamente para as famílias e para chegar até as pessoas. É realmente a demonstração de que, quando se tem uma boa causa e se exerce com autoridade, todo mundo ajuda. É impressionante, realmente, vermos o movimento que se desenvolve lá.

Como é importante ver o contraste entre um momento difícil, de uma catástrofe, de perda de vidas humanas, de bens materiais, de um processo extremamente descontrolado em todos os sentidos, e, de repente, você ver, como contraponto, a sociedade se organizando, superando todas as dificuldades, com otimismo, com esperança, com doação, todo mundo se abraçando e tentando construir junto o futuro, com muita esperança.

O povo catarinense é muito forte. Eu era Secretário de Estado, ainda muito jovem, em 1983/1984, Senador Mão Santa, quando uma situação como essa se abateu sobre Santa Catarina. Então, eu me aproximei das pessoas, fiquei quase seis meses visitando cada um nos lugares mais distantes. Aquilo marcou muito a minha vida e me mostrou o quanto é importante exercer a atividade pública com o espírito de missão, porque temos um modelo de Estado que tranca muitas coisas: temos lei para tudo, a burocracia se instala, e as coisas não acontecem. Mas lá, na informalidade, na doação, as pessoas se unem, superam tudo isso e fazem com que as coisas aconteçam. Naquela ocasião, Santa Catarina conseguiu encontrar força não sei onde e, em uma união extraordinária, superou todas aquelas dificuldades e reergueu, reconstruiu as cidades.

Essa catástrofe de agora, Senador Mozarildo Cavalcanti, é um pouco maior, porque ela é diferente. Na anterior, as águas subiram de forma incrível, cerca de dezesseis metros, na cidade de Blumenau; nesta, foi algo em torno de doze, portanto, bem menos, mas com uma característica diferente e muito mais grave: as montanhas começaram a deslizar, levando, em alguns lugares, tudo o que tinha embaixo. Em alguns locais, eram vilas, como, por exemplo, no Morro do Baú, onde havia uma comunidade quase independente, com empresas, com empregos, com agricultores, todo mundo trabalhando. Lá, a montanha desceu, e cerca de trinta e poucas pessoas ainda estão soterradas ou desaparecidas. Muitas, muitas morreram - famílias inteiras -, caminhões desapareceram, tratores estão submersos. O pior é o que virá depois, porque isso aí ainda terá muitos desdobramentos.

A grande verdade é que essa solidariedade, a cobertura da imprensa brasileira, a participação dos agentes públicos... Aqui quero fazer um elogio: sou da Oposição, tenho procurado cumprir bem o meu dever, porque é importante para a sociedade ter Governo e Oposição, cada um cumprindo com seu dever, mas não é demérito nenhum reconhecer quando o Governo tem méritos. Nesse aspecto, quero reconhecer que o Governo do Presidente Lula, o Governo Federal foi rápido, foi eficiente, agiu com presteza, esteve presente, e nós nos sentimos protegidos. E quero fazer este elogio aqui de forma honesta, correta, porque é exatamente isso que sinto.

Quero também dar os parabéns a toda a equipe federal, bem como ao Governo do Estado, ao nosso Governador Luiz Henrique da Silveira, que, desde o primeiro momento, foi praticamente todos os dias às cidades atingidas. Está envolvendo todo o governo, liderando o processo, e merece todo os nossos elogios. Também os prefeitos, todos eles, num processo de liderança, de autoridade, de humildade, conseguiram liderar a comunidade, unir as pessoas para superarem esse desafio, todo mundo se unindo. E não poderia ser de outra forma, mas é importante que a gente diga aqui, Senador Mozarildo, que nem sempre é assim. Lá está sendo assim neste momento. Isso é muito bom, bom para todos nós, porque os exemplos valem mais que palavras, que são esquecidas. Os exemplos ficam na nossa memória e, sobretudo, no nosso coração. O povo catarinense se sente protegido, se sente bem querido, se sente amado pelo Brasil, respeitado, valorizado, e é um momento de união que faz com que esse sentimento bonito, doce, alegre nos ajude a superar a dor, a dificuldade e a perda de vidas.

Ouço V. Exª.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Colombo, a par de apresentar minha solidariedade pessoal ao povo de Santa Catarina, por intermédio de V. Exª, quero dizer que realmente esse episódio, embora lamentável e triste, mostra a solidariedade que tem o povo de Santa Catarina e todo o povo brasileiro. Quero inclusive dizer que tenho recebido e-mails, principalmente das três potências maçônicas de Santa Catarina, tanto da Grande Loja, quanto do Grande Oriente do Brasil, do Grande Oriente de Santa Catarina, que são três correntes da mesma maçonaria, vamos dizer assim, que trabalham em silêncio, mas - faço questão de dizer - estão engajadas, todas as três, no atendimento a essas pessoas, inclusive reivindicando, solicitando a todo o Brasil apoio para atender as vítimas dessa catástrofe que se abateu sobre o povo catarinense. Portanto, a minha solidariedade pessoal.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito a V. Exª.

Concedo um aparte ao nobre Senador e querido amigo Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Senador Raimundo Colombo, ontem, durante a vigília, V. Exª comunicou que hoje falaria sobre o problema de Santa Catarina, que é o Estado que V. Exª representa com muita dignidade e respeito nesta Casa. E todos nós temos muito respeito e carinho por V. Exª, pela sua postura e pela defesa dos interesses do Estado que V. Exª representa. Ontem, não sei se errei ou não, peguei uma revista do Senador Pedro Simon que mostrava toda a agonia, todo o sofrimento do povo de Santa Catarina, que perdeu tudo, que perdeu entes queridos da família. Alguns disseram: “Graças a Deus, consegui salvar minha família. Perdi tudo que, com muito sacrifício, construí. Vou ralar - essa a expressão que foi usada - para tentar reconstruir o que realmente essa enxurrada levou embora”. E mostrei a fisionomia de cada um, comparando com a fisionomia dos aposentados que aqui se encontravam, que é o mesmo sofrimento. Se não é lama, pelo menos, é enxurrada de retirada de valores do salário que eles tinha direito a receber. E lutamos, nós - V. Exª estava presente - e todos os outros, pela recomposição do valor da aposentadoria e para que o aposentado readquirisse aquilo a que tem direito e que lhe foi retirado. Direito não se tira, de direito não se abre mão. E V. Exª sabe a vinculação forte que a minha família tem com Santa Catarina. Meu pai trabalhava, no tempo da guerra, ligado à indústria Teka, de Blumenau, e meu irmão ainda hoje é conselheiro. Trabalha. Está com oitenta e poucos anos, mas continua lutando. E está praticamente, a cada dez ou quinze dias, em Santa Catarina. Então, esse amor constitui... Há quase cinqüenta anos, temos esse vínculo de acompanhamento da cidade. Há uma década, houve uma desgraça, talvez não digo que maior que essa, mas idêntica, porque não havia prevenção. Hoje, algumas empresas conseguiram fazer bloqueio de água e tudo isso, gastaram fortunas e perderam grandes valores em maquinaria. Recebiam socorro por helicóptero. Era tudo muito mais difícil. E hoje a desgraça talvez tenha alcançado uma área maior - pelo que tenho lido nas revistas, nos jornais. E vi, também, o exemplo de solidariedade: o povo brasileiro, em todos os Estados, está arrecadando gêneros, as televisões tentando arrecadar dinheiro para reconstruir o Estado de Santa Catarina. E não há que se deixar esse povo na amargura da expectativa de ver resolvido seus problemas. Então, o grito de V. Exª deve ter repercussão nacional e, provavelmente, do outro lado da rua, imediatamente. Ainda ontem, conversei com V. Exª sobre a medida provisória que dispõe sobre a liberação da verba de R$1.5 bilhão. O Presidente esteve lá e se comprometeu a liberar recursos. Nós não podemos atrasar a aprovação dessa medida. V. Exª tem a solidariedade dos 80 Senadores aqui para votar o mais rápido possível essa verba. Se ela chegar atrasada, não haverá mais como recompor o que foi destruído. Parabéns! Que Deus abençoe o povo de Santa Catarina, que cumprimento por ter um representante à altura de V. Exª.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Muito obrigado, Senador Romeu Tuma.

O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Gostaria de um aparte.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Ouço o aparte do Senador Inácio Arruda.

O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senador Colombo, nós, do Ceará - eu já disse isso ontem à Senadora Ideli, que estava na tribuna - devemos, talvez, um pleito de gratidão a todos os brasileiros, porque nós conhecemos intensamente essas catástrofes climáticas que o povo enfrenta, vez por outra, no sul do País, pois nós as enfrentamos em ciclos quase permanentes. Às vezes, a gente brinca, perguntando: “Tem quantos meses de seca aí?” E dizem: “Rapaz, tá quase com três meses que não chove!”

Pois é, no Ceará, normalmente, são sete ou oito meses sem chover. É o normal do ano. O grave é quando esse ano emenda com um ano inteiro seco. O Ceará patrocinou uma diáspora quase permanente ao longo de todo o século XIX. Depois, durante todo o século XX, tivemos uma diáspora que fez com que nossa população se estendesse por todo o território nacional. Exatamente por isso sabemos da necessidade da solidariedade, de nos irmanarmos no sofrimento. Lá no Ceará, há um movimento enorme de pessoas de todos os credos, de todos os partidos - não há diferença -, na busca de contribuir com o povo de Santa Catarina. Há pouco, vi na televisão o povo pernambucano fazendo a mesma coisa. Faltaram caminhões para levar mercadorias, roupas, alimentos, medicamentos, para o povo de Santa Catarina. Acho que a catástrofe comoveu o País. O mais importante - e repito para V. Exª o que disse ontem - é o pós catástrofe. Depois da catástrofe, normalmente ela é esquecida. Passou. Ninguém mais está vendo as imagens, ninguém está mais vendo a dor de quem está lá, o grito das pessoas, então, deixa-se de lado. Essa é a hora mais importante, a hora em que V. Exª e todos os Senadores e Deputados Federais devem ficar atentos para cobrar uma solidariedade permanente durante o período da reconstrução de cidades inteiras, de áreas industriais, de áreas de pesca, com as quais mantivemos grandes relações no Estado do Ceará. O Ceará é um Estado que trabalha muito com a pesca, tem um pólo pesqueiro importantíssimo.

Nós trabalhávamos demais com Itajaí, com os pescadores, com os armadores de pesca daquela região, havia uma relação intensa de irmandade entre estas duas regiões, Fortaleza e Itajaí, porque eram áreas pesqueiras muito importantes, um porto pesqueiro muito importante do Brasil. Então, quero reafirmar a nossa solidariedade, dizer que vamos estar aqui de prontidão para o que for preciso. V. Exª nos aciona para que possamos estar juntos na reconstrução e na preparação dessa cidade, para que ela não sofra mais com outras catástrofes. O clima, a instabilidade climática, os efeitos do desmatamento e outras ações do homem podem repetir essa catástrofe, e devemos estar atentos para garantirmos a reconstrução daquela cidade. Em Fortaleza, incluímos no Plano de Aceleração do Crescimento uma obra de macrodrenagem de Fortaleza e região metropolitana. Foi uma obra que o Governo contratou por intermédio da Funasa. O atual Presidente da Funasa, Danilo Fortes, numa ação visionária, olhou e disse: é preciso fazer um trabalho de macrodrenagem para Fortaleza. Tem três rios que cortam a cidade, são rios de volume pequeno de água, mas, no período de chuvas intensas no Ceará, inundam toda a cidade de Fortaleza. Então, incluímos essa obra no PAC. Vão ser feitas três pequenas barragens de contenção, que vão exatamente segurar as águas nos períodos de maior intensidade de chuvas naquela região, impedindo o alagamento de Fortaleza. Talvez a gente tenha de fazer obras dessa mesma monta em várias cidades de Santa Catarina, para impedir que outras situações como esta, de chuvas intensas, de mais de 40 dias de chuva, levem a população ao desespero a que assistimos. Exatamente por isso estamos solidários com V. Exª e com o povo de Santa Catarina.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito, Senador Inácio Arruda. Na sexta-feira próxima, depois de amanhã, o relator do Orçamento, Senador Delcídio do Amaral, e a relatora setorial, Senadora Kátia Abreu, estarão lá em Santa Catarina, junto com o fórum parlamentar catarinense para, já no Orçamento de 2009, dar um encaminhamento em relação a questões de prevenção.

Ouço o Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Eu só queria, se V. Exª me permitir, fazer uma comunicação. Na última reunião do Mercosul, eu fiz um projeto de resolução que não poderia entrar na discussão, mas, por deferência do Presidente, Professor Rosinha, foi colocado em solidariedade e em apoio ao povo de Santa Catarina e como um alerta aos Países industrializados, para que não continuem a desafiar a natureza, porque outros fatos poderão se repetir em outros lugares do mundo. Então, a resolução foi aceita por unanimidade, com o apoio dos representantes dos quatro países do Mercosul, mais a Venezuela.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito a V. Exª.

Gostaria de falar aqui um pouquinho da reconstrução, mas quero ouvir o Senador Antonio Carlos Valadares.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Raimundo Colombo, eu queria, a exemplo dos Senadores que apartearam V. Exª, apresentar mais uma vez a solidariedade ao grande povo catarinense, por tudo que representou e representa para a grandeza da nossa história, para o fortalecimento da nossa economia, dando o exemplo de pujança dos mais diferentes segmentos da economia nacional, notadamente no turismo, na agricultura, na indústria e na pesca. 

Afinal, Santa Catarina é uma referência nacional e o seu povo sofre, mas sofre com muita bravura, com muita tenacidade, recebendo o abraço dolorido, é bem verdade, mas sincero, de todos os rincões do nosso Brasil. Nesta oportunidade, quero manifestar a minha admiração pelo trabalho desenvolvido pelos Senadores de Santa Catarina, especialmente por V. Exª, um homem que já ocupou o cargo de prefeito municipal e que conhece de perto os sacrifícios, interesses e necessidades das comunidades do interior. Meu abraço amigo. Que Santa Catarina consiga abrigar mais de vinte mil catarinenses que estão sem teto, que perderam suas casas nessa grande enxurrada, nessa grande tragédia que se abateu sobre seu povo. Que possamos superar essa crise e pensarmos seriamente na construção de um fundo de calamidades para atender às eventuais necessidades de algum Estado, de algum Município, de alguma Região, como o Nordeste, que sofre muito o impacto das secas. Portanto, aproveito o ensejo para, mais uma vez, solidarizar-me com V. Exª.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito a V. Exª.

Agora vem uma fase, como colocou bem o Senador Inácio Arruda, de reconstrução. Neste momento, a atenção do Brasil todo está voltada para Santa Catarina, num processo bonito e forte de solidariedade - não temos como agradecer -, mas, daqui a três meses, seis meses, a mídia terá outros assuntos para mostrar, e nós vamos voltar à realidade, à vida normal. Aí será necessário que as instituições dêem a resposta, que os instrumentos que estão sendo criados funcionem e realmente cheguem até as pessoas.

Alguns pleitos que nós temos aqui são essenciais. Por exemplo, o Governo do Estado, com toda a catástrofe, terá que gastar muito mais do que poderia e, além do mais, terá uma diminuição de receita, Senador Romeu Tuma, porque a economia do nosso Estado está parada, e muitas coisas vão levar tempo para se normalizarem. Por exemplo, foi dito aqui que o setor da pesca, o setor do turismo, o Porto de Itajaí estão parados. A previsão é que a nossa arrecadação diminua em 100 milhões de reais.

Então, nós queremos que, por seis meses, seja suspenso o pagamento da dívida e que seja postergada para as últimas prestações - o valor da dívida está em torno de 80 milhões de reais/mês -, como forma de o Estado suportar essa situação. Acho que é uma coisa absolutamente racional. A proposta é extensiva aos Municípios, como é o caso de Blumenau. Conversei com o Prefeito, e ele me disse que paga cerca de R$1,2 milhão por mês. Mas esse dinheiro tem grande peso na recuperação do Município. O pleito seria no sentido de que ele possa postergar esse pagamento.

Outra questão é o Fundo de Garantia. Eu estive hoje na Caixa Econômica Federal e constatei que nós temos que ter o decreto de calamidade reconhecido nacionalmente para que possa ser disponibilizado o Fundo de Garantia. O Governo já autorizou o pagamento, mas essa tramitação é lenta.

Tudo está sendo feito, eu não estou reclamando, estou tentando apoiar para dar agilidade. Eu estive nas ruas em Itajaí, entrei nas casas, visitei as pessoas. A água entrou nas casas e destruiu tudo que tinha: sofá, geladeira, fogão. Como é que essas pessoas vão comprar? O instrumento que elas têm, que é da sua condição, que é um dinheiro seu, é o próprio Fundo de Garantia.

Somado a isso vem a questão das doenças que vão ocorrer em decorrência da água, das enchentes, como a leptospirose, a mais comum. Então, nós vamos ter de estar presentes nisso.

Eu apresentei um projeto ontem, e já estive na Caixa Econômica, para que a Caixa faça uma aposta da Mega Sena Especial; se possível, no Natal; que possa, inclusive, elevar a auto-estima, fazer o sorteio na praça, em Blumenau, com a presença das autoridades, e que destine esse dinheiro - cerca de sessenta por cento do prêmio fica com o Governo Federal - para as enchentes, para que, de fato, isso, além de todo o apoio nacional, que hoje a gente já tem, se transforme em apoio direto para as pessoas e que ajude no processo da reconstrução. É uma coisa simples, que não é difícil de ser feita.

Eu também fiz uma emenda à medida provisória, para que obrigue o Governo a, no prazo de sessenta dias, liberar os recursos, como forma de marcar uma data, um limite, porque, como eu disse - e fui Secretário em 83 e 84 -, é muito difícil, a gente fica muito quase sozinho; a burocracia domina, como em todos os governos, em todas as épocas, e a gente vai perdendo a condição.

Muitas pessoas vão ficar muito tempo em abrigo. E em abrigo, a gente perde a individualidade, perde o endereço. Eu vi agora, como vi de outra vez, num ginásio de esportes, quatrocentas pessoas em colchões, usando o mesmo banheiro, uma toalha estendida em cima de uma corda, para separar. Quer dizer, isso não vai ter condições. Vinte mil pessoas, cinco mil casas não se constroem de um dia para o outro. Elas não vão estar prontas daqui a sessenta dias. Não estarão prontas daqui a noventa; talvez, daqui a cento e oitenta. E como isso fica?

Então, realmente, a agilidade, a eficiência...

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - A comissão que o senhor criou foi extinta?

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Não, a comissão está funcionando, e nós estaremos lá na sexta-feira. E isso tudo para que essas coisas sejam agilizadas.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - É só para pedir, se o senhor concordar, que esta comissão apresente um projeto de resolução na CAE, para prorrogação no vencimento - e nós todos seremos solidários - e para verificar qual é a linha. O Senador José Agripino, provavelmente como Líder, possa encaminhar essa prorrogação no pagamento da dívida. Eu estou só dando uma sugestão a V. Exª.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço a sugestão. Isso é uma forma prática.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - O senhor vai ter que fazer um relatório a respeito disso e dizer da importância para concordarmos com ele.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço. Então, Senador José Agripino, não é nada contra o Governo, contra as instituições, é um problema de fazer com que essa burocracia seja superada. E não estou falando do que poderá acontecer, estou falando o que ocorreu em outras catástrofes como esta, para que a gente possa ter agilidade e que os recursos cheguem realmente até as pessoas que são atingidas e que estão lá esperando esta ação que não tem faltado, mas que é muito importante a partir de agora.

Concedo a palavra a V. Exª, nosso Líder, Senador José Agripino.

O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senador Raimundo Colombo, a Casa toda é testemunha do zelo, da dedicação que V. Exª empresta ao seu Estado. V. Exª é um Senador que todo fim de semana está percorrendo o seu Estado e aqui defende fundamentalmente os interesses de sua Santa Catarina, que é um Estado valoroso, um Estado de população preparada do ponto de vista educacional, é um Estado de renda per capita bem distribuída, com indústrias poderosas e um mundo de pequenas indústrias; tem um povo aguerrido de origem alemã, italiana, muito diversificada, que mesclou bem com o nativo brasileiro e produziu uma população extremamente aguerrida e competente. População que está neste momento agredida por uma catástrofe terrível, as chuvas que a televisão mostra inundando uma cidade inteira como Blumenau, impedindo o funcionamento do Porto de Itajaí. É incrível! Um porto está impedido de operação por inundações. Eu nunca vi isso.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - O segundo maior em movimento do Brasil.

O Sr. José Agripino (DEM - RN) - É incrível o que aconteceu com Santa Catarina. A solidariedade do Brasil está-se voltando para Santa Catarina. Ontem, tive a oportunidade de apartear a Senadora Ideli Salvatti, Líder do PT, e disse a S. Exª que cumprimentava a Líder do Partido dos Trabalhadores, pelo prestígio que estava exibindo, ao levar para lá o Presidente da República, o Ministério praticamente todo, de estar anunciando um mundo de providências, que eu, como potiguar, que assisti, há seis meses, coisa semelhante, não tão aguda, ao que acontece com o Estado de V. Exª lá no meu Estado, no Vale do Apodi e no Vale do Açu. Não vi Presidente da República nenhum, Ministro nenhum, nem Secretário-Executivo. Não foi ninguém, muito embora, como fui visitar pessoalmente, tenha assistido a aflição, o desabrigo, o desalento de milhares de potiguares, sem casa, isolados por rompimento de estrada, abrigados, como V. Exª estava dizendo, em prédios públicos, sem nenhuma privacidade, com a atividade produtiva destruída no seu pequeno roçado, com as fazendas de camarão que os empregavam destruídas, com as salinas destruídas, com a plantação de manga destruída, inundada, com a plantação de melão destruída e inundada. Então, eu quero colocar para V. Exª um alerta que coloquei para o Prefeito João Paulo Kleinubing, para quem telefonei ontem. Consegui falar com ele depois de algumas tentativas. Acredito que o Governo vá mover-se no sentido de Santa Catarina, para acudir e honrar os compromissos que está assumindo, até porque estão indo pessoalmente lá - não foram ao meu Estado. Mas eu quero dizer a V. Exª que os kits - chamam kits - de lona, de colchão, de lençóis, de barracas estão chegando agora. O que era para chegar na cheia, em maio, chegou agora. Não tem mais cheia nenhuma! Tem é seca, agora. Açu-Apodi, onde eu estive, hoje sofre é seca. O mato está é seco. Os kits chegaram agora, oito meses depois. Noventa e oito milhões de reais foram destinados ao Rio Grande do Norte para recuperação de estradas, escolas, casas, isso e aquilo e aquilo outro. Não chegou até hoje um centavo de real. Um. E não foi por falta de cobrança. Não foi por falta de ida aos ministérios. Não foi por falta de solicitação, de empenho e de pressão. Então, cuidado com os compromissos deste Governo! Um cesteiro que faz um cesto faz um cento. Gato escaldado tem medo de água fria. Eu, como potiguar, fui vítima de enchentes, que são dolorosas porque chegam sem avisar e levam as pessoas ao desabrigo da noite para o dia, e sofri ao lado do meu povo, lá, sem a solidariedade deste Governo, que agora, como não chegou no meu Estado, está chegando no Estado de V. Exª por inteiro: o Presidente, os secretários, os ministros todos. Mas cuidado com as promessas! E quero, com isso, dizer a V. Exª, que é um guardião cuidadoso dos interesses do povo de Santa Catarina, que vai ter o apoio do seu Partido para cobrar aquilo que for prometido. O que for prometido vai ter que ser cumprido. Santa Catarina e o Rio Grande do Norte merecem. E V. Exª tem aqui o absoluto endosso do seu Partido para fazer as cobranças quanto àquilo que esteja sendo hoje prometido, para recuperar um Estado que contribui em muito para a grandeza do nosso País. Cumprimentos a V. Exª. E a solidariedade do seu Partido, que é o meu Partido.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Muito obrigado, Senador Líder José Agripino. Agradeço-lhe as palavras. Precisamos estar vigilantes. Sua experiência é uma experiência que mostra que isso é exatamente o que acontece normalmente. Não podemos deixar acontecer lá.

Cumprimento o Deputado Federal Paulo Bornhausen, que é o coordenador de nossa ação na Câmara e que faz um trabalho muito bem feito, e também o Deputado Índio.

Concedo um aparte ao Senador Marco Maciel.

O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do orador.) - Nobre Senador Raimundo Colombo, quero, a exemplo do que já o fez o Senador José Agripino, cumprimentá-lo pela sua lúcida intervenção hoje à tarde. V. Exª, logo que as catástrofes ocorreram em Santa Catarina, aqui compareceu e fez um excelente discurso demonstrando os prejuízos e os danos que as enchentes estavam causando ao seu Estado. Cobrou, então, do Governo Federal, como não poderia deixar de fazê-lo, providências para minimizar os impactos que estavam gerando as enchentes, além do custo social, do custo humano, pelo grande número de desalojados e por um número muito alto de pessoas que perderam a vida. É fato, portanto, que muito nos entristece. Agora V. Exª volta à tribuna já prestando contas de providências adotadas, inclusive de medidas que busca implementar junto ao Governo Federal. Como disse o Líder José Agripino, tem V. Exª a solidariedade do seu Partido. Esperamos que o Governo Federal se sensibilize para o fato, tendo em vista a magnitude de que se revestiu. Quero mais uma vez, cumprimentar V. Exª pelo trabalho que realiza em Brasília em favor do povo do seu Estado e, ao mesmo tempo, dizer a V. Exª que prossiga nessa sua caminhada na Capital da República, para que, o mais rapidamente possível, a vida do seu Estado, um dos mais importantes da Federação brasileira, não sofra solução de continuidade e providências sejam adotadas, de sorte que acontecimentos dessa natureza não mais aconteçam em Santa Catarina, como disse, um Estado de alto nível cultural, de grande expressão econômica, mas que precisa, como todos os demais da Federação, do apoio e da cooperação do Governo Federal.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito a V. Exª, Senador Marco Maciel, que, quando Vice-Presidente da República, esteve muitas vezes no nosso Estado, V. Exª é uma pessoa muito querida lá, como o Líder José Agripino. Eu tenho a certeza que isso toca fundo no coração de todos os catarinenses.

Concedo um aparte à Senadora Rosalba Ciarlini.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senador Raimundo Colombo, eu gostaria de, mais uma vez, trazer a minha solidariedade ao povo de Santa Catarina, que o senhor tão bem representa e tão bem defende nesta Casa. Essa catástrofe, porque é uma catástrofe, uma calamidade, realmente, tem sensibilizado a todos os brasileiros de todos os Estados. Nós estamos vendo a mobilização através da mídia, as pessoas solidárias, querendo ajudar, porque acho que nunca aconteceu algo de proporções tão grandes em conseqüência de enchentes no nosso País. Como o Senador Agripino há pouco falava aqui, tivemos, no começo do ano, mais um episódio de cheias no nosso Estado. Realmente, foi uma situação em que não houve perdas de vidas humanas, graças a Deus, mas houve uma perda muito grande na agricultura, na economia, fato que o seu Estado também está sentindo, além daquilo que é irreparável, haja vista que mais de cem pessoas perderam suas vidas. Sei que os estragos são muito grandes. Estamos vendo a situação porque a televisão, os jornais e as revistas têm mostrado as fotos, mas, agora, passado esse momento, quando a chuva pára e as águas começam a voltar ao seu leito normal, é preciso iniciar a reconstrução. Essa reconstrução precisa ser feita urgentemente, e o Governo já vem anunciando medidas. Inclusive V. Exª, Senador Raimundo Colombo, no início das inundações, fez aqui um apelo para que o Governo tomasse as providências e nós, do seu Partido, apesar da nossa posição contrária às medidas provisórias, concordamos que esta, sim, é uma medida provisória bem-vinda, porque ela realmente vem para resolver problemas urgentes, os mais graves problemas, que precisam de recursos urgentíssimos para as suas soluções. Então, já manifestamos o nosso apoio.

Esperamos que não fique apenas nas visitas e nas palavras solidárias dos que estão à frente do Governo Federal, mas que venham realmente acontecer de forma rápida as soluções. Tivemos uma experiência muito dolorosa quando, no começo do ano, visitamos as áreas atingidas pelas enchentes em nosso Estado, chegamos aqui e recebemos a solidariedade desta Casa, que também aprovou uma medida provisória, mas, quanto aos recursos destinados ao nosso Estado, quantas vezes vim a essa tribuna para reclamar e cobrar urgência na solução, mas esses recursos ainda não foram liberados para os municípios atingidos. Sei que é uma condição que deu muito prejuízo, mas, em proporções, é bem menor do que o que está acontecendo no seu Estado. Entretanto, na realidade, aconteceu isso. Então, faço um apelo para que realmente o Governo Federal, da mesma forma que chegou rápido, prontamente, com seus Ministros, o Presidente e todo o apoio, não arrefeça, de forma nenhuma em relação a esse auxílio. Agora, é necessária urgentemente a reconstrução para que possamos ver de novo Santa Catarina - esse Estado tão bom, forte e exemplo para o Brasil por sua produção e pelo potencial que tem todo o Estado e a sua gente - respirando não tão aliviado, porque realmente do sofrimento vai ficar uma marca muito forte, mas com a luz de esperança no renascer e na reconstrução.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço à Senadora Rosalba.

Senador Heráclito, eu estava conversando em Itajaí com algumas pessoas do comércio. Então, Senador Alvaro Dias, eu disse: “Mas no Natal, vocês vão ter uma venda maior.” E um comerciante me disse algo para me colocar na realidade: “Mas eu não tenho mais o que vender. Nem as pessoas têm dinheiro para comprar!” Essa é a realidade do Natal nas regiões atingidas.

Concedo um aparte a V. Exª. Em seguida, ao Senador Alvaro Dias.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Meu caro Senador Colombo, queira crer V. Exª o quanto tem me doído essa situação por que passa o seu Estado. Depois do Piauí, é o Estado onde talvez eu seja melhor acolhido pelo Brasil afora, nas diversas vezes em que para lá vou na sua companhia, na companhia do Senador Bornhausen, do Paulo Bornhausen, que está aqui a meu lado. E isso me doeu muito, tem me tirado um pouco da alegria, porque toda noite, nos programas jornalísticos da televisão brasileira, vemos aquela dor, aquele sofrimento, o desespero das famílias. E eu quero dizer a V. Exª que estou solidário com o povo catarinense e à inteira disposição de V. Exª, como Senador da República, para ajudar esse Estado que tem sido, periodicamente, vítima de calamidades como essa. Senador, eu ouvi o depoimento de uma senhora cuja casa, que existia até ontem, hoje era apenas uma terra arrasada. E ela dizia que não tinha mais tempo para reconstruir uma outra - nem mais tempo nem mais condições. Essa é uma calamidade que não termina com o baixar das águas; ela se alonga. A reconstrução é um negócio penoso, é lento. Mas só resta a esse bravo povo já não digo conformação, porque isso não existe, mas a certeza de que lutar é preciso e de que tenham forças para a reconstrução desse Estado fantástico. Eu me perguntava e me questionava há pouco: um mês atrás, fiz uma viagem em companhia do Governador Luiz Henrique e o via com aquele entusiasmo, vendendo otimismo de Santa Catarina, a garra com que ele e a primeira-dama Ivete mostravam, em Portugal, a empresários brasileiros e portugueses, o seu Estado. Imagino a situação emocional do Governador, que tem sido um baluarte nessa questão. Esse é um momento que não podemos, de maneira alguma, partidarizar. Temos que ter um espírito voltado para uma solidariedade geral e irrestrita. E aproveito para mandar também daqui o meu conforto e a minha solidariedade ao Governador Luiz Henrique. Mas quero também fazer um gesto, um gesto individual e pessoal. Não é o Senador, é o cidadão, o ser humano. Queria que V. Exª depois me desse o número de uma conta, porque quero fazer um depósito em caráter estritamente pessoal, que é uma maneira de ficar com a consciência tranqüila de que colaborei, embora que modestamente, para aliviar a dor dos seus conterrâneos. Muito obrigado!

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Eu que agradeço, Senador Heráclito. Vou transmitir ao Governador Luiz Henrique, que tem sido um guerreiro, um homem muito forte, e acaba sendo um exemplo, um símbolo para todos nós neste momento difícil.

Senador Alvaro Dias, com o maior prazer, concedo um aparte a V. Exª.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Raimundo Colombo, o Estado de Santa Catarina é muito importante para o Brasil, não só pela fantástica beleza das suas praias, pelo seu litoral rico, mas também pelo seu povo, evidentemente, e pela competência do seu empresariado. Eu, certa vez, no BNDES, ouvi um depoimento que, certamente, honra muito os catarinenses: que os empresários do setor industrial de Santa Catarina eram os mais competentes do País. Eu, como paranaense, até fiquei um pouco enciumado, mas é preciso reconhecer realmente a competência de um parque industrial que se agiganta à medida que o tempo passa. Essa tragédia, uma das maiores tragédias já vistas no Brasil, nos traz um ensinamento precioso: o de que a solidariedade dos brasileiros se destaca especialmente entre as pessoas mais humildes. São as pessoas simples que se sensibilizam mais, que sofrem mais com o drama dos seus semelhantes e que ajudam mais. É um exemplo verificar pessoas simples oferecendo um pouco do que têm, um pouco do que possuem para minimizar o sofrimento de irmãos brasileiros em Santa Catarina. Vejam, por exemplo, as torcidas organizadas dos clubes de futebol do Brasil se mobilizando. No meu Estado, em várias áreas, estudantes fazem coleta nas salas de aula. Eu até li que o meu Estado, pela proximidade, pela irmandade existente - as praias de Santa Catarina são praticamente também as praias paranaenses -, por essas e por tantas razões, o Paraná tem sido um dos Estados que mais colaboram, que mais ajudam neste momento. Eu queria destacar exatamente esse espírito de solidariedade das pessoas simples do Brasil. Eu gostaria, Senador Raimundo Colombo, nesta hora, de fazer um apelo aos poderosos do Brasil, especialmente aos banqueiros, aos grandes bancos deste País, que ganharam demais nos últimos anos. Eles poderiam exercitar um pouco da sua responsabilidade social nesta hora oferecendo aos catarinenses uma ajuda significativa, já que os prejuízos são irreversíveis. Portanto, Senador Raimundo Colombo, a nossa solidariedade a V. Exª, como representante do seu Estado - sei que V. Exª está sofrendo muito com o drama que vivem os seus conterrâneos -, e a toda a população desse maravilhoso Estado de Santa Catarina, um Estado organizado, moderno, que é um orgulho do nosso País.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Muito obrigado, Senador Alvaro Dias. Na sua pessoa, quero agradecer a todo o povo paranaense, que realmente tem colaborado muito, que tem sido um parceiro extraordinário, assim como o povo de todo o nosso País.

Com a palavra o Senador Mário Couto.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Senador Raimundo Colombo, quero também prestar a minha solidariedade ao povo de Santa Catarina e dizer que também já fiz a minha doação. Admiro V. Exª pela sua capacidade, pelo amor que V. Exª tem a sua terra, um Senador operoso, sério, responsável, ético, enfim, um homem de quem a gente aprende a gostar rapidamente. Por isso, quero parabenizá-lo pela sua postura aqui neste Senado e destacar o amor que V. Exª tem pelo povo de Santa Catarina. É uma tragédia, uma tragédia de que todos já falaram. Como todo brasileiro sente no fundo do coração, imagino como sente V. Exª, que mora, que vive, que nasceu no Estado e que o representa neste Senado. Imagino como está sofrendo V. Exª nestes momentos difíceis por que passa Santa Catarina. Mas quero aproveitar também, Senador, para, com a sua permissão, dizer da minha tristeza em relação às constantes tragédias que acontecem em meu Estado. Eu estava fazendo um cálculo do número de mortos em Santa Catarina com essa tragédia. Para V. Exª ter uma idéia, morrem, no meu Estado, aproximadamente cem pessoas assassinadas por mês. Esta é a média mensal de pessoas assassinadas no meu Estado. Em média, três pessoas são assassinadas por dia. Então, o Pará vive hoje numa constante tragédia. Sempre falo isto e aproveito para falar neste momento para ver se as autoridades do meu País tomam alguma providência, já que a Governadora do meu Estado, infelizmente, não tomou e, pelo que se sente, não vai tomar. Tentei, Senador, uma audiência com o Ministro da Justiça, mas ele é muito importante, não atende Senador, só atende Presidente e Governador. Então, quero deixar aqui registrado meu sentimento pelo meu Estado e pelo Estado de V. Exª. Meus parabéns pela sua postura nesta Casa.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Muito obrigado, Líder Mário Couto. Agradeço por suas palavras.

Concedo um aparte ao Senador Augusto Botelho.

O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - Senador Colombo, como Senador e como médico, quero prestar, em meu nome e também no nome da minha gente de Roraima, solidariedade a V. Exª e a todo o povo de Santa Catarina.Sei que esse sofrimento que estamos passando de forma aguda - todos vocês de Santa Catarina e todos nós do Brasil -, quando passar essa confusão e parar a chuva, vai continuar ainda por uns dois ou três anos, nas pessoas que perderam suas casas, no seu Estado, que é um dos Estados mais pujantes do Brasil, um Estado cuja situação fundiária é a mais democrática, que é um exemplo de defesa sanitária animal e vegetal, um Estado livre de aftosa pelo trabalho do povo catarinense, pela organização dos produtores de Santa Catarina, que sempre souberam trabalhar. Mas ficamos muito tristes. Lá em Roraima, a minha geração tem uma ligação com Santa Catarina. Parece incrível, mas tem. Tivemos o Padre Dante e o Padre Eugênio Possamai, que foram dois professores nossos lá, do “tempo do jeca”, foram professores do Mozarildo também, de toda essa geração, do Mozarildo e da minha, que veio bem depois da dele. Pois eles contavam muitas histórias daquela terra, que a gente ouvia. E gostamos da civilização desde o tempo em que eu tinha treze ou quatorze anos. Depois, quando vim para cá, vi o exemplo de turismo de vocês, com suas cidades turísticas, como Camboriú e aquelas cidades de vocês. Aí vi como vocês sabem fazer a coisa, como sabem trabalhar. Senador, sei que vai haver sofrimento, mas tenho confiança no povo catarinense. Conheço a capacidade de trabalho daquele povo, porque esse Estado não é um bom Estado só por causa do governo, mas porque todos lá trabalham, todos se dedicam o máximo possível. E tenho certeza de que Deus, depois dessa tempestade tremenda que está acontecendo lá, vai dar um grande período de bonança e Santa Catarina vai voltar com mais vigor e com mais brilho ao cenário nacional. Trago a solidariedade da gente de Roraima ao povo de Santa Catarina.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito, Senador Augusto Botelho, pelas palavras e pela solidariedade. É, realmente, um momento forte, duro, mas bonito, Senador Epitácio Cafeteira, nosso Presidente. A união é uma coisa que supera todas as dificuldades. O povo catarinense vai se reerguer. Nós vamos acompanhar, todo o Senado, o depoimento de cada um dos Senadores. Tenho certeza de que esse episódio vai servir para nos tornar mais fortes, sobretudo melhores, mais solidários. E tenho certeza de que o Brasil, que nos ajuda tanto agora, vai ter ainda mais orgulho de todos os catarinenses no futuro.

Obrigado a V. Exª, Sr. Presidente, pela concessão do tempo, que é muito importante para nós neste momento.

Quero, em nome de todos os catarinenses, agradecer pela solidariedade que a gente tem recebido de todos os Senadores e de todo povo brasileiro. O povo que está nos ajudando não sabe como é forte, como é bom e como nos torna mais fortes e melhores para superar essas dificuldades.

Sr. Presidente, se V. Exª me permitir, ouço, com a maior honra, o aparte do Senador Cristovam Buarque e encerro em seguida, porque já me alonguei.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Colombo, apenas para reafirmar, como ontem fiz com a Senadora Ideli Salvatti, representante do Estado de Santa Catarina, o apoio e dizer que eu sofri inundações em Recife, minha cidade, mas não tinha o grau de tragédia que a gente vê nestes dias em Santa Catarina. Lá em Recife, o rio Capiberibe subia, subia, entrava nas casas, destruía os livros, muitos móveis, sujava a roupa toda do guarda-roupa, mas depois baixava, tranqüilamente, e a gente voltava para fazer a limpeza da casa, tirar as cobras que apareciam, evitar a hepatite, e comprava, outra vez, aos poucos, aquilo que foi destruído. Mas não havia essas mortes, não havia essa tragédia que a gente está vendo. Lembro que ontem fiz uma proposta à Senadora Ideli que eu gostaria de fazer ao senhor também, e, de repente, se os três Senadores acharem boa a idéia, aos outros Senadores. Propus que, em vez de a gente ficar dando cada um pouquinho da gente, uma ajuda, cada um doasse uma obra de arte que tiver, alguma coisa que tiver para que possa ser feito um leilão. Refiro-me a um leilão pela televisão, pela Internet, que hoje é uma coisa muito comum. Tenho a impressão de que não só talvez se recolhesse uma quantidade bem maior de recursos como também seria um gesto do Senado inteiro. Volto a insistir na idéia. Vou dar a minha parte de qualquer jeito. Se não for por meio do conjunto de Senadores, quem sabe a TV Record, que tem feito uma grande campanha, ou a Globo aceitem fazer esse leilão com outros objetos de outras pessoas? Deixo aqui minha proposta e digo que vou dar essa minha contribuição.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Agradeço muito. É uma boa sugestão. Vou falar com a Senadora Ideli e com o Senador Neuto para a gente tentar colocar de forma prática e chegar ao resultado que o senhor e que todos nós queremos.

Recebi já aqui da nossa assessoria o encaminhamento que o Senador Romeu Tuma fez, a sugestão. Realmente é o caminho correto. Já tenho o projeto pronto, fomos rápidos, e espero poder dar entrada hoje ainda na Casa.

Sr. Presidente, muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/12/2008 - Página 49420